sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

 

Coronel da FAB conta o que viu 

 

Cesar Vanucci

 

“Faziam tanta brincadeira, que eu acho

que foi uma sorte a Operação Prato sair.”

(Coronel-aviador Uyrangé Hollanda)

 

Como informado no comentário anterior, o coronel-aviador Uyrangé Hollanda, comandante do grupo-tarefa responsável pela “Operação Prato”, da FAB, trouxe a público revelações desnorteantes sobre ocorrências ufológicas em diferentes pontos da maior floresta tropical do planeta. Disponho da cópia integral do depoimento que deu aos jornalistas Ademar Gevaerd e Marco Antônio Petit, da equipe redatorial da excelente revista “Ufo”, sobre tais acontecimentos. À época do programa “Realismo Fantástico” que apresentava na extinta CBH, levei ao ar essas declarações. 

Nada melhor para projetar, em seu real significado, o depoimento do coronel - um atestado passado em cartório e com firma reconhecida da veracidade do desconcertante “fenômeno ufo” - do que ocupar este espaço com frases textuais de sua lavra, nas quais são dados detalhes preciosos da “Operação Prato”. Registre-se, outra vez, que a investigação representa, no gênero, pelo que se sabe, uma experiência que dificilmente terá sido vivenciada em algum país, por qualquer outro agrupamento militar. 

São parte do depoimento de Uyrangê aos já citados ufólogos os elucidativos trechos abaixo reproduzidos. 

“Pergunta – Esses casos atraiam, de alguma maneira, interesses ou preocupações por parte das Forças Armadas, como se fossem uma ameaça externa à soberania nacional?

Resposta – (...) Os ufos eram encarados como fenômeno duvidoso. Alguns oficiais (...) viam os ufos como coisa improvável e faziam muita gozação a respeito. Faziam tanta brincadeira que acho que foi sorte essa Operação Prato sair.  Acho que só aconteceu porque o comandante do 1º Comando Aéreo, brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira, (...) acreditava em objetos aéreos não identificados. Se não...”

 

P. – Qual era o objeto imediato da Operação Prato? Observar discos voadores, fotografá-los e contatá-los?

R. – Olha, eu queria mesmo era tirar a prova dessa coisa toda. Queria botar isso às claras. Porque todo mundo falava nas luzes e objetos e até os apelidavam com nomes populares, como chupa-chupa. E a FAB precisava saber o que estava realmente acontecendo, já que isso se dava no espaço aéreo brasileiro. Era nossa a responsabilidade de averiguar. 

P. – (...) Quando foi que o senhor teve seu primeiro contato frente a frente com objetos voadores não identificados?

R. – Foi bastante significativo. Certa noite, nossa equipe estava pesquisando na Ilha do Mosqueiro, num lugar chamado Baia do Sol. (...) Era um balneário conhecido, bem próximo a Colares. (...) Os agentes que tinham mais tempo do que eu na operação – já que peguei o bonde andando – questionavam-me, o tempo todo, após vermos algumas luzinhas, se eu já estava convencido da existência do fenômeno. Como eu ainda estava indeciso, diziam-me: - Mas, capitão, o senhor ainda não acredita? Eu respondia que não, que precisava de mais provas para crer que aquelas coisas eram discos voadores. Eu não tinha visto, até então, nave alguma. Somente luzes, muitas e variadas. E não estava satisfeito ainda.” 

Deixo pra sequência, à moda das novelas televisivas que você aí acompanha toda noite, o testemunho do coronel-aviador Uyrangé Hollanda a respeito do emocionante momento de seu primeiro avistamento de uma nave luminosa, de corpo inteiro, nessa investigação ocorrida na selva amazônica. 

Vale a pena, diante de tudo isso que vem sendo narrado, absorver a observação insistente deste desajeitado escriba em torno da palpável evidência de que nós, seres humanos, não estamos mesmo, jeito maneira, sós no colosso cósmico.

 

Uma encrenca chamada Ucrânia

 

Cesar Vanucci

 

“A geopolítica é desprovida de escrúpulos”.

(Antônio Luiz da Costa, educador)

 

O jogo das grandes potências, sempre soturno, por hegemonias no palco político internacional, acionado por astuciosa diplomacia com intuitos geopolíticos despidos de escrúpulo, abriu recentemente um novo flanco de forte tensão no costumeiramente belicista continente europeu. Americanos, aliados e russos estranharam-se mais outra vez, botando pra fora retórica façanhuda acompanhada de movimentação de tropas militares. 

A Ucrânia é o cerne da questão. País limítrofe da Rússia, ex-integrante do bloco da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), desmoronada com a “glasnost” e a “perestroika” de Mikhail Gorbachev (ganhador de um Nobel da paz pela proeza), enfrenta uma encruzilhada em seus rumos políticos. No plano interno mostram-se visíveis os sinais de desavenças entre grupos desejosos de que se desapegue da órbita de influência russa e grupos que pensam justamente o contrário. 

As acesas divergências já levaram, em passado recente, à anexação pela Rússia da região da Crimeia, o que provocou situação de enorme desconforto e inquietante preocupação no seio da comunidade internacional. 

Neste momento Kiev demonstra indisfarçável simpatia pela perspectiva de a Ucrânia passar a compor o chamado Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O aludido grupamento de países europeus, vários deles antigos aliados da Rússia, contam com sólido apoio logístico militar e econômico da Casa Branca. É apontado, nas estratégias políticas e militares, como sistema defensivo instituído com o intuito de confrontar eventual ameaça expansionista da Rússia. Chegou-se aí a impasse que tem gerado manchetes estrondosas e ruídos incômodos de cunho beligerante. A Rússia, ao mesmo tempo que promove exercícios militares de envergadura ao longo de sua fronteira com a Ucrânia e da fronteira da Bielorrússia, sua aliada, com esse mesmo país (Ucrânia) brada grosso não concordar, definitivamente, com essa provável adesão ucraniana à OTAN. Na contrapartida, utilizando igualmente palavras fortes, os Estados Unidos acusam a Rússia de provocações, que serão rebatidas com veemência, se necessário, e de tentar imiscuir-se em assunto de política interna de um país soberano. 

As chancelarias de países envolvidos direta e indiretamente na incandescente encrenca trabalham ininterruptamente com alegada disposição de reduzir a troca de desaforos e de ampliar o diálogo propositivo. As negociações em curso introduzem toda hora propostas de intermediação de países de certo modo distanciados do foco das perturbações, mas que, de qualquer forma estarão sujeitos no caso de chuvas e trovoadas mais impactantes a verem afetados seus interesses. 

A China, que vem realizando, de algum tempo para cá, constantes e significativos exercícios militares conjugados com a Rússia, entrou outro dia, de modo diplomático polido, na azeda discussão do caso. Pediu moderação das partes, manifestando seu apoio ao posicionamento do Kremlin quando rechaça a hipótese da inclusão da Ucrânia no bloco da OTAN. 

Um outro aspecto a considerar nessa enrascada global é uma arma temível, invisível pertencente aos “arsenais” russos. Analistas qualificados lembram, a todo instante, que o gás natural utilizado em alta escala em boa parte da Europa, nos lares e nos complexos industriais, é fornecido pela Rússia, possuidora das maiores reservas mundiais do produto. No caso de agravamento da situação os russos poderão interromper o fornecimento pegando traumaticamente os europeus em pleno inverno. 

Eta mundo velho de guerra! Parece haver perdido inteiramente a consciência das coisas. A conexão com sua humanidade. Não se emenda, hora alguma, numa arrogância descomedida nem quando confronta acumulação de extrema dramaticidade, como as vividas no instante presente de extremada angústia, ligadas inapelavelmente à própria sobrevivência.

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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

 

Revoada de óvnis na Amazônia

 

Cesar Vanucci

 

“Depois de algumas semanas (...),

não tive mais dúvida alguma.”

(Coronel-aviador Uyrangé Hollanda)

 

Como sabido, o vasto e dadivoso território amazônico, pedaço de chão da soberania brasileira, atrai permanentemente as atenções da humanidade, sob as mais variadas motivações. O que não é de todos sabido é que a mesma região é enxergada com interesse por ocupantes dos chamados objetos voadores não identificados, em suas enigmáticas incursões pelo planeta, com objetivos que escapam à nossa capacidade de entendimento. 

Uma investigação da FAB comprovou o fato e adicionou à crônica ufológica mais uma amostra significativa de que não estamos, mesmo, sós no cosmos.  Em 1977, a Força Aérea desenvolveu na Amazônia uma operação sigilosa ligada aos óvnis. Pelos incríveis resultados alcançados, a denominada “Operação Prato” é considerada um dos mais extraordinários feitos na área da investigação desse inusitado fenômeno. A história, recheada de pormenores instigantes, só veio a lume vinte anos depois, graças à atitude intrépida do oficial-aviador que comandou os trabalhos. Já na reserva, como coronel, ele quebrou o sepulcral silêncio, guardado pelo tempo que durou sua presença na ativa. 

Uyrangé Bolivar Soares de Nogueira Hollanda, o seu nome. Capitão paraquedista, conhecedor dos segredos da selva, ele organizou, por determinação do Comando Aéreo em Belém, uma investigação com inimagináveis desdobramentos. Dele a iniciativa, sem precedentes, de contatar representantes da comunidade ufológica para contar o que sabia. “Estou na reserva, cumpri lealmente minha missão para com a Aeronáutica. O que eles podem me fazer?”  Foi o que disse, com seu jeito franco de expressar, ao ser questionado sobre a eventualidade de tornar-se alvo de sanções. Revelações de fortíssimo impacto. Criaram condições alentadoras para uma ação de pesquisa mais desenvolta em torno dos incidentes, reportados por centenas de pessoas, ocorridos numa parte de apreciável dimensão da Amazônia, envolvendo naves e seres estranhos, com comportamento até certo ponto assustador. Amedrontados nativos asseguravam que as naves emitiam jatos de luz ofuscante, com “propósitos vampirescos”. A intensidade dos relatos levou a formação do grupo-tarefa liderado pelo experiente Hollanda. 

Uyrangé foi sabatinado por dois ufólogos e jornalistas de alto nível, Ademar Gevaerd e Marco Antônio Petit, da apreciada “Ufo”. Seu depoimento, em parte acompanhado pelos conhecidos jornalistas Luiz Petry, da Rede Globo, e Bim Cardoso, da extinta Rede Manchete, arrastou-se por 48 horas, em clima de espanto e embevecimento. O coronel não relutou confessar que, de princípio, “a operação alimentava o objetivo de desmitificar os fenômenos.” Afiançou que, ele próprio, mostrava-se bastante “cético a respeito.” Informou, também, que sua designação derivara da circunstância de conhecer, como poucos, a zona das aparições. “Mas depois de algumas semanas, quando os discos começaram a aparecer de todos os lados, enormes ou pequenos, perto ou longe, não tive mais dúvida alguma” – desabafou o militar. 

Os habitantes dos lugares visitados pelos discos apelidaram o fenômeno de “chupa-chupa”. Em evoluções geralmente noturnas, aparelhos de diferentes formatos, sobrevoavam pequenas comunidades rurais e ribeirinhas, emitindo projeções luminosas de efeito paralisante sobre as pessoas, mulheres na maioria. As vítimas se queixavam de vertigens, dores no corpo, tremores, sonolência, fraqueza, rouquidão, descarnação da pele lesada, queda de pelos. Tais sintomas foram registrados em numerosos laudos médicos. 

O grupo-tarefa, como é óbvio, não conseguiu desvendar o imperscrutável enigma dos óvnis, recoberto, como sabido, de peculiaridades situadas acima da compreensão humana. Mas, com certeza, em rolos e mais rolos de filmes, centenas de fotos e testemunhos oculares à margem de suspeitas, coletou uma documentação de inestimável valia na busca, que mantém tanta gente empenhada, de respostas racionais para as infindáveis interrogações suscitadas pelo momentoso tema.

 

O voo do besouro e os óvnis

 

Cesar Vanucci

 



“Estou convencido de que dentro das
próximas décadas haverá um contato entre nossa 
Humanidade e alguma civilização extraterrestre”.
(Brigadeiro Moreira Lima, ex-ministro da Aeronáutica)
 

Como prometido, trago hoje, em versão resumida, a história do besouro, invocada de maneira bem instigante pelo brigadeiro Guedes Muniz no fecho da conferência sobre “discos-voadores” do então coronel Adil de Oliveira, na Escola Superior de Guerra, em 1954. 

Aludindo às dificuldades que os engenheiros militares teriam que forçosamente enfrentar no afã de explicar alguma coisa acerca da viabilidade científica dos óvnis, o brigadeiro recorreu metaforicamente a uma anedota. “A anedota do besouro, muito velha, mas muito oportuna de ser lembrada.” Caso é que os melhores especialistas em aeronáutica no mundo foram convocados a participar de um encontro com o fito de estudar a complexidade do sistema de voo do besouro. Examinaram com afinco a forma aerodinâmica do inseto, considerada tremendamente errada; sua superfície alar, espantosamente deficiente; sua potência para decolagem, reconhecidamente impossível. Depois de infinitos cálculos e demonstrações científicas exaustivas, chegaram à inabalável conclusão de que o besouro não tem condições, definitivamente, de voar. Mas como não se interessasse pelo conclave, não se inteirasse de suas doutas conclusões e nem, tampouco, acompanhe as notícias do JN, o besouro continuou a voar. 

Com os “discos voadores” as coisas se passam, mais ou menos, como nessa anedota com jeito de fábula. “Eles não existem coisíssima nenhuma”, asseveram alguns. “Mera ilusão de ótica, fruto de cabeças ruins, de charlatanice pura e simples”, garantem outros, envoltos em embriagadora autossuficiência. “A ciência refuta a hipótese”, bradam, às vezes coléricas, figuras respeitáveis em conceituados redutos do conhecimento humano. Indiferentes, porém, à artilharia pesada das contestações infrenes ou da negação sistemática e preconceituosa praticada por atacado por incrédulos, os óvnis não param de dar o ar da graça nos céus, nos mares, na terra. E isso ocorre desde tempos imemoriais. 

Exemplo frisante dessa notável incidência casuística, para lembrar um caso de repercussão na esfera militar entre milhares de ocorrências devidamente documentadas, é a célebre “revoada dos ufos” acontecida na madrugada de 19 de maio de 1986 no espaço aéreo brasileiro, entre Brasília, Belo Horizonte e São Paulo. Pilotos das esquadrilhas de interceptação da Defesa Aérea, comandantes de aviões de carreira, um ministro de Estado especialista em aviação, aviadores civis a bordo de aeronaves de pequeno porte, técnicos do Sistema de Controle do Tráfego Aéreo figuram como testemunhas das desnorteantes aparições. Os fatos ganharam estrondosa divulgação e o comando da FAB sentiu-se na obrigação de emitir comunicado, prometendo explicações detalhadas para outro momento. As explicações demoraram vir a público. Mas a declaração enfática dada tempos depois pelo brigadeiro Moreira Lima, à época Ministro da Aeronáutica, revigorou a certeza de que, conforme anos antes sustentado por um outro Brigadeiro, João Adil de Oliveira, “disco-voador é assunto que merece ser tratado com a máxima seriedade.” Entrevistado no programa “Mistério”, da extinta Rede Manchete, pela jornalista Rejane Schumann, na presença do ufólogo Marco Antônio Petit, Moreira Lima assinalou, ao lado de outras surpreendentes revelações, estar “convencido de que dentro das próximas décadas haverá um contato entre nossa Humanidade e alguma civilização extraterrestre.” 

Temos ai mais um indicio eloquente de que não estamos, a humanidade deste conturbado planeta azul, uma ilhota perdida num infinito oceano, sós no Universo.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

 

Óvnis, assunto sério

Cesar Vanucci

 

 “O problema dos discos-voadores

 merece ser tratado com seriedade.”

(Brigadeiro João Adil de Oliveira) 

 

O dia 16 de janeiro de 1958 ficou gravado de forma memorável por oficiais e marinheiros da Força Naval brasileira que participavam de manobras no litoral capixaba, imediações da Ilha da Trindade. Por volta das 16 horas, as atenções de todos se voltaram estrepitosamente à contemplação de um desconcertante espetáculo. Gigantesco objeto, de formato discoidal, promovia espantosa coreografia diante de extasiada plateia, militares na quase totalidade. As evoluções do aparelho desafiavam todas as leis conhecidas da física. A nave, de aparência metálica, não lembrava em nada nenhum tipo de artefato aéreo concebido pelo engenho humano. 

No convés do navio capitânea, o “Almirante Saldanha”, um fotógrafo civil, Almiro Baraúna, dedicava-se a documentar os exercícios navais em curso. Assestando o foco da objetiva no estranho artefato, bem visível a olho nu, obteve estupenda sequência fotográfica, que acabou merecendo registro na crônica ufológica mundial como um dos mais extraordinários documentários pertinentes à presença dos óvnis na atmosfera terrestre. Com a circunstância, sumamente positiva, de encontrar respaldo num testemunho irrefutável, numérica e qualitativamente de alta respeitabilidade. As fotos chegaram logo aos jornais e agências noticiosas, alcançando impactante ressonância mundial. A autorização para que fossem liberadas partiu do próprio Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, um estadista de mente aberta e visão de futuro. Decisão de caráter vanguardeiro. O Brasil notabilizou-se como o primeiro país a exibir, com a chancela do governo, uma documentação nítida e incontestável das aparições dos misteriosos “discos voadores”, de suposta origem extraterrena. 

O “Incidente de Trindade” está registrado como instante de alta relevância da participação militar nas investigações ufológicas. Sabe-se, com certeza, que anos antes a Aeronáutica já vinha se dedicando a estudos pertinentes ao enigmático tema. Conservo em arquivo uma sonora comprovação desse trabalho: cópia integral de impressionante depoimento, a conferência proferida, em 2 de novembro de 1954, na ESG, para plateia composta por centenas de oficiais graduados das três Armas, pelo coronel aviador João Adil de Oliveira, à época chefe do Serviço de Informações do Estado Maior da FAB. Esse oficial, mais tarde promovido a Brigadeiro, ganhou notoriedade nacional, nos idos de 50, por haver presidido a Comissão Militar de Inquérito que apurou o atentado da rua Toneleros, em que foi assassinado o Major Vaz e saiu baleado o jornalista Carlos Lacerda. O dramático episódio, como se recorda, detonou a grave crise política culminada com o suicídio do Presidente Getúlio Vargas. 

O expositor proclamou que “o problema dos “discos-voadores” merece ser tratado com a máxima seriedade”. Disse mais: “as grandes potências se interessam pelo tema e o tratam com seriedade e reserva, dado seu interesse militar.” Enumerou, com abundantes pormenores, instigantes ocorrências ufológicas e convincentes depoimentos de cientistas, pesquisadores e contatados. Após a conferência, foram apresentadas “algumas testemunhas de casos comprovados pelas investigações da Aeronáutica”. 

No fecho do encontro na ESG, o Brigadeiro Guedes Muniz, presidente da ADESG, fez observação ultra intrigante. Aludindo às compreensíveis dificuldades confrontadas por técnicos e engenheiros militares em arriscar pareceres acerca da viabilidade técnica e científica “desses vagabundos do espaço”, ele recorreu a uma fábula que tem o besouro como personagem, “oportuna de ser lembrada aqui”. A sugestiva historinha fica para depois. 

Os óvnis são indicação de que não estamos sós no Universo.

 

Não estamos sós                            

                                     Cesar Vanucci

 

“Universo, irmão mal conhecido.”

(Jean Wahl, poeta)

 

A aventura humana é tecida de infindáveis interrogações. As perguntas espocam em número infinitamente superior às respostas. Num contexto desses, de proporções colossais, a ciência é gota. Os fenômenos investigados, na longa espera da decifração, são um oceano. 

No instante em que um telescópio super poderoso em matéria de propriedades tecnológicas apropriadas pelo homem dá-nos conta da existência provável, num ponto distante de outra galáxia, de um corpo celeste que ostenta características atmosféricas assemelhadas às deste nosso planeta azul, é perfeitamente natural se reacenda a sempre momentosa discussão em torno da existência de vida inteligente nas demais paragens do cosmos. Embora intuída pela grande maioria das pessoas, a tese da pluralidade de mundos habitados ainda não é oficialmente aceita pela ciência. 

Hoje já não é bem mais assim. Mesmo que se leve em conta o patrulhamento ostensivo no campo das ideias ainda praticado por certas correntes fundamentalistas radicais. Mas tempo houve em que as pessoas de mente aberta trancavam a sete cadeados suas crenças em tão “sacrílega” hipótese. Resguardavam-se, com justificáveis temores, das consequências práticas dessas ideias extravagantes virem a cair nos ouvidos de zelosos guardiães dos conhecimentos científicos e religiosos dogmaticamente consolidados. 

A ortodoxia científica, mesclada de fanatice religiosa, fixava conceitos inamovíveis. Contestá-los representava risco a que ninguém queria, obviamente, se expor.  As proclamações de um luminar qualquer, revestido de pompa e autoridade, tinham força de mandamento divino. Ai de quem ousasse contradizer, por exemplo, a afirmação de que, lá no inatingível ponto em que as águas do mar (povoadas de terríveis monstros) e o horizonte se fundem, ficava a borda de um precipício aterrorizante! Ou a assertiva de que o sol e os demais corpos celestiais do firmamento giravam em torno da Terra! 

Retomemos o papo sobre a descoberta, nos confins cósmicos, do astro de configuração parecida com a Terra. Muitas especulações começam, agora, a ser feitas a respeito da possibilidade de se abrigarem ali espécies de vida como as que conhecemos aqui. A inviabilidade de respostas a curto ou a médio prazos, considerados sobretudo os milhares de anos-luz que separam um planeta do outro, gera logicamente outras elucubrações. Vamos supor que o local favoreça o desenvolvimento de uma civilização com as mesmas peculiaridades. A evolução tecnológica alcançada se situaria num estágio superior ou inferior ao nosso? Adiante. Mantenhamos sob mira a transformação assombrosa que este nosso mundo velho de guerra experimentou nos últimos 50 anos. Avaliação do que poderia vir a acontecer, em matéria de mudanças, num ciclo evolutivo de mil ou 2 mil anos a mais, remete-nos, naturalmente, a projeções e perspectivas fantásticas. Não apenas tão fantásticas quanto a gente consiga imaginar. Mas muito mais fantásticas do que a gente jamais conseguirá imaginar. 

A ciência alega não dispor ainda de elementos para proclamar a existência de vida inteligente fora do orbe terráqueo. Sob esse aspecto e sob o aspecto do bem-estar social assegurado a todos os seres humanos, os estrondosos avanços tecnológicos espaciais valeram pouco. Continuamos, praticamente, a propósito, no mesmo patamar informativo científico dos remotos momentos da censura ameaçadora que impedia a discussão aberta, transparente, do instigante tema. Isso, todavia, não impede que muita gente, consciente de sua cidadania cósmica, em diferentes cantos desta imensa pátria terrena, paradoxalmente uma ilhotinha perdida num oceano infinito,  composto de sextilhões ou mais astros - entre eles o tal planeta que guarda similitude com o nosso -, aceite pacificamente a ideia de que não estamos sós no universo.

sábado, 5 de fevereiro de 2022

 

Convergências nas invocações a Deus 

 

Cesar Vanucci 

 

“O caráter divino do caminho ecumênico”.

(Papa Francisco, gloriosamente reinante)

 

Como anotado no comentário anterior, Robert Kehl, pensador suíço, reuniu trechos extremamente sugestivos das invocações à Suprema Divindade formuladas em diversificados cultos religiosos. As palavras utilizadas nesses diálogos dos adeptos de crenças e rituais diferenciados guardam similaridade impressionante. Soam como traço de convergência, de afinidade, de compartilhamento na louvação ao Altíssimo. 

A lista dos pontos coincidentes, como já frisado, é imensa. Temos abaixo esplêndida amostra. (1) Bíblia - “A ti, Senhor, ninguém é igual.” Hinduísmo - “Ninguém, nos mundos é igual a ti.” (2) Bíblia - “Nasceu-vos hoje o Salvador.” Zoroastrismo – “Nasceu-vos hoje o Salvador. A virgem deu à luz.” (3) Bíblia – “Bendita és tu entre as mulheres.” Budismo – “Excelsa entre todas as mulheres terrenas.” (4) Bíblia - “Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça.” Budismo - “Quem tiver ouvidos, ouça a palavra e creia.” (5) Bíblia – “Quem procura, acha”. Taoísmo - “Quem procura, achará.” (6) Bíblia - “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Zoroastrismo – “Em Deus buscamos força, quem poderá estar contra nós?” (7) Bíblia - “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Budismo e Taoísmo – “Cumpre amar os outros, como a si mesmo.” (8) Bíblia - “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Zoroastrismo – “Bem-aventurados aqui e bem-aventurados após a morte os que têm o coração puro.” (9) Bíblia - “Portanto ide, ensinai todas as nações (...) e guardai todas as coisas que eu vos tenho mandado.” Hinduísmo – “Aquilo que tendes visto e aprendido comigo, deveis anunciar a todos os homens.” 

Estes ditos sagrados, como se vê, de fontes diversificadas, agregam subsídios valiosos à argumentação dos que, tocados pelo ideal ecumênico, trabalham fervorosamente em favor do entendimento fraternal e duradouro entre homens de boa-vontade pertencentes a todas as crenças religiosas. 

Importa, agora, conhecer o que pensa o Papa Francisco, gloriosamente reinante, do ideal ecumênico. Ao receber, de certa feita, os participantes de uma Plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Francisco afirmou que esta unidade desejada por Jesus “é uma das minhas principais preocupações”; entretanto, recordou que “a unidade não é conformidade”. “A unidade dos cristãos não é um ecumenismo de ‘marcha ré’, não obriga ninguém a renegar a própria história de fé; nem é possível tolerar o proselitismo, que envenena o caminho ecumênico”, aduziu o Pontífice. O Santo Padre recordou também, recentemente, os diferentes encontros ecumênicos dos quais participou, tanto em Roma como fora da Itália, e afirmou que “cada uma destas reuniões foi para mim uma fonte de consolo ao constatar que o desejo de comunhão permanece vivo com intensidade”. Noutro momento, em sua peregrinação constante em busca da paz e da concórdia, em contatos com outras lideranças religiosas, Francisco referiu-se ao “caráter divino do caminho ecumênico, pois a unidade não é fruto de esforços humanos ou fruto da diplomacia eclesiástica, mas um dom do céu”. 

O ideal ecumênico levou o sumo Pontífice a dizer ainda que “nossa tarefa é acolher o dom da unidade e torná-lo visível a todos os homens”. Desse ponto de vista, a unidade, mais do que uma meta, é um caminho, com sua tabela de marcha, seus ritmos, às vezes lentos e outras vezes acelerados. E como todo caminho, esperas, tenacidade, fadiga e esforço; não anula conflitos nem cancela contrastes”. Francisco pede atenção quanto à atuação dos que não possuem uma disposição sincera a seguir o caminho correto. “A unidade só pode ser recebida por aqueles que decidem avançar com uma meta que hoje pode parecer muito distante. Entretanto, quem percorre este caminho é confortado pela contínua experiência de uma comunhão felizmente avistada, mesmo que não ainda alcançada”.

 

Prodígios da mente

 

“O fantástico, queira ou não o ser humano,

está sempre presente em seu cotidiano.”

(Henrique Rodrigues)

 

As extensas e intensas pesquisas de Henrique Rodrigues na área dos fenômenos transcendentes renderam-lhe um acervo documental fabuloso, invejável. O saber que acumulou, na investigação e interpretação de acontecimentos insólitos, difíceis de serem compreendidos à luz do conhecimento tradicional, assegurou-lhe lugar de destaque entre os interessados no estudo das coisas que rolam nos inextricáveis domínios da parapsicologia. 

Por conta de uma amizade fraternal de muitos anos, o saudoso professor, humanista de vasta erudição, deu-me a conhecer, em numerosos encontros, uma série de episódios extraordinários. Casos por ele próprio analisados, fotografados, filmados, no Brasil e no exterior. 

Acodem-me à memória, à hora em que componho estas maldatilografadas linhas, registros por ele coletados a respeito de manifestações invulgares produzidas por pessoas dotadas de capacidade de memorização verdadeiramente prodigiosa. Tais personagens respondiam instantaneamente, na bucha, como se dizia em tempos de antigamente, a perguntas as mais desnorteantes relacionadas com cálculos aritméticos. Alguém propunha, por exemplo, a qualquer delas, uma equação matemática complexa. O resultado era dado certeiramente, num abrir e fechar de olhos, sem que houvesse a concessão de qualquer pausa ao operador para meditação mais aprofundada. Os personagens se saiam imperturbavelmente bem nos sucessivos e extenuantes testes a que eram submetidos. Algo incomum, inteiramente à deriva de explicação lógica.

Entre os casos investigados havia também o de um jovem inglês que detinha a assombrosa faculdade de memorizar, em nível requintado de pormenores, uma paisagem qualquer, ou mesmo uma cena urbana trepidante, transpondo as imagens captadas, com absoluta exatidão, para o papel. Ele se fixava, por rápidos instantes, no ponto ou objetos postos sob o foco da atenção, e na sequência, com rigorosa e estonteante fidelidade, reproduzia todo o cenário contemplado. Num documentário elaborado com todas as cautelas recomendadas pelo rigor cientifico, o jovem traduziu, em traços vigorosos, nas circunstâncias descritas e em tempo recorde, tintim por tintim, os detalhes de uma imensa gravura referente a uma praça famosa de Londres. As janelas dos edifícios, as dependências iluminadas dos prédios, os postes, o arvoredo do logradouro, os letreiros das fachadas, os veículos retratados – tudo isso e tudo mais que se continha na gravura foram captados, com precisão atordoante, no desenho por ele elaborado. Era como se sua mente abrigasse o dom inusitado de poder fotografar o que os olhos viam e suas mãos o dom de poder “revelar”, quase que no mesmo momento, os objetos e cenas “fotografados” sob tão misteriosas circunstâncias. 

Um outro conjunto fantástico de informações desconcertantes, pertencente ao acervo do professor Rodrigues, merece ser aqui citado. Dizia respeito a um cidadão estadunidense que se notabilizou pela condição singular de conseguir imprimir nos filmes das câmeras fotográficas assestadas sobre sua testa imagens de objetos e pessoas que, em estado de concentração absoluta, dizia estar “enxergando” com o olhar interior. Uma proeza estranha a mais não poder, evidenciada em testes à prova de estratagemas e burlas.

A SAGA LANDELL MOURA

Eleições, primeiro turno.

*Cesar Vanucci “A eficiência da Justiça Eleitoral permitiu que o brasileiro fosse dormir no domingo já sabedor dos nomes dos eleitos.” (...