sexta-feira, 26 de agosto de 2016


CONVITES 

AOS AMIGOS DO BLOG












Ouro para o Brasil


 Cesar Vanucci

“Somos o povo mais sensato e inteligente do mundo”.
(Alberto Torres, jornalista, advogado, político, pensador social)


Cuidemos de celebrar. Muito bem celebrado. Festa genuinamente brasileira, feita de cadências, cores e musicalidade enfeitiçantes, com arrebatantes mensagens de conteúdo humanístico, desenrolada em clima de solidariedade social contagiante, nunca dantes percebido em promoções do gênero, esmerada na organização e competente na performance técnica, os Jogos Olímpicos recém realizados encheram o mundo inteiro de encantamento. Na classificação geral das ruas, o Brasil fez jus a ouro. Com louvor.

Extasiadas com o que contemplaram ao vivo e em cores, numa cobertura televisiva impecável, complementada por noticiário impresso ágil e vibrante, vozes numerosas das multidões perguntam-se como se fez possível, num país dessa colossal dimensão, envolvido em graves questões políticas e institucionais, com clamorosos problemas de vulnerabilidade social, a concretização de uma proeza da magnitude destes Jogos Olímpicos, bem concebidos no formato e melhor ainda na execução?

A resposta, ou melhor as respostas a tal indagação só pode(m) ser dada(s) por quem conheça a alma brasileira. Muitos têm sido ao longo dos anos os equívocos cometidos nas tentativas de interpretação das coisas, dos hábitos e dos sentimentos da gente brasileira. Por despreparo, descuido, desinformação, de quando em vez até por excesso de ingenuidade e má-fé, propagam-se versões falsas sobre o nosso jeito de ser. Acusam-nos de ser o “país do jeitinho”, de não sabermos votar, por aí... Não é incomum ler-se e ouvir-se – e não apenas como simplório registro anedótico – que ao colocar em prática o projeto da criação, a Suprema Divindade entendeu caprichosamente de estabelecer um paradoxo crucial: povoar o território mais dadivoso do planeta com o pessoal menos provido de capacidade para administrá-lo. Há quem, lá fora e também aqui dentro, leve a sério esse tremendo disparate. Armados de preconceitos, contaminados por incontornável “complexo vira-lata”, surgem com frequência, aos magotes, “especialistas” em previsões agourentas e derrotistas sobre tudo aquilo que signifique esforço criativo, trabalho persistente e engenhoso das forças produtivas nacionais na conquista de patamares mais elevados na escalada do desenvolvimento social, cultural e econômico. São caras que conseguem semear alguma confusão no espírito das criaturas desavisadas. Seus posicionamentos distorcidos colocam-se em frontal desacordo com o ponto de vista de eminentes pensadores.

Alberto Torres, por exemplo, defendia com ardor, acima disso com fervor, que “somos (os brasileiros) o povo mais sensato e inteligente do mundo”. Tese referendada com entusiasmo por sociólogos e antropólogos respeitados, entre outros, Darcy Ribeiro, Gilberto Freire, Roberto DaMata, Sérgio Buarque. O não brasileiro Stefan Zweig falava coisas semelhantes.

O Brasil é um país aberto ao novo e às mudanças, mesmo em  momentos adversos. Aprendeu a confrontar a realidade com sentimento positivo, como reconhece, Domênico de Masi, sociólogo italiano, autor de trabalho (“O futuro chegou”) onde são apontados modelos de vida para a sociedade humana. Há poucos anos – é o próprio Domênico que conta -, pesquisa levada a efeito pela OCA (Organização de Conhecimentos Associados), de São Paulo, entrevistando meia centena de personalidades de efetiva influência no processo cultural brasileiro, ofereceu dados consistentes reveladores da insofreável vocação brasileira para empreender transformações sociais com respeito às diversidades comportamentais. A conclusão da pesquisa apontou valores básicos profundamente arraigados na conduta nacional. Eles representam fiel retrato do brasileiro. Tratemos de anotar estes traços característicos de nossa sociedade: “o ritmo, a sensualidade sem complexos, a festividade, a exaltação das cores e dos sabores, a intercultura, a capacidade de copiar e de inventar.” E mais: “o brasileiro é informal, trabalha em mangas de camisa e sabe operar em grupo, é fluído nos seus processos de decisão, não tem preconceitos ideológicos, aprende fazendo, tende a conjugar o trabalho com o divertimento, presta serviços de modo atento, afável e afetuoso.”

Os conceitos humanísticos proclamados e os valores morais projetados acima concorrem para que se possa responder com adequação às perguntas feitas pelos que se assombraram com a capacidade brasileira de promover o evento. Boa parte deles inteirou-se desta verdade: com toda certeza, nenhum outro país do mundo, convivendo com a carga pesada dos problemas circunstanciais que ora nos afligem, saberia responder de forma tão satisfatória, em termos rigorosamente pacíficos, sem sobressaltos e sem contundências eventualmente produzidos pelas paixões e divergências políticas, aos desafios da colossal empreitada olímpica.


Denúncia chocante de uma Prêmio Nobel


Cesar Vanucci


"A aids é uma arma biológica."
(Wangari Maathai, Nobel da Paz 2004)


Tempos atrás, a queniana Wangari Maathai, ganhadora do Nobel da Paz, deu voz a uma suspeita aterrorizante. É bem verdade que, antes dela, outros personagens, não favorecidos pela intensa projeção mundial que o dignificante título naturalmente confere, andaram dizendo coisas assemelhadas. Não conseguiram, evidentemente, assegurar a mesma repercussão alcançada por Wangari, embora os objetivos almejados pela autora da denúncia, propondo abertura de um debate a respeito, não houvessem surtido qualquer efeito prático. Ultrapassado o impacto dos primeiros momentos, estabeleceu-se silêncio de tumba etrusca em torno das contundentes palavras proferidas.

Cuidemos de relembrar o que Maathai afirmou, sem rebuços, apoderada de abrasadora convicção. A aids é uma arma biológica. Foi criada por cientistas malucos em laboratórios comprometidos com atividades bélicas. Textualmente: "Alguns dizem que essa enfermidade veio dos macacos, mas eu duvido. Vivemos com os macacos desde tempos imemoriais. Na verdade, o vírus foi criado por cientistas para guerra biológica. Por que há tantos segredos sobre a aids? Isso me traz muitos questionamentos."

A ganhadora do Nobel não deixou por menos: o HIV foi concebido por “êmulos” do “dr. Silvana” por encomenda da indústria armamentista com a finalidade de controlar a população do continente africano. Até parece que Wangari andou lendo o "Presidente Negro", romance de Monteiro Lobato, absorvendo um pouco da espantosa história do "conserto do mundo pela eugenia", ali descrita numa brincadeira literária de talento. Junto com a doença, admitiu ainda a valorosa mulher, existem setores empenhados em disseminar a crença, de fácil assimilação nas camadas despolitizadas, de que a aids é uma “maldição divina”. Foi “enviada” pelos céus como expiação para pecados... "Nós, negros da África, estamos morrendo mais de aids do que os outros povos do planeta", acentua Wangari Maathai, embasando a assertiva em estatísticas da Organização das Nações Unidas onde se proclama estarem localizados naquele  continente oitenta por cento dos portadores do vírus. Aliás, os números da Organização Mundial de Saúde dão conta de que no citado pedaço do mundo - às vezes, esquecido até por Deus -, grassa não uma epidemia, mas uma pandemia avassaladora, que aniquila vidas de forma impiedosa e gera perspectivas catastróficas em não poucos lugares.

Seja relembrado que a fala da queniana não é solitária na estarrecedora denúncia. Numerosas têm sido, desde o aparecimento da enfermidade, as pessoas que admitem a tese apontada como veraz para definir a origem da doença. Os graves questionamentos levantados não perderam até hoje atualidade, sem que a comunidade científica se revele receptiva a promover um debate mais amplo em torno da tormentosa questão. O setor fecha-se em copas. Dá por liquidada a fatura, ou seja, não abre mão da afirmação de que o vírus provém do macaco. Não se deixa, jeito maneira, sensibilizar pelas alegações de que a promiscuidade sexual, detectada em tantos outros momentos do processo civilizatório, jamais deu causa, no passado remoto ou mais próximo de nossos dias, a qualquer manifestação de enfermidade que lembre de leve esse devastador mal dos tempos modernos.

A mídia, a seu turno, parece, também, ter pressa em dar o assunto por encerrado. Uma revista alemã, de grande tiragem, andou sustentando há tempos, a teoria de que a aids teria brotado em laboratório especializado na fabricação de produtos para guerra bacteriológica. Escapuliu ao controle, ou foi intencionalmente introduzida em agrupamentos sexuais e raciais previamente "selecionados", numa monstruosa maquinação de cérebros doentios. Mas a avaliação do problema, por esse prisma terrível, denunciado pela publicação, não passou daí.



sexta-feira, 19 de agosto de 2016



O momento brasileiro em breves frases

Cesar Vanucci

“A corrupção é apartidária.”
(Procurador Deltan Dallagnol)

“A corrupção é apartidária. Não é problema do governo A ou B. A mudança do governo não é um meio caminho andado contra a corrupção. Não basta tirar as maçãs podres do cesto, precisamos mudar as condições que fazem elas apodrecer.” (Procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força tarefa da operação Lava Jato).

“A revelação de que em 2010 a Odebrecht botou R$ 23 milhões (sem nota fiscal) na caixa da campanha presidencial de José Serra levou a Lava Jato para a porta do PSDB. Há pelo menos dois meses sabia-se que isso aconteceria, assim como se sabe que a OAS repetirá a dose.” (Elio Gaspari, jornalista).

“Dilma que, dizem, nunca teve muito gosto pelo jogo político, faz agora os movimentos que lhe parecem mais convenientes, quando menos para defender sua biografia. Peca, no entanto, ao continuar deixando de lado a questão central, como se não fosse de sua alçada pelo menos tentar esclarecer como e porque não percebeu – e assim deixou de atuar – todos os malfeitos que ocorriam à sua volta e que vieram a lume nos últimos tempos. Se tudo não passou de uma campanha de opositores ferozes, como ainda procura fazer crer, o primeiro objetivo de sua mensagem deveria ser rebater, ponto por ponto, cada uma das acusações. Dizer que não sabia ou transferir responsabilidades a terceiros, aí incluído seu próprio partido, é pouco e não a isenta.” (Trecho de editorial, 10 de agosto, do “Diário do Comércio”).

“Voto ‘sim’ pelo fim do aparelhamento, pela quebra da Petrobras e pela falta de vigor renovador. O impeachment que estamos para votar não vai aplacar a raiva do povo. Caminharemos para eleições gerais, provavelmente.” (Cristovam Buarque, senador).

“Estamos diante de um processo que é político, não é jurídico. E, se é político, não é normal, legal, como tentam dizer. Digo ‘não’ ao golpe porque isso é um golpe.” (Vanessa Grazziotin, senadora).

“Os elementos de prova são acachapantes contra a presidente Dilma. Os fatos estão comprovados e não são isolados. Houve ocultação deliberada, consciente das finanças públicas para levar a essa debacle econômica.” (Miguel Reale Júnior, jurista).

“Qual a diferença entre Fernando Henrique e Dilma? É que ele não tinha no seu encalço o Eduardo Cunha, que lutava pelo impeachment da presidenta Dilma.” (Katia Abreu, senadora).

“Afastar uma presidente honesta, eleita democraticamente, é um golpe na democracia.” (José Pimentel, senador)

“Os problemas do Brasil, embora possam parecer grandes, estão longe de serem os piores do mundo ou insuperáveis.” (Kenneth Maxwell, historiador).

“O inacreditável espetáculo de abertura dos Jogos Olímpicos no Brasil enviou várias mensagens a público diverso. O público mais importante, atingido em cheio pela beleza do evento, foi a população brasileira, que vive um longo momento de perda de autoestima. O que foi mostrado representa a incrível capacidade dos brasileiros de fazer melhor do que outros países (...), superou em muito o que foi exibido em Olimpíadas anteriores. (...) Oferecemos um panorama planetário universal do caráter transformador das manifestações culturais de qualidade produzidas no país. (Murillo de Aragão, sociólogo e cientista político).

“Será que o ciclo de derrotas importantes, que começou em 2006 ainda não chegou ao fim? (...) Será que existe uma tragédia técnica anunciada, um castigo, uma maldição, uma culpa que tem que ser paga, por causa da corrupção e da incompetência? Tudo começou com as derrotas da Copa de 2006 (o Brasil era o grande favorito), de 2010, seguiu com o vexame do 7 a 1 em 2014,  com as eliminações para Paraguai e Peru nas duas últimas Copas América, continuaria com a desclassificação  na primeira fase das Olimpíadas e terminaria com o Brasil fora do Mundial de 2018. Não é o mais provável de acontecer, mas é possível. Estou com medo.” (Tostão, grande craque do passado, cronista esportivo na atualidade).


“É preciso dar impeachment no modelo social, politico econômico que rege o país nos dias de hoje.” (Cristovam Buarque, senador).



Vivendo e aprendendo

Cesar Vanucci


“A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização e a distribuição de numerosos lotes de extrato e molho de tomate de marcas tradicionais, por haver detectado nos produtos matéria estranha indicativa de risco à saúde.”
(Notícia de jornal)

Vivendo e aprendendo, como era de costume dizer-se em tempos de antanho. Como fruto de experiências acumuladas ao longo de numerosos agostos, experiências abastecidas de leituras assíduas e razoável atividade cultural, estou convencidíssimo da silva júnior que nesta nossa peregrinação pela pátria terrena, por maior que seja o empenho despendido, a gente não consegue ficar conhecendo senão muito poucas coisas. Um bocado de situações à nossa volta guarda segredos a serem num dado momento desvendados. Brotam daí as muitas surpresas, quando não os muitos espantos, que de quando em quando pintam no pedaço por onde desfilam fatos aparentemente corriqueiros de nosso trepidante dia a dia.

Estou tomando ciência, neste preciso momento, de uma informação que me deixou pode-se dizer estatelado. Jamais me passou pelo bestunto que algo assim pudesse estar rolando diante de nosso olhar. Melhor expressando, longe dos nossos olhos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu laudo proibindo a comercialização e a distribuição de lotes de extrato de tomate de um sem número de marcas tradicionais. A decisão punitiva deu-se com base em perícias técnicas que detectaram matéria estranha indicativa de risco à saúde humana acima do limite máximo de tolerância fixado pelas normas. A matéria nociva apontada – pasmo dos pasmos! – é pelo de roedor. Isso mesmo, distinto leitor, que você acaba de ler, tomado obviamente de santa estupefação: pelo de roedor. O parecer do órgão de fiscalização sanitária coloca-nos a par ainda de que os derivados de tomate podem conter “até um fragmento de pelo de roedor para cada 100 gramas do produto”. Quer dizer, mais de um fragmento de pelo de roedor no alimento industrializado que chega à sua mesa de refeição pode representar ameaça à sua saúde. Um, apenas 1, vale. Mais do que 1 já não pode, tá bom?

Enquanto as empresas intimadas a recolher os lotes dos produtos contaminados asseguravam ser zelosas quanto ao controle de qualidade, “presente em todas as etapas, desde o cultivo da lavoura até a saída da mercadoria”, ou que nunca, jamais, em tempo algum, abriram mão de seu compromisso “com o cumprimento rigoroso de todas as normas de segurança dos alimentos e padrões de higiene”, a Anvisa tratava de por os indefesos consumidores a corrente dos limites de “porcarias aceitáveis” na elaboração dos produtos. A “tabela” apresentada provavelmente nocauteará pessoas de estômagos sensíveis.

Queiram, por gentileza, anotar alguns exemplos liberados de “limites toleráveis (exceto ácaros)” aplicáveis a alimentos: frutas desidratadas (exceto uva passa) – 25 fragmentos de inseto em 225 gramas; uva passa – 25 fragmentos de insetos em 225 gramas e 1 pelo de roedor também em 225 gramas; doce em pasta e geleia de frutas – 25 fragmentos de insetos em 100 gramas; farinha de trigo – 75 em 50 gramas; farinha de milho e fubá – 50 em 50 gramas; massas alimentícias, biscoitos, produtos de panificação e de confeitaria – 225 em 225 gramas; café torrado e moído – 60 em 25 gramas; canela em pó – 100 fragmentos de insetos em 50 gramas e 1 fragmento de pelo de roedor em 50 gramas; orégano – 20 fragmentos de insetos em 10 gramas, 1 fragmento de pelo de roedor em 10 gramas e 20 insetos inteiros em 10 gramas; pimenta do reino moída – 60 fragmentos de insetos em 50 gramas e 1 fragmento de pelo de roedor em 50 gramas; chocolates e produtos achocolatados – 10 fragmentos de insetos em 100 gramas e 1 de pelo de roedor em 100 gramas; molhos, purê, polpa, extrato, tomate seco, tomate inteiro enlatado, catchup e outros derivados do tomate, 10 fragmentos de insetos em 100 gramas e 1 de pelo de roedor em 100 gramas.

Tá danado. Dá procês? Cotas de insetos e roedores por alimentos, soda cáustica em leite, anabolizante na carne, partículas de estrôncio na atmosfera...

Valha-nos Nossa Senhora da Abadia da Água Suja!


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Convite aos amigos
Do Blog do Vanucci

Quinta-feira próxima, dia 18 (dezoito) de agosto, às 17 (dezessete) horas, na Academia Mineira de Letras, rua da Bahia, nº 1466, Lourdes, Belo Horizonte, haverá uma palestra sobre a vida e obra do grande escritor Mário Palmério, cujo centenário de nascimento está sendo celebrado. O Acadêmico José Humberto Silva Henriques, da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, será o palestrante. A promoção é coordenada pelo Acadêmico Rogério Faria Tavares, da AML. Convidamos os amigos do Blog a participarem desse evento.



MARCO ANTÔNIO PETIT

fez palestra no Fotrans




O Fotrans (Fórum Permanente de Estudos sobre Fenômenos Transcendentes) trouxe a Belo Horizonte o escritor Marco Antônio Petit, reconhecido nacionalmente como grande pesquisador na área ufológica.
Ele fez uma palestra para plateia numerosa no sábado, dia 6 de agosto, na Fumec.


A exposição versou sobre o intrigante “caso Varginha”. Petit autografou, na oportunidade, exemplares do livro que escreveu a respeito do assunto.



Energia bem brasileira
Cesar Vanucci 

“Como é que vocês conseguiram montar um espetáculo tão grandioso?”
(Pergunta de um belga sisudo, cara de poucos amigos, a uma jovem brasileira residente há anos em Bruxelas. Segundo a moça em depoimento para a televisão, no dia seguinte à abertura da Olimpíada o referido cidadão, vizinho que nunca lhe havia dirigido a palavra, sequer para cumprimentá-la, abriu-se num sorriso cúmplice ao fazer a pergunta)

Silêncio. Pausa prolongada e amadurecida para alentadoras reflexões. Empenho em manter sintonizados os aparelhos de percepção pessoal nos positivos eflúvios desta hora de revigorante encantamento. Tratemos de nos assenhorear com lucidez, serenos e altivos, vez pra sempre, da certeza de que nossa vocação para um destino de grandeza acha-se indesviavelmente traçada.

Nada demais repetir a comparação feita, dias atrás, neste mesmo espaço frequentado por condescendentes leitores. A repetição, como sublinhava Napoleão, é a melhor retórica. O Brasil é que nem o mar. Contemplando-se o mar não há como falar apenas dos enjoos provocados por circunstanciais travessias de curta duração.

Um país capacitado a promover manifestação cultural tão extraordinária, com o incomparável esplendor projetado naquele festivo momento da abertura dos Jogos Olímpicos, não tem como se deixar emaranhar nas teias inglórias do negativismo, da desesperança. Emudeça-se, pois, o desalento. Afugente-se a cantilena derrotista. Um poder mais alto se alevanta. O que foi mostrado ao mundo na abertura da “Rio 2016” não consistiu apenasmente num fulgurante espetáculo, numa requintada proeza, nunca dantes vista na história do entretenimento artístico. A festa que lavou a alma das ruas e encheu de orgulho cívico o coração brasileiro foi uma afirmação cultural transcendente, de conotação política em sua acepção mais nobre. Passou ao mundo, num visual deslumbrante, espetacularmente belo, alegre e musical - como reconhecido nos aplausos arrancados mundo afora -, uma poderosa mensagem social. Um recado consciente, pleno de conteúdo humanístico e espiritual, harmonizado com os mais legítimos anseios universais. A mensagem transmitida aos homens de boa vontade em todas as latitudes deste planeta azul foi a de que existe uma perfeita identificação entre as aspirações que povoam os lares brasileiros com os valores mais significativos do processo civilizatório. No deslumbrante visual mostrado na inauguração da Olimpíada, um entrelaçamento perfeito de poesia, cores e ritmos autenticamente brasileiros - que faz de nosso país a fonte matricial mais rica da musicalidade universal -, falou-se de tolerância, de respeito amplo, geral e irrestrito à Natureza, às diversidades em todos os planos das relações humanas. Falou-se de solidariedade social como instrumento indispensável na preservação da dignidade e construção do bem estar comunitário. A mensagem não deixou ainda de traduzir o sentimento positivo empregado pelo povo brasileiro ao confrontar a realidade, mesmo quando esta se revele cruel, em consequência, como ocorre agora, de gritantes descompassos políticos, clamorosos desvirtuamentos nas ações administrativas, geradas por esquemas políticos perversos.  

“São coisas que a gente não consegue encontrar em nenhum outro lugar do mundo!” Foi o comentário ouvido de um jornalista estrangeiro, revelando-se extasiado com o desfile de imagens e o simbolismo do espetáculo no Maracanã na noite de 5 de agosto. Ele se referiu com toda a certeza às imensas energias que os brasileiros carregam dentro de si, com seu inconfundível jeito de ser, superando adversidades, enfrentando vicissitudes, combatendo com firmeza a corrupção, rechaçando propostas das lateralidades ideológicas incendiárias, celebrando permanentemente a vida. Energias que ajudam explicar, por um lado, a estupenda manifestação cultural cantada em verso e prosa no mundo inteiro, e que, por outro lado, servem de inspiração a que a Nação, sempre receptiva ao progresso, possa desvencilhar-se, o mais rapidamente possível, com sabedoria, dos aflitivos problemas políticos deste momento, que tanto afetam a retomada do desenvolvimento econômico e social ardentemente almejada por todos.


A eterna comédia humana

Cesar Vanucci

“Alternância de poder só é essencial à
democracia quando meu adversário está no poder.”
(Do “Dicionário eleitoral para ingênuos”, de Nirlando Beirão)


O jornalista Nirlando Beirão, que do pai, dinâmico dirigente empresarial, herdou além do nome a inteligência vivaz, bolou tempos atrás, vésperas de eleição, um “Dicionário eleitoral (para ingênuos)”. O dicionário enfeixa saborosas interpretações da semântica predominante em campanhas políticas. O texto, de requintada mordacidade, estampado na apreciada revista “CartaCapital”, configura capítulo bem humorado  da infinita comédia humana. Cada trecho projeta personagens e situações bastante manjadas da história política escrita todos os dias. A situação política, se já não fosse pela proximidade de mais uma estimulante pugna eleitoral, confere ensancha oportunosa à divulgação de alguns conceitos e informações transmitidos no trabalho, naturalmente adaptados para o espaço desta singela crônica.

A “alternância do poder” – eis aqui frisante resumo do trabalho - só é essencial à democracia quando o adversário está no poder. Alternância só se faz necessária, por conseguinte, quando se está fora do poder. Caso contrário, atrapalha pacas o aperfeiçoamento da democracia...

A propósito do “aparelhamento do Estado”, é sublinhado que os adversários costumam nomear apaniguados. “Nós”, pelo contrário, valemo-nos sempre, num preenchimento de cargos, dos melhores quadros técnicos, gente de bem, de notório saber e reputação ilibada. Se, porventura, alguém por nós nomeado for pego com a “mão na cumbuca”, espera lá, isso não passa de equívoco a ser futuramente esclarecido. Ou caso de cooptação estimulado pelo clima corrupto instaurado, naturalmente, pelos adversários...

No tocante à “corrupção”, fica claro que são os outros que a praticam de forma perene. Trata-se de prática entranhada nos governos... dos outros. Infelizmente, a corrupção às vezes ganha fatos comprovados, nomes ilustres de gente do nosso lado. É bom ficar sabendo, nessa hipótese, que há corruptos e corruptos. Os dos partidos adversários expõem uma maquinação coletiva, um assalto aos cofres públicos. Já os nossos representam incidentes isolados, sem qualquer relação com as práticas e princípios de nossa imaculada agremiação...

No que concerne a “coligações e governabilidade”, o registro constante do dicionário pode ser assim sintetizado: seu partido, no poder ou em disputa eleitoral, consegue seduzir legendas de aluguel visando teia de alianças convenientes para garantir a governabilidade ou engrossar o tempo no horário eleitoral gratuito? Parabéns, você é uma figura de arguta sensibilidade política, negociador de fino trato. Seu adversário fez o mesmo? Ponha a boca no trombone. Denuncie a falta de escrúpulos, a atroz barganha de princípios por conveniências mesquinhas, da honradez pela ambição...

Diante das “crises internacionais”, o comportamento usual dos políticos é explicado assim, resumidamente, no estudo: as crises servem de justificativa para governos amigos. Se as coisas andam mal, a culpa deve ser imputada ao cenário externo. Inverte-se a lógica no caso dos adversários, obviamente. Se a gestão adversária vai bem, as condições internacionais a favoreceram. Caso se saia mal, é resultado exclusivo da incompetência do detentor do poder...

O assim chamado “choque de gestão” é traduzido no estudo por medidas desse teor: corte de salários, demissões em massa, diminuição do investimento público, tudo com base na marota teoria de que o Estado mínimo é Estado eficiente. O verbete nada fala do “déficit zero”, umbilicalmente ligado ao “choque de gestão” que, aqui pelas bandas das Gerais, como sabido e notório, desembocou num déficit nas contas públicas de apenas 80 bilhões...

No item sobre “marqueteiros” é enfatizado que se deve atribuir à sua ação mistificadora o sucesso do adversário em eventuais pesquisas de intenção de votos. A marquetagem praticada em nossas hostes, naturalmente dentro de princípios éticos, não utiliza técnicas artificiais de persuasão ou maquiagem mercadológica...


E, pra finalizar este artigo, mais um registro resumido de um dos itens arrolados no dicionário composto pelo talento do Beirão. “Deus”: todos os candidatos dizem ter fé. Os mais fervorosos são aqueles que não acreditam.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016



Alucinatórias interpretações do universo


Cesar Vanucci

“O que está no céu é igual ao que está na Terra.”
(Hermes Trismegisto)

Aceito, com absoluta tranquilidade de espírito, mesmo confrontando a alegação da ciência de não haver ainda reunido evidências concretas a respeito, a intrigante ideia da pluralidade de mundos povoados de vida inteligente no infinito cósmico. Não me entra pela cabeça, definitivamente, a tese de que este nosso minúsculo planeta azul, uma gotícula d’água na inimaginável imensidão oceânica, possa ser a morada exclusiva de seres providos de razão (será que é bem assim?), emoção e criatividade. Imagino que o futuro próximo reserve aos cientistas a esplendorosa chance de colecionarem as provas que faltam para o reconhecimento dessa realidade.

A crença que nutro acerca da existência de vida fora de nosso turbulento habitat me conduz, também, de quando em vez, a reflexões em torno das reações comportamentais humanas, algumas muito estranhas, em relação ao que nos circunda no espaço próximo, ou no espaço mais longínquo.

No curso da história têm sido numerosas as demonstrações de arrogância provindas das reações dos sempre atuantes “donos da verdade”, encastelados na sede do poder em épocas diferentes, diante dos arcanos do mundo exterior. Um exemplo famoso vem daquele período marcado por pesado obscurantismo cultural em que Galileu Galilei, por “condescendente” decisão de seus julgadores, foi arrastado à “prisão domiciliar”. Segundo os conceitos científicos, com sólida escora religiosa, dominantes na época, a Terra era um ponto fixo no universo. Ao seu redor giravam disciplinadamente o sol, os planetas, as estrelas, por aí.

O genial cientista revelou, num dado momento, para escândalo geral, que as coisas não eram bem assim. Foi piedosamente intimado a desdizer-se. Caso contrário... Menos afortunado, Giordano Buno não conseguiu safar-se, jeito maneira, das labaredas sagradas. Condenaram-no à expiação dos crimes hediondos cometidos. Também pudera! O frade rebelde sustentava conceitos, os mais heréticos, acerca do funcionamento da mecânica celeste. Acreditava, por exemplo, não se envergonhando da sacrílega crença, na pluralidade de vida nos planetas.

O bem informado leitor sabe tanto ou mais do que eu que estes 2016 anos de civilização estão atulhados de ocorrências parecidas, provocadas pelo fanatismo com suas visões distorcidas e cruéis. Os doutos de hoje já não mais condenam à fogueira, pelo menos em boa parte do planeta, pessoas que discordem das teorias solidamente assentadas sobre o que ocorre, lá em cima e cá embaixo, nas vastidões do firmamento. Mas conservam intata a arrogância. Carregam inteira a certeza de que, aqui mesmo na Terra é que continuam sendo traçadas regras e exercida alguma espécie de controle sobre os destinos cósmicos.

Quando o ser humano teve acesso à tecnologia nuclear, utilizando-a, para não fugir ao padrão, com fitos obviamente bélicos, um amalucado qualquer, com assento no conselho dos “senhores da guerra”, aventou a possibilidade da realização de experiências com artefatos bélicos na lua. A incrível ideia não foi levada avante. Mas, de modo geral, foi recebida com naturalidade. Com a sensação confiante de que o nosso satélite pudesse ser mesmo utilizado como uma espécie de “quarto de despejo” para fins os mais variados. Algumas semanas atrás, por sinal, correu mundo a notícia de que a agência espacial estadunidense e algumas corporações empresariais estavam estudando a exploração futura das “prováveis jazidas minerais” do satélite.

É de registro recente ainda uma outra ruidosa manifestação, esta sem efeitos belicosos, da embriagante autossuficiência do ser humano em suas alucinatórias interpretações do universo desconhecido. Num conclave internacional, astrônomos renomados entenderam de lançar um édito, proclamando simplesmente, por “a” mais “b”, que o distante e, até aqui, inacessível Plutão deixou de ser um planeta. E “tamos” conversados.
Diante da notícia, pus-me a matutar, cá com os botões de meu pijama listrado, numa noite de céu estrelado, fixando como sendo Plutão um ponto luminoso qualquer do firmamento, como é que uma decisão dessas poderia vir a ser recebida num eventual conselho intergaláctico de sábios? Concebi assim a cena: transmitida a desnorteante informação, alguém entre os sábios provavelmente pediria da palavra para dizer, tom caridoso na voz, o seguinte: “É, esses humanos não se emendam...”


Façam seus jogos, senhores!

Cesar Vanucci

"A hipocrisia é a homenagem que 
a corrupção paga à probidade."
(La Rochefoucauld)


Nada de rodear toco. Direto ao assunto. Eu não "se" dou bem com jogo, como diria folclórico retireiro do sítio de amigo em Macacos. Querem saber outra? Sinto total desconforto no interior de um cassino, ou de qualquer outro ambiente enfumaçado e enregelante onde baralhos, cartelas, roletas, dados e fichas, com o concurso de empertigados crupiês, exerçam poder de sedução pra cima da fervorosa legião dos aficionados em apostas. E olhem que na única vez na vida em que resolvi introduzir uma moeda na greta de um caça-níqueis o aparelho descarregou, para agradável surpresa, todo o conteúdo de moedas na bolsa que carregava. Foi num cassino em Katmandu, Nepal. Recolhi a bolada e me mandei, indiferente às ponderações à volta de que não deveria arredar pé do local já que a sorte estava soprando forte a meu favor.

Vou mais longe: considero extremamente tediosa, como passatempo, uma simples e inofensiva mão de “buraco” no recesso doméstico. Fico sonolento, tanto quanto diante de corridas de fórmula 1  ou fórmula indi mostradas na televisão, se me aventuro a acompanhar a movimentação das cartas. Essa idiossincrasia, ou que outro nome se aplique ao fato deste amigo de vocês não ser ligado no chamado “jogo de azar”, não me retira, contudo, o ânimo de arriscar, vez por outra, uma fezinha na mega-sena acumulada. Bem entendido, desde que a fila na lotérica não esteja muito espichada.

Definido este posicionamento, confesso, em boa e lisa verdade, considerar inócua, desprovida de bom senso, a resistência oferecida por alguns setores ao propósito, quando em vez anunciado, alardeado novamente em dias recentes por inspiração governamental com apoio parlamentar, de regulamentar algumas modalidades de apostas. Tal resistência, mesmo quando inspirada em reta intenção (desapartada, tá na cara, da realidade), ajuda a estender ampla cortina de fumaça diante de uma realidade que a hipocrisia social e o farisaísmo teimam desconhecer. Dizer que no Brasil o “jogo é proibido”, como se assevera há decênios, é favorecer a propagação, com intuitos sibilinos, de deslavada mentira. Ou se preferirem, uma lorota boa, como diz conhecido estribilho musical.

Se o que existe, espalhado do Oiapoque ao Chuí, não merece ser pudica e oficialmente classificado como jogo, que denominação então se atribuir às incontáveis versões de jogos bancados, quase que diariamente, pelas loterias, instituições beneficentes, clubes recreativos e, ainda, na moita ou escancaradamente dependendo da hora e do lugar, por agremiações esportivas ou outras quaisquer engajadas no rendoso negócio do bingo? Com o célebre "jogo do bicho", originário dos tempos do Império, acontece algo, pra dizer o mínimo, desnorteante. O “bicho é proibido”, não é mesmo? Mundão de gente assegura tal coisa, solenemente, com a mão no Código de Contravenções e uma piscadela marota no olhar. Mas é mole, mole, mesmo para não apostadores contumazes, apontar-se sem vacilações os numerosos pontos espalhados por toda a vastidão territorial brasileira onde os palpites são religiosamente recolhidos, do primeiro ao quinto, duas ou até três vezes por dia. Esse aí é um dos inúmeros jogos operados em larga escala, apesar de “não regulamentados”, sabe-se lá por quais insondáveis (e tilintantes) razões. A situação dos cassinos é parecida. Funcionam em alguns locais de afluência turística com amplo, geral e irrestrito conhecimento comunitário. E não é que acontece o mesmo com o chamado carteado de aposta alta? É também “proibido”, mas não deixa de ser atração em clubes grã-finos. Como nas outras versões de jogo acima citadas, nenhuma receita, sob forma de taxas, entretanto, carreia... para o erário.

Dentro de um contexto psicodélico desses, quer me parecer destituída de sentido a obsessiva implicância cultivada em alguns redutos quanto à denominada “legalização do jogo”. A abertura de cassinos, a regulamentação do bingo, a regulamentação do jogo de bicho são medidas recomendáveis do ponto de vista do interesse econômico, turístico e social. No mundo inteiro, a começar por países limítrofes do Brasil, inseridos marcantemente no fluxo do turismo brasileiro que demanda outras plagas, o jogo é fonte de atração, proporcionando postos de trabalho e renda de apreciável monta. Expurgando-se dessas modalidades de apostas eventuais mazelas de origem, decorrentes da clandestinidade hoje vigente, colocados a funcionar sob a égide de órgãos públicos confiáveis, essas atividades, além da abertura de frentes de trabalho, com realce também para o setor do entretenimento artístico, absorverão para o país recursos consideráveis. Recursos a serem convertidos, como acontece por aí afora, em iniciativas de conteúdo social. Nosso país clama muito por tudo isso, por empregos e realizações de proveito social.






DISCURSO DA ACADÊMICA ELIZABETH RENNÓ, PRESIDENTE DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS, EM MINHA POSSE COMO PRESIDENTE DA AMULMIG

Reproduzimos na sequência a integra do esplêndido pronunciamento da acadêmica Elizabeth Rennó, primeira mulher a presidir Academia Mineira de Letras, na solenidade de posse em que fui investido das funções de presidente da Academia Municipalista de Letras de Minas  Gerais (Amulmig), dia 19 de julho de 2016.
                                                       
“A 8 de abril de 1963, por um grupo de intelectuais, tendo à frente Alfredo Viana de Góes, foi fundada a Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais.
Alfredo de Góes, o fundador, foi o marco primeiro de um conjunto literário, amplidão que se compõe de representantes de municípios mineiros, brasileiros e do exterior.
A alma, a inteligência criativa e o valor de Alfredo Marques Viana de Góes, expressos em sua obra, sob o pseudônimo de H. Buyutrago de la Contria, caracterizam a sensibilidade do autor.
Alfredo foi exemplo de participação, na literatura, no trabalho, pelo entusiasmo que nunca o abandonou e o incentivou a diplomar-se em Direito, já entrado em anos.
É este o objetivo da nossa Municipalista herdado de seu fundador, seguir os caminhos da Literatura, do Humanismo, da Cordialidade, como templo de luz e de trabalho.
Outros intelectuais perseguiram a exploração da palavra nos textos e nos poemas construindo o corpo acadêmico.
A Comunidade da Amulmig destaca-se pela integração de seus membros, o que torna as Sessões Literárias um encontro cordial e amigo.   
A sede atual foi conseguida pelo esforço e persistência do ex- Presidente Jésus Trindade Barreto e da Professora e Deputada Marta Nair Monteiro, junto ao Governo Municipal.
O que era, a princípio, uma casinha rodeada de árvores centenárias, apresenta-se hoje como a sede da Amulmig, agradável, bem conservada, ampliada, acolhedora.
O segundo Presidente de nossa Academia foi Tasso Ramos de Carvalho, que, apesar do pouco tempo à frente do mandato assumido, realizou tarefa eficiente, conservando os legítimos interesses e a tradição de nossa entidade.
Jésus Trindade Barreto assumiu a Presidência da Amulmig em dois mandatos: o terceiro e o quinto, dignificados por um comando digno de sua postura realizadora.
O quarto Presidente foi Luiz Carlos Abritta, que abriu as portas da realização literária, com sua programação exemplar para a divulgação e a manutenção do egrégio cultivo de cultura, nos oito anos que esteve à frente deste trabalho construtor.
Após o Presidente Jésus Trindade Barreto, assumi este honroso posto há oito anos, tendo sido empossada como Acadêmica em setembro de 1990.
Procurei, com as bênçãos de São Francisco, nosso Patrono, exercer o fazer literário pela fraternidade e união entre os nossos Acadêmicos, na doação da palavra, instrumental primeiro para um labor consciente.
Sob a luz do Espírito Santo, desejamos que a imortalidade que coroa o nosso mister seja a da benemerência, da caridade e do dever cumprido.
Agradecemos os bens que nos foram concedidos.
As pedras do caminho já se foram. Elas também nos favoreceram. Os obstáculos, os desencontros e as tristezas são instrumentos que contribuíram para o crescimento e a fortaleza do caráter.
Longe de ser um organismo apático e desinteressado pelo mundo que o rodeia, as Academias de Letras têm como escopo, gravado no seu Compromisso de Posse, o pugnar pela pureza do idioma pátrio, procurando sempre os sítios do Bem, do Belo e da Verdade. A Língua é a nossa Pátria, digna em seu exato e claro desempenho, interpretada pelo nosso trabalho literário e acadêmico, louvada em ação participativa.
As Academias de Letras serão anacrônicas, reuniões de literatos em desfile de apresentações, se não perseguirem a objetivação de um crescimento global produtivo, envolvendo as várias áreas do conhecimento e do florescimento do ser. Da criação, a partida é dada pela reflexão e pela visão crítica de um pensar mais profundo.
Uma academia repetitiva em suas reuniões apresentadas como mero desfilar de autores não encarna aquela totalidade de que nos fala Henry James ao definir o texto como “um ser vivo, contínuo e uno e como um corpo, seus elementos devem funcionar em integração.”
A Academia Municipalista procura desenvolver o seu trabalho na procura de ascensão para todos os seus membros, com a promoção de palestras, concursos e estímulo para publicações.
O nosso Boletim anual, desenvolve um exercício criativo e estimulante incrementando a publicação das obras de seus acadêmicos; o Boletim da Biblioteca instrui e favorece o conhecimento de áreas educativas e literárias, além de resgatar a memória histórica da Academia.
O nosso trabalho representa o propósito que parte de um cotidiano e se transpõe pela palavra a patamar mais elevado procurando preservar a memória histórica e perseguindo os valores constitutivos de consciente modernidade, traduzida pelo exercício do social em prol dos ideais da comunidade em suas necessidades globais.
Temos o dever de plantar a semente da confiança no futuro brasileiro. É imperiosa a nossa contribuição, como artífices do fazer literário, na divulgação de páginas de conteúdo formativo para que se ilumine a escuridão vivencial.
Tornamo-nos educadores.
A Cultura é inseparável da Educação. Para Cecília Meireles, a Educação deve ser voltada ao sentimento humanístico. E acrescenta os conceitos sobre os verdadeiros educados: os que sabem, os que creem, os que agem, os que não vacilam diante de nada, porque não desservem a um ideal que é o seu, os que jamais seriam capazes de trocar um pequeno interesse coletivo por um grande interesse próprio; os que não vergam, os que não suplicam, os que não mentem e os que não temem.
Segundo Paulo Freire, a educação só pode ser encarada como um quê fazer humano, o que remete a uma ação humanística. Será cada vez mais libertadora esta ação quando encarar o homem como pessoa.  
Depreende-se que os homens se educam a si, mediatizados pelo mundo, a partir de uma posição reflexiva crítica, tanto do educando quanto do educador, em consciente fazer humano.
Educação não se separa de Cultura, são interdependentes no seu propósito de que educar é imprescindível aliada do desenvolvimento ético e humanista.
O território acadêmico é constituído pelos postulados educacionais. É o que fazem as Academias de Letras, posicionando ensinamentos através de palestras, seminários, sessões literárias: disseminam Cultura.  
A história da Municipalista é a história de Minas Gerais, traduzida pelo universo que compõe o seu conjunto de membros ilustres, de representantes de municípios de todo o Brasil, e de outros países, que constroem o corpo literário da entidade.
A Palavra é o instrumental de um escritor, que a maneja na concretização de seus ideais literários.
Que a nossa palavra esteja voltada para as exigências da matéria e do espírito, na acepção tomista de que o ser é composto de corpo e alma. Nesta dicotomia, é preciso separar o joio do trigo visando ao crescimento do ser.
É a Cultura, através da Educação, que forma o caráter de um apreciador de livros e postulados literários.
Aqui, na nossa querida Amulmig, florescem Cultura, Educação, Ética, Ensinamento. E mais, o mais precioso e fraternal acolhimento em sessões qe se tornam fontes de saber, pela contribuição de seus componentes no trazer textos poéticos e trechos prosaicos, ricos de conteúdo em direção ao Bel
Presidente César Vanucci, faço-lhe hoje a entrega de um bem muito precioso para mim: a direção da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais.
Nos oito anos em que a presidi, e nos anos em que participei de seus quadros, muitas riquezas foram acrescentadas ao meu currículo. Além de conduzir esta plêiade de escritores, zelar pela  nossa sede com reformas, decoração do ambiente e do paisagismo, controlar e preservar o nosso patrimônio físico e financeiro, reformar o Estatuto e o Regimento da entidade, acompanharam-me a Amizade e a Fraternidade neste trajeto.
Muitos foram os oradores ilustres que nos brindaram com palestras, inseridas na História de Minas Gerais, na Poesia, na Literatura, nas Ciências Humanas. A Música, a decoração natalina sempre artística, as comemorações tradicionais e obrigatórias pelo Estatuto, como as datas do aniversário, o dia de São Francisco, nosso Patrono, as Sessões Solenes de Posses, a lembrança de nossos acadêmicos falecidos, os acontecimentos que povoaram estes últimos anos, são constituintes da história cívica e cidadã da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais.             
É este tesouro que conservo no coração e que lhe passo, esperando que seu desempenho à frente desta entidade, conserve e reanime esta convivência amena e fraterna.
Presidente Cesar Vanucci, espero que sua ação presidencial seja coroada pelo brilhantismo e pela competência, que lhe são peculiares, junto a esta missão sagrada. “

A SAGA LANDELL MOURA

Uma mulher rodeada de palavras

                             *Cesar Vanucci “Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania de ter fé na vida” (verso da canção “M...