sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Óleo de fígado de bacalhau



*Cesar Vanucci


“O que sei é que nada sei!” (Sócrates, filósofo grego - c. 469-399 a.C)

 




Vivendo e aprendendo. Como anota Ary Barroso, numa de suas lindas canções, “A Vida é uma escola em que a gente precisa aprender a ciência de viver, pra não sofrer.” Confesso, em boa e lisa verdade, sem me deixar prender por qualquer constrangimento, haver chegado aos 45 anos de existência pela segunda vez consecutiva, na mais santa ignorância quanto à real história do bacalhau.

O bacalhau como acontece em tantos lares e lugares, é indissociável dos cardápios mais apreciados em instantes especiais de festejos. Percorrendo as ladeiras da memória, volto o olhar nostalgicamente para os ajantarados na casa de vó Carlota. Na semana santa e na passagem de ano, a bacalhoada era de se lamber os beiços, servida em terrina reservava só para momentos de gala. A  receita do acepipe tornou-se tradição familiar.

 Outra lembrança ligada ao tema, desta fase risonha da vida é menos digestiva. Minha saudosa mãe, Tonica, costumava servir-nos como fortificante, numa colher imensa, uma beberagem sorvida em meio a caretas e ao  mais completo desprazer. Era o célebre “Óleo de Fígado de Bacalhau” vendido nas farmácias dentro de frasco que trazia no rotulo a imagem de um homem de terno, com chapéu a la Carlitos, carregando nas costas um descomunal pescado, ele próprio: o bacalhau.  O rotulo continha dizeres alusivos a excelência do produto, não atestada pela criançada.

Carreguei anos a fio a ideia de que o bacalhau era uma espécie de peixe, como o salmão, o atum, o bagre, o badejo, o lambari, a sardinha, o dourado, o surubim, o pirarucu e assim por diante.

Guardei comigo a ideia de que o peixe denominado bacalhau só pudesse ser encontrado nas águas geladas da Noruega. Certa ocasião, num passeio turístico marítimo pela região dos famosos fiordes noruegueses, indaguei da guia, ingenuamente, se era ali o ponto de pescaria do bacalhau. Mal contendo o riso, ela respondeu que sim. Tantos anos passados, chego a conclusão que a moça estava, na verdade, gozando minha cara. Ponho-me hoje a matutar se a pergunta tantas vezes ouvida, sobre se já vi alguma vez cabeça de bacalhau não esconde igualmente intuito de deboche...

Outra observação me acode: dantes só se falava em bacalhau norueguês. A partir de dado momento o bacalhau português botou a cabeça fora d” água, nas peixarias. Participei de discussões sobre qual o bacalhau é de melhor sabor. Em meu modo de entender o de procedência norueguesa era superior ao de  procedência portuguesa, com certeza.

Toda essa conversa é para dizer ao meu culto, conquanto reduzido, leitorado que só agora, na fase outoniça da existência tomo conhecimento de que não existe um peixe específico chamado bacalhau. Bacalhau como explicam os entendidos em frutos do mar, é um processo de preparação de secagem e salga de diferentes espécies de peixe, inclusive o pirarucu que  não é pescado  nem no mar, nem em águas geladas, mas em água doce, em zona tropical no rio –mar Amazonas. Os especialistas em gastronomia apontam alguns tipos de peixe como ideais para a preparação das postas de bacalhau. A propósito, na virada do ano topei pela frente com uma bacalhoada. Achei o gosto bastante diferente. Não lembrava claro, óleo de fígado, mas, nem  tampouco o ajantarado dos tempos da meninice.

Por essa e por outras, o jeito é apelar para Sócrates: “o que sei é que nada sei!”

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

A ponta do iceberg

 



                                                                                                                           *Cesar Vanucci

“O clima está mudando mais rápido do que as ações para lidar com a questão.”

(Barack Obama)

 


Tempos atrás, as estações do ano tinham data certa pra começar e data certa pra acabar. Aqui por estes nossos pagos, a tradicional “folhinha mariana” cuidava de fornecer ao distinto público informações valiosas sobre as rotineiras variações meteorológicas. Verão era verão, primavera era primavera, outono era outono e inverno era inverno. Dizia-se, naquela época, a propósito das elevações de temperatura, que o calor era de “fritar mamona”. Os jornais apreciavam dizer “calor senegalesco”, “calor infernal”, “calor de rachar”, por ai afora...

Com os termômetros atingindo escalas nunca dantes percebidas neste nosso planeta repleto de inexplicabilidades, outras formas comparativas de se registrar o fenômeno atmosférico andam pintando no pedaço: “calor de maçarico”; “calor de Saara sem Oasis”; “calor de fornalha siderúrgica”,  assim vai. Parece-nos mais apropriada, pelo toque regionalista, uma classificação ouvida dia desses: “Calor de Araçuaí, somado com ao calor de Ituiutaba, mais o calor de Muriaé” .

Todos vemos, com apreensões, o coreto climático bagunçar. Nos dias que correm, recordes preocupantes estão sendo batidos em tudo quanto é parte do mundo. Por conta de dias hipercalorentos a sensação térmica chega até 60 graus em inúmeras regiões. Muita gente adoece e sucumbe por causa disso. A ciência alerta: Quando a temperatura ambiente ultrapassa a capacidade de resfriamento do corpo, os mecanismos naturais, como a transpiração, podem não ser suficientes. Isso pode levar a riscos de desidratação, insolação e até mesmo a falhas nos órgãos, especialmente em pessoas vulneráveis, como idosos e crianças, mais suscetíveis aos efeitos adversos do calor.

O ano de 2023 foi o mais quente da história. O ano de 2024 poderá suplanta-lo sob esse perturbador aspecto. Os entendidos em questões climáticas explicam que, embora o fenômeno El Niño, que aquece as águas  do Oceano Pacífico, tenha influencia na situação em foco, o calor extremo é resultado das contínuas emissões de gases de efeito estufa. Ou seja, o adelgaçamento das camadas de ozônio que protegem a terra dos raios solares.

O calor escaldante que tanto nos molesta, por mais despropositada e paradoxal que seja a afirmativa, é a ponta do Iceberg. De um medonho Iceberg com poder destrutivo inimaginável.

 As tempestades catastróficas, as inundações, os maremotos com presságios de tsunamis, os terremotos, os ventos uivantes com velocidade demolidora, os vulcões com suas ameaçadoras lavas incandescentes, as estiagens prolongadas e as queimadas devastadoras: tudo isso, implicando em riscos à sobrevivência humana, dão forma cataclísmica à ameaça do aquecimento global. As súbitas nevascas que açoitam tantos rincões, assinalando temperaturas extremas jamais registradas, é outra face alarmante do efeito estufa. E o que não dizer da temida perspectiva de derretimento das calotas polares? Algumas informações atualizadas dão conta de que os termômetros acusaram aumento de 4 graus em alguns trechos do Ártico. O chamado degelo pode provocar a elevação do nível dos oceanos com consequências apavorantes, como é de se imaginar.

Os vaticínios dos cientistas apontam para um cenário apocalíptico. O bicho-homem, com sua prepotência e arrogância, com seu imediatismo ganancioso, com atitudes equivocadas e desastrosas, imprevidência, negligencia, insuficiência gestora, omissões perversas, instinto beligerante, o bicho-homem – repita-se, comporta-se como se toda a abundante sinalização da hecatombe anunciada não lhe dissesse respeito. Faz questão de pagar pra ver.

Como a esperança é a ultima que morre, as criaturas de boa vontade se agarram à expectativa de que no tempo que resta para um redirecionamento das coisas possam surgir lideranças providas de ideias capazes de reverterem o quadro caótico acenado.

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)  

I.A, pausa para reflexão.

 


*Cesar Vanucci

“(...) Uma corrida perigosa para modelos de “caixa preta” cada vez maiores e mais imprevisíveis” (“Carta Aberta” de cientistas sobre a Inteligência Artificial)

 

A Inteligência Artificial está chegando aí, com penca significativa de inovações, algumas ainda inimagináveis. O tema suscita interrogações e  reflexão amadurecida. Tem-se como certo que com a implantação ampla deste avançado instrumento tecnológico, acontecerá algo bem mais impactante do que ocorreu com a chegada da internet. Mudanças radicais poderão vir a ser incorporadas ao nosso comportamento mundano.

Nas antevisões de pessoas já bem familiarizadas com o manejo da revolucionária ferramenta técnica, a I.A trará situações análogas ao que aconteceu e acontece ainda com outros engenhos prodigiosos nascidos da fecunda criatividade humana, concebidos originalmente dentro do propósito de engrandecimento civilizatório. Caso de relembrar o ocorrido com a incorporação da pólvora, do avião, da energia nuclear e da própria internet aos projetos e empreitadas dos seres humanos na busca incessante do progresso e desenvolvimento. Todas essas apreciáveis conquistas, que geraram benefícios sem conta, acabaram também, em numerosas ocasiões, servindo a objetivos não harmonizados com as sublimes aspirações do espírito humano.

Existem, como sabido, compreensíveis preocupações de personalidades que compõe a elite da inteligência e sabedoria com relação a eventos danosos  que poderiam derivar da aplicação distorcida do sistema IA . Recentemente ainda, numa “Carta Aberta” ao mundo, 1300 cientistas, sociólogos, empresários do ramo da informática, acadêmicos graduados, externando temor nas alegações ditadas, recomendaram enfaticamente fosse estabelecida uma pausa nos avanços do processo. Insistiram num ponto: que “a pausa deve ser pública e verificável e incluir todos os principais atores.” Acrescentam: “Se tal pausa não puder ser decretada rapidamente, os governos devem intervir e instituir uma moratória.” Noutro ponto do palpitante pronunciamento é salientado mais o seguinte: “Laboratórios de IA e especialistas independentes devem usar essa pausa para desenvolver e implementar  um conjunto de protocolos de segurança compartilhados para design e desenvolvimento avançados de IA a serem  rigorosamente auditados e supervisionados por especialistas externos independentes. Esses protocolos devem garantir que os sistemas que aderem a eles sejam seguros além de qualquer dúvida razoável. Isso não significa uma pausa no desenvolvimento da IA em geral, apenas um retrocesso na corrida perigosa para modelos de caixa preta cada vez maiores e imprevisíveis com capacidades emergentes. A pesquisa e o desenvolvimento de IA devem ser reorientados para tornar os sistemas avançados e poderosos de hoje mais precisos, seguros, interpretáveis, transparentes, robustos, alinhados, confiáveis e leais.”

Outro aspecto de vital importância trazido à reflexão da humanidade pelo manifesto diz respeito à necessidade imperiosa de se assegurar regulação, monitoramento, rastreamento, auditoria permanente, certificação de dados. Esses cuidados essenciais levarão à necessária responsabilização por danos eventualmente provocados pela IA. O arcabouço jurídico institucional concebido – admitem os signatários da “Carta Aberta”- permitirá todas as condições almejáveis para se lidar com as dramáticas perturbações econômicas, sociais e políticas causadas pela IA. Ficarão assim também resguardados os sagrados interesses democráticos.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Deu a louca (II)



*Cesar vanucci

“De onde, Deus do céu, poderá ter saído essa combinação implausível de religiosidade com ódio” (Ministro Luis Roberto Barroso, Presidente do Supremo)

 


Como se costuma dizer no linguajar de rua, coisas muito estranhas continuam pintando incessantemente no pedaço. Coisas, extravagantes, desconcertantes, arrancando ar de espanto no semblante das pessoas de bem com a vida, que não ocultam sua preocupação com tanto ato agressivo de tonalidade surreal. O noticiário nossa de cada dia traz mais estas frisantes amostras.

1) “Em nome de Deus” – O Ministro Luís Roberto Barroso, Presidente do STF, discursou – com o brilhantismo que lhe é peculiar – por duas vezes no evento intitulado “Democracia Inabalada”, na Corte e no Congresso. Em ambas descreveu atordoante cena. Cá está: “De tudo o que vi e ouvi, um fato me causou especial abalo. Um policial judicial do Supremo me descreveu que, após marretadas na parede e arremesso de móveis e de objetos, muitos dos invasores se ajoelhavam no chão e rezavam fervorosamente. De onde, Deus do céu, poderá ter saído essa combinação implausível de religiosidade com ódio, violência e desrespeito ao próximo? Que desencontro espiritual pode ser esse que não é capaz de mínima distinção entre o bem e o mal, entre o estado de natureza e a civilização? Que tipo de inspiração terá empurrado essas pessoas numa ribanceira moral?

2) Residências Parlamentares – A mesa diretora da Câmara do Deputados estabeleceu prazo, melhor dizendo, ampliou prazo anteriormente estipulado, para a desocupação de moradias destinadas a exercentes de mandato parlamentar. Mas qual a razão da medida? Indagará, curioso, o distinto leitor. Simples (e chocante) assim: muitos dos chamados “apartamentos funcionais” estão sendo habitados por políticos que não mais possuem mandato eletivo. As más línguas andam dizendo em Brasília que o bando de invasores das unidades residenciais cogita formar um bloco no carnaval que se avizinha, usando como refrão famosa marchinha momesca: “daqui não saio, daqui ninguém me tira”.

3) Taxa da Milícia Esta aconteceu no Rio de Janeiro das “absurdidades factíveis”. O Prefeito Eduardo Paes publicou em sua conta na rede social um desesperado apelo ao Ministro da Justiça substituto, Ricardo Cappeli e à Policia Federal para que desfechem operação contra audaciosos milicianos cariocas que estão a exigir “taxa de licenciamento” com relação a obras de interesse público. Os marginais “fixaram” somas avultadas dos empreiteiros para “permitirem” o andamento das construções. Chamou a atenção o fato de o SOS ter sido dirigido ao sistema de Segurança Federal e não ao  sistema Estadual, o que está sendo apontado por observadores como  demonstração da desconfiança que o trabalho das policias cariocas suscita nas diferentes esferas dos Poderes Constituídos. “Vamos sair pra cima desses bandidos!” – Respondeu Cappeli.

4) PL e PT juntos – no tribunal eleitoral do Paraná corre um processo ajuizado pelo PL (Partido Liberal), com apoio (impensável em qualquer outra circunstancia) do PT (Partido dos Trabalhadores). O Senador Sergio Moro é acusado no processo em tela de haver utilizado indevidamente recursos provenientes do Fundo Eleitoral. A história adquire caráter mais bizarro quando se tem em vista que o PL é a agremiação partidária do ex-presidente Jair Bolsonaro. Do qual se presume seja Moro um aliado. Todo mundo se recorda da prestimosa assessoria que o ex-juiz prestou, nos debates da televisão, a Bolsonaro, na campanha pela reeleição. Seja relembrado também que o Senador deixou seu cargo na magistratura Federal para ser Ministro da justiça, desligando-se da função com contundentes críticas ao Governo.

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

Deu a louca...

 



                                       *Cesar Vanucci

       “É loucura, mas há um método.” (William Shakespeare)

 

Meu saudoso pai Antônio, no carinho dos amigos conhecido por Tonão, costumava dizer, num tom repartido entre o sério e o brincalhão, algo muito curioso. Segundo ele, com o advento da era nuclear, os cientistas largaram na atmosfera, por descuido, fragmentos de estrôncio, agente químico capaz, quando absorvido por algum vivente, de compeli-lo a praticar coisas impensáveis, em desconformidade com os padrões convencionais de comportamento. Sei não! O que posso garantir, com absoluta certeza, é que o noticiário nosso de cada dia anda lembrando pé de jabuticaba de Sabará em “época de apanha”, tão carregado que está de histórias desconcertantes. São atos perturbadores, amalucados revestidos de estridente surrealismo. Cá estão, na sequencia, amostras bem elucidativas.

·        O anarcocapitalista Javier Milei, Presidente argentino que se comunica telepaticamente, em mesa mediúnica, com “Rex”, seu finado cão de estimação, tomou a deliberação, talvez aconselhado pelo mesmo, de encaminhar ao Congresso um pacotaço de medidas que acabou provocando o maior e mais azucrinante panelaço já ouvido em plagas portenhas. Entre os 350 itens levantados, alguns são tão mirabolantes que podem acabar virando enredo para novas versões de “A pantera cor-de-rosa”. O escambo como remuneração de assalariados figura na lista. Noutras palavras: o empregado pode no final do mês receber seus vencimentos em qualquer tipo de moeda, com parte em mercadoria, como rolos de papel higiênico, absorvente intimo, galinha depenada pronta para assar e por aí vai. Outra dele: empresas chinesas que se instalem no país ficarão isenta de impostos. Antes ele dizia que iria romper relações com Pequim.

·        O chefe da Polícia Civil de Brasília foi recolhido à Papuda. Motivo: rejeitado pela antiga companheira, criou um serviço especial de campana para acompanhar todos os seus passos, com equipes de subordinados se revezando no trabalho. Não satisfeito incluiu o telefone da moça numa lista de aparelhos grampeados por ordem judicial.

·        Perto dali, numa cidade do interior goiano o prefeito local inconformado com a separação lançou sua possante caminhonete, em plena madrugada, contra a porta de entrada da residência da “mulher amada” e seu novo parceiro, descarregando todos os cartuchos de sua arma automática. Ninguém ficou ferido. Na oitiva o agressor disse que queria apenas “assustar os pombinhos”...

·        Em Resende, estado do Rio, dizendo-se revoltada com o tratamento dispensado a sua irmã no posto de saúde, uma mulher raivosa arremessou o veículo que dirigia contra o prédio derrubando paredes até a recepção.   

·        Bem razoáveis no entender de quem sabe das coisas econômicas, os resultados econômicos de 2023, com a Bolsa batendo recorde e desemprego em queda, foram surpreendentemente, criticadas por quem menos se esperava. O diretório do PT, partido do Governo Lula, o autor da façanha. O Ministro Fernando Haddad foi “acusado” de “austericídio”...

·        Na Câmara Municipal de São Paulo, vereador das fileiras bolsonaristas propôs a formação de uma CPI para investigar atuação do Padre Júlio Lancelot. O sacerdote em questão é uma das figuras mais admiradas do Brasil no campo da solidariedade, graças ao trabalho incansável que promove em favor dos excluídos sociais.

·        Parlamentar da oposição conseguiu introduzir na lei de diretrizes orçamentárias (LDO) um dispositivo “proibindo” que dotações na área da saúde sejam aplicadas em intervenções cirúrgicas infantis relativas à troca de identidade sexual. A maquiavélica pegadinha é bem explicita: não se enquadrando, jurídica e protocolarmente, no plano orçamentário o item será fatalmente vetado. Nas redes sociais fake news dirão depois   que o governo é “favorável” a operações pecaminosas envolvendo crianças.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Regulamentação já!

 Cesar Vanucci

 

“Um dos grandes perigos modernos da democracia:  a instrumentalização das redes sociais pelo novo populismo digital extremista", (Ministro Alexandre de Moraes).

 



O negacionismo é renitente. Coloca-se na tocaia aguardando hora propícia para alvejar iniciativas que não se enquadrem em sua obtusa concepção da aventura da vida. O negacionista bebe inspirações, sem nunca se dar por saciado, nas lamacentas nascentes do radicalismo ideológico. interpreta as coisas de forma sempre equivocada. Confunde alhos com bugalhos, gênero humano com Zé Germano, focinho de porco com tomada.

 Na atualidade, o negacionista de carteirinha assesta a alça de mira, obsedantemente, na regulamentação da mídia eletrônica, tão almejada pela consciência pública da Nação.

Nas redes sociais, o populismo extremista digital, conforme anota o presidente do TSE, Ministro Alexandre de Moraes, espalha falsidades como se verdades fossem. Ocupa a internet como se ela fosse “terra de ninguém”. Ou seja, um espaço escancarado para criaturas idiotizadas em todos os graus que se sentem catedráticos no uso de uma tribuna privilegiada que pode fazer ecoar longe suas descomunais sandices.

 A falta de regulamentação das plataformas digitais tem provocado, aqui e longe daqui, calamidades sem conta. A velocidade da propagação do que se divulga via rede social está fora do alcance de qualquer sistema de vigilância jurídico legal existente. A vigilância requerida pelas situações criadas pelo ódio, pela irresponsabilidade, pela ignorância, pela má fé – que tantos infortúnios têm produzido em escala monumental -, a vigilância requerida (repita-se) carece ser estruturada de forma rápida, urgente e eficaz. A paz e segurança comunitárias determinam que assim seja. O bem estar social não abre mão de mecanismos de proteção ágeis e eficientes.

 A sociedade brasileira, à parte a enfezada minoria que tenta solapar nossos fundamentos republicanos e democráticos, quer se ver livre das invenções perversas, criadas para enganar as pessoas e implantar o caos. As manjadas alegações dos extremistas digitais, no sentido de que a regulação pretendida colide com a livre manifestação das ideias não passam de rematada falácia. Mera retórica oca para engambelar incautos. A liberdade de expressão,  apanágio da Democracia, cânone republicano sagrado, é algo totalmente diferente da disseminação solta de palavras e imagens de cunho obseno, mentiroso, difamante, em suma criminoso que anda emporcalhando as redes sociais. É imperioso conter as malsinadas “fakenews”. Isso não molesta, jeito maneira algum, o direito à critica, ao questionamento, à denuncia no exercício legítimo das divergências democráticas.  Nos países da Europa, no Canadá, na Austrália entre outras nações do bloco democrático a regulação já foi providencialmente definida. Os Estados Unidos debatem o assunto, reconhecendo-o como prioridade política e humana.

 O que as pessoas de bom senso, visão democrática, lucidez de espírito almejam, em todas as esferas da vida brasileira, é que o Congresso Nacional se debruce pra valer sobre a momentosa questão.  

 O que aguardamos de nossos parlamentares é a criação de canais arejados para diálogos com segmentos sociais, políticos, culturais e econômicos, compondo um texto moderno e positivo de regulação da mídia eletrônica, colocando um fim no descalabro que hoje, infelizmente, tomou conta dessa modalidade de comunicação de tão grande alcance universal ilimitado da construção civilizatória.    

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

O 8 de janeiro

 

  

Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em             tempos” (Winston Churchill).

 

 Dia 8 de janeiro de 2023. Está fazendo um ano. Os graves acontecimentos vividos na Capital da República na data citada deixaram marcas impactantes na história do País. A Democracia foi vilmente alvejada. Conspiradores de meia e de tigela inteira (estes últimos até poucos dias anteriores aos fatos reportados “engarupados” em postos de relevância na atividade pública) tentaram subverter a ordem constitucional, violentando a vontade popular soberana manifesta nas urnas, negando os valores civilizatórios basilares expressos na Carta Magna.

 O 8 de janeiro constituiu o ápice de uma sequência de atentados anarquistas. Insuflados por minoritária falange ultra – direitista, uma horda de arruaceiros, incluindo “inocentes úteis” analfabetizados, invadiu as sedes dos 3 Poderes, destruindo ativos patrimoniais valiosos, conspurcando emblemas e símbolos sagrados da nacionalidade.

 A baderna encomendada, desencadeada por indivíduos transportados em ônibus procedentes de várias regiões, representou uma espécie de senha combinada para que o caos se instaurasse, segundo cálculo errático dos autores intelectuais da criminosa tramoia.

 Já antes dessa ignominiosa façanha, os golpistas haviam executado manobras preparatórias de feição terrorista: incendiaram veículos, invadiram repartição policial, ameaçaram autoridades, coloram explosivo (a tempo, felizmente, desativado) num caminhão tanque estacionado no aeroporto de Brasília, bloquearam estradas, propalaram, insidiosamente, pelas redes sociais, inverdades sobre a lisura das eleições. Espalharam como sabido, inclusive no exterior, que as urnas eletrônicas estavam sendo fraudadas pela Justiça Eleitoral.   

 A nauseante ofensiva dos radicais fracassou rotundamente. O sentimento nacional falou mais alto, bem mais alto. As Instituições Republicanas reagiram de forma pronta e esplêndida. A sublevação das ruas desejada pelo golpismo não passou de um delírio paranoico. Governo, Congresso, Judiciário deixaram de lado ocasionais divergências, próprias do mecanismo republicano, contando com sólido apoio de todos os setores representativos da sociedade, rechaçaram com veemência e altivez a maquiavélica sortida do bando de fanáticos políticos. O mundo democrático hipotecou imediata solidariedade às autoridades e ao povo brasileiro pela reação assumida diante do complô.

 A Justiça, defendendo com vigor os postulados democráticos, estabeleceu punições - por muitos consideradas severas - aos participantes das depredações, que se diziam “patriotas”. Como fecho indispensável de investigações ainda em curso, ficou restando o indiciamento dos financiadores e dos autores intelectuais da conspiração.

 As lembranças suscitadas pelas ocorrências do 8 de janeiro ajudam a avivar na consciência cívica da Nação o sublime significado da Democracia na aventura humana. Os democratas das diferentes tendências partidárias, em qualquer parte do mundo, abominam os regimes de exceção de qualquer coloração. Cultuam crença granítica de que a Democracia, mesmo comportando imperfeições ditadas pelas contradições comportamentais dos seres humanos, é o único instrumento de governança compatível com a dignidade das pessoas. Nenhuma outra das formas de gerir os destinos dos povos, já experimentadas, aqui e alhures, demonstrou condições de iguala-la. Quem captou, admiravelmente, esse conceito, transformando-o em pronunciamento memorável na Câmara dos Comuns foi Winston Churchill.

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com)

 

O fim do começo!

 


*Cesar Vanucci

“Ainda não é o fim. É apenas uma etapa das investigações em curso.” (Jornalista Ricardo Capelli, secretário executivo do Ministério da Justiça).

Todos os setores da sociedade veem com bons olhos – cuidando, por cautela, de conserva-los bem abertos – o redobrado empenho das forças de segurança do Estado brasileiro no combate ao crime organizado.  Esmiuçando, numa entrevista, os lances de mais uma bem sucedida operação levada a efeito em trabalho conjugado da Policia Federal com órgãos policiais do Rio de Janeiro, o jornalista Ricardo Capelli, eficiente secretario executivo do Ministério da Justiça, explicou: “Ainda não é o fim. É apenas uma etapa das investigações em curso.” A declaração lembrou-me dito famoso de Winston Churchill: “Não é o fim. Nem o começo do fim. Mas pode ser o fim do começo!” Tomando emprestada a sábia fala do ex-primeiro ministro britânico, esperamos, com viva expectativa, que esse “fim do começo” possa ser conduzido às derradeiras consequências. Estes são desejos ardentes dos cidadãos de mente e coração pacíficos que sonham com um país bom pra se viver e trabalhar.

As ações desencadeadas vão ter que transpor obstáculos tremendos para que sejam alcançados os objetivos em mira. Os “foras da lei” criaram “campos minados” á volta dos redutos em que se acham encastelados. Infiltraram-se, nalgumas unidades da Federação, em aparelhos públicos incumbidos de enfrenta-los. Os (dês) caminhos a percorrer reclamam   equipes bem treinadas, compenetradas da missão de desmantelar as cidadelas da bandidagem. Os agentes envolvidos nas saneadoras operações poderão, num que noutro instante, se verem lançados num labirinto. Deles serão exigidos, em horas assim, paciência, disposição e animo indomáveis, de modo a que as situações momentaneamente desfavoráveis sejam contornadas com firmeza e afinco. Como já vem sendo atestado nas diligencias em andamento, os serviços de Inteligência e o emprego de tecnologia de ponta constituem plataforma eficaz nas apurações dos atos lesivos praticados pelas milícias e quadrilhas que se apossaram, para seus negócios escusos, de faixas territoriais consideráveis em alguns centros populosos, como é o caso do Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. A atuação na área da segurança publica coordenada pelo ministério da justiça que tem sido apoiada em numerosas e relevantes intervenções pelas  Forças Militares Federais, volta-se também, com vigor, para  Amazônia. Detectou-se a presença no vasto território do “Comando Vermelho” e do “PCC” entre outras facções.

A quem acompanha com atenção as providenciais ações promovidas, no âmbito governamental, no enfrentamento das organizações criminosas vem causando muito boa impressão o esforço voltado para trabalho integrado de todos os dispositivos de segurança. Ou seja, não tem faltado da parte da opinião pública o reconhecimento à inspirada ideia da estruturação de um sistema nacional de segurança que aglutine o melhor da experiência profissional de campo e a da capacitação técnica dos órgãos que operam no país na luta contra a marginalidade audaciosa. Outra pontuação a ser feita diz respeito ao paulatino desarmamento da população. No governo passado mais de 2 milhões de armas foram postas em circulação, fora as contrabandeadas, graças ao incentivo oficial e frouxidão das leis. Muitos, insensatamente, confundiam “Pátria amada com Pátria armada”. No ano de 2023 o licenciamento para porte de armas, debaixo de crivo severo, caiu para pouco mais de 20 mil. A queda, nesse item, foi de quase 80 por cento em relação ao ano anterior. Seja assinalada, por derradeiro, como instrumento valioso neste combate, a conjunção articulada entre a Segurança e os órgãos fazendários visando jugular as fontes das receitas clandestinas mafiosas.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Avanços a celebrar

 


                                                                                            *Cesar Vanucci

 

“concluímos uma tarefa histórica. Ela é perfeita? Nada é perfeito. Mas (...), o salto de qualidade é inestimável” (Ministro Fernando Haddad, sobre a reforma tributaria)

 

 

 O Brasil avançou – como não? - no ano findo. O pêndulo da balança das perdas e ganhos acumulados apontou na direção de saldo superavitário.

 No campo da vivência democrática houve colheita abundante. Desafiadas pela insolência extremista, nossas instituições reagiram com altivez cívica e vigor republicano. Souberam escorraçar as solertes manobras provindas de um ativismo mórbido que emerge das sombras e que nas sombras se refugia assim que executada a tarefa de alvejar valores caros ao sentimento democrático. O 08 de janeiro representou o corolário de uma série, afortunadamente malograda, de desatinos praticados por uma horda de desafetos do regime democrático inconformada com os resultados adversos das eleições. Relembrando apenas, pra fins de ilustração, uma única das ameaças perpetradas com fitos terroristas – o episódio frustrado do caminhão bomba programado para explodir no aeroporto de Brasília -, pomo-nos a imaginar o horror que se pretendia alcançar com o desvario solto na praça. A resposta pronta das instituições, dos poderes legitimamente constituídos engrandeceu nossos foros civilizatórios. Fixou-se como marco reluzente em nossa história política. O mundo democrático solidarizou-se por inteiro com a Nação brasileira.

 No cenário universal o Brasil recuperou, pode-se dizer, seu protagonismo. Fez-se ouvir melhor e mais longe em questões importantes na marcha dos acontecimentos de interesse global. A manchete emblemática de um prestigioso órgão de comunicação social europeu bradou, num dado instante: “O Brasil voltou!” Lideranças representativas da esfera democrática mundial deixaram manifesta sua concordância. Entre outras intervenções dignas de registro na perturbadora conjuntura do relacionamento entre países, cabe destacar o papel desempenhado pelo o Itamaraty e FAB na tragédia do Oriente Médio e na ação serena e pacificadora da diplomacia no litígio envolvendo a Venezuela e Guiana.

 Conservando-se ainda distante das conquistas almejadas pela consciência das ruas tendo em vista as inigualáveis potencialidades descortinadas em nossos caminhos, o Brasil conseguiu dar alguns passos adiante no plano econômico. A inflação vem sofrendo queda, os juros têm caído. O desemprego também. A Bolsa bateu recorde. o PIB aumentou. A reforma tributária, debatida há décadas começa a ganhar contornos. Algumas chuvas e trovoadas a espreitam, mas a semeadura foi feita em terreno que se acredita fértil, como consequências de um consenso nascido do dialogo democrático. Ouvido todo mundo, em animadas negociações, o bom senso prevaleceu e da conjugação de vontades das forças vivas da sociedade brotou o entendimento que destravou o projeto reformista há tempo emperrado.

 A política ambiental traçada pelo país vem sendo objeto de louvores e aplausos. A receptividade internacional exige, obviamente, desvelo e atenção permanentes por parte dos órgãos de controle de modo a evitar as devastações e depredações criminosas.

 Já perto do final do ano as políticas de segurança pública deram sinais de capacidade mais efetiva do enfrentamento no crime organizado, fazendo surgir uma luzinha de esperança no final do túnel quanto a resultados mais compensadores nesse combate reclamado pela comunidade.

 O resgate de programas sociais detectado no curso do exercício trouxe algum alento as populações menos favorecidas. O percurso a ser trilhado mostra-se, toda via, ainda inçado de percalços que carecem ser removidos em nome da solidariedade e da justiça. As desigualdades gritantes constituem o desafio n° 1 desta Nação vocacionada pelas virtualidades de que se faz detentora, a um destino de suprema grandeza.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)


A SAGA LANDELL MOURA

O instinto belicoso do bicho-homem

                                                                                                     *Cesar Vanucci Faço um premente a...