sexta-feira, 25 de abril de 2014

Estão em todas

“Se o doleiro tivesse sido condenado no processo Banestado, possivelmente não estaria delinquindo novamente.” (Promotor Claudio Esteves, do Paraná)


Nos vastos domínios que se estendem do Oiapoque ao Chui, complementados pelas milhas marítimas que dão a configuração exata do território continental brasileiro, não existe viva alma sequer que nunca haja ouvido falar deles. Nem mesmo os solitários integrantes das derradeiras tribos amazônicas a serem ainda contatadas pelos sertanistas da FUNAI.
Esses escolados trambiqueiros, frajolas de imaculado “colarinho branco”, que circulam desenvoltos nas altas esferas mundanas, trocando amistosos tapinhas nas costas com figuraços do poder politico e econômico, participando de reuniões charmosas, regadas com o “legítimo”, registradas em fotos galantes nas colunas, estão em todas. Ou quase todas. Farejam e fomentam mutretas tempo inteiro. Craques consumados na arte de extrair e repassar informações privilegiadas, garantem inestimável ajuda para que sejam engordadas as contas secretas de sua selecionada clientela em bancos da Suíça e Ilhas Cayman. São criaturas emblemáticas no contexto da corrupção. Nem é preciso o registro expresso de seus nomes para que sejam de pronto identificados. Estão sempre em cartaz. Revezam-se na interpretação dos enredos no teatro das falcatruas.
Falemos primeiro do doleiro paranaense ora apontado como pivô de maracutaias que rendem, dia sim, outro também, vistosas manchetes. Ele ocupa o palco das malfeitorias há pelo menos duas décadas. Desde os tempos da megalavagem de dinheiro via Banestado, ocorrência que jaz um tanto esquecida. Age nacionalmente. Não quer saber de vínculos partidários. Optou pelo “ecumenismo” nas ações fraudulentas solícitamente coordenadas a mando de bandalhos de diferentes siglas. Corteja e é cortejado por gente poderosa, que não esconde sua gratidão pelos serviços executados.
Olhando bem as coisas, o estilo de atuação do doleiro paranaense é parecido com o daquele “banqueiro de bicho” das plagas goianas, também volta e meia no centro de maquinações de alguma tramoia rendosa qualquer. As parcerias firmadas por este outro manjado personagem do “cast” da corrupção garantem-lhe prestígio e proteção em círculos também de abrangente espectro político. Os comparsas filiam-se a diferentes legendas. São, igualmente, companheiros incondicionais para o que der e vier, no caso da barra pesar em demasia.
A situação do doleiro e do “banqueiro de bicho” guarda semelhança no tocante às técnicas operacionais empregadas e nos aliciamentos de pessoas, com outro desses insinuantes caras. Este, também, um “bambambã ” em proezas audaciosas boladas com propósitos de “vencer na vida” a qualquer preço. Banqueiro festejado, de olho guloso em “oportunidades” variadas, é um cara que já andou se emaranhando, luas passadas, nas malhas da lei. Desvencilhou-se da encrenca, pelo menos temporariamente, salvo pelo gongo graças a um providencial “habeas corpus”. Medida de segurança essa, específica, hiper criticada nos meios jurídicos. Aconteceu, também, algo inesperado que tornou ainda mais desconcertante o episódio. Os encarregados do inquérito de indiciamento do referido cidadão viram-se implacavelmente alvejados à conta do laborioso trabalho investigativo por eles produzido.
A história desses delinquentes de alto coturno e a de outros mais tem – repita-se - muito em comum. Os figurinos de atuação são idênticos. Mesmo monitorados, eles continuam a desfrutar de incompreensível impunidade, circunstancia que lhes assegura sobra de tempo pra, de repente, se envolverem em novas aprontações.  Isso acontece, entre outras razões, por obra de processos enervantemente morosos.
Até agora, como sabido, um único entre os operadores desses esquemas mafiosos foi julgado e condenado. O articulador do “mensalão mineiro” e do “mensalão federal”.
Tanto quanto os demais, esse aí demonstrou engenho e criatividade na aglutinação dos componentes dos bandos favorecidos e nas fórmulas adotadas de lesão ao patrimônio público. Não revelou “preferencia” a correntes políticas. Envolveu-se com representantes de quase todas. Ou seja, com elementos que, na cena social, conseguem permanecer, por certo tempo, “acima de qualquer suspeita”. Alguns deles, ao lado do governo. Outros, contrários ao governo. Outros mais, nem a favor, nem contra o governo, muito pelo contrário. Uma turma, felizmente minoria no cenário político, mas a exemplo dos operadores das mutretas, seus eficientes comparsas, endiabrada da breca, como era de costume dizer-se em tempos antigos.






Umas e outras

“Um pequeno grande equívoco.”
 (Marcelo Neri, presidente do IPEA)


Violência contra a mulher.  Depois da celeuma levantada pelos dados divulgados, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) retornou a público para dizer que ocorreu um erro na tabulação da pesquisa relativa à violência contra a mulher. Se falha houve quanto aos aspectos metodológicos aplicados na consulta; se faltou rigor técnico na apuração dos dados; se o fato se originou de “um pequeno grande equivoco”, já que “estamos numa curva de aprendizado”, como tentou justificar Marcelo Neri, presidente da instituição; se tudo isso realmente rolou, uma coisa permaneceu estridentemente gravada no espirito popular. Setores ponderáveis da sociedade brasileira, percentual elevado de mulheres incluídas, confessaram-se muitíssimo intolerantes e preconceituosos na avaliação do comportamento feminino rotineiro. Mesmo que tenha havido queda na revisão procedida, de 65% para 25%, o índice que bota culpa nas mulheres, por conta das “vestes ousadas”, pela incidência de estupros é aberrante, assustadoramente alto. Roça as franjas do mais genuíno talebanismo.

Decisões em favor do crescimento.  Parcela expressiva da opinião pública não atentou devidamente para o relevante significado econômico e social de algumas medidas na esfera da gestão pública anunciadas recentemente. As decisões tomadas dizem respeito aos leilões de concessão à iniciativa empresarial contemplando a construção e modernização de rodovias – tronco nas diferentes regiões do país. Inseridas na segunda etapa do PIL (Programa de Investimentos em Logística), os leilões promovidos atingem trechos rodoviários superiores a 4 mil quilômetros, implicando em investimentos globais de 28 bilhões de reais. São obras de pavimentação e duplicação a serem efetivadas, segundo os planos traçados, ao longo de cinco anos. As rotas correspondentes as tais concessões atravessam territórios de avantajada produção agropastoril. Com os investimentos a serem aplicados garantirão condições acentuadamente mais propícias no transporte de cargas valiosas aos portos marítimos de escoamento de bens exportáveis. O esquema de licitações adotado prevê, ainda, na região norte, a utilização de aquavia pelo rio-mar Amazonas para a circulação de riquezas destinadas ao mercado internacional. Apontado pelo governo federal como essencial no processo de desenvolvimento, traduzindo um salto de qualidade em matéria de gestão pública, como entendido por produtores, exportadores e analistas econômicos, o sistema de concessões estabelecido para rodovias vai ser agora, também, estendido às ferrovias, atividades portuárias e de produção energética. Tudo leva a crer que desse conjunto de providencias resultará contribuição preciosa para acelerar o crescimento nacional. Boas falas.
  
Epidemia de cesáreas.  O secretário Nacional de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, médico mineiro Helvécio Magalhães, ex-secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte no governo Fernando Pimentel, reconhece uma situação constrangedora para todos nós, cidadãos brasileiros, médicos, mães. Contrariando regras de bom senso e de sentido humanitário aplicáveis à saúde pública, violentando recomendações da Organização Mundial de Saúde, “existe uma epidemia de cesárias no País!” Ignorância, comodismo, ausência de critério médico rígido concorrem para a anômala situação. Só no SUS, 42% dos partos implicam em procedimentos cirúrgicos. A média nacional de cesarianas executadas é maior: 53%. A indiferença geral que circunda a momentosa questão ajuda a explicar episodio recente, indicativo da gravidade assumida pelo problema, acrescido de variável que escancara uma clara violação de direitos humanos. Em Torres, no Rio Grande do Sul, contra sua própria vontade, uma gestante foi levada a hospital sob escolta policial e submetida à força a uma cesárea, por conta de medida judicial definida a pedido dos médicos que a atenderam.




 *Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

quarta-feira, 16 de abril de 2014






Páscoa permanente 


Juvenal Arduini


"Páscoa é passagem interminável. É sequência continua. 

É ritmo de crescimento. É universo amplo. 

É concentração teológica. Páscoa integra múltiplas 

dimensões. É síntese de valores cristãos." 



Albert Einstein

"Algumas coisas são explicadas pela ciência, outras pela fé. A páscoa ou pessach é mais do que uma data, é mais do que ciência, é mais que fé. Páscoa é amor." 



Magnífica Convenção
Cesar Vanucci *
“Continuemos doando serviços para que possamos ganhar mais vida!”
(José Leroy Silva, governador do Lions).


Caldas Novas, Goiás, com seu magnifico complexo hoteleiro, provido de parques aquáticos sem similares, foi palco no período de 9 a 13 de abril de memorável evento. O Distrito LC-4 do Lions Clube, sediado em Belo Horizonte, com ramificações em diversas regiões do Estado, promoveu ali mais uma de suas famosas Convenções anuais. Cerca de duas mil pessoas desfrutaram da esmerada programação estruturada pela comissão organizadora do conclave, liderada pelos Companheiros Leões Ary Vieira Costa e Lane Lourdes, do Lions BH Carmo-Sion.

A promoção, como sempre acontece, foi marcada por estudos, debates, troca de experiências, balanços das realizações sociais e culturais efetuadas pelos clubes, saudável congraçamento, muito lazer e manifestações culturais. Eleições cercadas de intensa vibração apontaram os novos dirigentes do movimento para o período leonístico 2014/2015. O Companheiro Leão José Monteiro da Silva (Companheira Leão Neuza Ribeiro Viana Monteiro), do Lions BH-Floresta, foi eleito governador. Carmem Lúcia Camargos Redoan (Companheiro Leão José João Redoan), do Lions Pompeu, e Maria Jorge Abrão de Castro (Companheiro Helcio de Matta de Castro), do Lions BH-Ouro, foram escolhidas primeira e segunda vice-governadoras, tornando-se aptas a gerirem os destinos do Distrito LC-4 nos anos leonísticos subsequentes.

Com magistral desempenho, fazendo jus a calorosos aplausos, a Companheira Leão Selma Aragão, ex-governadora do Distrito LC-1 (Rio de Janeiro), foi a oradora oficial da Convenção. O ex-governador Antônio Carlos Tozzi, do Lions BH-Itacolomi, proferiu brilhante e aplaudida palestra.

A Academia Mineira de Leonismo conduziu a cerimonia relativa ao tradicional concurso de Instruções Leonisticas, que agregou este ano número recorde de trabalhos.

Os clubes de melhor performance nas atividades programadas foram agraciados com troféus. Um desfile com música e balões coloridos pelo centro de Caldas Novas assinalou outro momento de confraternização do Lions com a comunidade caldense.

O governador do Distrito LC-4, José Leroy Silva (Companheira Leão Sandra Cury) registrou, a propósito do magno certame, que teve como tema “Lions e eu” e como slogan “Vivendo Lions”, as seguintes sugestivas palavras: “Vivemos momentos especiais de confraternização, recheados de muito companheirismo, alegria, carinho, amor, fraternidade, paz e descontração (...), desfrutando as maravilhas de Caldas Novas, com suas paisagens naturais de beleza inigualável, (...) e renovando nossas energias para que possamos servir com eficiência e entusiasmo nossos irmãos mais carentes”.

A jornada cumprida pelo Lions em Caldas Novas constituiu um marco expressivo na historia da instituição. Para o êxito alcançado muito concorreu o esforço despendido pelo governador Leroy e membros da comissão organizadora. Além do já citado coordenador geral, Ary Vieira Costa, os casais de Companheiros Leões Eduardo Gomes Goulart (Helena Rosa), Clebert José Vieira (Vera Lúcia), Mauro Magno Viana (Rosely Maria Viana), Edmar Moreira Ferreira (Elzari Batista), José Francisco Gomes (Maria Stela R. Gomes), João Eugênio Coelho ( Regina Maria), Milton Alves de Deus (Maria Helena), Juarez Mario de Azevedo (Erline Maria), Carlos Foster Ferreira (Mariza Carvalho), João Batista Moreira Filho (Maria Aparecida), José Redoan Filho (Carmem Lúcia).

Os promotores da Convenção honraram-me com a indicação de meu nome para patrono do evento.
Na sessão solene de abertura, realizada no Centro de Convenções de Caldas, dirigi a palavra aos convencionais.


Pronunciamento do Patrono na Convenção do Lions

Foi este o pronunciamento por mim feito na Convenção do Lions recentemente realizada em Caldas Novas.
Eis-me aqui no desfrute da honrosa condição de patrono desta Convenção.
Um magno conclave estruturado com competência e esmero pelo nosso líder maior, governador Leroy, apoiado pela Sandra, e pelo infatigável e competente companheiro Ari, coadjuvado pela Lane, à frente de um pugilo de titulares da valorosa seleção do Lions.
Tocado pelas meigas emoções desta feérica festa de congraçamento, devo confessar, em boa e leal verdade, que considero bastante justa a homenagem que se me está sendo prestada.
Não queiram, por favor, inferir destas singelas palavras um impulso egolátrico.
Tenho plena consciência; estou calvo de saber, como se diz na saborosa linguagem das ruas, o verdadeiro sentido da manifestação.
Sei que o alvo da distinção não é este desajeitado Companheiro, alguém que se orgulha de ostentar no currículo o registro de uma lida leonística esticada por mais de meio século.
O galardão está sendo conferido a um punhado de personagens ilustres.
Gente com contribuição inestimável no processo de construção humana e cultural.
Os patronos da Convenção são os Acadêmicos da Academia Mineira de Leonismo.
O atual presidente da Academia entra no enredo apenas como Pilatos no Credo.
A homenagem bebe inspirações na circunstância de a Academia ser reconhecida, pelos círculos intelectuais mineiros, graças ao trabalho executado e as propostas nobres que defende, como órgão dinâmico, depositário de conhecimentos preciosos, guardião sereno de saberes acumulados.
Tudo que a Academia faz tem tudo a ver com os ideais humanísticos.
Vertente cultural do Lions, a Academia coloca suas ações sob o primado do Espirito.
Isto leva a constatações cintilantes.
Na visão acadêmica, o nosso Lions é uma clareira ecumênica e democrática, onde nos entregamos a reflexões e debates que ajudem a propagação das crenças que cultivamos e que conferem dignidade à aventura humana.
O nosso Lions é um Clarão de Esperança, com iniciativas voltadas para a celebração perene da Vida.
Agentes, por conseguinte, da Esperança, os Leões não podemos perder jamais a confiança na Humanidade.
Sabemos avaliar os fatos com realismo, não desconhecendo a força avassaladora das emoções, das fragilidades, das paixões mundanas.
Não podemos ignorar os problemas de comportamento e de relacionamento humanos.
Mas nem por isso nos furtamos a dar nossa contribuição, no plano das ideias e ações, para resgates essenciais no sentido da evolução, do desenvolvimento e da paz.
Espreitam-nos constantemente questões complexas, desafios colossais.
Em tudo quanto é canto os seres humanos nos defrontamos com cenários perturbadores.
Os cenários inquietantes apontam-nos para: o terror das guerras; as guerras do terror; os conflitos tribais; o tráfico de drogas; o tráfico de seres humanos; as tremendas desigualdades sociais; os preconceitos aviltantes de toda ordem; as insolências das nações mais poderosas; o racismo dilacerante; as contínuas agressões aos direitos humanos; a fanatíce fundamentalista (religiosa e politica), que dificulta o diálogo entre contrários; a violência urbana; a corrupção; a ganância sem entranhas; os atentados incessantes à Mãe Natureza.
Tudo, tudo lá fora e aqui dentro, passa-nos, não poucas vezes, a amarga sensação de nos acharmos envolvidos por espessas trevas.
Nesta precisa hora é que a Esperança, um dom infinito, um impulso generoso da alma, assoma forte em nossas mentes e corações.
No fundo, no fundo, precisamos, os homens de boa vontade, preservar nossos melhores ideais e não nos identificarmos com o lado nebuloso das vivências cotidianas.
A escuridão não é uma força que obrigue ninguém a carregar ódio e descrença insanável na alma.
Não é força capaz de confrontar a Luz.
É, na verdade, ausência da Luz.
A milenar sabedoria indiana, projetada na palavra de um grande pensador, Sai Baba, esclarece que o planeta vem sendo alvo de transformações profundas.
Entramos num processo de vibração energética bastante acelerada, que afeta todo o Mundo e ganha intensidade em emoções e pensamentos liberados por todos nós.
Promana disso tudo uma claridade ofuscante, gerada por um novo estágio da Consciência.
Talvez, ao contrario do que tanto se afirma, não estejamos atravessando momento de penumbra asfixiante, mas de luminosidade.
A Luz emanada desse estágio de elevação do Espirito é mais copiosa do que em qualquer outro patamar da Historia.
Uma comparação sugestiva é trazida à nossa reflexão.
A troca de uma lâmpada de 40 watts por outra de 100 watts no quarto de despejo leva a gente a enxergar no lugar sinais de desordem e de sujeira que nem de leve imaginaríamos pudessem existir.
A luminosidade abundante tem o condão de expandir nossa percepção para ilusões, engôdos, mentiras, mitos equivocados, que não vinham sendo, ao longo do tempo, lançados no lixo, mas empurrados para debaixo do tapete.
Somos convocados, como Agentes da Esperança, a arrumar o quarto de despejo.
A arregaçar as mangas e promover limpezas que escorracem as situações indesejáveis.
A mudança poderá ser dorida por conta da volumosa carga de emoções estocadas no curso da caminhada.
O bom senso aconselha que aprendamos a assimilar em plenitude esta vibração energética positiva posta a circular.
 Em assim procedendo, ficaremos em condições de poder usufruir o privilegio de vivenciar uma transmutação consciencial jamais imaginada, atuando a um só tempo como protagonistas e Agentes das transformações.

Meus companheiros, gratíssimo por todas as inolvidáveis emoções de mais esta festa de celebração da Vida.
Uma magnifica Convenção para todos, com um amorável congraçamento, muita criatividade e labor!


Palavra de Leão! 





Sueltos (II)

Cesar Vanucci *

“Suelto: pequeno comentário jornalístico
sobre assunto do dia”. (Dicionário Aurélio)


Pesquisa escancara preconceito. Atordoante constatação: a sociedade brasileira dá demonstrações inequívocas de machismo e preconceito em elevadíssimo grau, numa consulta promovida pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Aplicada). Os cidadãos ouvidos, na maior parte, surpreendentemente, do sexo feminino, deixam extravasar reações de chovinismo machista típico da era medieval. Para pasmo geral, 65,1% partilham do ponto de vista de que mulheres exibindo partes do corpo em “vestes impróprias” merecem, sim, ser atacadas. Admitem, também, que se as mulheres “soubessem se comportar” o numero de estupros fatalmente cairia. Concordam ainda que “existem” dois tipos de mulheres: mulheres decentes, pra casar e constituir família, e mulheres para “gandaias”. Valha-nos Deus, Nossa Senhora!

A tal “agência de risco”. A acolhida calorosa dispensada por alguns setores e personagens da vida brasileira às “papagaiadas” da “agencia de risco” S&P (Standar & Poor’s) sobre a economia brasileira reavivam em minha mente um palpite danado de infeliz de prestigioso politico brasileiro de décadas atrás. Refiro-me ao ex-governador baiano Juracy Magalhães, que chegou a ter o nome cotado, em certa ocasião, a concorrer pela UDN à Presidência da República. Num arroubo retórico, ele cunhou uma frase marcante: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil!”.  Todos estamos fartos de saber, estribados num bocado de experiências, às vezes doridas, que não é e nunca foi bem assim. A frase suscita compreensível critica. Mas, pera lá, por que está sendo mesmo ressuscitado o pronunciamento do político da “boa terra”? Resposta por partes. Comentei, dias atrás, que muita gente andou estranhando a omissão midiática em registrar um episódio danado de desabonador a respeito da tal agência de risco que “rebaixou” as notas de desempenho do Brasil e de um punhado de empresas nacionais. O fato é que a agência está sendo processada em sua terra natal pelo governo, devido à sua cumplicidade com as organizações criminosas que aplicaram o estrondoso golpe da “bolha imobiliária”. Diante disso, imaginei que uma forma nova, mais apropriada, de enunciar a frase famosa de Juracy poderia ser esta: “O que “não é bom” para os Estados Unidos será que é bom para o Brasil?” E aí?

O sumiço do avião. O misterioso desaparecimento do avião de passageiros malaio no Oceano Índico continua suscitando, por parte dos especialistas em aeronavegação, as mais variadas explicações. Fora do meio aeronáutico, já houve até, em círculos exotéricos, quem ousasse apontar o episodio como um clássico exemplo do chamado fenômeno de abdução ufológica. Não vi, até aqui ainda, ninguém levantar outra hipótese extrema: a derrubada do aparelho por um míssil, intencionalmente ou por equivoco. Alguns anos atrás – a memória velha de guerra garante – coisa grave assim andou pintando no espaço aéreo. Em consequência de clamoroso ato hostil de uma aeronave de guerra.


Enquanto isso, no Egito... As acontecências no Egito são tão ou mais graves do que as da Ucrânia – ameaçada pelo expansionismo russo – ou da Venezuela - fragilizada pelas arbitrariedades cometidas por governantes populistas desarvorados. Mas, as lideranças mundiais parecem nem um tiquinho dispostas a encarar os fatos da terra dos “faraós fardados” com a ênfase critica que fazem por merecer. Essa assustadora historia das várias centenas de adversários do regime militar condenados à morte lembra “paredon” cubano dos anos 50. Um horror!




quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ventos separatistas


“Nós damos 20 bilhões de euros de graça para um Estado
 falido, que criou uma divida pública de 2.1 trilhões de euros”.
(Alessio Mororin, líder do movimento separatista veneziano).
  

Experientes observadores dos eventos internacionais confessam-se temorosos de que a recente decisão da Crimeia, respaldada pelo governo russo, de desmembrar-se da Ucrânia, além de toda a colossal tensão já suscitada, possa deflagrar um surto separatista noutros pedaços deste planeta azul. Tem–se por certo que sinais já vêm sendo emitidos, em diversos lugares, no sentido de que a história volte a ocorrer, até mesmo em regiões de jamais suspeitada tendência emancipacionista. Caso da fascinante Veneza, capital do Vêneto, norte da Itália.

E não é que, dias atrás, a população veneziana foi convocada, via redes sociais, a participar de uma consulta sobre a possibilidade de desvincular-se da Itália com vistas à implantação de uma República federal soberana, abrangendo toda a província de Vêneto? As ações politicas desencadeadas com tal proposito compreenderam inclusive – vejam só! – contatos de representantes da comunidade interessada com dirigentes de países da Comunidade Europeia.

Na Escócia, por outro lado, ganhou forte incremento após os acontecimentos na Ucrânia a campanha pelo “sim”, em plebiscito já marcado para setembro vindouro pelos Congressos britânico e escocês. O intuito da consulta é recolher a opinião da população escocesa acerca da separação do Reino Unido. Trata-se de antiga aspiração alimentada por ponderáveis parcelas dos habitantes do território.

Os espanhóis também viram recrudescer a luta pela independência da Catalunha. Uma contenda política que já dura um bocado de tempo e não poucas vezes desembocou em confrontações armadas. Essa região, conhecida como autônoma, entre aspas, pelo governo de Madrid, vai promover em novembro próximo um referendo para o exame de proposta relativa à fundação de um novo Estado. O governo espanhol classifica a consulta de inconstitucional. A situação promete dar “bode” lá na frente...

O sonho de assegurar-se autonomia à porção francesa nesse país continental chamado Canada é antigo. Tão antigo quanto a Serra da Canastra, como era de costume dizer-se noutros tempos. Para sentir o peso considerável desse desejo entranhado no seio da população de origem francesa, relembremos intrigante episódio. Quando presidia a França, numa visita oficial ao Canadá, influenciado pelos sentimentos e tradições predominantemente franceses existentes em Quebec, Charles de Gaulle chutou estrepitosamente para corner, numa monumental trapalhada, o protocolo diplomático. Exclamou numa concentração popular: “Viva Quebec Livre!” O mal-estar que essa incontinência verbal provocou, vou te contar!...


Há quem admita que o episódio da Crimeia sirva de inspiração, também, para que se intensifiquem as ações do agrupamento politico separatista “Parti Québécois”. Esta agremiação vai, certamente, tentar fortalecer-se nas eleições programadas para abril. Se isso realmente se efetivar, conforme previsto por analistas políticos, é quase certo que a proposta de realização de mais uma consulta plebiscitária sobre a independência da província de Quebec retornará com força total ao debate publico canadense.

Sueltos (I)



 “Suelto: condensação de fatos em poucos e curtos parágrafos”
(F. Fraser Bond, autor do livro “Introdução ao jornalismo”).
  
Petrobrás e Metrô de São Paulo. Os acontecimentos concernentes à maior empresa brasileira, a Petrobrás, sobre supostos malfeitos praticados na esfera executiva, carecem, sim, ser devidamente explicados. A opinião publica tem o direito de saber tintim por tintim tudo que ocorreu.  Como também tem o direito de ser colocada inteiramente a par dos pormenores de todas as denuncias a respeito de supostas irregularidades cometidas, durante largo espaço de tempo, nos negócios do órgão que opera o metrô de São Paulo com fornecedores estrangeiros de equipamentos. A bem do interesse público. Mas para que tudo isso fique devidamente apurado não há necessidade alguma de se criar uma, ou mais comissões parlamentares de inquérito. Os órgãos competentes estão aptos a conduzir as investigações, tanto num quanto noutro caso. As CPI’s, por outro lado, nas situações citadas, são inteiramente contraindicadas, pelo risco se virem a se tornar instrumentos de exacerbação das paixões politicas em momento pré-eleitoral.

Dilma, JK e Lula. A não ser que eu esteja tão por fora dos fatos quanto alguns celebrados analistas da grande mídia nas previsões que têm por hábito fazer sobre a conjuntura econômica brasileira, Dilma Rousseff vai emergir, politica e eleitoralmente, mais forte da onda de acusações com que se procura presentemente desqualifica-la como gestora publica. Se a memória não tá a fim de trair, já vi com estes olhos que a terra vai comer (só que, dependendo de minha vontade, daqui muito tempo ainda), o mesmo acontecer tanto com JK quanto com Lula, em efervescentes campanhas eleitorais do passado. Esperar pra conferir.

Desqualificação da “agência de risco”. Gostaria muito de ser informado por alguém do motivo de não ter sido mencionado pelos veículos de comunicação que realçaram, de forma tão estrepitosa, as informações depreciativas da “Standar&Poor’s” sobre a economia brasileira, a circunstância dessa "agência de riscos" estar sendo, no momento atual, processada pelo governo dos Estados Unidos, ora, veja, pois! O motivo do processo é um dado desqualificante adicional na constatação já feita da ilegitimidade das ações efetivadas pelo órgão ao sair por aí aplicando notas sobre o desempenho econômico de países e empresas. A “S&P” está sendo acusada de haver, fraudulentamente, atribuído “notas” positivas a organizações norte-americanas que se notabilizaram, na crise de 2008, a negociar papeis podres, arruinando a vida de gente incauta e inocente. A agência não apenas fingiu ignorar a bandalheira da “bolha imobiliária”, como também se esmerou em valorizar, para tapear trouxas, a “performance” de clientes seus comprometidos com o colossal escândalo que abalou a conjuntura econômica mundial. 


sexta-feira, 4 de abril de 2014


Relações afetivas futuristas





“Vejo um futuro em que vamos gostar das pessoas independentemente
do que elas sejam: robôs ou humanos”.
 (Paula Aguiar, Presidente da Associação Brasileira das
Empresas do Mercado Erótico).



As antevisões futurísticas acenadas pela robótica no tocante aos relacionamentos afetivos são de bagunçar por inteiro a capacidade de raciocínio de pessoas tidas como fleumáticas, que não se deixem perturbar por qualquer motivo. Equivalem a um tsunami psicológico. Reviram pelo avesso até padrões de comportamento rotulados (muitas vezes depreciativamente) como vanguardeiros. O cenário desenhado roça as franjas do inimaginável.

O que a jornalista Litza Mattos revela nas paginas de “O Tempo”, numa instigante reportagem sobre o sexo do futuro, reportando-se a novidades anunciadas por especialistas em sexualidade e em feiras tecnológicas realizadas recentemente no país e no exterior, é de queimar a mufa de qualquer vivente. Não são apenas novidades fantásticas que se possa com algum esforço imaginar. São novidades muito mais fantásticas do que qualquer um jamais conseguirá imaginar. Orgasmo produzido por controle remoto, transas de seres humanos com robôs, aparelhos para detectar “amor verdadeiro”.  Por aí vai...

Um autor citado, especialista em inteligência artificial, o inglês David Levy, prevê, por exemplo, que em cinco anos seres humanos farão sexo com robôs. E desse tipo de “relacionamento” derivará, em poucas décadas, a possibilidade de criação de laços amorosos densos entre os “parceiros”. Uma comédia cinematográfica intitulada “Her”, apresentada como um estudo sobre as complexas relações humanas em nosso mundo, elaboradas com base nesse surreal bombardeio tecnológico, é apontada como “amostra sugestiva” do que poderá acabar rolando no espantoso cenário futurista traçado. Os protagonistas da trama emaranham-se em inusitadas experiências. Ele, um cara de carne e osso. Ela, dotada de feição e silhueta femininas, não passa na verdade de um sistema operacional avançadíssimo de computador.

Assestando nossos olhares de perplexidade nessas extravagantes previsões da cibernética, cibernética essa cada dia mais presente no complicado jogo da vida, matutemos como poderiam vir a ser alguns lances do cotidiano dentro de tão psicodélico contexto. A situação dá vaza a que nos arrisquemos a formular a hipótese de um causo singular. Em seu frequentado espaço de fofocas, colunista bem informado anuncia, lamentando pacas, a separação definitiva de casal bastante festejado nas altas rodas mundanas. Divulga a causa da repentina ruptura, diga-se de passagem, recebida com manifestações de surpresa pelos amigos chegados, que se habituaram a ver no galante par solido exemplo de união estável. A adorável esposa foi flagrada em adultério numa cruel armadilha do destino. O pivô do “affaire”, o robô de nome Ernestino, era o encarregado dos serviços de copa e cozinha da suntuosa mansão do casal localizada em Macacos. O marido, desconfiado da presença de “mouros na costa” em seus cobiçados domínios conjugais, mandara espalhar, sigilosamente, câmeras pelos aposentos da casa. As indiscretas câmeras – daquela mesma linha sofisticada dos modelos empregados pelas agências de espionagem estadunidenses nas arapongagens eletrônicas executadas em “países amigos”, naturalmente com o nobre objetivo de “resguardar” os sagrados “valores democráticos” – captaram imagens da maior incandescência, para dizer o mínimo, envolvendo o ditoso par amoroso. Elas, as câmeras, surpreenderam até mesmo o “camareiro”, no afã de acelerar o processo de assédio à patroa rendida aos seus encantos, a preparar com utilização de elevadas doses de produtos afrodisíacos as refeições consumidas nas ausências do chefe da casa, um respeitado homem de negócios intensamente absorvido em atividades da Bovespa. O eficiente serviçal vangloriava-se de que a receita culinária, por ele classificada de “supimpa”, trancada a sete chaves, representava herança de seus “ancestrais eletrônicos”. Da composição da dita receita fazia parte uma erva medicinal rara do Cazaquistão mesclada com extrato de ovo de pata da Patagônia.

Por conta do ocorrido, de acordo ainda com o bem informado colunista, o marido bigodeado contratou os bons ofícios profissionais de renomada causídica na área de contendas familiares, a doutora Patrícia Rios. A ação objetivando à dissolução dos laços matrimoniais estaria correndo em rigoroso segredo de justiça.

O panorama descortinado nessas desconcertantes previsões futurísticas sobre sexo cria ensancha oportunosa ainda para se levantar uma indagação curiosa, noutro alucinante voo de imaginação. Qual poderia ser mesmo a reação dos zelosos guardiões dos costumes fundamentalistas do, Irã, Afeganistão, Arábia Saudita e doutros lugares diante dessa escalafobética história do “casal” pilhado no flagra? Será que condenariam o robô transgressor a apedrejamento publico?

Mundo mais doido...



Essas agências de risco...


“Coisa mais sem pé nem cabeça: um órgão técnico qualquer, com sede em lugar distante, meter-se por aí a aplicar notas sobre as atividades econômicas e sociais de países e empresas dos quais nada ou pouco conhece!” (Domingos Justino, educador).


O semblante encrespado, assumindo pose majestática própria de alguém que se acredita investida, por desígnios divinos, da sagrada e tormentosa missão de anunciar pra patuleia a data fatal do juízo final, a toda poderosa economista-chefe da “Standar & Poor´s” comunicou, com pompa solene, o rebaixamento da nota de classificação do Brasil. A manjada turma do contra vibrou com a novidade. A impávida economista-chefe voltaria, pouco depois, a ocupar o púlpito, exibindo mesma fleuma doutoral, característica dos que se rejubilam em desempenhar papel de “papagaio falante” do senhor “deus-mercado”. Caprichando pra valer na entonação da fala, de modo a que as frases proferidas conseguissem traduzir, com precisão, incisos conceitos, arremessou outras notas de rebaixamento estipuladas por sua agencia, alvejando um punhado de prosperas empresas brasileiras, entre elas, o Banco do Brasil, a Petrobras, a Caixa Econômica Federal, o Banco Itaú, o BNDEs, a Sul América Seguros, o Bradesco, a Eletrobrás.

E não é que parte da grande mídia, fazendo o jogo de grupos políticos tendenciosos, ávidos por conturbar a qualquer preço a economia nestes momentos preliminares da campanha eleitoral, resolve sem mais essa nem aquela dar eco exagerado a essa prosa desatinada? Resolve conceder credito gracioso (será que o vocábulo fica bem colocado?) a essa papagaiada toda? Decide transformar meros palpites técnicos, de origem estrangeira e altamente suspeitosos, em dogmas de fé com consistência granítica?

Expliquem-nos, por favor. Que pessoal é esse que, volta e meia pinta no pedaço com panca presunçosa distribuindo notas de desempenho a torto e a direito, interferindo intempestivamente na intimidade doméstica dos chamados países emergentes? De qual fonte do poder provem essa marota delegação conferida a uma meia dúzia de órgãos alienígenas que saem soltos por aí, ditando regras em terras e propriedades distanciadas de seus pontos de origem, alvejando atividades produtivas empenhadas na construção nacional? Por que razão vários órgãos da mídia acolhem sem vacilo e sem questionar os fajutos argumentos propalados por essas agencias em “boletins de mérito” instituídos sabe–se lá a mando de quais conveniências?
Interessa muita à cidadania conhecer a fundo todo esse cabuloso enredo. As “agencias de classificação de riscos”, comportando-se como “suprema corte”, ao emitirem suas “infalíveis” sentenças, acham-se subordinadas a algum poder legalmente reconhecido? No ver de abalizados analistas não passam, no duro da batatolina, de aberrações jurídicas. Tais analistas entendem ainda tratar-se de órgãos que não carregam consigo, no exercício de sua despoliciada e inglória empreitada, qualquer laivo de legitimidade. A impressão que passam é de um bando ruidoso de vulgares oportunistas, intrujões saídos das sombras, que atuam sempre em sintonia com as maquiavélicas aprontações da mega especulação. Mega especulação esta escancaradamente engajada, na hora atual, desafiando a sociedade brasileira, em patrocinar novo assalto especulativo a nossa florescente economia.

O tema rende mais uma fulminante e decisiva indagação. Alguém por aí em plenas condições de esclarecer devidamente o porquê de esses gringos sabichões terem se conservado em ensurdecedor silencio, sem disposição para divulgar “notas” e emitir “alertas”, frente a “bolha imobiliária” que explodiu devastadoramente em seus domínios territoriais e que mergulhou o mundo, quase que por inteiro, numa crise econômica tida socialmente como a mais cruel dos últimos tempos? Hein? E ai, gente boníssima?









A SAGA LANDELL MOURA

Privatização que não deu certo

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