O ESPLENDOR DA MULHER FARDADA NA
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS
João Bosco de Castro
Até o terceiro quartel do Século XX, mais enfaticamente, a Mulher
padeceu preconceitos e estereótipos, mundo afora, acentuadamente no Brasil,
como se ela fosse minúsculo vivente, ou ser meramente utilitário, ou femeazinha
qualquer restrita à procriação e às coisas e quefazeres domésticos, à moda de
boneca de redoma, cozinheira, lavadeira e bordadeira. Fora de casa, ela
trabalhava muito pouco. Algumas poucas, para a felicidade de todas as pessoas,
até dos machos-machistas, podiam formar-se para Professora Primária no
magnífico e insuperável Curso Normal das insuperáveis e magníficas Escolas
Normais ─ como as de Pará de Minas, Dores do Indaiá, Pitangui, Bom Despacho,
Itapecerica, Divinópolis, Belo Horizonte (naquele modelar e saudoso Instituto
de Educação) ou Ibirité (naquela estrondosamente espetacular e austera Fazenda
do Rosário, de Helena Antipoff, Abgar Rénault, Elza de Moura e Saul Alves
Martins). Tais Mestras do Melhor Jaez garantiram a Pindorama e Pindoramuaras ─
machos e fêmeos ─ a sorte do respeitado estudo de Aritmética, Linguagem,
Redação, Literatura ─ gostosamente, a Infantil ─, Ciências Biológicas,
Geografia, História, Conhecimentos Gerais e Bons-Modos. Tais Construtoras da
Educação Básica Brasileira, respeitáveis Mulheres, quase sempre esquecidas,
lograram alguma referência de mérito ou reconhecimento social, como de Ataulfo
Alves, na letra poética de “Meus Tempos de Criança...”! Uma felizarda, a
indômita e plurivalente Professora Dona Zulma Corrêa Couto, mereceu a marca de
“Máter et Magistra”: maravilhoso Poema contido no Livro dele homônimo, escrito
e publicado, em 2015, por seu Filho, nosso excelente Poeta Coronel José
Guilherme do Couto.
Afora isso, a Mulher ficava à mercê do preconceito e estereótipo
cáusticos, trancafiada em casa para a trabalheira no tanque, agulhas de coser,
copa, cozinha, ferro de passar, além dos urdumes de marido e filharada.
Vestir farda?! ─ Não! Cruz-Credo! Isso é pra homem...
Policiar?! Subir ladeira e prender bandido?! ─ De jeito nenhum! Mulher
não foi feita pra isso...
Em minhas pesquisas na Literatura Brasileira sobre a Mulher Fardada no
Brasil, encontrei somente dois registros, ambos machistas, absurdos e
incovenientes. Nos domínios de Minas Gerais, em 1931, o Itabirano Carlos
Drummond de Andrade (então Chefe de Gabinete do Secretário do Interior Gustavo
Capanema Filho, no majestático e irretocável Governo de Olegário Dias Maciel)
escreveu e publicou, na página 12 do Minas Gerais (Diário Oficial do Estado) de
18 de junho do mencionado ano, as zombeteiras, impiedosas e machistas páginas
de “Contra a Polícia Feminina”, crônica satirizante da imagem institucional da
Polícia e detratora da Dignidade Feminil, além de presunçosamente contrária à
Polícia Feminina, ainda, até então, inexistente no Brasil. Em 1987, a Secretaria
de Estado da Cultura de Minas Gerais, patrocinada pelo Banco de Desenvolvimento
de Minas Gerais, republicou-a em “Crônicas [de Carlos Drummond de Andrade],
1930-1934”(Belo Horizonte:Barba Azul, 288p.), em suntuosa edição de apenas mil
exemplares, um dos quais, no mesmo ano, destinado à minha Biblioteca. Pelas
Terras da Bahia, em 1962, Alfredo de Freitas Dias Gomes lançou a maravilhosa
peça “O Bem-Amado”, na qual se lê deprimente e deletério diálogo entre o
cangaceiro Capitão Zeca-Diabo e a Delegada de Polícia de Sucupira Chica
Bandeira. Conversa lamentável: o cangaceiro chama a Delegada Chica, sempre
bem-fardada e rigorosamente alinhada e armada, de macaco de saia (macaco, na
linguagem nordestina, a partir da Bahia, é soldado de polícia, meganha, soldado
amarelo, policial militar): macaco de saia é soldada de polícia, Mulher
Fardada. A reposta da Delegada Sucupirana ao cangaceiro foi severa e
irretocável: “Pois saiba que, mesmo de saia, sou tão homem quanto o senhor. E
esse é um caso de Polícia. (...) O senhor está preso!”
A própria Mulher de então considerava absurdo ser ela destinada ao
exercício dessas fainas tachadas de exclusivas ao Homem, embora sofresse com
referidas restrições, hoje tidas como preconceituosas, mas ela mesma não fazia
nada para livrar-se delas.
Como em toda a parte do Brasil, nos quartéis ─ inclusive nos da Polícia
Militar de Minas Gerais ─, o machismo topetudo roncava alto e grosso,
infelizmente.
Súbito, em 1981, nossa Corporação Policial-Militar Mineira instituiu a
Companhia de Polícia Feminina e deitou apropriadas e necessárias pás de cal aos
grunhidos machistas embutidos na deletéria crônica de Drummond e nos arroubos
cascudos e preconceituosos dos muitos capitães-zecas-diabos à moda lamentosa
daquele energúmeno descrito pela criativa pena de Dias Gomes. Em pouco tempo,
nossa respeitável Mulher Fardada, mercê de sua aguda inteligência, gentileza,
coragem, pertinácia e capacidade prática de organização e controle, sufocou a
insustentável e incoerente jactância machista e provou-se policial-militarmente
igual ao Homem Fardado, respeitadas as particularidades naturais de cada
gênero.
Ao longo de seus quarenta anos de atuação pública e modelar na diuturna
Fornalha da Polícia Ostensiva e Preservação da Ordem Pública, a par das missões
constitucionais de Defesa Interna e Territorial, nossa Mulher Fardada,
inclusive nos Quadros de Saúde e de Especialistas, da Soldada à Coronela,
construiu sua História Tecnoprofissional consentaneamente com os parâmetros da
Dignidade Policial-Militar norteados pela Ética e Deontologia, com vistas na
Tranquilidade Pública e Paz Social dos Cidadãos, Entidades e Instituições, em
oitocentas e cinquenta e três cidades e mais de três mil Distritos da
vastíssima Rede Municipalista Mineira. Isso consolida a honorabilidade e a
glória, a imagem e o decoro de nossas notáveis e bravas Servidoras de todos os
Quadros de Pessoal Militar da Corporação do Alferes Tiradentes.
Coincidentemente com as celebrações dos quarenta anos de exercício
idôneo e profícuo de nossa Mulher Fardada, a Polícia Militar de Minas Gerais
confia, a partir de 4 e 5 de fevereiro de 2021, repectivamente, as excelsas
Gestões Estratégicas de sua Corregedoria-Geral à Coronela Silma Regina Gomes da
Rocha Oliveira e de seu Sistema de Educação Policial-Militar com o efetivo
Comando da Academia de Polícia Militar do Prado Mineiro ─ nossa exemplar
Universidade de Policiologia e Ciências Militares da Polícia Ostensiva,
remanescente do sublime Departamento de Instrução, o D.I. ─ à Coronela Cleyde
da Conceição Cruz Fernandes. Pela primeira vez, a moderna Gestão da Imagem
Eticodeontológica e Disciplinar de Oficiais e Praças da Corporação e o Comando
da Nobre Escola do Prado Mineiro, elevados cargos da Estrutura da Polícia
Militar das Alterosas, exatamente por deterem a competência para realizar,
respectivamente, o Burilamento Deontológico e a Profilaxia Ética ─ pelo Código
de Ética e Disciplina e Diplomas e Regulações Jurídico-Penais indispensáveis à
vigilância da compostura e saneamento da Conduta Policial-Militar de Servidores
e Servidoras Militares ─ e o Comando da Nobre Escola do Prado Mineiro ─ pela
Gestão Estratégico-Pedagógica da Educação (Ensino, Pesquisa, Extensão e
Treinamento) de Polícia Militar, nos Cursos e Programas Tecnoprofissionais de
Graduação e Pós-Graduação para Qualificação (Capacitação e Habilitação) e
Atualização do Quadro de Pessoal Militar, são entregues a duas Mulheres
Fardadas ocupantes do mais elevado posto da Escala Hierárquica da Polícia
Militar de Minas Gerais. Integrantes das proativas e extraordinárias Turmas de
Aspirantes de 1997 e 1995, as Coronelas Silma e Cleyde, por força de sua
inteligência, indiscutível capacidade gestorial, autonomia ética, prudência,
convicção deontológica, diversificada experiência tecnoprofissional em
segmentos operacionais e administrativos da Corporação, garbo militar
irretocável e conduta pessoal nutrida em elegância, postura, cordialidade e
compostura, conduzirão a respeitável Corregedoria-Geral ao zênite da
autenticidade e legitimidade da Idoneidade e Consciência Policial-Militares,
segundo os melhores parâmetros de Justiça, Hierarquia e Disciplina, e a
renomada Academia de Polícia Militar do Prado Mineiro ao sucesso digno da
Presteza e Boa-Fama da Melhor Escola de Comandantes e Artífices da Paz Social
da América Latina. Deus as abençoe, ilumine e guarde no cumprimento pleno e
magistral destas notáveis Missões Policial-Militares de Corregedora e
Educadora!
Os Homens Fardados da Polícia Militar de Minas Gerais, na amplidão da
excelência de todos os Quadros Tecnoprofissionais da Estrutura de Pessoal
Militar da PMMG (QOPM, QPPM, QOE, QPE e QOS), reflitam sobre a necessidade
sociopolítica e importância teleológica de sua profissão essencial ao
Desenvolvimento Humano, Tranquilidade Pública e Paz Social, qualifiquem-se,
requalifiquem-se, aperfeiçoem-se e façam o melhor em seu desempenho tão
esmerado quão louvável, porque as Mulheres Fardadas de todos os mencionados
Quadros de Pessoal Militar de nossa Corporação já nos dão sobejas provas de sua
plena capacidade tecnoprofissional de pensar e repensar a Essência
Policial-Militar. Elas, como qualquer dos melhores Homens Fardados, planejam,
controlam, coordenam, comandam, modernizam e executam, com primor
tecnoprofissional, lucidez intelectual e rigor ético, Programas de Gestão de
Políticas Públicas diversas e Projetos Policial-Militares, na Atividade-Meio e
Atividade-Fim, principalmente nesta, para efetividade e glória das Ações e
Operações de Polícia Ostensiva, Preservação da Ordem Pública e Defesa Interna e
Territorial. Eficiência e espírito crítico, inteligência e presteza total para
ser últil à Comunidade, organização metodológica e disciplina consciente,
coragem, lealdade e devoção ao Serviço Policial-Militar são virtudes excelsas e
comuns aos Homens Fardados e às Mulheres Fardadas da Polícia Militar Mineira,
na balança da igualdade, porque nada, nesses domínios didáticos, éticos e
deontológicos, diferencia macho de fêmea.
Aqui no Brasil, desde os primeiros anos da organização da Ilha de Vera
Cruz, as mulheres marcam ponto muito alto, extramuros: fora da redoma e da
cozinha. No falido projeto monárquico de Dom João III, Rei de Portugal, logo
após o heroico achamento destas abençoadas Terras, dentre todas as Capitanias
Hereditárias de 1534, apenas duas prosperaram: a de Pernambuco ─ nela embutidas
as glebas correspondentes ao atual Estado da Paraíba ─, governada por Dom
Duarte Coelho Pereira, e a de São Vicente ─ hoje, São Paulo, mais o quinhão
agora conhecido como Estado de Minas Gerais ─, entregue ao Fidalgo Militar Dom
Martim Afonso de Sousa. Exatamente as duas Capitanias governadas e
administradas por mulheres! Dom Duarte Coelho Pereira, doente de piorreia e
preguiça extrema, retornou à Metrópole, sem nunca mais ter retornado ao Brasil,
após haver passado as rédeas de Pernambuco-Paraíba à intrépida, inteligente e
trabalhadora Dona Brites de Albuquerque Pereira, sua esposa, a indiscutível
gestora dos melhores êxitos dos empreendimentos açucareiros, para a felicidade
de pernambucanos e paraibanos. Daí, a expressão “Paraíba masculina,
mulher-macha, sim, Senhor...”! Martim Afonso de Sousa, campeão em certames de
bebedeira, jogatina e rabo de saia, totalmente avesso a tarefas de
responsabilidade e suor, seguiu, ainda em 1534, para as Índias, onde assumiu o
Comando-Geral das Forças Portuguesas em Goa, e deixou sua Capitania Hereditária
sob o inteligente, zelozo e profícuo bastão de sua empreendedora e incansável
esposa, Dona Ana Pimentel, cujas mangas suadas e arregaçadas de gestora
admirável levaram São Vicente, atual Estado de São Paulo, ao sucesso econômico.
O Brasil começou a dar certo, ainda no Século XVI, graças ao brio e à
multivalência dessas duas primeiras e grandes Capitãs Brasileiras ─ na verdade,
Capitãs Portuguesas: desbravadoras de boas partes de Pindorama, ou Ibirapitã,
ou Arabutã, ou Irabutã, ou Orabutã = nomes tupis de nosso cobiçado e pouco
amado Brasil...
Em 1930, para apoiar a Revolução Liberal favorável a Getúlio Vargas na
Presidência da ainda República dos Estados Unidos do Brasil, Belo Horizonte
compôs e manteve destemidos Batalhões Femininos, sob as ordens enérgicas,
cívicas e sábias da Generala Elvira Kommel, com suas coronelas, majoras,
capitãs e tenentas, sargentas , furrielas e soldadas, primorosamente treinadas
por bravos Oficiais ( naquela época, não tínhamos, ainda, em nossos Quadros,
nem oficialas, nem praças: sargentas e soldadas...) da imbatível e leal Força
Pública do Estado, a atual Polícia Militar de Minas Gerais. De suas tropas de
mulheres em fardas de brim cáqui, empenhadas nos Hospitais de Sangue da Capital
Mineira, sobressaiu o Batalhão Feminino João Pessoa, atuante em cinquenta e
dois Municípios das Alterosas, dentre os quais Belo Horizonte, Sede da Generala
Feminista.
Nestes quarenta anos de sua existência tecnoprofissional altiva,
honesta, profícua, humana e humanizante, inteligente, bem-estruturada, efetiva
e afetiva, a Mulher Fardada da Polícia Militar de Minas Gerais é vivo exemplo
de Servidora Militar autêntica, legítima e essencial à Vida Mineira, pela
pujança dos Misteres Constitucionais da referida Corporação Policial-Militar do
Alferes Tiradentes: Símbolo de Órgão Público Majestático e necessário à Paz
Social, ao Progresso, à Grandeza Política e Social deste Estado-Membro e do
Brasil, no ardor prestante da Polícia Ostensiva, Preservação da Ordem Pública e
Defesa Interna e Territorial.
O esplendor dessa Mulher Fardada Mineira decorre de seu desempenho
primoroso, confiável e eclético, em razão de ter sido cinzelado e burilado
segundo os mais modernos e eficazes Projetos Estratégico-Pedagógicos de
Graduação e Pós-Graduação Policial-Militares para os Cursos e Programas de
Qualificação, Requalificação e Treinamento planejados, coordenados, ministrados
e geridos pela Academia de Polícia Militar do Prado Mineiro e respectivas
Unidades integrantes do modelar Sistema de Educação Tecnoprofissional da
Polícia Militar de Minas Gerais. Todo este bem-engendrado Protocolo de
Qualificação de Pessoas somente alcançou os melhores resultados, porque se
apoiou no mais transparente, fidedigno, moderno e rigoroso Processo de
Recrutamento e Seleção de Candidatos e Candidatas às Fileiras da Polícia Militar
de Minas Gerais. Por isso, dá gosto e orgulho ver nossa Mulher Fardada, com
eficiência, garbo e zelo, nas Ações e Operações das diversas modalidades do
Policiamento Ostensivo-Militar, ou como primorosas musicistas das Bandas de
Música Militares e das duas Orquestras (principalmente Orquestra Sinfônica da
Polícia Militar , criada e instalada, em 1949, pelos Coronéis Egýdio Benício de
Abreu e José Vargas da Silva), ou como atenciosas e bem-qualificadas Servidoras
─ dentre Oficialas e Praças ─ de nosso valoroso e insuperável Quadro de Saúde (
Técnicas em Enfermagem, Enfermeiras, Farmacêuticas, Psicólogas, Odontólogas,
Médicas e Médicas Veterinárias...), no Hospital da Polícia Militar e Núcleos de
Assistência Integrada à Saúde de Companhias Independentes, Batalhões e Regiões
de Polícia Militar, e nas Clínicas e Núcleos de Saúde Veterinária do Canil da
Polícia Militar e do Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes (RCAT) ─ sumo
histórico, indelével e palpitante da belíssima e entusiástica trajetória pública
desta Corporação gloriosa e pronta para a Felicidade Pública Mineira, desde os
albores de 1775, sob a luz cívica e patriótica dos Feitos e Ensinamentos
espalhados pelo Alferes Joaquim José da Silva Xavier.
Parabéns, Mulher Fardada da Polícia Militar de Minas Gerais ─ Mãe,
Esposa, Irmã, Filha, Colega e Conselheira... ─ : Emblema da Decência e da
Coragem! Você é importante sustentáculo da Imagem e do Renome de nossa
respeitável e altaneira Corporação Policial-Militar!