*Cesar Vanucci
“Deixem o mato crescer em paz.
Não quero fogo, quero água” (Tom Jobim, numa de suas belas canções)
Deixem o mato crescer em paz. Seja silenciado
o rangido azucrinante da motocerra clandestina responsável pelo pranto condoído
da floresta. Seja enfrentada, com disposição resoluta, a baita enrascada
climática que nos coloca em estado de sufoco. Seja contido o desmazelo no
manejo da terra. Sejam refreadas as apropriações e descaracterizações criminosas
de áreas pertencentes ao patrimônio coletivo. Sejam igualmente sofreados quaisquer
outros insanos delitos flagrados na lida humana com o meio ambiente.
A hora pede reflexão, meditação, união e
pronta ação e, se não for pedir demais, muita oração mesmo. As amostras já trazidas
nesta antecipação de agora dos efeitos extremos do aquecimento global são
muitíssimo impactantes. Mas, é bom não nos esquecermos das previsões científicas,
bastante confiáveis, segundo as quais poderemos nos ver compelidos a confrontar
situações ainda mais dramáticas.
Alerta
da ONU fala da ameaça próxima de uma elevação de meio metro das águas do mar.
Em suma, uma tragédia de conotação diluviana para várias regiões de nosso
maltratado planeta. Trechos praieiros habitados na rota das ondas bravias serão
fatalmente atingidos. Reforçando o alerta chegam ao conhecimento dos especialistas relatos
preocupantes dos degelos no Ártico e na Antártida.
Tudo isso advém do aquecimento global, das ondas de calor, do efeito estufa, ou
que outra denominação comporte essa associação fatídica de fogo e água em
demasia.
A
questão climática visto está é de interesse global, todos os países do mundo precisam
se conscientizar dos riscos cataclísmicos que nos espreitam.
Reportando-nos às circunstâncias brasileiras
neste enredo desassossegante, cabe assinalar
que, mesmo com certo atraso, passível de crítica, as autoridades competentes já
anunciaram uma sequência de medidas para o enfrentamento dos desafios da hora.
A criação de uma estrutura de serviços encabeçada por “Autoridade Climática”, para acudir com
presteza e eficiência as emergências ditadas pelo “ novo normal climático”, foi
recebida com simpatia pela opinião pública. A proposta de enrijecimento da legislação
que estipula penalidades pra crimes ambientais, a ser apreciada pelo Congresso,
precisa tornar-se poderoso fator de dissuasão das solertes manobras perpetradas
por indivíduos inescrupulosos para os quais pouco importa a integridade de
nossos biomas florestais.
Outra
coia a mais: ao fim e ao cabo das investigações pertinentes aos incêndios por
ventura provocados com inequívoco propósito criminoso, a lista dos malfeitores
(e de eventuais mandantes) deverá ser “afixada”, com máximo destaque, em
veículos de comunicação de maneira a dizer, alto e bom som, que a tolerância da
sociedade para ato desse gênero é zero.
Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)
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