sábado, 5 de fevereiro de 2022

 

Prodígios da mente

 

“O fantástico, queira ou não o ser humano,

está sempre presente em seu cotidiano.”

(Henrique Rodrigues)

 

As extensas e intensas pesquisas de Henrique Rodrigues na área dos fenômenos transcendentes renderam-lhe um acervo documental fabuloso, invejável. O saber que acumulou, na investigação e interpretação de acontecimentos insólitos, difíceis de serem compreendidos à luz do conhecimento tradicional, assegurou-lhe lugar de destaque entre os interessados no estudo das coisas que rolam nos inextricáveis domínios da parapsicologia. 

Por conta de uma amizade fraternal de muitos anos, o saudoso professor, humanista de vasta erudição, deu-me a conhecer, em numerosos encontros, uma série de episódios extraordinários. Casos por ele próprio analisados, fotografados, filmados, no Brasil e no exterior. 

Acodem-me à memória, à hora em que componho estas maldatilografadas linhas, registros por ele coletados a respeito de manifestações invulgares produzidas por pessoas dotadas de capacidade de memorização verdadeiramente prodigiosa. Tais personagens respondiam instantaneamente, na bucha, como se dizia em tempos de antigamente, a perguntas as mais desnorteantes relacionadas com cálculos aritméticos. Alguém propunha, por exemplo, a qualquer delas, uma equação matemática complexa. O resultado era dado certeiramente, num abrir e fechar de olhos, sem que houvesse a concessão de qualquer pausa ao operador para meditação mais aprofundada. Os personagens se saiam imperturbavelmente bem nos sucessivos e extenuantes testes a que eram submetidos. Algo incomum, inteiramente à deriva de explicação lógica.

Entre os casos investigados havia também o de um jovem inglês que detinha a assombrosa faculdade de memorizar, em nível requintado de pormenores, uma paisagem qualquer, ou mesmo uma cena urbana trepidante, transpondo as imagens captadas, com absoluta exatidão, para o papel. Ele se fixava, por rápidos instantes, no ponto ou objetos postos sob o foco da atenção, e na sequência, com rigorosa e estonteante fidelidade, reproduzia todo o cenário contemplado. Num documentário elaborado com todas as cautelas recomendadas pelo rigor cientifico, o jovem traduziu, em traços vigorosos, nas circunstâncias descritas e em tempo recorde, tintim por tintim, os detalhes de uma imensa gravura referente a uma praça famosa de Londres. As janelas dos edifícios, as dependências iluminadas dos prédios, os postes, o arvoredo do logradouro, os letreiros das fachadas, os veículos retratados – tudo isso e tudo mais que se continha na gravura foram captados, com precisão atordoante, no desenho por ele elaborado. Era como se sua mente abrigasse o dom inusitado de poder fotografar o que os olhos viam e suas mãos o dom de poder “revelar”, quase que no mesmo momento, os objetos e cenas “fotografados” sob tão misteriosas circunstâncias. 

Um outro conjunto fantástico de informações desconcertantes, pertencente ao acervo do professor Rodrigues, merece ser aqui citado. Dizia respeito a um cidadão estadunidense que se notabilizou pela condição singular de conseguir imprimir nos filmes das câmeras fotográficas assestadas sobre sua testa imagens de objetos e pessoas que, em estado de concentração absoluta, dizia estar “enxergando” com o olhar interior. Uma proeza estranha a mais não poder, evidenciada em testes à prova de estratagemas e burlas.

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