quinta-feira, 27 de julho de 2023

Os Moais de Rapa Nui

 




“... o halo mágico que envolve Rapa Nui.”

(J.J. Benitez, escritor)

 

Continuo a falar dos enigmas deste planeta azul. Com seus 165 quilômetros quadrados, situada a quase 4 mil quilômetros de Santiago do Chile, Rapa Nui – conhecida por Ilha de Páscoa -, possessão chilena, é um enigma que já rendeu estudos alentados, segundo recente avaliação, em mais de dois mil livros. A tentativa complicada de oferecer uma explicação lógica e racional para o que aconteceu, em tempos imemoriais, naqueles confins do mundo, tem mobilizado, ao longo dos anos, as atenções, a imaginação e a inteligência de um exército de arqueólogos, antropólogos, oceanógrafos, etnólogos, exploradores e aventureiros de formação a mais variada.

 

Apesar dessa avalancha bibliográfica, os segredos que rondam Rapa Nui, considerada pelos seus habitantes como o “umbigo do mundo”, permanecem intocáveis. Como os de tantos outros sítios arqueológicos espalhados por este planeta azul. As interpretações, de um modo geral, não são nada convincentes. As interrogações fundamentais continuam reclamando respostas. Os textos que se propõem a decifrar a descomunal charada revelam-se, via de regra, insatisfatórios, insuficientes e, até mesmo, simplórios. Isso acontece, de forma mais frisante, na hora em que pipocam os “esclarecimentos” concernentes aos supostos recursos técnicos que teriam sido empregados pelos antiquíssimos habitantes da ilha na construção e, depois, no deslocamento e fixação das colossais estátuas. A operação, como é sabido, envolveu esforços dir-se-á sobre-humanos dos responsáveis pela tarefa para vencer distâncias enormes, numa geografia acidentada, repleta de escarpas, ao longo de toda a ilha.

 

Não é nada fácil absorver a teoria de que os moais, numerosíssimos, teriam sido caprichosamente esculpidos com instrumentos toscos manipulados por um bando de silvícolas com noções primitivas de vida social e de conhecimento técnico. Fica difícil também conceber que, com os mesmíssimos rudimentares instrumentos, as mesmíssimas despreparadas criaturas hajam logrado extrair, de uma pedreira, as fatias gigantescas de rochas vulcânicas utilizadas nas portentosas esculturas. Não menos difícil é aceitar que, depois de toda essa extenuante empreitada, realizada sabe-se lá em qual espaço de tempo, medido por algumas dezenas de anos, e com quais insondáveis intuitos, os pascoanos de eras passadas hajam, complementarmente, conseguido transportar por quilômetros, na força bruta, com o auxílio presumível de cordas, os frutos de sua obsedante faina artística, afixando-os simetricamente em pontos estratégicos, alguns bastante elevados, ao redor da ilha. Os moais são peças inteiriças de quinze a vinte metros de comprimento. Pesam até 50 toneladas. Exigiriam muito muque do pessoal da ilha para serem  colocados nas posições em que foram achados pelos embasbacados colonizadores de Rapa Nui, por ocasião da descoberta do extraordinário sítio arqueológico.

 

Para esses problemas indecifráveis, as tradições orais dos habitantes de Páscoa, recebidas naturalmente com desdém pela ciência, apontadas como extravagante manifestação mitológica de agrupamentos indígenas dominados pela superstição, oferecem respostas desconcertantes. Respostas que se colocam, evidentemente, à deriva da compreensão do homem comum.

 

Os antigos habitantes de Rapa Nui seriam remanescentes de uma civilização avançada, que povoou o lugar em tempos desconhecidos. Seriam detentores de poderes excepcionais. “Estavam aptos” a produzir, com a força mental, algo conhecido como “mana”, uma energia, de acordo ainda com as lendas, capaz de deslocar objetos pesados a longa distância. Uma “explicação” a mais para um enigma que acumula infindáveis perguntas, para as quais não se conhece ainda resposta plausível.

 

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

As cavernas de Montalvânia

 


 

*Cesar Vanucci

 

“Um registro quase indestrutível para a posteridade.”

(J.A.Fonseca, escritor)

 

Retomo a série de artigos sobre  enigmas de nosso planeta azul, com foco neste momento num local cá mesmo das nossas Minas Gerais. Antônio Lopo Montalvão foi um obstinado. Homem de ideias arejadas. Não esmoreceu, enquanto vivo, no esforço de colocar Montalvânia, cidade da qual foi fundador, num lugar de relevo no mapa arqueológico. E, por meio disso, atraindo as atenções para as potencialidades de pesquisa científica da região, inseriu o lugar na trilha dos grandes enigmas. Situada no norte de Minas Gerais, a 18 quilômetros da divisa da Bahia e a 900 quilômetros de Belo Horizonte, Montalvânia oferece aos estudiosos de fenômenos insólitos um cenário precioso,  material de investigação do melhor conteúdo.

 

Composto de um conjunto de cavernas, com deslumbrantes figurações rupestres, o sitio vem sendo objeto, de anos para cá, de intensas pesquisas por parte de grupos arqueológicos conceituados. Quem conhece as maravilhas estampadas nas paredes das grutas parte logo para comparar Montalvânia, em grandiosidade, como centro de estudos relativos à pré-história, a Val Del Mônica, na Itália, Tasilli, na África, e Lascaux, na França. Só que tem uma coisa: Montalvânia não é de toda aberta aos olhares do público. Não dispõe de infraestrutura mínima de serviços para comportar fluxos turísticos.

 

Produzi, à época do antigo CBH, uma série de reportagens sobre Montalvânia. Ouvi depoimentos de parentes do célebre Antônio Montalvão. Exibi um filme com espetaculares imagens captadas pelo economista Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, ex-secretário de Estado e ex-presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas. Tendo desfrutado da convivência de Antônio Lopo Montalvão, ele ficou conhecendo muita coisa de suas arrojadas ações e ideias. Boa parte das imagens, a exemplo do que pode ser intuído de algumas cenas vistas nas grutas de Lagoa Santa, também em Minas Gerais, suscita interrogações intrigantes sobre o tipo de evento e de mensagem que os “artistas das cavernas” pretenderam realmente transmitir. Mentes imaginosas não encontram dificuldades em encaixar os registros, datados de milênios, na linha das especulações propostas por autores como Van Deniken, J.J.Benitez, Guy Tarade, entre outros. O que é apontado, por alguns, como um “deus” cultuado por civilização primitiva é interpretado, por outros, como o desenho de um astronauta com todos seus complexos apetrechos. Assim por diante.

 

Antônio Lopo Montalvão denominava o soberbo conjunto de cenas coloridas gravadas na rocha viva de “bíblia de pedra”. Na opinião do escritor mineiro J.A.Fonseca,  autor de uma série de livros com foco nos assim denominados temas transcendentes, “os desenhos rupestres sugerem mensagens de importantes acontecimentos de um passado longínquo, não registradas pela história humana.” O mesmo autor, num trabalho divulgado pela revista eletrônica “Via Fanzine”, editada pelo atuante jornalista e pesquisador de casos insólitos Pepe Chaves, assinala que foi tomado de pasmo, sentindo-se “garroteado intelectualmente, diante dos símbolos gravados, em grande profusão, na rocha”, ao visitar, nos idos de 1992, as cavernas, com “suas elevações calcárias”, de Montalvânia. Explica o porquê dessas sensações: é que se encontra ali concentrada “uma grande quantidade de imagens, em aparente “confusão”, algumas apresentando caracteres humanos, outras zoomorfas, símbolos e formas desconhecidos, como se alguém quisesse guardar um grande mistério, uma história de dor ou de grande apreensão, ou mesmo um manancial de conhecimentos que havia sido perdido, para que os homens de uma época futura pudessem resgatá-los, mesmo que em parte.” Fonseca resume as impressões colhidas nas numerosas cavernas numa frase: “marcas espetaculares em pedra bruta, como um registro quase indestrutível para a posteridade.”

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

Dez anos para a solução

 



 

*Cesar Vanucci

 

“Cem milhões sem coleta de esgoto. Isso cheira mal”

(Domingos Justino Pinto, educador)

 

Dados bastante perturbadores. Escancaram mais uma estridente faceta das desigualdades sociais que interditam os caminhos brasileiros no sentido do desenvolvimento acelerado, na dimensão correta da vocação de grandeza do país. Quase 100 milhões, 44,2 por cento de patrícios, não dispõem, na atualidade, de acesso a coleta de esgoto. De outra parte somam 16 por cento os que não têm água tratada nos lugares em que moram ou trabalham. Para garantir a universalização do saneamento básico, noutras palavras, para assegurar que todo cidadão brasileiro desfrute dos benefícios de água potável e rede de esgoto domiciliar, precisamos mais do que dobrar os investimentos ora carreados para o setor do saneamento básico.

 Segundo aponta o Instituto Trata Brasil, em recente relatório que analisa o estágio de implantação e os potenciais ganhos socioeconômicos suscitados pela Lei que instituiu o novo marco legal de saneamento, a média anual dos últimos 5 anos na aplicação de recursos, nessa área, foi de 20 bilhões. Tal valor está bem a quem do necessário.  

 Mirando a possibilidade, conforme estipula o marco, de se alcançar a meta da universalização no ano 2033, o Brasil terá que investir, a cada ano, até chegar lá, a importância de 44,8 bilhões de reais. Além do bem-estar e conforto trazidos à população de modo geral, os investimentos em questão proporcionarão inúmeros impactos positivos de ordem econômica e social. O crescimento anual do PIB, estimado em 56,3 bilhões de reais será um deles. O mercado de trabalho absorverá aproximadamente milhão de novos empregos: outro resultado relevante a destacar.

O marco regulatório do saneamento básico, objeto de controvérsias indesejáveis por algum tempo neste inicio do Governo Lula, acabou sendo transformado, pelo diálogo, num tema consensual, abrindo a perspectiva da solução, a médio e longo prazos, de problema angustiante do país como um todo.

Em suma, dez anos ainda serão necessários para corrigir esse desacerto social. Que nada interfira negativamente na marcha desejável de conquista civilizatória.

 

2) “Desenrola Brasil” – acompanhado com simpatia pela sociedade, o programa Desenrola Brasil, referente a renegociação das dívidas das pessoas físicas, com instituições financeira e empresas de varejo, o programa já foi deflagrado. Espera-se seja bem sucedido, de maneira a favorecer volume significativo de cidadãos. É bom não esquecer que o endividamento constatado é consequência direta das indecentes taxas de juros vigorantes na praça. Elas colocaram milhões de brasileiros em situação de inadimplência. Se os juros não baixarem a níveis civilizados, outros “desenrolas” terão que ser lançados.

3) Rejuvenescimento -  Os sul-coreanos descobriram um processo rápido de rejuvenescimento, que não pode, infelizmente, ser adotado noutros lugares. Acontece que todo cidadão daquele país de conformidade, com sua milenar cultura, já nasce com um ano de idade, considerado para fins do calculo o período de gestação. Ademais, no dia 1° de janeiro subsequente ao nascimento, é costume adicionar-se à idade outro ano a mais. Isso leva à possibilidade de alguém nascido, por exemplo, em 31 de dezembro a começar a vida com 2 anos. Lei recentemente promulgada pela Assembleia da Coreia do Sul resolveu alterar esse critério de contagem de tempo enquadrando a idade da população nos padrões universais.

4) Falha nossa – retifico, prazerosamente, informação incorreta . Mencionei no artigo “Estatísticas arrepiantes”,  concernente ao “mapa da fome” no Brasil e no mundo, que a produção de grãos brasileira atinge, graças à nossa pujante atividade agrícola, 200 milhões de toneladas. Equivoquei-me: o volume é bem superior, 312 milhões de toneladas. A tal história: “Em se plantando tudo dá”, como registrou o cronista do ano 1500, Pero Vaz Caminha.

 

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

Estatísticas arrepiantes

 



*Cesar Vanucci

 

 

“A fome tem pressa” (Dona Laurita, moradora de favela, numa declaração na tevê, explicando, entre lágrimas, que recolhe restos de comida no lixão para alimentar os filhos menores )

 

As mazelas que enodoam o panorama social brasileiro geram estatísticas arrepiantes. Agencias da ONU (Organização das Nações Unidas) levantaram os números da insegurança alimentar no país e no mundo, oferecendo um quadro atordoante. Causa agonia muito grande ficar sabendo, por exemplo, que o Brasil, celeiro do planeta, graças à sua pujante atividade agrícola, bate recordes sucessivos na produção de alimentos, mas nada obstante 21 milhões de patrícios padecem as agruras de severa insegurança alimentar.

 Do total acima registrado a metade – assinala a ONU – passa fome. E logo num país que extrai de terras dadivosas mais de 200 milhões de toneladas de grãos a cada safra, o que corresponde, num mero exercício aritmético, acessível a criança de grupo, a “apenas”... Um milhão de toneladas por habitante, minha Nossa Senhora da Abadia d Água Suja!

 Tempos atrás, a situação, como se diz no dialeto sertanejo era “um pouco mais melhor”. No período de 2014 a 2016 o índice da população molestada pela insegurança alimentar era de 1,9 %. Saltou para 9,9 % entre 2020 e 2022, embora o negativismo oficial proclamasse a inexistência do drama da fome em nossa pátria.    

  O problema da fome tem dimensões planetárias. Segundo a ONU, a insegurança alimentar chega a atingir a cifra de 2,3 bilhões de seres humanos, sendo que 735 milhões enfrentam fome absoluta. São números escandalosos, revoltantes que envergonham nossos foros civilizatórios. O mundo, a começar pelo Brasil produz alimentos mais do que suficientes para atender às necessidades globais mesmo com guerras, mudanças climáticas e pandemias, citadas nos informes das agencias da ONU como possíveis causas do crescimento da fome.

 O brasileiro José Graziano da Silva, diretor Geral da FAO (Organização para Alimentação e Agricultura), comentando o levantamento da ONU, esclareceu que a recuperação da pandemia global foi desigual e a guerra na Ucrânia afetou o abastecimento de alimentos. Explicou: “Este é o ‘novo normal’ em que as mudanças climáticas, os conflitos e a instabilidade econômica estão empurrando os que estão à margem ainda mais pra longe”.

 Fruto daninho das desigualdades sociais, a fome constatada nos diferentes continentes coloca a nu a clamorosa incapacidade das lideranças mundiais em encontrarem as soluções apropriadas para os problemas do dia-a-dia das multidões. Pessoas de espírito solidário se perguntam, amiúde, contemplando as calamidades sociais à sua volta, de que adianta todo esse esplendoroso aparato tecnológico nascido da inventiva de cérebros bem dotados, se não for para favorecer os povoadores, todos eles, de nosso maltratado mundo de Deus?

 

 2) Negativismo – O Recenseamento concluído pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou a existência de quase 100 milhões de domicílios familiares na vastidão territorial do país. Em mais de 1 milhão das residências percorridas pelos agentes da instituição ocorreram reações desfavoráveis, algumas até belicosas ao fornecimento de dados.  Só faltava mais essa: negativismo censitário.

 

3) Maduro - Numerosos  seguidores do Governo Lula têm demonstrado desagrado com relação  às palavras simpáticas por ele utilizadas, em  mais de uma ocasião, a respeito do ditador venezuelano Maduro. Dia desses, numa entrevista radiofônica o Presidente argumentou que a Venezuela deve ser vista como uma democracia por realizar “muitas eleições”. Pego pelo entrevistador, numa calça justa, como se costuma dizer, ouviu do mesmo, que o regime ditatorial de 64 também promoveu um punhado de eleições.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

 

Conjunção poderosa de vontades


 


 

*Cesar Vanucci

 

“A reforma tributária está chegando com Três décadas de atraso. Antes tarde do que nunca.” 

                    (Antônio Luiz da Costa, educador)

 

 

1) Enxergada pelas forças produtivas como fator de suma relevância na escalada do desenvolvimento econômico e social, a Reforma Tributária vem de ser aprovada pela Câmara dos Deputados. Espera-se agora que sua tramitação no Senado da Republica possa ser concluída já em agosto, depois do recesso parlamentar, subindo para a sanção presidencial.

Por mais de três décadas o tema frequentou as pautas das discussões políticas, sem, toda via, ganhar impulso suficiente para a definição finalmente tomada. Uma definição, diga-se de passagem, que sai inteiramente ao gosto das lideranças mais esclarecidas dos diferentes setores da vida nacional, que encaram a ação entrosada do Governo com o Congresso no sentido da aprovação como conquista valiosa do país, bem acima das conveniências e dos interesses da situação e da oposição. Esta poderosa conjugação de esforços e de vontades significa, do ponto de vista da opinião pública, algo alvissareiro que se almeja frequentemente, em todas as iniciativas e empreitadas, independentemente de eventuais posicionamentos divergentes de cunho partidário, que mirem o bem comum.

Para melhor se aquilatar a real importância da Reforma Tributária é recomendável conhecer o que foi divulgado por dezenas de empresários e economistas, das mais variadas tendências no plano das ideias políticas, em manifesto que exortou o Congresso a acolher a PEC encaminhada pelo Governo. Segue-se trecho bastante elucidativo: "Reconhecemos que não existe reforma tributária ideal. No entanto, temos confiança de que a reforma tributária, se aprovada, terá um efeito muito positivo sobre a produtividade e o crescimento do país, além de reduzir nossas desigualdades sociais e regionais. Sabemos que mudanças como essa geram resistências e temor por parte de alguns agentes econômicos e de entes da federação. Mas temos certeza de que os benefícios para a população e para a economia brasileira serão colhidos por todos".

 

2) Do contra - Os oposicionistas radicais costumam valer-se de uma “lógica implacável” em suas manifestações no congresso, quando chamados a votar. Agem que nem “anarquista espanhol” : “ há governo? Sou contra!” O Governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, oposicionista moderado, concitou parlamentares do PL, em reunião especialmente convocada para debater o projeto da Reforma Tributária, a apoiarem a proposta governamental. Alguns Deputados alegaram que seu voto seria pela desaprovação uma vez que os adversários do PT iriam votar pela aprovação. A bem da verdade é preciso dizer que, no passado, os petistas, então, na oposição, procediam da mesma forma.

 

3) Bolo - O Presidente do Banco Central Roberto Campos Neto comemorou o aniversário natalício na semana em que o Copom decidiu, outra vez mais,  manter inalterada a taxa Selic de juros. O jornalista Otavio Guedes, da equipe de comentaristas da Globonews, contou que um Senador enviou a Campos Neto mensagem dizendo que não iria cumprimentá-lo na festa de aniversário por causa dos juros, mas que o faria em agosto, depois da reunião do Copom oferecendo-lhe um bolo com velinhas.

 

4) Vez do leitor – O artigo “Jogo Legal” (Dc, 24 de junho) suscitou o comentário abaixo do Jornalista Orlando de Almeida.

Diz ele: “Concordo em gênero, número e caso com o seu comentário sobre a não existência de cassinos no Brasil, um país onde o jogo do bicho e outras atividades ilícitas funcionam em cada esquina. Trata-se como você bem disse de uma grande hipocrisia.”

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

sábado, 8 de julho de 2023

Quem semeia vento...

 


     Cesar Vanucci

             “TSE repeliu “populismo degradante””                               (Ministro Alexandre de Moraes)


 Aturdidos com a marcha vertiginosa dos acontecimentos, os admiradores confessos de Jair Messias Bolsonaro não deixam por menos: seu ídolo é vítima inocente de vindita política. As lamúrias a respeito congestionam as plataformas digitais. A alegação suscita, por parte de juristas, mídia, lideranças expressivas e parcela majoritária da opinião pública, réplica em  tom veemente análogo ao empregado pelo Ministro Alexandre de Moraes no voto dado na sessão do TSE que julgou a inegibilidade do ex - mandatário da Nação: - Men-ti-ra!

 Bolsonaro, por assim dizer, estava careca de saber, desde o começo dos atos falhos praticados, até onde poderia conduzi-lo a aventura em que se lançou. Semeou vento e colheu tempestade.  Outros acidentes de percursos parecem aguarda-lo. Acumulam-se na pauta do judiciário, situações de que se fez afoitamente protagonista.

 A despropositada convocação dos Embaixadores dos países com sede diplomática no Brasil para criticar, em termos ásperos, nossa legislação eleitoral e a Alta Corte do país, foi desnorteantemente surreal. Deixou os convidados constrangidos e boquiabertos. Alguns deles não se contiveram expressando publicamente estupefação diante do ocorrido, algo inédito na historia das relações internacionais. O episodio citado, sabido é não constitui a demonstração mais exuberante da série de atitudes comportamentais, questionáveis pelo prisma antidemocrático e antirrepublicano, assumidas pelo ex-chefe do governo, na campanha eleitoral e depois de conhecidos os resultados do pleito que disputou e em que se viu derrotado, apesar da votação significativa. As averiguações em curso dos órgãos competentes alusivas a reações articuladas por extremistas empenhados em “bagunçar o coreto”, impedindo a posse dos eleitos para garantir a permanência do ex- dirigente do poder, acenam com outras revelações comprometedoras. Prenunciam, fatalmente, outros revezes na trajetória política do presidente de honra do PL, partido que conquistou maior numero de cadeiras no Parlamento.

 A inegibilidade não vai afastar Bolsonaro, evidentemente das porfias políticas. Grupos ideologicamente afinados com suas ideias de “político de direita” como se intitula, contam com seu apoio e liderança para a jornada eleitoral de 2024, quando da renovação dos mandatos de Prefeitos e vereadores. A expectativa desses setores é de que o pleito vindouro possa fortalecer sua participação no cenário político com possibilidade até mesmo de retorno ao governo central.

 2) Negativismo – O Recenseamento concluído pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou a existência de quase 100 milhões de domicílios familiares na vastidão territorial do país. Em mais de 1 milhão das residências percorridas pelos agentes da instituição ocorreram reações desfavoráveis, algumas até belicosas ao fornecimento de dados.  Só faltava mais essa: negativismo censitário.

 

3) Turismo – fiel à sua inarredável vocação governista, o partido “União Brasil” postula a pasta do Turismo para apoiar, no Parlamento,  projetos de interesse do planalto. Lembrando que o volume de turistas estrangeiros que aportam nosso território é muito reduzido em relação a dezenas de países, nada obstante nosso soberbo potencial em atrações, promete colocarmos em posição de maior realce, nesse setor, caso o ministério seja confiado a elemento de seus quadros. A pretensão do UB avivou, nos meios de comunicação os debates em torno da ineficácia das políticas turísticas dos diversos governos brasileiros. A discussão levou o excelente jornalista André Trigueiro, da “GloboNews” a um comentário bastante sugestivo concernente à insuficiência das ações promovidas com vistas a trazer viajantes do exterior para se deleitarem com nossas belezas naturais. Disse ele: a “Torre Eiffel” atrai mais turistas do que o Brasil inteiro! Ora, veja, pois...

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Perdidos no aeroporto



*Cesar Vanucci

 

                 “Refugiados de Guerra não são criminosos    eles são vitimas de guerra."                                                                                          (Mohammed Haziz, jornalisra).

 

 

 1) O Aeroporto de Guarulhos, SP, um dos pontos de partidas e de chegadas mais movimentados do trafego aéreo mundial, foi palco recentemente de uma história pungente, típica deste nosso mundo velho de guerra tão desfalcado de solidariedade social quanto sobrecarregado de esplendor tecnológico. Grupo composto de quase duas centenas de afegãos, entre eles várias crianças, expulso da terra natal pelo terror talebanista, foi largado nas dependências do terminal e entregue, por algum tempo, à própria sorte.

 Os refugiados aboletaram-se no local em arremedos de tenda em condições bem precárias de conforto. Durante sua permanecia, que se estendeu por mais de mês, obtiveram permissão para usar chuveiros das instalações por apenas 3 vezes. Chegaram a ser acometidos de surto de sarna. Foi quando o Ministério da Justiça e grupos de ativistas que já vinham prestando alguma ajuda aos exilados tomaram a deliberação de promover ação mais resoluta, oferecendo-lhes tratamento consentâneo com a gravidade da circunstância adversa enfrentada.

No município de Praia Grande, litoral paulista, uma colônia de férias foi cedida para aloja-los temporariamente. Mas, estava escrito que sua desdita não havia ainda cessado. Os ônibus que fizeram o traslado dos afegãos de Guarulhos até Praia grande foram interceptados no meio da viagem, diante da recusa formal da Prefeitura de acolhê-los. Negociações demoradas foram feitas com a interveniência do Ministério da Justiça até serem ajustados termos conciliatórios para a concessão do abrigo. O chocante episódio provocou, por parte das autoridades competentes, articulações com vistas à elaboração de planos mais eficientes na assistência às levas de refugiados que aportem nosso território.

O que aconteceu em Guarulhos foi, reconheçamos deprimente. Arranhou, de certo modo, nossa decantada hospitalidade. Chamou a atenção para o contraste existente entre o aparato tecnológico da vida moderna, representado pelo majestoso aeroporto de uma metrópole populosa e trepidante e a incompreensível dificuldade humana em encontrar solução simples para problemas do dia-a-dia das pessoas. A sensação dos humanistas é de que os refugiados afegãos ficaram perdidos na selva de concreto, como alias acontece com milhões de criaturas, em diferentes partes do mundo, que “vivem” em “situação de rua”.

 

2) Em razão do bate-papo com tinturas conspiratórias, travado, pelo celular, com o Tenente Coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, o Coronel Jean Lawand Júnior foi chamado a depor na Comissão Mista do Congresso que apura os atos golpistas de 08 de janeiro. Saiu da audiência que durou várias horas, com o apelido de Pinóquio, tal o volume de informações falsas transmitidas. Sua atuação provocou desagrado geral, tanto da parte de governistas, quanto de oposicionistas. O próprio Presidente da Comissão deixou isso patente no fecho da inquirição, afirmando que chegou a pensar em dar-lhe voz de prisão por falso testemunho. Lawand ousou declarar que sua conversa com Mauro Cid, visou o propósito de conclamar Bolsonaro a “dar ordem” para pacificar os ânimos e não promover um golpe de estado. O depoente conseguiu do STF autorização para permanecer calado. Enrascou-se de tal maneira no interrogatório que para muitos pareceu que o melhor teria sido para ele, para sua historia pessoal permanecer mudo e quedo que nem penedo, como era de costume dizer-se em tempos antigos.

 

3) Deplorando amargamente a decisão acerca da inegibilidade de Bolsonaro, em fala pronunciada em Las Vegas no dia da sessão do TSE, o Deputado Valdemar Costa Neto, presidente do PL, cometeu um ato-falho, corrigido prontamente após receber um whatsapp. Ele disse, ao derramar-se em elogios ao ex-chefe do governo que Bolsonaro não é um “homem normal”.

 

Jornalista (catonius1@yahoo.com.br)

Punhalada nas costas de Putin

 

*  Montagem, extraída da internet, Vladmir Putin em trono de espadas e em outro plano o comandante  Prigozhin chefe do Grupo  Wagner.

                 




 


 O arrogante Vladimir Putin, tzar todo poderoso de uma Rússia cada vez mais imperial, vê-se às voltas com enrascada política e militar inimaginável. A surreal rebelião deflagrada pelo grupo “Wagner”, sinistra milícia de mercenários constituída em boa parte por elementos recrutados em presídios, provocou estupefação mundial, sobressaltando a sociedade russa.

Chamando atenção para fissuras de comando na condução da agressão da Rússia à Ucrânia, o inacreditável episódio mostrou ponto frágil no poder autoritário de Putin. Analistas políticos sustentam, tendo em vista o ineditismo da situação, que os opositores da autocracia dominante em Moscou ganharão alento no enfrentamento de seu temido e implacável adversário.

Perguntas de toda ordem são formuladas em diferentes partes do mundo diante dos desconcertantes acontecimentos ocorridos em território russo como inesperado desdobramento da absurda guerra na Ucrânia. Considerando a envergadura das ações dos mercenários como força auxiliar do Exercito russo na Ucrânia e outros países, Mali e Síria entre eles, como serão as reações das unidades combatentes diante da destituição de seu comandante Prigozhin? O Kremlin vai continuar a terceirizar suas operações militares? O que sucedeu poderá favorecer a cessação das hostilidades na Ucrânia?  Ou, pelo contrário, impelirá o imprevisível Putin para novas ofensivas no conflito?

 Recentemente, depois da promessa da OTAN em dotar as forças ucranianas de armamentos sofisticados, incluindo caças com autonomia de voo ampla, a Rússia anunciou o deslocamento para Belarus, país aliado de unidade militar provida de armamento nuclear.

 Muitas as pessoas espalhadas pelo mundo observam tudo isso como sinais inquietantes da chamada – “data limite” – dos prenúncios feitos, muitos anos atrás, pelo saudoso Chico Xavier.

2) perdidos na selva - A comovente historia das 4 crianças colombianas perdidas por mais de  40 dias na selva amazônica deixou no espírito popular a sublime impressão de que forças sobrenaturais, acima da lógica comum, intercederam na condução do auspicioso desfecho das ingentes buscas promovidas no temível  labirinto da espessa vegetação. Rememoremos os fatos. Avaria mecânica provocou a queda do avião que transportava 7 passageiros, 3 adultos, mais as crianças, a mais velha com 13 anos, a mais nova com menos de um ano, todas indígenas. Ao serem localizados os destroços do aparelho, uma tremenda surpresa: os adultos estavam mortos. Das crianças foram achados animadores vestígios de vida. Deixaram o avião, a cata de refugio, passaram a perambular pés descalços, pela mata inóspita. Militares e indígenas embrenharam-se pela floresta numa busca frenética dos menores. Exaustos e desnutridos eles foram localizados depois de 41 dias, numa ação que emocionou o mundo. Nem a mais cética criatura ousará por em dúvida que o final feliz do dramático insciente não tenha sido produzido com intersecção de forças superiores à capacidade humana. Encurtando razões: As crianças sobreviveram ao desastre aéreo. Suportaram estoicamente as adversidades por quase mês e meio, perdidas na selva. Como interpretar tudo isso sem admitir à ideia de um  milagre?

 3) Perdidos no mar – o mundo acompanhou, comovido, a história, torcendo por novo milagre. Mas, o milagre, lamentavelmente, não se repetiu. O mini submersível utilizado para turismo nas profundezas do mar, implodiu antes mesmo que se esgotasse sua provisão de oxigênio. Desde 2021, desafiando pareceres de técnicos abalizados da indústria naval, que viam no artefato da OceanGate um risco, a empresa que administrava o milionário negócio promovia viagens submarinas ao chamado “cemitério do Titanic”. O navio, como se sabe, afundou em 1912 depois de colidir, em viagem inaugural, com um “iceberg”. Cada passagem do submersível custou 1,2 milhões de reais.

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

Bota insensibilidade nisso...

 



                                                                               *Cesar Vanucci

 

“Taxa de juro irracional! COPOM joga contra os interesses do País.” (Presidente Lula)

 

1) Insensibilidade - eles fazem jus, no reconhecimento comunitário, a admiração pelo mérito ostentado como especialistas em teoria econômica. Mas não estão, pode se dizer, nem aí para os anseios da coletividade. Apoderados de embriagadora autossuficiência, desviam sua atenção dos anseios das forças produtivas e lideranças de segmentos importantes da sociedade. Em assim sendo, insistem pirracentamente na manutenção da taxa Selic, de novo, em patamar desestimulante ao empreendedorismo. A economia como um todo deu sinais promissores. A inflação vem caindo. O dólar idem. O chamado risco Brasil vem decrescendo. O desempenho da BOVESPA revela-se alentador. Investidores estrangeiros confessam-se otimistas quanto às perspectivas  oferecidas pelo país. Agencias de risco avaliam com melhores notas a capacidade brasileira de absorver recursos para sua expansão econômica. A fileira de itens positivos é extensa, porém isso em nada contribui para que o COPOM altere sua disposição heterodoxa e reduza a taxa básica de juros, mesmo sabedor de ser ela a segunda mais elevada do mundo, atrás somente da Argentina, onde a inflação já ultrapassou os 100%. Esta mais recente decisão do órgão prevalecerá até pelo menos o mês de agosto vindouro, quando o COPOM voltará a se reunir, já que em julho é tempo de recesso operacional.  

 Bastante compreensível o inconformismo detectado em diferentes setores da vida nacional em face de mais essa manifestação de insensibilidade. e bota insensibilidade nisso!

 

2) Desenrola -  promessa de campanha - por sinal igualmente contemplada na plataforma eleitoral de Ciro Gomes -, o programa “Desenrola”, lançado pelo Governo Lula, é  iniciativa merecedora, sem sombra de dúvida alguma, de aplausos. Consiste em ampla renegociação das dívidas no valor de até R$ 5 mil das pessoas de baixa renda, com credores bancários e comerciais, envolvendo a intermediação de órgãos oficiais. O governo oferecerá às instituições financeiras  incentivos em troca dos descontos que venham a ser atribuídos aos devedores. Pelas previsões técnicas e administrativas 70 milhões de brasileiros deverão ser atendidos nesse esquema descrito em medida provisória já aprovada pelo Congresso. O processo das renegociações de dividas será desencadeado em setembro vindouro. Marcos Barbosa Pinto, Secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda explica: “Em julho, começa a ser feito o cadastro dos credores. Uma  condição para o cadastro será a desnegativação pelos bancos das dívidas de até R$ 100 Em agosto, haverá leilões dos créditos para definir aqueles que serão contemplados. Em setembro, O desenrola estará  disponível para toda a população”.

 

3) Julgamento -  enquanto essas mal traçadas linhas estão sendo datilografadas, desenrola-se no Superior Tribunal Eleitoral o julgamento do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, acusado de ato antidemocrático pela descabida convocação, em agosto  passado, dos representantes diplomáticos de outros países  para comunicar-lhes o caráter, segundo ele, fraudulento das eleições de outubro. O ex-presidente é indiciado por suposto abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Observadores traquejados acreditam que o antigo mandatário da nação possa vir a ser condenado no processo, com pena de oito anos de inelegibilidade. São de opinião também que o candidato a vice na chapa de Bolsonaro, Braga Neto seja excluído da lide. A propósito, o representante do Ministério Público, na primeira sessão realizada, já propôs a exclusão. Vem sendo também admitida a possibilidade de que em sessão vindoura algum Ministro solicite vista do processo, o que retardará por algum tempo o veredicto.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

A SAGA LANDELL MOURA

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