quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Amor Total

 


Amor Total

                                                        * Cesar Vanucci

 

“Ame até doer.” (Madre Tereza de Calcutá)

 

Com este poemeto, faço chegar aos distintos leitores meus votos de boas festas, um natal e um ano novo venturosos.

 

Natal, poema de nazarena suavidade; / Instante predestinado com timbre de eternidade. / Festa do amor total! / Cântico de amor pela humanidade. / Exortação solene à fraternidade. / Festa do amor total!

Mensagem que vem do fundo e do alto dos tempos, / A enfrentar, galharda e objetivamente, os bons e os maus ventos. / Amor pelas coisas e amor pelas criaturas, / Serena avaliação das glórias e desventuras...

Um cântico de amor total! / Amor pelo que foi, /Pelo que é e será. / Quem ama compreenderá!

Cântico de fé e de confiança; / O amor gera sempre a esperança. / Quem ama compreenderá! /Amor que salta da gente pros outros; / Amor que procura compreender os humanos tormentos, / Os pequenos dramas e os terríveis sofrimentos, / As tristezas dilacerantes e as aflições incuráveis. / Os instantes de ternura que se foram, irrecuperáveis./

Amor que procura entender / Pessoas e coisas como são. / E não como poderiam ser. / Quem ama compreenderá! / Amor que soma e fortalece. / E não subtrai e entorpece. / Visão compreensiva das humanas deficiências e imperfeições... / Aquele indivíduo sugado pelo desalento. / Aquele outro, embriagado pelas ambições... / O enfermo desenganado. / O menor desamparado. / O chefe prepotente, / O empregado indolente, / O servidor negligente, / O grã-fino insolente, / O moço inconsequente, / O orgulho de gente / Que não é como toda gente...

Não esquecer as pessoas amargas e solitárias, / As criaturas amenas e solidárias. / Os homens e as mulheres com carência afetiva, / A mulher que, como esposa, se sentiu um dia Amélia, / A infeliz que da prostituição se tornou cativa.../ O rapazinho esquisito, / A mocinha desajustada, / O pai que, de madrugada, / Espera pelo filho, insone e aflito.

Amor que possa envolve amigos e inimigos / E que se dá a todos os seres vivos. / Sempre e sempre, interpretação misericordiosa e serena do cenário humano. / O jovem revoltado, / O político ultrapassado, / O servidor burocratizado, / O boêmio, desconsolado e sem rumo, / que vagueia só pela madrugada. / O irmão oprimido e desesperançado, / O favelado humilhado, / O individuo fanatizado.

Compreensão para com essa mocidade de veste berrante, / De som estridente, / Que se intitula pra frente.../ Compreensão também diante da geração que se recusa a aceitar o comportamento jovem do presente... / Solidariedade para o que crê nas coisas em que acreditamos. / Tolerância absoluta para o que acredita fervorosamente em coisas das quais descremos.

Amor sem ranço e sem preconceito, / Que dê a todos o direito / De se intitularem irmãos... / Irmão cristão, irmão budista... / ... de se intitularem irmãos / Irmão palestino, irmão judeu... / ... de se intitularem irmãos / Irmão atleticano, irmão cruzeirense... / ... de se intitularem irmãos / A se darem as mãos / Para se intitularem irmãos...

Acolhimento à mãe solteira, / Protegendo-a dos que a picham, em atitude zombeteira. / Benevolência para com o profissional fracassado que não fez carreira. / Aplicação de critérios de justiça e caridade na análise da postura daquele que feriu enganando / E daquele que maltratou negando / Do que machucou informando e do que magoou sonegando informação.

Amor sem conta. / Amor que conta. / Amor que se dá conta / Da palavra terna com feitio de oração. / Do gesto desprendido com jeito de doação./Amor por toda a criatura, / A desprovida de ternura / E a cheia de candura. / Visão apaixonada do mundo do trabalho. / O idealizador da espaçonave, / O varredor de rua, / O pesquisador em laboratório / E o cidadão que trata feridas em ambulatório / O bombeiro que conserta esgoto – que profissão nem sempre é questão de gosto./ Amor que procure compreender/Pessoas e coisas como são, /E não como poderiam ser. / Como são... / E não como poderiam ser.

De tudo sobra a certeza de que o importante na vida / É entender o sentido deste recado: / O Amor total, / Mensagem definitiva do Natal!

 

Jornalisata (cantonius1@yahoo.com.br)


O presépio da vovó

 

                                     

               Cesar Vanucci *


"Natal (...) industrializaram o tema, eis o mal."

(Carlos Drummond de Andrade) 



O presépio da vó Carlota era um primor. O mais arrumado da rua, a nos louvarmos na opinião dos vizinhos. Ocupava quase a metade da sala de visita. A mesa de jantar, de razoável dimensão, recoberta de sacos de aniagem e papel pardo de textura encorpada, servia de suporte. Já o guarda-louças do conjunto precisava ser remanejado para um dos quartos, mode não atrapalhar o deslocamento dos interessados em apreciar a arte e engenho empregados na montagem. Vovó Carlota preparava tudo no capricho. Despejava na empreitada o mesmo ardente fervor que punha nas práticas de religiosidade que lhe conferiam, no conceito de tanta gente, a fama de santa criatura. Ao longo de vários decênios, diariamente, de manhãzinha, acompanhada das filhas Nenê e Luzia, subia a ladeira que desembocava na bela Igreja, toda revestida de pedra tapiocanga, de São Domingos, a fim de participar das missas dos dominicanos. A cena ganhou carinhoso registro na memória uberabense. A tal ponto que acabou sendo transposta por Mário Palmério para as páginas do "Chapadão do Bugre". Antes porém, de retornar à história do presépio, quero contar algumas coisas mais a respeito de minha avó paterna. Essa mulher maravilhosa, presepeira criativa, amealhou em vida considerável crédito, embora humilde e pobre, pelas muitas ações, executadas no anonimato, em favor dos desvalidos. Fez parte na caminhada pela pátria terrena, sem dúvida, do mundo invejável dos corações fervorosos, um tipo de gente que engrandece a espécie. Quando adolescente, deslumbrado, descobri a poesia de Manoel Bandeira, deparei-me com texto que se encaixa admiravelmente em seu perfil. É aquele em que o poeta fala da presença na porta do céu de uma anciã carregada de dons. São Pedro, vendo-a, vai logo dizendo: - Você não precisa pedir licença pra entrar!

Volto, agora, ao presépio para explicar que aquela representação simbólica do Natal, com seu mágico fascínio, respondia à aspiração de pessoas afeiçoadas a estilo de vida singelo de comemorarem condignamente, no âmbito familiar, a data mais significativa do calendário. Era desmontado depois do "dia de Reis". A introdução das figuras centrais no cenário sagrado só acontecia depois da célebre "missa do galo", na volta de vó Carlota da igreja. As efígies dos reis magos e a decoração correspondente à reluzente "estrela de Belém" iam sendo paulatinamente deslocadas, a cada manhã, em sua trajetória na direção da manjedoura, até o dia do encontro devocional histórico narrado nas crônicas do comecinho cristão. No mais, a comemoração daqueles tempos, de hábitos consumistas parcimoniosos, costumava abranger ainda, com todos reunidos, a tradicional ceia ou, no dia seguinte, almoço na base de frango recheado e arroz de forno. Sem libações alcoólicas, tá claro. E, também, na parte do ritual atribuído à criançada, sobrava para cada qual a grata obrigação de deixar os sapatos no presépio para que Papai Noel, quando a casa mergulhasse em sono profundo, largasse os presentes trazidos na carruagem puxada por renas.

 

Tudo diferente das comemorações destes tempos de hoje, de consumismo voraz, em que a marquetagem cria, com frenética desenvoltura, espaços para erigir como símbolos natalinos o peru da Sadia e o chester da Perdigão.

 

Uma baita saudade!

 

 

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

 

sábado, 16 de dezembro de 2023

Sabatina de Dino e de Gonet.

 

 

*Cesar Vanucci

 Derivado do respeito que nutro pela política, afirmo que tenho a exata dimensão de que o Poder Judiciário não deve criar lei.” (Ministro Flávio Dino, na sabatina do Senado )

  

1) Acompanhada com invulgar interesse pelos círculos jurídicos, políticos, mídia e opinião pública, a sabatina que habilitou Flávio Dino para Ministro do STF e Paulo Gonet para a PGR, revelou que o Governo acertou em cheio nas indicações encaminhadas à consideração do Senado. O titular da pasta da Justiça e o Procurador deram mostras cabais, nas entrevistas com os senadores, de saber jurídico e, pelas ideias expendidas, de perfeita adequação às funções que passarão em breve a exercer.

 Embora não nos pareça recomendável o procedimento adotado quanto à sabatina cumulativa para cargos diferenciados, provocado no caso em questão - ao que se disse - pela premência de tempo, as arguições transcorreram dentro de elogiável figurino republicano, enaltecendo nossos foros de cidadania. Merecem ser ressaltados, de modo especial, os debates travados pelos Senadores Sérgio Moro e Hamilton Mourão com o Ministro Flavio Dino. Foram pautados por tom respeitoso, numa boa fluência democrática, nada obstante as obvias divergências afloradas.

 Inusitada informação foi tornada pública quando do questionamento feito pelo Senador Flávio Bolsonaro à condição de Dino vir a integrar o colegiado do Supremo. O Parlamentar carioca afirmou haver recebido convite de seu pai, Jair Bolsonaro, então Presidente da Republica para candidatar-se a uma vaga na Alta Corte, considerando sua condição de advogado. A afirmação reavivou, na memória de muita gente, fato curioso, bastante comentado, ocorrido também no governo passado, quando um outro filho do Presidente teve o nome  sugerido, pelo próprio pai, para titular da Embaixada brasileira nos Estados Unidos...

 Flávio Dino escolhido para Supremo Tribunal Federal como ocupante da vaga deixada pela Ministra Rosa Weber, possui  um currículo reluzente. É Professor.  Na atividade política foi deputado, governador de Estado, Senador, além de Ministro da Justiça, cargo que continuará exercendo até fevereiro do ano vindouro, quando se dará a posse no STF. No plano jurídico atuou como juiz em diversas esferas do judiciário, tendo sido presidente de entidades de representatividade nacional dos magistrados. Mesmo em hostes adversárias prevalece a opinião de que se trata de  cidadão culto, combativo, dotado de tino administrativo e fluência verbal servida de notável bom humor. Seu nome tem sido cogitado para candidato a Presidência da República, mas ele descarta interesse pelo assunto, enfatizando que a opção feita pela magistratura significa categórico desengajamento da seara política.

 Paulo Gustavo Gonet Branco é apontado no âmbito do Ministério Público, como líder clarividente, corajoso e sensato.

 

2) Combustíveis fósseis - A Cop28, realizada nos Emirados Árabes, ofereceu alguns resultados que podem ser classificados como positivos, mas deixou para avaliação posterior interrogações perturbadoras. Os participantes desses importantes colóquios sobre as mudanças climáticas parecem encontrar sempre dificuldades muito grandes em definirem o futuro dos combustíveis fosseis, reconhecidos como escancarados vilões no tormentoso processo do aquecimento global. Em que pesem os reiterados compromissos dos países desenvolvidos no sentido de que adotarão, até 2030, medidas consideradas essenciais para se evitar o agravamento de uma situação que acena com perspectiva catastrófica, os esforços despendidos têm se mostrado, na verdade insuficientes. No recente conclave, muitas das discussões deixaram evidente o propósito dos países produtores de petróleo de alargarem as áreas de exploração no setor, o que é recebido pelos ambientalistas como uma contradição gritante entre o discurso e a prática.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Flagrantes momentosos

 


 

*Cesar Vanucci

“Atacamos a raiz do problema, sem se quer dar um tiro!”

(Ministro Flávio Dino, sobre a operação da PF )

 

 

1) Ações de Inteligência - O desmantelamento recente do esquema criminoso relacionado com o contrabando de armas representou auspicioso resultado de um melhor entrosamento dos serviços de Inteligência das forças de segurança do Estado brasileiro. A troca de informações de nossa Polícia Federal com órgãos estadunidenses e paraguaios do mesmo setor permitiu a detenção de perigosos delinquentes, aqui e alhures, bem como a apreensão de um verdadeiro arsenal e bens valiosos, embora o chefe mais graduado da facção, um argentino radicado no Paraguai, tenha escapado ao cerco policial. As ramificações do sistema já vêm sendo atingidas nas diligências efetivadas pelas autoridades competentes.  Com tais ações a PF e a justiça já conseguiram desfazer operações clandestinas que, seguramente conduzirão ao desmascaramento de figurões do crime organizado ainda não identificados. No Paraguai, como se noticiou, muitos agentes públicos em posições hierárquicas relevantes, participavam da organização responsável pelo contrabando das armas provindas do leste europeu. Na avaliação policial 40 mil armas podem ter sido comercializadas no curso de alguns anos ao valor estimado de 1 bilhão e 200 milhões de reais. A opinião pública coloca-se agora na expectativa de que outras operações de combate ao crime organizado cheguem, igualmente, a desfecho positivo.

 

 2) Vetos - A história se repete. No governo passado, o Ministro Paulo Guedes aconselhou o Presidente Bolsonaro a vetar projeto, aprovado pelo Congresso, estabelecendo regime de contribuição previdenciária diferenciado para setores produtivos que mais ocupam mão de obra. Bolsonaro vetou. Houve grita das entidades classistas e sindicais e o veto acabou sendo derrubado pelo Congresso. Agora, no atual governo, o Ministro Fernando Haddad recomendou ao Presidente Lula da Silva que vetasse projeto renovando até o ano de 2027 os efeitos da mesma proposta parlamentar. Lula fez o mesmo: Vetou. As reações de patrões e empregados foram, pela mesma forma, desfavoráveis ao ato presidencial. É o veto foi derrubado.

3) Seleção de futebol - Não acompanhei a transmissão do clássico Brasil X Argentina pelas eliminatórias da Copa Mundial de Futebol. Na manhã seguinte, procurei notícias do resultado da peleja, ouvindo pessoas ao meu redor. Para minha surpresa, ninguém soube dizer nadica de nada do evento. Absorvido em afazeres profissionais, só vim a ser informado dos dois vexames registrados, o de dentro e o de fora do gramado, na hora do almoço. Conclui, depois de amarga reflexão, que o nosso futebol não é mais aquele. Em grande parte, por conta das más performances do escrete, os torcedores não mais se empolgam como antigamente nos jogos da chamada  “equipe canarinho” . É só pôr tento no que acontece nas ruas e nos lares durante as partidas. O alarido festivo, o buzinaço alegre, o enfeite das janelas com bandeiras parecem ser coisas do passado. Esse “negócio” de escalar um time, para as competições, com atletas da “legião estrangeira” – só não vê quem não quer - não anda dando certo. O desempenho apático e a falta de entrosamento são mais que notórios. A “solucionática” para essa “problemática”, como diria o consagrado Dadá Maravilha, talvez seja montar seleção composta somente de jogadores que atuem nos campeonatos nacionais. Há curtos intervalos o time seria convocado para treinos e jogos que permitissem uma melhor articulação técnica e tática, como se diz na saborosa linguagem da crônica futebolística. Uma estruturação assim garantirá, certeiramente, atuações de melhor rendimento, compatíveis com a glória conquistada pelo futebol brasileiro no passado.

 

 

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

O caudilho de Caracas quer guerra

 


 *Cesar Vanucci

"uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra".

(Presidente Luiz Inácio Lula da Silva)

  

Dizer que Nicolás Maduro é imaturo é pouco. A rima pronta não define, com exatidão, seu perfil autocrático. Do auto de  embriagadora prepotência, o caudilho de Caracas apronta, volta e meia, muita confusão. Como agora nessa forçação de barra com o fito de alterar o mapa geográfico da América do Sul.

Baseado numa questão de limites, de mais dois séculos atrás, com a Guiana, antiga colônia inglesa, ele resolveu, inesperadamente, formalizar medidas descabidas, de caráter unilateral, com amalucado propósito de abocanhar 2/3 do território do país vizinho. Promoveu, de uma hora para outra, plebiscito fajuto na tentativa de conquistar apoio popular para a extravagante ideia da “atualização do mapa da Venezuela”. A manobra é visivelmente populista com enganosa tintura nacionalista. Depois de anunciar a anexação, na marra, da área localizada na tríplice fronteira Brasil-Guiana-Venezuela, já deu até nome à “nova” unidade da Federação Bolivariana e designou Militar graduado para o cargo de Governador.

Na visão de qualificados observadores, o que Maduro está levando a cabo é  jogo de cunho eleitoreiro voltado para intenção de conquistar novo mandato governamental em 2024. Faz parte do jogo, segundo as mesmas fontes, a anulação do poder de fogo dos adversários, como evidenciado na decisão da Procuradoria Geral da República ordenando, paralelamente aos atos anexatórios, a prisão de dezenas de adversários, sob a alegação de crime de lesa pátria, já que “teriam se oposto” ao referendo...

A encrenca criada por Maduro está preocupando as chancelarias dos países americanos e do Caribe, mormente o Itamaraty. O Presidente Lula, tanto na reunião recente do MERCOSUL, quanto em declarações aos veículos de comunicação, deixou evidente a posição Brasileira diante da abusiva pretensão da Venezuela. "Uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra”, afirmou taxativo. O Chefe do Governo explicou ainda que o Brasil e o Itamaraty estão prontos para sediar qualquer e quantas reuniões forem necessárias na mediação do conflito. Foram dados a conhecer contatos feitos pelo Planalto com Caracas e Georgetown, enfatizando interesse em contribuir para a conciliação entre as partes.

É bastante sugestivo sublinhar, como demonstração inequívoca do oportunismo que moveu Maduro na temerária empreitada, a circunstância do tema da fronteira com a Guiana ter sido por ele, por muito tempo olvidado, bem como pelo seu antecessor e chefe Hugo Chaves.  Era a oposição que batia, com certa insistência, na tecla. A retórica do ditador quer, agora, impor o inverso. A região do forçado litígio, o que explica  parte do interesse mundial suscitado pelo modo intempestivo de agir de Maduro, é rica em petróleo. A preocupação do Brasil com os acontecimentos em curso contempla também a inconveniência da provável instalação, provocada pelo comportamento agressivo de Maduro, de uma base militar estadunidense na região amazônica. O Ministério da Defesa do Brasil ordenou o reforço dos efetivos militares que guarnecem nossos limites geográficos com os dois países. Maduro, externou o propósito de incluir a Rússia, no aceso debate sobre a questão em jogo, o que está sendo visto pela opinião publica internacional como algo desprovido de qualquer fundamento.

À hora em que estas considerações estavam sendo alinhadas , o quiproquó desencadeado por Maduro evoluía no sentido da realização de um encontro diplomático nesta quinta-feira, em São Vicente e Granadinas, país caribenho com a participação dos mandatários da Venezuela e Guiana, além de representantes dos países que compõe o CELAC . O Brasil será mediador das negociações, sendo representado pelo diplomata Celso Amorim.

A agressividade verbal adotada por Caracas – dá pra perceber- gera empecilho ao desejável entendimento.

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br

Guardando Olavo na memória.

 



*Cesar Vanucci

“Ninguém morre. Parte primeiro” (Camões)

 

Olavo Romano, bom, leal e culto companheiro, distanciou-se na caminhada.  Perdemo-lo de vista na encruzilhada. Partiu primeiro, conforme o lírico registro do poeta maior.  Na saudade dos parentes e amigos restou a consoladora certeza do reencontro, mais adiante, noutra ladeira da existência. Possuía inteligência faiscante. Dela jorrava a verve que adornava falas e escritos de rico conteúdo. Olavo conhecia de cor e salteado a lida da palavra. Humanista, titular absoluto do escrete dos intelectuais de peso das Gerais, sabia enfocar e fotografar  pelo verbo, de forma esplêndida, as emoções simples da gente do povo. Deixou-nos páginas memoráveis na contação de causos colhidos no colorido cotidiano das ruas. Tornou-se, assim, escritor aclamado, um retratista de primeira da alma montanhesa.

Numa camaradagem que varou décadas, reunimo-nos algumas vezes para troca de ideias sobre a variada, posto que complicada, temática humana. Com frequência, nessas ocasiões, afloravam historietas singulares em que, por força de circunstâncias inexplicáveis, vimo-nos envolvidos. À falta de uma melhor definição, vou buscar no capitulo das percepções extra-sensoriais o termo que possa classificá-las: sincronicidades. Relato, em seguida, uma delas, bastante sugestiva. Antes de fazê-lo, entretanto, não resisto à tentação de relembrar que o bom humor e a gargalhada pode se afirmar feérica de Olavo espichavam sempre o bate-papo.

 De certa feita, final dos anos 80, participei de uma reunião com Olavo na Secretaria da Fazenda, onde ele respondia pela Chefia de Gabinete do Secretário Paulo Hadadd. Eu estava, então, Superintendente Geral do Sistema FIEMG, função acumulada com a Presidência da Universidade do Trabalho de MG. Nesta ultima instituição Olavo havia atuado em cargo executivo, assessorando o conceituado Professor Agnelo Viana. Entreguei-lhe um estudo da entidade da indústria para análise da equipe econômica do Governo. Ao por Olavo a par de que, no dia seguinte, viajaria para o Peru, ele expressou o desejo de que eu fosse portador de correspondência a uma funcionária graduada do Ministério da Educação em Lima que fizera estágio em Belo Horizonte, na Ultramig. A correspondência, no entanto, não foi feita. Uma semana depois eu visitava Nazca, considerada uma espécie de Cabo Canaveral da pré-história. Acabara de sobrevoar as famosas linhas geométricas e, já agora, as percorria. Emparelhei-me, puxando conversa, com uma senhora que fazia o mesmo trajeto. Dela ouvi pergunta sobre minha nacionalidade, ao saber-me brasileiro, ela confessou gostar muito de meu país, sobretudo de Belo Horizonte, onde ficou amiga de um famoso escritor. Ele próprio, Olavo Romano. A mulher deixou-se tomar pelo maior espanto e júbilo incontido quando lhe revelei, à queima-roupa, que tinha sido incumbido por Olavo Romano de abraçá-la. O abraço caloroso que lhe dei no deserto de Nazca, sob sol escaldante arrancou do grupo de turistas vibrantes exclamações.  Ao retornar a Belo Horizonte, procurei Olavo para dar-lhe notícia do assombroso encontro no Peru. Relembramos esta historia incontável número de vezes.

  Na despedida de Olavo, parentes e colegas tomaram conhecimento de belo e comovente poema escrito por sua irmã, Alcéa Romano. Faço questão de aqui  reproduzi-lo, como homenagem fraternal à memória deste grande personagem da vida cultural.

"Olavo contou caso novo, e de novo, inovou / Falou do tio, da mãe, do avô. / Dos netos e dos filhos do senhor Nonô. / Do tempo, da vida, da graça, da praça, do povo, da Vila. / E o semblante de todos abrandou./ /As palavras, as letras, a fala, abraçou, Buscou, perguntou, conversou, se entregou./ Recebeu, agradeceu, repartiu, ofereceu este dom como prece./ Buscou nas estrelas, o que aqui não encontrou. / Partiu pra mais longe./ No plano Divino, foi refazer sua história. / E nós aqui, coração  batendo e guardando o Olavo na memória”.  

                   

Jornalista(cantonius1@yahoo.co.br)

Histórias de agora



*Cesar Vanucci

 

“Os fatos do cotidiano ditam as grandes narrativas humanas”

(Antônio Luiz da Costa, educador.)

 

História portenha. A futura Ministra de Relações Exteriores da Argentina fez inesperada visita a Brasília, estabelecendo contato com seu homólogo, Mauro Vieira, trazendo nas mãos convite especial de Javier Milei ao Presidente Lula, para que esteja presente em sua posse, dia 10 de dezembro.  Ela disse que papo de comício é uma coisa e papo de Governo é coisa bem diferente...

 

Historia irlandesa. Numa rua movimentada de Dublin, um malfeitor, com  punhal na mão, atacou um grupo de crianças ferindo gravemente uma delas. Um jovem motociclista, entregador de encomendas, de nacionalidade brasileira, que passava pelo local, atracou-se com o agressor, imobilizando-o com o capacete até a chegada da polícia. A atitude do patrício foi classificada de heroica nas manchetes. O Primeiro Ministro do país recebeu-o na sede do Governo para condecora-lo. Os aplausos de todas as camadas da população renderam-lhe recompensa que mudou os rumos de sua vida. Os recursos pecuniários arrecadados para presenteá-lo foram equivalentes a 2 milhões de reais. 

 

História portuguesa, com certeza. A residência do Primeiro Ministro português Antônio Costa foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Acusado de usar o cargo para operações ilícitas, o chefe do governo pediu  afastamento da função exercida, afim de que tudo pudesse ser devidamente esclarecido. Foi aí, então, que um advogado ligado a acusação anunciou publicamente que o Ministério Público havia se equivocado na citação de Antonio Costa. O Antônio Costa incriminado era outro, por sinal, também integrante do Ministério. Ao que se noticiou, as acusações ao Primeiro Ministro foram retiradas.

 

História inglesa. A British Airways, empresa aera britânica, adiou por um dia voo do Rio para Londres, sob a alegação de que a tripulação do avião estacionado no Galão havia sido assaltada. O adiamento levantou protestos dos passageiros. A polícia cuidou de apurar o fato, chegando à conclusão de que o assalto era pura ficção. O que houve, na verdade, foi uma noitada de libações alcoólicas na base do legitimo escocês. 

 

História paulistana. A câmara Municipal de São Paulo convidou os dirigentes da empresa ENEL, italiana, responsável pelos serviços de eletricidades da capital e de outras cidades da região metropolitana para se explicarem sobre o “apagão” de dias consecutivos após um temporal. Parece até piada pronta: faltou energia elétrica na hora da audiência.

 

Historia carioca. No Rio de Janeiro das ocorrências policiais intrigantes, que metem medo e provocam calafrios na espinha, pintou no pedaço um episodio na linha do “Acredite se Quiser”! Viatura do contingente da Força Nacional que atua na Guanabara “mode quê” (como se diz no saboroso dialeto roceiro) enfrentar o crime organizado, penetrou, por equívoco, em área controlada pelos milicianos. Os agentes foram assaltados. Os bandidos levaram armas de fogo e outros pertences. Instantes depois do ocorrido, elementos da Polícia Militar do RJ saíram prontamente em diligência para apurar o caso. Retornaram com extrema rapidez trazendo as armas e outros apetrechos roubados, encontrados como soi acontecer, num terreno baldio... Mas nenhuma pista sobre os assaltantes foi obtida. Já aconteceu coisa parecida com as metralhadoras roubadas do arsenal do exercito.

 

Historia chinesa. Vem vindo ai uma novidade destinada a “aquecer” ou “refrigerar”, não sei bem dizer, o incrementado mercado de eletroeletrônicos. Por conta das escaldantes ondas de calor decorrentes do efeito estufa, empresa chinesa anunciou o lançamento de um aparelho de ar condicionado portátil diferente. O apetrecho pode ser acoplado ao corpo humano, funcionando na base de bateria, a ser recarregada a cada 8 horas. 




Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

A SAGA LANDELL MOURA

O instinto belicoso do bicho-homem

                                                                                                     *Cesar Vanucci Faço um premente a...