Natal
é vitalidade e inovação
Cesar
Vanucci
“Eu
pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel.”
(Compositor Assis
Valente, na sugestiva canção “Anoiteceu”)
Natal,
festa do amor total, encontra nas vozes de pensadores e poetas líricas
interpretações.
Num
despretensioso poemeto defini assim a mágica celebração: um poema de nazarena
suavidade, um instante predestinado com timbre de eternidade, um cântico de
amor pela humanidade, uma exortação solene à fraternidade, festa do amor total!
Na
leitura de textos de autores de meu agrado andei recolhendo algumas anotações
muito interessantes sobre o fascinante tema natalino. Ofereço-as como brinde de
fim de ano, com sinceros votos de Boas Festas, ao culto e distinto leitorado.
Do
escritor Pedro Nava: “Natal! Entram em recesso os ódios, os aborrecimentos, malquerenças
e os que não se gostam fingem que esqueceram os agravos e os que se gostam
servem-se do período para amabilidades – desde o presente caro à simples
palavra de amizade e aos votos de paz na Terra.”
Do
filósofo Juvenal Arduini: “Não se trata de calar o Natal festivo. Mas a
consciência humana deveria reconhecer sempre o espaço sábio, para projetar o
sentido cristão e o surto teológico transcendental, para manter o conteúdo da
personalidade do Natal. (...) Natal é refletir para o presente e para superar
saltos permanentes. É consistência infatigável (...) Natal é vitalidade, é
exuberância, é crescimento, é inovação.”
De
Vinicius de Moraes, no poema “Natal”: “A grande ocorrência / Que nos conta o
sino / É que, na indigência / Nasceu um menino. (...) Muito tempo faz... / Mas
ninguém olvida / Que é um dia de paz... / Porque fez-se a vida!”
Da
poeta Yeda Prates Bernis (poema “Presépio moderno”): “Uma estrela guia / de
laser / Na manjedoura / - mãos ao alto - / um menino. / Os animais / a
vegetação / onde estão? / Três reis / e suas oferendas / de nêutrons.”
De
Assis Valente, nome de realce da MPB (melodia “Anoiteceu”): “Eu pensei que todo
mundo fosse filho de Papai Noel...”
Do
poeta Fernando Moreira Salles: “Hoje / calo o verso / com que engano / o poeta
que me habita / e lembro / um menino / filho de carpinteiro / a quem busco / no
rastro dos mísseis / na dor das calçadas / na noite indiferente. / É Natal / em
toda parte / em parte alguma / catedrais do instante / que erguemos / sôfregos
/ nas valas comuns / da intolerância / e no rancor / que arde / em nossa fé. /
É Natal / Dá-nos, menino, / ao menos esta noite / a tua mão.”
Do
trovador Newton Vieira: “Feliz Natal, com certeza, / tu só verás, meu irmão, /
se o pão que sobra em tua mesa / chegar às mesas sem pão.”
Trecho
da crônica “No Presépio”, do livro “Filandras”, de Adélia Prado: “À meia noite
o Menino vem, à meia-noite em ponto. Forro o cocho de palha. Ele vem, as coisas
sabem, pois, estão pulsando, os carneiros de gesso, a estrela de purpurina, a
lagoa feita de espelhos (...)”
Do
poeta Waldemar Lopes: “A vinda do Menino a todos faz meninos.”
Do
dramaturgo Nelson Rodrigues: “O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de
amor. Hoje, o Natal é um orçamento.”
Do
poeta Ubirajara Franco (poema “Papai Noel”): “Bem-vindo, Papai Noel! Traduzem
tuas barbas brancas a pureza das crianças. / Passos leves... leves... de
mistério, colocando no portal meu presente de Natal. / Embora não sendo santo,
és uma mentira linda, / que entre verdades amargas / sobrevive ainda (...)”
De
Carlos Drummond de Andrade (“Versiprosa”): “Menino, peço-te a graça / de não
fazer mais poema / de Natal. / Uns dois ou três, inda passa... / Industrializar
o tema, / eis o mal.”