sexta-feira, 31 de maio de 2019
quinta-feira, 30 de maio de 2019
Arte
brasileira mundialmente consagrada
Cesar Vanucci
“O
momento brasileiro é de forte intolerância”.
(Cineasta Karim Ainouz, agraciado no Festival de Cinema de
Cannes)
A
cultura brasileira, tão depreciada ultimamente em esbravejantes e bolorentas
reações do radicalismo talibã que anda vicejando por ai, continua colhendo
merecidas louvações em círculos categorizados da inteligência universal.
A
concessão recente do prêmio “Camões”, mais alta condecoração outorgada nos
domínios da literatura em países de fala portuguesa, configurou - para gáudio
das pessoas verdadeiramente identificadas com o espírito de brasilidade -
amostra pujante da atividade cultural alojada na paisagem nacional. Chico
Buarque de Hollanda, o agraciado, é um impecável representante da criatividade
artística de nossa gente. Compositor inspirado, romancista festejado,
desassombrado arauto, com sua arrebatante arte, de clamores humanitários,
lembra muitíssimo no trabalho de disseminação cultural promovido, a lendária figura
de Vinicius de Moraes. Parceiro e amigo que deixou obra gravada para sempre na
sensibilidade e simpatia das ruas.
Nem bem
o anúncio alusivo à premiação concedida a Buarque de Hollanda ganhava o
conhecimento público, e lá, em Cannes, no mais importante e badalado festival
cinematográfico do mundo, um filme brasileiro era apontado, por júri de
cineastas de elevada qualificação, como o melhor do segmento intitulado “Um
Certo Olhar”, que integra a seleção oficial no certame. “A vida invisível de
Eurídice Gusmão”, baseado em livro de Martha Batalha, longa dirigido por Karim Ainouz, foi a película que recebeu o cobiçado
laurel. A trama retrata a história de duas irmãs, com vidas distanciadas uma da
outra, que acabam sendo inseridas, no cotidiano, em ambientes alvejados por
impiedoso machismo. Ao ser inteirado da decisão do júri, Ainouz dedicou o
prêmio, em especial, à magnífica atriz Fernanda Montenegro, protagonista do
filme, bem como, de uma maneira mais geral, “a todas as mulheres do mundo”
marcadas pela intolerância machista. Exaltou a “vivacidade do cinema
brasileiro”, assinalando que o nosso país atravessa “momento de intolerância
muito forte”, em que o obscurantismo cultural desfere “ataques gigantescos à
cultura e à educação”. Almejou, em declaração à imprensa, um futuro melhor para
a sociedade brasileira. A vitoriosa produção será lançada nas telas brasileiras
em novembro vindouro.
A premiação agora recebida se junta a outros lauréis
conquistados por artistas brasileiros em Cannes. Em 1962, a “Palma de Ouro” foi
atribuída a “O Pagador de Promessas”, dirigido por Anselmo Duarte. Em 1969,
Glauber Rocha foi considerado o melhor diretor por “O Dragão da maldade contra
o Santo guerreiro”. Fernanda Montenegro ganhou condecoração como atriz pela
atuação, em 1986, no filme “Eu sei que vou te amar”. Pelo desempenho em “Linha
de passe”, de 2008, Sandra Corveloni também abiscoitou prêmio como atriz.
E não é que, pouco depois da consagradora vitória do nosso
cinema acima relatada, outra fita brasileira foi igualmente indicada, debaixo
de aplausos da crítica e do público, para “Prêmio do Júri” no mesmíssimo
majestoso e triunfal cenário de Cannes! O notável feito histórico foi alcançado
por “Bacurau”, dirigido por Kleber Mendonça
Filho e Juliano
Dornelles. A narrativa premiada foi reconhecida como uma manifestação de
denúncia e resistência a desmandos, arbitrariedades e injustiças praticados
contra gente humilde de povoados rurais desassistidos das políticas públicas.
Kleber Mendonça Filho, que competiu pela “Palma de Ouro” em 2016 com a fita
“Aquarius”, ao receber o prêmio de 2019, ressaltou o seguinte: “Trabalhamos
para a cultura no Brasil e o que precisamos é de seu apoio”. O co-diretor
Dornelles dedicou a láurea “a todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil,
na ciência, na educação e na cultura”. Na coletiva de imprensa, Mendonça
admitiu temer que “a política de financiamento a favor da arte venha a ser
objeto de golpes sombrios”. A seu lado, Dornelles, acrescentou: “Apesar de
tudo, vamos continuar fazendo filmes em contato com a realidade”.
Os brasileiros mostram-se orgulhosos dessas façanhas
produzidas por patrícios talentosos que tão bem sabem exprimir, em criações
artísticas exuberantes, o sentimento nacional.
Como todas as pessoas normais
Cesar
Vanucci
“Uma pessoa pode não ter maus hábitos e ter piores.”
(Mark
Twain)
Chegou
exultante da cavalgada domingueira. Entrou, esbaforido, pela sala, em direção
do quarto, limitando-se a cumprimentar com leves acenos a cara-metade, filhas e
genros, em lugar de abraçá-los efusivamente como de costume.
Descalçou as botas, amontoou num canto o chapéu e o
restante da indumentária de montaria, ligou o chuveiro e pôs-se a cantarolar, a
plenos pulmões, uma ária da Carmem, de Bizet. A repentina performance como
“tenor de banheiro”, juntada a outros sutis detalhes de conduta captados pelo arguto
poder de observação dos parentes, familiarizados com seus hábitos, que estavam
a aguardá-lo para o tradicional ajantarado semanal, levou a filha mais velha a
comentar com os demais: “- Papai deve ter alguma coisa especial pra contar. Tá
parecendo até que ele andou vendo o periquitinho verde...” O genro mais novo
não entendeu bulhufas a menção ao periquitinho, o que obrigou a cunhada a
explicar-lhe, pacientemente, que a expressão por ela reavivada era de uso comum
em tempos de antigamente, servindo para retratar o enlevo das pessoas diante de
determinadas situações. A observação gerou uma certa expectativa com relação ao
que o chefe da casa teria presumivelmente a relatar. Na sobremesa, a revelação
esperada pipocou. Tirando do bolso, todo afável, semblante risonho, uma folha
digitada frente e verso, ele passou a ler, pausadamente, uma lista de coisas
que soaram, de algum modo, incompreensíveis e que chegaram mesmo a ser
recebidas com certa hilaridade pelos demais. O escrito do cabeçalho era este: "Itens
da consulta aos meus camaradas de sela, bem entendido sela começando com “s” e
não com “c”.
Na
sequência, numerados de 1 a 8, os
seguintes registros: “1. Besuntar com fartos respingos de creme dental, por
ocasião da higiene bucal, o pijama, a camisa, a gravata, a cueca e até a
sobrancelha; 2. Esquecer eventualmente de levantar a parte com orifício
circular do tampo do vaso, nalgum momento de desafogo urinário; 3. Ir parar,
algum dia, nalgum posto de atendimento médico de urgência pela desastrada
circunstância de não haver adotado as cautelas de estilo, deixando de calcular
na justa medida a trajetória cortante do zíper, ao fechar a braguilha da calça;
4. Abrir a geladeira, alta madrugada, colocar dentro um copo, enchê-lo de
leite, sem conseguir evitar, todavia, por alguma razão inexplicável, que parte
do líquido escoe pelas prateleiras do refrigerador; 5. Na direção do carro, só
dar-se conta da necessidade de afivelar o cinto de segurança no preciso
instante, no meio de enervante congestionamento de tráfego, da ameaçadora
aproximação de um guarda de trânsito; 6. Esquecer-se, vez em sempre, de datas
comemorativas relevantes, do ponto de vista da convivência familiar, como
aniversários da esposa e filhos, dia das mães, por aí; 7. Cortar-se,
habitualmente, pela manhã, com a lâmina de barbear; 8. Erguer-se da cama, no
breu da noite, luzes todas apagadas, percorrendo pé ante pé, bem devagarzinho
mesmo, mode não incomodar ninguém, percurso invisível até a sala de televisão e
dar uma baita e inesperada topada de canela e dedão com a quina de um móvel
fora do lugar, botando pra fora um uivo de dor, cantando a pedra noventa e
acordando e colocando em sobressalto toda a patota familiar.
Finda a
leitura, olhar triunfante, fixado nos rostos entre zombeteiros e curiosos do
pequeno público doméstico, balançando o papel no ar, desabafou: - Vocês
implicam muito comigo, chamando-me de desajeitado, de mister Bean, de Inspetor
Clouseau, pra dizer o mínimo, por conta de inofensivas trapalhadas que apronto,
e que estão aqui da lista. Pois bem, resolvi submeter esses itens aos
companheiros de cavalgada. Todos, sem uma unicazinha exceção, são réus
confessos das mesmíssimas aprontações. Querem saber de uma verdade: quem age
costumeiramente assim são pessoas absolutamente normais, tá bem? Há aprontações bem piores.
Nada
mais disse nem lhe foi perguntado.
sexta-feira, 24 de maio de 2019
Pronunciamentos
palpitantes
Cesar
Vanucci
“A
defesa da soberania brasileira sobre a Amazônia e a reforma da Previdência
são
temas prioritários na linha dos magnos interesses nacionais.”
(Antônio Luiz da Costa, educador)
A
mídia, que tem por costume tratar com estridência exagerada alguns temas
desimportantes, não concedeu a relevância merecida a dois palpitantes
pronunciamentos recentes com foco centrado em questões de magno interesse
nacional. Um deles, alusivo ao projeto da reforma previdenciária. Outro,
relativo aos insofismáveis direitos soberanos do Brasil sobre o dadivoso
território amazônico. Apraz-me reproduzir, neste acolhedor espaço, essas duas
expressivas manifestações, consideradas contribuições inestimáveis no
aclaramento de assuntos que têm tudo a ver com a causa do desenvolvimento
econômico e social brasileiro.
“Amazônia
é do Brasil não da humanidade”, sustenta o general Augusto Heleno, Ministro
Chefe do Gabinete de Segurança Institucional. “Gerenciar a maior floresta tropical
do mundo é um assunto brasileiro e os estrangeiros precisam parar de se
intrometer na Amazônia”, pontua ainda o militar. Ele afirma também repudiar
“essa história de que a Amazônia é patrimônio da humanidade”. Acrescenta, a
propósito: “Isso é uma grande bobagem. A Amazônia é brasileira, patrimônio do
Brasil e tem de ser tratada pelo Brasil em proveito do Brasil.” No entendimento
de Augusto Heleno, “há influência estrangeira na Amazônia, totalmente
desnecessária e nefasta.” Algumas ONGs que ali atuam “servem para esconder
interesses estratégicos, econômicos, geopolíticos, tudo se mistura.”
Outro
pronunciamento que faz jus a especial atenção e reflexão, provém da CNBB –
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Reporta-se à “iníqua proposta de
reforma da Previdência”, classificando-a de lesiva aos interesses dos
segurados. São transcritos na sequência abaixo tópicos expressivos da momentosa
palavra episcopal. Ela veio a lume no encontro dos bispos do país em que Dom
Walmor Chagas, Arcebispo de Belo Horizonte, foi eleito presidente da CNBB.
Os tópicos mencionados: “Os elogios à
proposta divulgados pelos meios de comunicação não são verdadeiros quando dizem
que esta reforma é necessária para o país sair da crise econômica e que sem ela
o atual modelo de seguridade social vai quebrar em pouco tempo. Isto é uma
falsidade para angariar o nosso apoio. A verdade é outra. A reforma correta de
que a Previdência precisa é exatamente o contrário desta que estão propondo.
Esta reforma da Previdência tem que ser firmemente denunciada, pois é a mais
injusta e a mais cruel tentativa de demolição dos direitos dos trabalhadores e
segurados. (...) Se ela vier a ser aprovada, aqueles que hoje dependem do INSS
e os que dele vierem a precisar amanhã, estarão sujeitos a se transformarem em
indigentes, como já acontece em todos os países em que esta falsa reforma foi
feita, como é o caso do Chile. Ao contrário do que apregoam seus defensores, a
proposta de emenda à Constituição nº 06/2019 “quebra” as contas públicas e
aumenta as desigualdades. Quase todo o valor de 1 trilhão de reais, que segundo
eles vai ser gerado, será retirado dos setores mais vulneráveis. (...) A causa
do chamado “déficit da previdência”, é, na verdade, decorrente dos desvios dos
recursos da DRU, “Desvinculação de Receitas da União” e das injustificáveis
dispensas de pagamento dos impostos, “desonerações”, sem as devidas
contrapartidas sociais e decorrem ainda das milionárias dívidas das empresas
para com o INSS que não são devidamente cobradas. (...) A PEC 06/2019 cria, sem
nenhum fundamento, regras perversas de transição, obrigam os trabalhadores a
contribuírem por muito mais tempo e, aqueles poucos que conseguirem se aposentar,
receberão proventos menores do que os que hoje recebem. É uma verdadeira
“quebra de contrato”.
As mulheres, os trabalhadores rurais,
os idosos, os deficientes e os aposentados por invalidez serão penalizados pela
malandragem de cálculos financeiros e pela esperteza contábil de tal reforma.
Os homens e mulheres contribuintes deixam de ser pessoas e são transformados em
números, servindo aos interesses do “mercado”, isto é, de uma economia
desumana. O Papa Francisco, ao refletir sobre a situação atual dos excluídos,
principalmente idosos, afirmou: “Em uma civilização em que não há lugar para os
idosos ou são descartados porque criam problemas, esta sociedade leva consigo o
vírus da morte”. Assim como venderam a ilusão de que com a terceirização (lei nº13.429/2017),
a aniquilação dos direitos trabalhistas, a PEC 95, os empregos, os salários e
os investimentos privados voltariam, agora renovam as vãs promessas para
aprovação desta reforma. (...) A Seguridade Social é um direito do cidadão e um
dever do Estado, um projeto de nação e não um negócio de compra e venda! A
histórica manifestação unitária das centrais sindicais de 1º de maio teve a
nossa solidariedade e queremos compartilhar de novas iniciativas que almejem
impedir o desmonte da Previdência pública como maior conquista do povo
brasileiro.”
Repensar a ordem econômica mundial
Cesar Vanucci
"Todo pensamento que se limitar às
combinações da economia,
será infalivelmente enganado nos grandes
negócios humanos."
(Edgard
Quinet, historiador francês, século XIX)
Que ordem econômica
mundial mais escalafobética e frouxa é essa que entra em alucinante parafuso a
um mero estalar de dedos de um especulador qualquer, envolvido em trapaça
bursátil, refestelado em iate de luxo nas "cote d'azur" da vida?
Que mané globalização
é essa a espalhar desassossego no espírito da gente do povo por causa de um
parecer de um tecnocrata que ninguém conhece, de uma instituição que ninguém
nunca antes ouviu falar, onde são atribuídas notas escolares aos países, como
se nações inteiras pudessem ser tratadas que nem alunos de jardim de infância
na cata das primeiras noções do aprendizado?
Que políticas
econômicas desvairadas são essas que permitem aos "donos" dos
negócios do mundo, colocados acima do bem e do mal, deitar e rolar por cima da
vida, do patrimônio, da saúde, do emprego dos outros em latitudes geográficas
economicamente desprotegidas? E a submeterem multidões à mercê das reações
volúveis das bolsas de valores, instituições tão distanciadas da rotina amarga
e da capacidade de percepção das camadas populares quanto a Constelação Zeta
Reticuli?
Que situação aloprada
é essa em que se convoca descerimoniosamente, para pagarem a conta de eventuais
empreitadas mal sucedidas no jogo bursátil, pessoas que nunca aplicaram em
ações e que das bolsas só conhecem aquela caricatural coreografia de um bando
frenético, lembrando dançarinos engravatados de "rock pauleira",
celulares ou mini-receptores colados aos ouvidos, berrando a plenos pulmões
frases ininteligíveis e produzindo gestos ainda menos compreensíveis? Abra-se
pausa, nesta sequência de interrogações, para relembrar, com o espírito
acariciado pelo humor da cena, o genial Peter Sellers. Num filme antológico, em
que vive personagem ingênuo, fissurado por televisão, vem-lo, todo sorrisos,
no recinto da bolsa, a retribuir com gestos os acenos dos desatinados
apostadores à volta. Extrai-se da divertida imagem a reação natural de
perplexidade que o cidadão comum reserva a certos rituais cabalísticos mundanos
criados pela comédia humana para diferenciar quem, supostamente, sabe das
coisas, dos que nada sabem.
Mas que globalização,
santo Deus, é essa que não consegue, depois de tanta malvadeza introduzida no
cotidiano de todos, trazer uma promessa, um mero aceno sequer de benefício aos
menos favorecidos? E que, pelo contrário, parece achar-se empenhada em só fazer
crescer as desigualdades? E que costuma celebrar, como feito retumbante, a
"habilidade gerencial" de administradores faltos de sensibilidade
social que desconhecem outros processos para reduzir custos e melhorar
resultados senão o desestimulo ao empreendedor, o desemprego aviltante e a
rotatividade da mão-de-obra?
Que baita inversão de
valores é essa que permite sejam assim ressuscitados, por conta da embromação e
fajutice de minorias ousadas, conceitos da pré-história econômica,
recauchutados para vigir em vastas porções territoriais onde seja baixo o poder
das exigências sociais e apresentados como o supra-sumo do pensamento de
vanguarda, como expressão pronta e definitiva de políticas sociais avançadas?
Esta enorme confusão
econômica vende a ideia de que o mundo tem de oscilar entre a turbulência e a
depressão. Nesse mundo só existiria atenção para as previsões desconcertantes e
suspeitosas de ilustres desconhecidos. Em geral, PHDs. De preferência,
estrangeiros. Se algum deles, numa overdose de autossuficiência, num instante
de mau humor, nascido, quem sabe dizer? de uma intempériezinha doméstica,
resolver largar falação e atribuir pontuação sobre os níveis de risco das
economias emergentes, o melhor a fazer é sair de baixo. Tudo corre o risco de
desmoronar. O pessoal com poder de decisões se mobiliza para enfrentar a “crise
à vista”... Aí, então, alguma reforma periférica, envolvendo a comunidade,
poderá vir a acontecer. Mas, se num cenário sério e respeitável, consentâneo
com o legítimo sentimento humano, outra figura - PHD em espiritualidade e
sabedoria, por exemplo, o Papa Francisco -, à mesma hora do ignoto luminar em economia,
resolver concitar as lideranças que traçam os rumos das coisas a porem em
andamento programas ousados de reformulação social, a repercussão será bem
diversa. Ocorrerão, provavelmente, comedidos aplausos. Uma que outra louvação à
“reconhecida clarividência da cátedra pontifícia”... Mas não se conhecerá,
inapelavelmente, qualquer impulso consistente no sentido de se passar das
generosas ideias suscitadas a ações práticas.
Encurtando razões: a
ordem econômica mundial que aí está e que funciona de jeito tão irracional,
injusto e perverso, tem mais é que ser repensada, refeita. A convivência humana
reclama, ardentemente, por práticas fraternas, solidárias, por ações vigorosas
de complementariedade econômica e social entre os países, de modo a desfazer as
gritantes injustiças sociais esparramadas por tudo quanto é canto. Estes os
autênticos valores em condições de tornar nosso planeta azul um lugar melhor.
Afinal de contas, que
globalização é essa que não contempla o crescimento econômico e a ascensão social
das pessoas de todos os países igualitariamente?
PORTUGUÊS NÃO É PARA AMADOR
(Texto, sem indicação de
autor, divulgado nas redes sociais)
“A diferença entre doida e doída é um acento.
Assento não tem acento.
Assento
é embaixo, acento é em cima.
Embaixo é junto e em cima separado.
Na sexta comprei
uma cesta logo após a sesta.
É a primeira vez que tu não vês.
Vão tachar de
ladrão se taxar muito alto a taxa da tacha.
Asso um cervo na panela de aço que
será servido pelo servo.
Vão cassar o direito de caçar de dois pais no meu
país.
Por tanto nevoeiro, portanto, a cerração impediu a serração.
Para começar o
concerto tiveram que fazer um conserto.
Ao empossar permitiu-se à esposa empoçar
o palanque de lágrimas.
Uma mulher vivida é sempre mais vívida, profetiza a
profetisa.
Calça você bota, bota você calça.
Oxítona é proparoxítona.
Realmente,
não é para amador!!”
sexta-feira, 17 de maio de 2019
Umas e
outras (literárias)
Cesar
Vanucci
“O mais
inventivo fenômeno literário surgido recentemente no Brasil”.
(Guido Bilharinho sobre o escritor José
Humberto Henriques)
●
A apreciada “Revista da Academia Mineira de Letras”, em sua última edição,
recheada como sempre com trabalhos de excelente conteúdo, estampa esplêndida
narrativa intitulada “Além do Chapadão do Bugre e Vila dos Confins, os
mamoeiros de um quintal em Medeiros”, atribuindo a autoria, em frisante
equívoco, a este desajeitado escriba. Ignoro por completo as circunstâncias que
deram causa ao episódio reportado. Assim que me dei conta do ocorrido, contatei
a direção da revista, procurando, ao mesmo tempo, identificar o autor do texto
em questão, peça literária da melhor supimpitude, premiada em concurso
nacional. Apurei tratar-se do aplaudido escritor e poeta José Humberto Silva
Henriques, médico conceituado, membro da Academia de Letras do Triângulo
Mineiro e da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais. Prevaleço-me da
oportunosa ensancha para falar da admiração que as criações literárias de José
Humberto suscitam junto a críticos qualificados e leitores exigentes, graças a
qualidade de seu estilo narrativo inovador. O genial Mário Palmerio, titular do
escrete brasileiro de romancistas, meu professor nos bons tempos ginasianos em
Uberaba, foi quem primeiro me falou (anos 90) da chegada de José Humberto Silva
Henriques na cena literária. Deixou claro, não regateando entusiasmo nas
referências, que esse mineiro de Brejo Bonito, médico cardiologista e professor
em Uberaba, trazia na bagagem talento e preparo mais que suficientes para a
conquista de um lugar ao sol no fascinante mundo da prosa e verso. Botando
tento no dito do mestre , pude constatar, à primeira
leitura de um texto do escritor recomendado, fazer todo sentido a louvação
ouvida da boca do autor de “Vila dos Confins”. Com seus mais de 300 livros, que
lhe garantem, logo de cara, condição de realce entre os escritores mais
prolíficos, José Humberto é reconhecido, por quem realmente entende do ofício
das letras, como magnífico ficcionista. Trata-se, “provavelmente, do mais
consistente, inventivo e multiforme fenômeno literário surgido recentemente no
Brasil”, afiança o renomado escritor Guido Bilharinho. “Araguaia” e “Pernaiada”
figuram, em sua vasta obra, como alguns dos títulos mais apreciados.
●
“De reinados e de reisados” é obra que faculta ao leitor imersão profunda nos
domínios de encantadora vertente da mais genuína arte de raiz. Quem abre a chance
pra esse contato prazeroso é a antropóloga, professora, bailarina e terapeuta
corporal Juliana Garcia. Valendo-se de seu talento narrativo e afinco
desbravador em ações de pesquisa, ela soube extrair de longa e proveitosa
convivência com integrantes do quilombo de Nossa Senhora do Rosário de
Justinópolis uma reflexão antropológica do melhor nível a respeito de genuína
manifestação enraizada na alma comunitária. O circuito festivo anual de
tradicional irmandade do congado, com suas singelas louvações, de apreciável
sentido místico, aos santos de devoção é retratado magnificamente nessa
publicação vinda a lume graças à Lei Municipal de Incentivo a Cultura de Belo
Horizonte. Às tantas, nas considerações alinhadas, a autora confessa, a
propósito das “famílias herdeiras dos tambores do candombe”, que “com essas
pessoas, muitas já não presentes em corpo físico, tenho aprendido sobre os mais
ricos e preciosos saberes em torno da cultura herdada, tais como: festa,
ancestralidade, corpo, cura, religião.” Revela-se grata “pela contribuição tão
necessária deixada ao planeta e ao cosmos: a preciosa lição de resiliência, e
de preservação da vida em coletividade.”
Tão
substanciosos conceitos conduzem Letícia Berteli a sublinhar, no prefácio,
estarmos diante de “belíssimo texto, fruto de um exercício de alteridade,
abordado a partir de experiências de convívio, de referenciais teórico e
poéticos precisos”. Isso aí!
●
Intrigante reportagem na Band deixa escancarado, outra vez mais, o embaraço –
para não dizer a notória dificuldade – que acomete certos setores da atividade
intelectual na lida com o dilacerante preconceito racial. Embaraço esse que
reflete, por sinal, de algum modo, padrão comportamental deploravelmente
pressentido, em não poucos instantes, noutras faixas da sociedade. Aglutinando
exemplos recolhidos ao longo dos tempos, estudiosos dos fenômenos sociais
documentam, numa convincente pesquisa, o empenhado esforço, em sucessivos
lançamentos editoriais da obra de consagrados autores brasileiros da raça
negra, de apresentá-los ao público leitor, retocando-se-lhes as imagens, como
pessoas de epiderme mais clara, ou menos escura... Nesse sutil processo de
desfiguração, os magníficos Machado de Assis, Lima Barreto, Cruz e Souza, José
do Patrocínio acabam sendo retratados, nas caprichadas ilustrações de seus
livros, com traços fisionômicos que os distanciem de sua autêntica origem
racial. Origem racial essa magistralmente descrita num belíssimo poema, de
soberba afirmação cidadã, do inspirado vate estadunidense Langston Hughes: “Sou
negro, / negro como a noite, / negro como as profundezas d’África.”
Voltando à energia sutil como terapia
Cesar
Vanucci
“Deve-se
rezar para se ter uma mente sã num corpo são.”
(Juvenal
– 60-130)
Retomo
hoje a fala sobre a importância de que se reveste, em meu modesto jeito de
encarar as coisas, o emprego conjugado de métodos científicos consagrados e das
chamadas energias sutis em ações assistenciais terapêuticas. As agências
noticiosas relataram recentemente um episódio instigante que abriu, com
certeza, vereda inesperada nos caminhos trilhados pela pesquisa científica na
frenética procura de meios eficazes para o combate da aids. O que foi mesmo
dito nos despachos? Cidadão britânico, 28 anos, declarado soropositivo, seria
provavelmente a primeira pessoa no mundo a se livrar, de forma natural e
espontânea, sem ajuda de remédios, do vírus da aids. Detalhes da história:
Andrew Stimpson, escocês, vendedor de sanduíches em Glasgow, Inglaterra, foi
submetido a exame de HIV. Acometido de muita fraqueza, febre intensa, fazia
parte do chamado “grupo de risco”. Não deu outra: estava com o vírus. A
enfermidade foi confirmada em numerosos exames.
Quase
dois anos depois, uma reviravolta na história. Aconteceu o impensável, o
incrível, o fantástico, segundo os médicos. Um novo exame e, depois, muitos
outros exames trouxeram a revelação de que o vírus HIV havia desaparecido da
circulação sanguínea de Stimpson. Todos os apetrechos técnicos disponíveis
foram concentrados na investigação, de forma a garantir a certeza do resultado.
Para os médicos, a questão ficou claramente elucidada: o paciente libertou-se,
de hora para outra, da enfermidade que amedronta o mundo e que provocou
pandemia na África. E sem o emprego de tratamento especial, de qualquer droga
revolucionária. O vírus foi expelido do organismo por razões ainda não
registradas nos anais da medicina.
Fazendo questão de declinar minha condição de
leigo, tanto neste como em numerosos outros temas que costumo abordar nestas
maldatilografadas, peço licença para juntar, agora, à notícia reportada uma intrigante
informação. Obtive-a em investigações feitas, como jornalista, à época em que
produzia, no extinto CBH, o programa “Realismo Fantástico”. Inteirei-me,
naquela ocasião, atento a critérios confiáveis na apuração dos fatos, de duas
curas surpreendentes envolvendo pessoas, do sexo masculino, reconhecidas como
soropositivos. Uma delas não se preocupou em manter sob resguardo a identidade.
Isso permitiu colocasse no ar a história pormenorizada de seu drama pessoal,
encaminhado a desfecho, imprevisível e auspicioso. A reportagem falou dos
instantes cruciais do diagnóstico doloroso, dos exames laboratoriais e clínicos
atordoantes, da comprovada existência da carga viral indesejada. Mostrou a
fragilidade física e psicológica do paciente, o tratamento a que se submeteu,
recorrendo a recursos terapêuticos não convencionais. Exibiu os resultados
impressionantes dessa terapia, a comprovação da cura, através de exames
inquestionáveis. Tanto esse, como o outro cidadão liberto do vírus da aids
residem em Belo Horizonte. Tocam a vida com normalidade e alegria, esbanjando
saúde, carregando esperança ardente no amanhã das coisas.
Explico,
agora, do meu jeito, pedindo desculpas antecipadas por inevitáveis imprecisões,
no que consistiu, basicamente, o processo terapêutico utilizado. O emprego das
energias sutis, derivadas de terapias energética ou quântica, foi o fundamento
de tudo. Eles foram submetidos, por meses, com aparelhos de psicotrônica, a
aplicações de prata coloidal, microparticulas antibactericidas, com emissão de
elétrons visando a ativação da glândula timo. Junto com isso, procedeu-se ao
alinhamento dos chacras em trabalhos sistemáticos de energização.
Não
me perguntem por mais detalhes, que eu não saberei dizer. Mas sei quem pode
fazê-lo, com conhecimento de causa e alentadora convicção. É o terapeuta
holístico e físico quântico Orestes Debossan Junior, dirigente de uma Clínica
de Energização que funciona no bairro São Pedro, rua Major Lopes, Belo
Horizonte.
sexta-feira, 10 de maio de 2019
Vale
a pena ler de novo
Cesar
Vanucci
“A
repetição é a melhor retórica.”
(Napoleão Bonaparte)
Trecho
do editorial “A reação vai sendo adiada”, “Diário do Comércio”, edição de 1º de
maio: “Havia otimismo e esperança a partir das eleições do ano passado e
conhecidos os resultados. Esperava-se renovação, conduzindo às reformas que,
postergadas, levaram o País a uma situação limite. Chegamos ao mês de maio com
sentimentos diferentes. Preocupa a incapacidade do Executivo de promover a
necessária articulação política, base para avanços que não podem mais ser
adiados. Preocupa a revisão, sempre para menor, das projeções de indicadores
econômicos, apontando que a recuperação foi modesta até agora e dificilmente
mudará de patamar, pelo menos não com a velocidade esperada e prometida.
Preocupa a repetição, na esfera política, de movimentos sugerindo que não
existe sequer a exata dimensão dos problemas que estão por ser enfrentados. O
Brasil está regredindo e empobrecendo, fato que se percebe incontestável diante
da mera observação dos números relativos ao comportamento da indústria. De
acordo com os dados relativos ao exercício passado, a participação do setor na
composição da renda nacional, o Produto Interno Bruto, foi de 11,3%, o pior
resultado desde 1947 quando tais levantamentos tiveram início.” (...)
Trecho
do comentário de Gaudêncio Torquato, DC de 30 de abril: “A constatação se
escancara a todo o momento: o Brasil padece da síndrome do touro. Em vez de
pensar com a cabeça e arremeter com o coração, faz exatamente o contrário.
Querem ver? O presidente Bolsonaro ouve os impropérios contra militares em mais
um vídeo de Olavo de Carvalho, insere-o em sua rede social, retira-o depois de
20 horas de exposição. Solta uma nota repudiando o libelo acusatório, mas exaltando
a figura do guru dos Bolsonaros. O filho Carlos, pondo mais pólvora na
fogueira, acaba compartilhando o vídeo com seus seguidores. Síndrome do touro.
O governo, trôpego e à procura de um rumo, embala uma proposta para reformar a
Previdência, encaminhando-a sem discussão prévia à Câmara dos Deputados. Por
fragilidade de sua articulação política, o pacote ganha intensa discussão em
uma comissão que deveria analisar apenas a questão da admissibilidade, não o
mérito: é constitucional ou não? Os deputados de oposição procuram obstruir a
sessão de aprovação da CCJ. A tensão entre Executivo e Legislativo se mostra
por inteiro, sob a dúvida: quem efetivamente vai comandar os próximos passos na
Comissão Especial e no Plenário? Síndrome do Touro.” (...)
No
DC de 26 de abril, Aristóteles Atheniense publicou artigo intitulado “A censura
imposta à imprensa pelo STF”, do qual reproduzimos o trecho abaixo: “A cúpula
do Judiciário brasileiro conviveu na semana passada com um fato que, pela sua
repercussão, mostrou que a sociedade repele toda e qualquer forma de censura
aos meios de comunicação. Recentemente, o presidente do STF, ministro Dias
Tóffoli, instituiu um órgão inusitado pelo qual a Corte tornou-se autora da
denúncia responsável pela investigação, cabendo-lhe decidir fatos relacionados
com a sindicância, determinando atos judiciais da inquirição, definindo,
afinal, quem seria o culpado pelo fato delituoso apurado. A Procuradoria-Geral
da República, quando muito, teria participação simbólica no expediente em curso.
Assim, o Poder Judiciário, a quem compete a resolução dos conflitos e dos
problemas sociais, converteu-se numa instituição poderosa, o que destoa tanto
de sua finalidade, como de sua própria história.” (...)
Considerações
sobre o momento brasileiro formuladas pelo ex-Presidente Fernando Henrique
Cardoso, em entrevista ao jornalista Bruno Mateus, em “O Tempo”: “Ele (governo)
não tem rumo, não se vê claramente para que lado vai. O governo é muito
desconjuntado. Você tem a área econômica tentando apontar para um certo caminho
e você tem algumas áreas descabeladas, com propostas que não têm concretude
(...), e você tem um setor amplo ocupado por militares, que passaram a ser mais
sensatos no jogo todo.” (...) “Acho que nós temos que dar um desconto nestes primeiros
meses, mas, por enquanto, não vi nada que justificasse o entusiasmo da
população.” (...) Na mesma entrevista, FHC faz uma avaliação da política
econômica: “O que está acontecendo é algo difícil mesmo. Os dados mostram isso,
dá um certo desalento na sociedade, e a sociedade está sempre com pressa, e
sempre acha que o governo pode resolver, mas não está resolvendo. Embora eu
tenha dito que temos que dar tempo ao tempo, a sociedade não sentiu nada de
positivo no governo.” (...) “Mas era preciso haver uma animação da sociedade
para os investimentos chegarem com mais energia. Animação quer dizer caminho,
isso que todo mundo está esperando para ver para onde vamos. Enquanto se
espera, o povo se desespera. O povo está sem emprego, com dificuldade na vida urbana.
Estamos vendo o prestigio do governo se derreter.” (...)
quinta-feira, 9 de maio de 2019
O
Papa “herege”
Cesar
Vanucci
“O
radical é alguém com os pés firmemente plantados no ar.”
(Franklin Delano Roosevelt)
Retomamos,
como prometido, o desconcertante tema das coisas estranhas soltas no ar, em
tudo quanto é canto, que andam ensombreando os horizontes na hora presente. São
sinais perturbadores. Provocam espantos e geram inquietações, já dissemos.
A
exacerbação fundamentalista, disseminada mundo afora, fonte matricial de iradas
desavenças que colocam, volta e meia, em xeque a concórdia entre os homens e
alveja, implacável e perversamente, a dignidade humana, dá mostras sobejas de
seus propósitos de sabotar a evolução civilizatória. A pretextos os mais
esdrúxulos, os fundamentalistas de todos os matizes ideológicos esforçam-se por
compor ordem de vida em visceral desarmonia com as crenças humanísticas e
espirituais que apontam os caminhos corretos a percorrer na jornada
existencial.
A
ofensiva desvairada de grupos ultraconservadores contra o magnífico Papa
Francisco, acusando-o de herege, é uma demonstração eloquente a mais da
conspiração obscurantista em marcha contra os direitos fundamentais. Tais
direitos – vale anotar sempre - fazem parte indissociável da cidadania humana.
Derivam de recomendações expressamente contidas na mensagem serena e objetiva
em prol da prosperidade social, chegada do fundo e do alto dos tempos. Mensagem
que encontrou num Papa providencial, único grande estadista do mundo
contemporâneo, magistral e convincente arauto.
Em
carta aberta de 20 páginas, elementos pertencentes a retrógrado movimento
“integrista católico” - que estão para a Igreja, no campo das ideias, sem
ostentar obviamente o furor bélico terrorista, assim como os fanáticos
jihadistas estão para o Islã – acusam o Sumo Pontífice de atitudes heréticas. O
radical grupo utilizou sitio dito católico, ultraconservador, intitulado
“Lifesitenews”, frequentemente empregado como plataforma para ataques ridículos
às prédicas e decisões de Francisco, para proclamar que as “palavras e ações do
Papa Francisco, ao longo de vários anos, deram origem a uma das piores crises
da Igreja Católica.” Dos 19 signatários do documento, padres e acadêmicos, o
mais conhecido é um teólogo inglês dominicano, Aidan Nichols. O texto sustenta
que Francisco vem se revelando “negligente” diante de uma lista de assuntos de
conteúdo doutrinário. Os autores são de parecer que ele não tem se posicionado
“abertamente o bastante” contra o aborto. Mostra-se, de outra parte,
“condescendente” quanto ao homossexualismo e “tolerante em demasia” com relação
a pessoas que professam outras religiões, caso dos protestantes e muçulmanos,
por exemplo. Trecho expressivo da crítica se concentra na “Amoris Laetitia”
(“Alegria do Amor”, em tradução livre), encíclica considerada por especialistas
básica num trabalho evangelizador que tende a fazer da Igreja Católica, com
seus 1,3 bilhão de seguidores, instituição mais inclusiva e menos condenadora.
No pronunciamento em foco, Francisco clama por uma Igreja menos restritiva e
mais compassiva, que se capacite a usar mais eficazmente a misericórdia e a
caridade na avaliação do comportamento dos dramas pessoais humanos.
Fica
bem claro, nessa manifestação extremista, que aos críticos de Francisco
desagrada profundamente o combate sem tréguas por ele movido às imposturas que
retardam o desenvolvimento social, impedindo o acesso de multidões de excluídos
às conquistas do bem-estar favorecidas pelos avanços tecnológicos. Os
adversários do Pontífice não ocultam seu desassossego quando ele vergasta a
ordem econômica e geopolítica injusta vigente. Quando condena a ganância e o
utilitarismo egoísta de muitas lideranças influentes na condução dos destinos
humanos.
A
verdade, amor, a justiça aplicados ao campo social, acenando com transformações
sociais necessárias e urgentes, convocando a sociedade a práticas ecumênicas e
realizações que se inspirem nas leis naturais para uma construção social justa,
são palavras sábias ditadas por Francisco que esse pessoal de mente obtusa ousa
classificar de heréticas. Não é nada complicado compreender porque esses
ataques a Francisco acontecem nestes tempos violentos onde o jogo das
conveniências de setores poderosos cria obstáculos de difícil transposição no
sentido de impedir sejam molestados privilégios e prerrogativas aviltantes.
Quanto
aos radicais aglutinados na censura a Francisco, a eles se ajusta, com
primorosa adequação, o conceito de Roosevelt que encima este comentário.
quinta-feira, 2 de maio de 2019
Como você gostaria que fosse sua vida?
As Barras de
Access são 32 pontos na cabeça que se conectam com diferentes aspectos de nossa
vida e que armazenam componentes eletromagnéticos das sinapses neurais de todas
as experiências negativas que já vivemos que nos causam sofrimento e
limitações.
Ao correr as
Barras inicia-se um processo de limpeza, dissolvendo pensamentos, sentimentos e
emoções repetitivos e que nos mantêm presos nos mesmos padrões. É como apertar
o botão do delete em nosso computador, liberando o lixo e abrindo espaço para o
novo.
Quem escolhe se
empoderar para criar uma nova realidade e viver uma vida com mais leveza e
plenitude?
Como seria
acessar o seu poder e a potência que você tem?
Que infinitas
possibilidades estão à sua disposição que ainda não acessou?
Venha conhecer
esta ferramenta maravilhosa do Access Consciousness que empodera as
pessoas a saberem que sabem!!!
Sinais
perturbadores
Cesar
Vanucci
“E de
repente nós percebemos o significado dos sinais.”
(Robert Prost, poeta estadunidense)
Atentar
para os sinais é preciso. São preocupantes. Provocam espanto. Geram inquietação
intelectual. Não há como deixar de admitir algo estranho no ar, algo além dos
aviões de carreira, relembrando dito jocoso do Barão de Itararé.
Sinalização
indesejável. Para quem possua olhos pra enxergar, ouvidos pra escutar e
percepção aguçada, deixa à mostra reações comportamentais merecedoras, a esta
altura, de reflexões e ações serenas, mas resolutas. Os segmentos da sociedade
comprometidos com as crenças humanísticas e espirituais que conferem dignidade
à aventura da vida não podem ignorar tais sinais.
As
reações comportamentais sob o foco de nossa atenção neste comentário são
detectadas, envoltas em variados pretextos e em diversificadas escalas, aqui
dentro e lá fora. No atacado e no varejo, pode-se mesmo dizer. São abundantes
esses sinais de que muita coisa anda escapulindo ao controle social regido pelo
bom-senso. Alguns desses sinais chegam a parecer, a um primeiro olhar,
falsidades disseminadas com o intuito de confusão. “Fakes”, como é de moda
dizer. Há, ainda, indicações brotadas de episódios que resvalam bizarrice, mas
nem por isso despojados de componentes corrosivos.
Na
contemplação do que vem rolando, ocupemo-nos primeiramente de acontecências no
cenário internacional. Longo aí o desfile de revelações perturbadoras.
Febricitantes articulações geopolítico-econômicas levantam interrogações sem
conta. Algumas delas, alinhadas na sequência. Como explicar o “ensurdecedor
silêncio” que presentemente rodeia a sanguinolenta guerra na Síria, se até
indoutrodia esse confronto bélico rendia, em todas as edições jornalísticas,
estrondosas manchetes? De outra parte, qual a razão de haver arrefecido o
noticiário a respeito do terrorismo praticado pelas legiões fundamentalistas do
EI, depois que as ações desses fanáticos passaram a se concentrar na parte de
lá do mundo, como sucedeu, dias atrás, no pavoroso atentado no Sri Lanka?
Explique, quem for capaz, os motivos pelos quais as grandes lideranças
políticas mundiais, com inestimável cooperação midiática, mantêm-se em
sepulcral mutismo diante das estarrecedoras violações aos direitos humanos
cometidas, continuamente, na Arábia Saudita e no sultanato de Brunei? Para quem
ainda não sabe, nesses dois países, governados por déspotas de mentalidade
medieval - donos de riquíssimas jazidas petrolíferas exploradas por poderosos
consórcios norte-americanos e europeus –, os “códigos penais” prevêem
mutilações de órgãos, decapitação a golpe de sabre, apedrejamento e
crucificação em praça pública de criaturas que infrinjam normas de vida que não
estejam ao agrado dos poderes dominantes.
Os
sinais de que coisas bastante estranhas, ou, quando pouco, “diferentes”, vêm
pipocando no cenário mundial são sem dúvida significativos. Reclamam, voltemos
a anotar, atenção. Que interpretações, por exemplo, extrair-se dos anúncios,
feitos com algum estardalhaço, tanto pela Casa Branca como pelo Kremlin, de que
não mais se lhes interessa participar de acordos, celebrados com euforia na
época em que foram firmados, em torno da contenção da corrida armamentista?
Qual o significado do, chamemos assim, “banho Maria” em que foram largados os
entendimentos, tidos de início como altamente promissores pelas partes, entre
os Estados Unidos, de Donald Trump e a Coréia do Norte, de Kim Jong-un?
Como analisar, dentro do mesmo contexto, o recente encontro do ditador coreano,
recepcionado com extrema gala, em Moscou, pelo colega Vladimir Putin?
Comentadas
com exagerada parcimônia, as recentes manobras militares conjuntas de chineses
e russos, primeiras a ocorrerem em longo espaço de tempo, são de molde a
sinalizar, pela mesma forma, algo que clama por interpretação adequada de
qualificados estudiosos da conjuntura política planetária. E o que não dizer do
drama dos refugiados? Acossados pelas loucuras bélicas em tantos pontos do
atlas, milhares de seres humanos continuam a enfrentar esse drama em toda sua
inteiriça perversidade. Mas, por razões que a própria razão desconhece, a
tormentosa questão andou tomando “chá de sumiço” no noticiário nosso de cada
dia...
Ficando
hoje por aqui nessas narrativas, juntamos agora a esse conjunto de lances, que
sinalizam situações no mínimo confusas, mais um desconcertante registro. É
irrazoável e incompreensível o desinteresse dispensado pela comunidade
internacional à inacreditável história das centenas e centenas de menores,
filhos de imigrantes, recolhidos a “abrigos”.
Eles foram desapartados dos pais, latino-americanos, à hora da travessia,
quando os mesmos tentavam penetrar
ilegalmente em solo estadunidense. O cativeiro de muitas dessas crianças já se
estendeu por tempo demasiado.
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