quinta-feira, 29 de maio de 2014



POSSE NA ACADEMIA MINEIRA DE LEONISMO




Discurso de posse 



No dia 27 de maio, na sede da Associação do Ministério Público, ocorreu a posse da diretoria da Academia Mineira de Leonismo para o biênio 2014/1016. Assumi, na ocasião, mais uma vez, o cargo de presidente da instituição. Durante a assembléia festiva realizada, que reuniu representantes de vários órgãos culturais, foram homenageados pela Academia o governador do Lions, José Leroy da Silva e Companheira Sandra Cury, bem como elementos destacados de seu gabinete.

O Deputado Adelmo Leão,Vice-Presidente da Assembleia Legislativa de Minas, faz a entrega do diploma que homenageou José Leroy Silva e Sandra Cury.


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A tevê que a gente vê (1)
Cesar Vanucci*



“Precisa dessa torrente publicitária oficial toda
 para falar dos notáveis 
feitos de nossos diligentes administradores públicos, precisa?”


         (Antônio Luiz da Costa, professor)


  •     Os que vivem se queixando das condições caóticas do trânsito de BH; da violência solta nas ruas; da assistência insatisfatória nos postos de atendimento à saúde; da insuficiência de planos de proteção às crianças, jovens e idosos andam certeiramente mal informados, pelo que nos é dado a observar, com relação a todas as questões acima colocadas. Se se dessem ao mínimo esforço de acompanhar, como é de nosso habito fazer, os sedutores reclames publicitários divulgados pelas administrações públicas nas esferas municipal, estadual e federal, na frenética disputa travada por espaço nos intervalos televisivos com o “Ricardo Eletro” e a “Casas Bahia”, esses exigentes reclamantes estariam devidamente inteirados de que as coisas, em todas as áreas citadas, ao contrário de suas insistentes alegações, correm às mil maravilhas, sim senhor! Ipso facto, como era de costume dizer-se em tempos passados, todo esse queixume choramingador carece de fundamento, não é mesmo, gente boa?
  •  

       O “Manhattan Connection”, da “Globo News”, chamou para entrevista o correspondente do “Financial Time” no Brasil. Pelo que se revelou  na introdução, a atenção do programa pelo depoimento do jornalista inglês focava-se numa alegação sua a respeito do suposto declínio registrado, de dois anos pra cá, na situação econômica brasileira. Com notória dificuldade para se expressar no idioma falado no Brasil, o entrevistado permaneceu o tempo todo sob o fogo cruzado dos entrevistadores, que deixaram expressamente demonstrado interesse maior em divulgar suas próprias opiniões pessoais sobre a conjuntura econômica, carregando pesado nas críticas ao governo, do que em saber, na verdade, o que o colega estrangeiro realmente estaria matutando. Se algum dia, nalgum curso de jornalismo, alguém se dispuser a exibir um exemplo lapidar de uma “anti-entrevista” na televisão é só recorrer aos arquivos do “Manhattan Connection” e projetar a matéria então levada ao ar.

  
·        A louvação, em verso e prosa, da “excelência incomparável” do futebol praticado em gramados europeus, promovida com entusiástica insistência por alguns nomes exponenciais da crônica esportiva brasileira, animou-nos a acompanhar, pela televisão, do primeiro minuto ao derradeiro momento da prorrogação, o confronto entre as boas equipes do Real Madrid e do Atlético de Madrid. Esta foi a primeira vez que este desajeitado escriba se dispôs a assistir por inteiro a um jogo de futebol não envolvendo seleção ou clube brasileiros. Confessamos, em lisa verdade, haver apreciado bastante o que contemplamos, mas sem essa de achar que estaríamos presenciando o suprassumo em matéria futebolística. Algo fantástico, de qualidade infinitamente superior àquilo que, centenas de vezes, anos a fio, vimos acompanhando nas arenas de futebol do Brasil, ou em estádios de outros países, onde a seleção e clubes brasileiros desfilam sua arte. Alguns atores do espetáculo de Lisboa podem ser apontados, no máximo, como tão bons quanto numerosos atletas brasileiros que habitualmente atuam por aqui. Esta, nossa sincera opinião. Supomos, então, à vista destas impressões pessoais, que as chances do escrete de vir a arrebatar a Copa são bastante promissoras. Esperar, pra ver, né?
Queremos ainda dizer, a respeito da interessante disputa que concedeu ao Real Madrid mais um titulo na versão europeia da “Libertadores”, que deixaram   forte pressão as cenas mostradas referentes ao grau de vibração da torcida espanhola. Foram bem demonstrativas de que o futebol, no duro da batatolina, é mesmo paixão universal. A ansiedade geral, a alegria pela vitória e a desolação pela derrota, estampadas nos semblantes dos adeptos dos times contendores, tiveram sabor bastante familiar. Tudo se revelou demasiadamente parecido com aquilo que os torcedores brasileiros costumam aprontar por ocasião dos nossos (frequentes) clássicos.
 





A tevê que a gente vê                                  (2)                                                             
Cesar Vanucci*



 "Não são poucos os entrevistadores de televisão que conduzem o trabalho como se estivessem  se auto entrevistando”
               (Domingos Justino, educador).   

                           
A “Globo News” ganhou e a TV Cultura perdeu um excepcional comunicador. Roberto D’ Ávila é um senhor entrevistador. Bota no chinelo muitos colegas de oficio. Contrapõe-se com classe ao que parece ser, em numerosos casos, uma “regra” em matéria de diálogos televisivos. Deixa o entrevistado no sossego para falar. Não interrompe abruptamente sua linha de raciocínio. Conduz com argucia as perguntas, arrancando respostas que garantem ao telespectador chances de realmente se inteirar das ideias dos personagens arguidos. Uma baita diferença de estilo, santo Deus, no confronto com a forma de agir, diante de microfones e câmeras, de um tantão de entrevistadores que se esmeram em fazer dos bate-papos exercício enervante mode sobrepor as próprias opiniões às opiniões dos interlocutores.
A entrevista que marcou a estreia de D’Ávila na “Globo News”, com o Ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo, foi muito elucidativa. Graças ao modelo que adota nas abordagens, o jornalista permitiu ao telespectador a oportunidade de poder fazer uma avaliação mais aprofundada do jeito de ser do entrevistado, hoje por obvias razões figura de proa no panorama politico e jurídico nacional. Eu, particularmente, bastante atento às respostas do Ministro, fiquei deveras desapontado com o que anotei. Falar verdade, supunha que o cabedal de conhecimentos do Presidente do Supremo estivesse situado num patamar bem mais elevado daquilo que foi demonstrado. Imaginava-o próximo dos ideais humanísticos propagados, por exemplo, pelo seu antecessor no comando da Corte, Ministro Ayres de Brito. Ledo engano! A sensação passada foi a de que léguas de distancia separam, sob tal aspecto, os dois ilustres togados.
Impressão diametralmente oposta foi a que deixou, também em entrevista ao mesmo canal, concedida ao jornalista Mario Sérgio Ponti, outro integrante da Corte Suprema, Luís Roberto Barroso. O magistrado esbanjou cultura humanística e jurídica. Revelou-se conhecedor em profundidade das demandas sociais destes nossos conturbados tempos. Ofereceu interpretação bastante lucida da realidade nacional.




 A tevê que a gente vê (3)
Cesar Vanucci*

“Nada como um bom espetáculo musical  para encher os olhos do telespectador numa pachorrenta tarde dominical.”
 (Antônio Luiz da Costa, professor)






Numa sequência afortunada para os telespectadores, três canais brindaram o distinto público, num fim de semana desses, em horários sincronizados, com espetáculos musicais supimpas, como era de habito dizer-se em antigos tempos. Tudo nos devidos trinques em matéria de qualidade. Há muito não via nada, no gênero, que pudesse se ombrear com os programas assistidos.
No Canal Brasil, a vida e obra de Tom Jobim foi foco de extensos depoimentos, ricos em colorido humano, dados pela irmã, escritora Helena Jobim, antigas companheiras e amigos do genial compositor. O cenário escolhido para as entrevistas, de repousante beleza, com árvores, riachos, gramados e exemplares silvestres, constituiu uma irretocável moldura poética. As inesquecíveis canções tocadas e cantadas se encaixaram à perfeição nas cenas projetadas.
O outro show, também arrebatante, com o talentoso Roberto Menescal à testa de esplendido elenco de instrumentistas e vocalistas, foi levado ao ar pelo “Box Music Brazil”, emissora que se propõe, louvavelmente           (apesar da falta de inspiração no nome de batismo), a funcionar como um grande “palco da música brasileira”. Peças emblemáticas da bossa nova, evidentemente com um punhado de composições dos magníficos Jobim e parceiros, encheram de sons harmoniosos a telinha.
Na Rede Minas, numa tocante homenagem de saudade, repetiu-se espetáculo de 1998 da TV Cultura onde Jair Rodrigues, com aquele seu inconfundível estilo de interpretação, aparece contando deliciosos causos e cantando maravilhosos sucessos de sua cintilante carreira artística. As melodias que celebrizaram o dueto composto com a fabulosa Elis Regina foram revividas em performances magistrais.
Os que tiveram a chance de sintonizar os aparelhos de televisão nas horas das apresentações mencionadas inebriaram-se com momentos de pura e contagiante magia, proporcionados por um desfile inesquecível de canções do incomparável repertório brasileiro.
Estas maldatilografadas já haviam sido desovadas quando, na semana posterior aos eventos narrados, pudemos novamente nos deleitar, graças ao Multshow, com as imagens e acordes vibrantes de outro musical pra nego nenhum botar defeito. Os notáveis intérpretes Alcione, Martinho da Vila, Diogo Nogueira e Roberta, contando com o suporte de exímios percussionistas e instrumentistas de cordas, comandaram em São Paulo o eletrizante show de encerramento de um projeto que percorreu várias capitais brasileiras. “Viva o samba” acabou tornando-se o ponto alto da grade domingueira. Clássicos de nossos maiores compositores, em impecáveis interpretações, carregadas de ginga bem brasileira, puseram o telespectador na roda a cantarolar, tamborilar os dedos e a marcar compasso com os pés. Bacana demais.  
                                                                      Potal Viéis



























quinta-feira, 22 de maio de 2014



"O principal papel do escrete é o de profeta do grande Brasil!” 
(Nelson Rodrigues, em 1962)



           
 A Copa é nossa!
Cesar Vanucci

Tela de João Cândido da Silva.      

Parar logo com isso! Com esse papo irreal produzido pelas minorias barulhentas, por desconhecimento de causa ou má fé, desvinculadas do verdadeiro sentimento nacional. Fazer cessar os ruídos do desalento, que nada tem a ver com a índole popular. Tirar do ar os brados retumbantes do pessimismo mórbido, com seus efeitos contaminantes parecidos com os da gripe aviária. A Nação se amofina com esse tipo de reação.

Parar com esse chororô anêmico, desnutrido, tão despojado de brasilidade! Derrotismo forjado em fantasias é algo que roça as fimbrias do delírio esquizofrênico. O Brasil inteiro, todos sabemos, esconjura a estridência baderneira volta e meia infiltrada em manifestações populares de cunho pacifico e compreensivelmente reivindicatório. Recomenda enfaticamente que as manifestações genuínas, fruto saudável da pujança democrática, mercê de Deus reinante, não se estiolem em passeatas sem rumo, sem objetivo certo, sem senso de oportunidade. Não existe crise alguma capaz de se sobrepor ao Brasil. Nem que ela tivesse irrompido por aqui com a mesma impetuosidade e turbulência com que se manifestou noutros países nos diversos continentes.

Parar, repetimos, com esse papo desagregador! O Brasil é que nem o mar. Contemplando-o, não há como descrevê-lo com palavras alusivas apenas a ligeiros enjoos de alguma travessia de curta duração.

Chegou a hora, nesta véspera da grande festa mundial do futebol, de substituir esses ruídos desarmoniosos! Fazer soar, no lugar, clarins festivos de alvorada. Providenciar ruflar majestático de tambores. Botar pra fora todo clangor de emoções de que sejamos capazes. Despejar nas ruas batucada de escola de samba em pleno apogeu carnavalesco, coro cadenciado de arquibancadas para anunciar que a Copa chegou! E que a Copa é nossa!

A proclamação – tá na cara – reflete, naturalmente, antes de tudo mais, generoso anseio da alma das ruas. A conquista do titulo é sonho acariciado  por milhões.

Que os deuses do futebol, que compõem de certa maneira uma espécie de torcida organizada de nosso escrete, possam dizer, na hora em que a bola estiver rolando nos gramados, amém às nossas preces!

Mas é preciso entender também que a Copa não nos pertence tão somente por conta do hexa. O País assumiu, perante o mundo, a responsabilidade de criar as condições necessárias, do ponto de vista político, econômico, turístico, psicológico, de promover uma competição eletrizante, de brilhantismo sem similar na história dessa paixão universal denominada futebol. Com a colaboração de todos, os brasileiros vamos ter que honrar esse compromisso. Esmerando na organização dos grandes espetáculos programados. Acolhendo com carinho e hospitalidade as levas de turistas. Contribuindo para que a imagem autêntica, verdadeira do País, de sua gente, de suas potencialidades e virtudes, possa ser projetada lá fora em todo esplendor, revelando ao mundo a certeza de que somos uma Nação com clara vocação de grandeza, com inequívoca vocação conquistadora em relação ao futuro. Uma Nação que cultiva a esperança, o humanismo como dogmas de fé no enorme esforço despendido em favor da construção humana e de um mundo mais fraterno e igualitário.

Chegada a hora!

A Copa é nossa! Vamos mostrar orgulhosamente, a todos, que cada brasileiro entende muito bem ser o futebol, como lembrado na palavra de José Lins do Rego, um soberbo “agente de confraternidade”. E, também, alardear, com justa ufania, os motivos pelos quais nos fizemos conhecidos, nos olhares do mundo, como o “país do futebol”!    




Capa do livro de  Andre Rocha e Michel Costa








Ditos preciosos
Cesar Vanucci


“A aspersão da água simboliza o orvalho da graça”.
(Teólogo João Batista Libânio)

                 Queda d'água no Rio Columbia



A revista “Ecológico”, como sabido, é um esplêndido espaço consagrado à divulgação de propostas comprometidas com o ideal da construção do bem estar social. O criativo e infatigável Hiram Firmino, à frente de um time de craques, compõe a cada lua cheia uma ode impecável à vida.
Na edição de março, comemorativa do “dia mundial da água”, a publicação fez jorrar caudaloso volume de informações valiosas com o saudável propósito de fortalecer a consciência comunitária quanto ao papel vital da Natureza no processo da evolução humana.
Colecionador há tempos de mensagens que contribuam para reconectar o mundo com sua humanidade, deleitei-me com a abundância de ditos preciosos, traduzindo naturalmente feitos edificante dos autores, estampados nas páginas da revista.
Vejam se tenho ou não razão em recolher para arquivo as frases lidas.
“Louco demais!” Turistas do mundo inteiro pagam caro para ir ao Pantanal brasileiro e o que mais eles veem ali (...) além de jacarés? As mesmas capivaras que, sob argumentos urbanoides, tanto nos apavoram aqui. (...) A pergunta central e ecológica que não se faz é: o que devemos fazer (e é tão pouco, cercar os jardins do Museu de Arte (...) etc.) para ter as Capivaras conosco numa convivência sadia?”(Hiram Firmino, na “Carta do editor”).
“Meu recado é que governantes e empresários busquem e aceitem a visão de que a Natureza é vida, abundancia e sabedoria” (Osvaldo Aleixo, mestre em Saneamento e Meio Ambiente pela UFMG).
“Quando alguém provocar irritações, pegue um copo de água, beba um pouco e conserve o resto na boca. Não ponha fora nem a engula. Enquanto durar a tentação de responder, deixe a água banhando a língua. Esta é a água da paz” (Chico Xavier).
“Homem – água. É aquele fácil e comunicativo. Corrente, abordável, servidor e humano (...). É como a água corrente e ofertante, encontradiça nos descampados de uma viagem. Despoluída, límpida e mansa” (Cora Coralina)
“Muita gente acha que a água brota na torneira e desaparece no ralo, como mágica. Ninguém pensa no trabalho que é fazer chegar às casas água limpinha e recolhê-la para que seja novamente tratada...” (Tales Heliodoro Viana, superintendente de Meio Ambiente da Copasa).
“A água me ensinou a delicadeza da alma humana e o impacto que sentimentos positivos podem ter sobre o mundo” (Masaru Emoto, autor do livro “Mensagens ocultas da água”).

  “Haverá ainda no mundo coisas tão simples e tão puras como a água bebida na concha das mãos”? (Mario Quintana)

“Ainda há esperança. Ela se chama informação e educação ambiental. É isso que pretendo: fotografar e divulgar uma amostragem de realidade do planeta, onde mais da metade (54%) da paisagem e vida natural foi destruída. Mas ainda restam (46%) do que ele era antes (...) desde a criação” (Sebastião Salgado, fotógrafo brasileiro de fama mundial).

“Não podemos sacrificar a vida no altar do capital”. (...) “A vida não se prende no egoísmo de só viver dos outros. Mostra a face generosa de ser para os outros. O planeta está a exigir que cuidemos das pedras, das camadas geológicas, das plantas, dos animais e dos irmãos e irmãs humanos. Sem tal cuidado, estaremos todos fadados à morte”  (Padre João Batista Libânio, de saudosa memória,  um dos maiores teólogos brasileiros).

“Emerge a consciência de que caminhamos para situações pesadamente inviáveis. (...) três magnos desafios se impõem: o desequilíbrio mundial no referente às condições de vida dos continentes e países, a instabilidade climática e a impossibilidade de manter recursos imprescindíveis da Terra” (Padre João Batista Libânio)

“Com um olhar tecnológico, percebemos na água uma série maravilhosa de símbolos. (...) A aspersão da água simboliza o orvalho da graça a tocar as pessoas compungidas” (Padre João Batista Libânio).




Água da Paz (Ilustração extraída do Portal Crônicas Serra )


sexta-feira, 16 de maio de 2014







Mundo cão danado


                 

"Progresso tecnológico precisa ser acompanhado de progresso moral e princípios éticos”. 
(Wernher Von Braun) 


Creio, sim senhor, 
na pluralidade de mundos habitados nessas vastidões cósmicas infindáveis. Não saberei descrever – como, aliás, ninguém, entre os que comunguem dessa crença, saberá tampouco fazê-lo – as formas de vida inteligente que, no meu bestunto, encontrariam guarida nos quatrilhões de corpos celestes multiplicados por mil esparramados pelas profundezas galácticas.



Calculo, conforme asseverado, há mais de dois mil anos, por alguém de ofuscante luminosidade e sabedoria impar que “muitas são as moradas” do Criador de todas as coisas. Entendo, também, que oferecer uma noção ligeira desse soberbo desdobramento do milagre da vida coloca-se além, muito além mesmo, da capacidade imaginativa do ser humano. Isso conduz a Teilhard de Chardin. Pois não é do grande pensador a garantia de que, “na escala cósmica, tudo não é tão fantástico quanto à gente simplesmente imagina, mas muito mais fantástico do que a gente jamais conseguirá imaginar”?...

Assim posto, devo confessar, em lisa verdade, que me vejo sempre embaraçado quando me indagam das razões pelas quais as criaturas desses outros mundos, supostamente no desfrute de condições superiores de evolução espiritual e tecnológica, não promovem contatos mais ostensivos com os seres humanos. Por que cargas d’água “eles” pilotando suas impressionantes naves, não procuram os nossos governantes, lideres influentes em todas as esferas, para conversações e para anunciar a disposição de ajudar-nos a alterar pra melhor os rumos da caminhada neste maltratado planeta. Ou seja, nesta ilhota perdida na imensidão de um oceano interminável repleto de inexplicabilidades, conforme a definição de Aldous Huxley?

Mas, mesmo considerando difícil paca descolar uma resposta à indagação e sabedor também de que o jogo da vida comporta sempre mais perguntas do que respostas ouso extrair de elucubrações, madrugada afora, com os botões do pijama, uma tentativa de esclarecer a razão de o contato nas circunstancias desejadas ainda não haver acontecido. Calculo que, nos domínios cósmicos, nós, seres humanos, não sejamos avaliados pelo exagerado grau de importância que, condescendentemente, nos atribuímos. Suponho que a confessa arrogância, embriagante autossuficiência e completa ignorância em que a espécie se mantém com relação à maior parte dos acontecimentos à volta das rotinas da vida terrena constituam obstáculos por agora intransponíveis à almejada aproximação.

Seguindo essa mesma linha de raciocínio, agarro-me a um conceito expendido pelo cientista Von Braun: “A Providência quer que o progresso tecnológico rápido seja acompanhado de um progresso também rápido no que se diz respeito à vida moral e de uma aplicação mais rigorosa dos princípios éticos em que se baseia...”

Tomando o noticiário nosso de cada dia, será que o tipo de ações desencadeadas permanentemente neste planeta azul se encaixa no modelo conceitual apontado por esse gênio da astronáutica?

Será que os “observadores” do espaço se sentiriam mesmo à vontade para se relacionar maciçamente com inteligências, moral e tecnicamente, menos evoluídas, grandes culpados pela implantação de um “mundo cão” danado capaz de produzir a rodo conflitos ferozes, conviver com desigualdades sociais perversas, nortear-se por atos comportamentais que banalização a violência, situando-a em patamar de inconcebível paroxismo?

As manchetes documentam esse estado de coisas insuportável, revelador dessas tendências humanas cruéis, deploravelmente universais. Cito algumas poucas delas, ainda recentes, registradas nestas e noutras paragens. Guerra tribal, com banho de sangue diário, na Síria; sequestro, com ameaças hediondas, de inocentes garotas por fanáticos terroristas na Nigéria; madrasta assassinando menor para se apoderar de herança; graduado militar narrando, sem demonstrar o mais tênue arrependimento, pormenores de horrenda folha de serviços como torturador; indivíduos de maus bofes, no afã tresloucado de “fazer justiça” com as próprias mãos, espancando e acorrentando supostos meliantes; dona de casa linchada, em plena luz do dia, diante dos olhares de vizinhos e curiosos, por uma horda de desequilibrados em consequência de boato maldoso. 

Parar por aqui! Isso deve, talvez, bastar como dolorosa amostra para levantar a hipótese provável (na base – repita-se - da mera especulação) do por que de “eles” estarem aí, mas sem se animar a chegarem aqui...




  

        

Faltou alguém em Nuremberg


Museu de Nuremberg


“Antes e durante a guerra, os governos alemão e japonês se entendiam ás mil maravilhas”.
 (Antônio Luiz da Costa, Professor de Historia).  


 Não saberíamos  dizer se por causa de Hiroshima e Nagasaki, ou se por causa de misteriosos desígnios e conveniências geopolíticas, ou ainda se por causa de tudo isso junto. Certo é que as grandes potências vitoriosas na segunda guerra mundial, à hora dos acertos de contas com os inimigos, resolveram dispensar tratamento bastante diferenciado a alemães e japoneses. Dois pesos e duas medidas.

O Tribunal de Nuremberg funcionou para criminosos de guerra nazista. Mas não para criminosos de guerra do Sol Nascente. O imperador Hirohito compôs com Hitler e Mussolini o triunvirato que esteve à frente das atrocidades cometidas pelo Eixo. Mas ficou de fora, com seu séquito de colaboradores, das condenações extremas aplicadas aos outros responsáveis pela tragédia bélica.

Sua dinastia permaneceu intocada. O pavor que pessoalmente ajudou a espalhar não ficou adequadamente configurado nos relatórios oficiais que noticiaram a real participação do trio na hecatombe que ceifou milhões de vidas e arrasou países inteiros. A aliança firmada com a Alemanha nazista era granítica. Uma informação curiosa, pouco conhecida, documenta o fato: vários anos antes da guerra e no curso dela, o uso do idioma inglês foi proibido e o do alemão largamente fomentado no Japão.

Os militares nipônicos não demonstraram nas batalhas menor ferocidade do que os militares germânicos. Uns e outros fizeram jus a macabra notoriedade face aos genocídios cometidos nas áreas conquistadas. Os horrores a que foram submetidos russos, franceses, dinamarqueses, poloneses, holandeses e outros povos subjugados, juntamente com os judeus exterminados nos campos de concentração pelas tropas nazistas, não diferem em nada das crueldades impostas, pelas hordas fardadas japonesas, a chineses, filipinos, coreanos e outros povos do Oriente.

Muitas sequelas ainda hoje persistem à conta dos desatinos registrados. Para ficar nalguns poucos exemplos de um volumoso registro de crimes praticados contra os direitos fundamentais, citemos o caso das chamadas “mulheres de conforto” e a lembrança de “heróis japoneses”, cultuada em museus e atos cívicos dedicados a personagens reconhecidos como notórios “criminosos de guerra”. Milhares de pessoas do sexo feminino foram coagidas nos territórios ocupados, em recrutamentos de indisfarçável caráter escravagista, a manter relações sexuais com os soldados. A cínica explicação dada, ainda hoje, acerca do ultrajante processo, vem descrita num pronunciamento recente do prefeito de Osaka, Toru Hashimoto: -“Se você queria que os soldados tivessem um descanso, as “mulheres de descanso” eram necessárias. Qualquer um entende isso.” Ele sabe do que fala. Muitos graduados da liderança politica japonesa “entendem assim”. Tanto “entendem”, que não se constrangem nadica de nada em frequentar o santuário Yasukuni para render homenagens à memória de criminosos de guerra descritos, num museu ali existente, como “mártires vitimados pelos Estados Unidos”. Talqualmente faz a Al Qaeda com dirigentes já desencarnados. Cabe anotar, ainda, como outra evidência forte desse estranhável modo de proceder de personagens destacados na vida governamental do país, a alegação atribuída ao primeiro-ministro japonês Shingu Abe de que não existem provas cabais tenham sido as mulheres coreanas (e de outras nacionalidades) coagidas. Alegação que - seja acrescentado - veio acompanhada de determinação para se constituir, no âmbito governamental, grupo de trabalho com o fito de “reexaminar” a acusação e cuidar do cancelamento do pedido oficial de desculpas feito pelo Japão, 21 anos atrás, por exigência das autoridades coreanas, com referência à mortificante questão. Uma questão que tensiona o relacionamento nipônico com vizinhos chineses e coreanos.

Como argumentam numerosos analistas da cena mundial, esses lances todos teriam efeito comparativo ao de uma hipotética situação em que a opinião pública se visse, de repente, inteirada de que o governo de Bonn estivesse promovendo atos de “desagravo” à memória daqueles caras que costumavam pendurar nos braços e peito o sinistro símbolo da cruz gamada.

Tudo isso remete, implacavelmente à constatação de que os aliados dispensaram diferenciado tratamento aos inimigos.





quinta-feira, 8 de maio de 2014



O mapa mente


                                                                   
"O rei da geografia está nu."
(Eduardo Galeano, escritor uruguaio)



Confesso, honestamente, que nunca, jamais, em tempo algum, passou-me de leve pelo bestunto a estapafúrdia ideia de que o mapa-múndi utilizado em consultas, desde meus começos escolares, seja inexato, incorreto nas proporções, oferecendo noção falsa, superavaliada, da grandeza geográfica dos países do chamado primeiro mundo. Provocado pelo que conta a respeito Eduardo Galeano no livro "De pernas pro ar – a Escola do mundo ao avesso", resolvi conferir e acabei me certificando, arregalado de espanto, que a revelação, denúncia, ou o que quer que seja a informação transmitida pelo escritor uruguaio, está absolutamente certa.
A linha do equador não atravessa, realmente, a metade do mapa-múndi, como se aprende na escola. O rei da geografia, como diz Galeano, está nu. E não é que isso já havia sido constatado, na moita, debaixo de silêncio sepulcral, há mais de meio século por um cientista alemão de nome Arno Peters?

Mas o mais adequado nas circunstâncias é deixar a palavra escorrer pela boca do próprio escritor: "O mapa-múndi que nos ensinaram dá dois terços para o norte e um terço para o sul. (...) A Europa é mais extensa do que a América Latina, embora, na verdade, a América Latina tenha o dobro da superfície da Europa. A Índia parece menor do que a Escandinávia, embora seja três vezes maior. Os Estados Unidos e o Canadá ocupam, no mapa, mais espaço do que a África, embora correspondam apenas a duas terças partes do território africano”.

Adotando-se a mesma perspectiva da análise de Galeano, dá pra ver que a configuração do Brasil, detentor da quarta ou quinta maior extensão territorial entre os demais países, está igualmente desproporcional no atlas.

Isso posto, qual a razão dessa desconcertante distorção da geografia e da história, há tantos anos ignorada ou tolerada? Galeano não deixa por menos: "O mapa mente. A geografia tradicional rouba o espaço, assim como a economia imperial rouba a riqueza, a história oficial rouba a memória e a cultura formal rouba a palavra.". Ele está a falar de um processo espoliativo incessante que tem como alvo os países do hemisfério sul. Um processo, como sabido e notório, inclemente do ponto de vista econômico e social com relação ao chamado mundo subdesenvolvido, vez por outra apelidado de terceiro mundo, onde se costuma aplicar também a classificação de "emergentes", a critério dos "donos do planeta", a um que outro país provido de potencialidades impossíveis de passarem, o tempo todo, despercebidas aos olhares mundiais.



Essa cabulosa história do atlas mundial mutilado deixa-nos com aquela mesma sensação de insuportável desconforto trazida, tempos atrás, pela revelação de que alguns livros didáticos em escolas de ensino fundamental nos Estados Unidos mostram a Amazônia brasileira como região sob controle internacional. Uma coisa parece ter tudo a ver com a outra coisa. O inacreditável, imoral e ilegal redimensionamento cartográfico há que ser visto como um instrumento a mais de irradiação de mensagens subliminares insistentes com propósitos que deixa configurada ameaça, em seus direitos, sua cultura, soberania e integridade, aos países da banda de cá do equador. Esta a leitura a extrair dos fatos. Melhor dizendo, dos mapas.




Reações veementes 

                     contra o racismo








“Diga não ao racismo!”
(Faixa exibida pela FIFA e CBF em partidas de futebol)




Chega dos Estados Unidos o mais taxativo exemplo de punição aplicada na área esportiva por ato de racismo. Donald Sterling, proprietário do Los Angeles Clippers, clube que integra a NBA, famosa liga do basquetebol norte-americano, foi banido pelo resto da vida de atuar como dirigente nesse setor esportivo e ainda condenado a pagar multa de 2.5 milhões de dólares (valor aproximado de 5.5 milhões de reais) por ter sido flagrado num papo telefônico com declarações contundentes e preconceituosas contra negros.
 A decisão da NBA, divulgada pelas agencias noticiosas mundiais, é fulminante. “O senhor Sterling está sendo banido pelo resto da vida de qualquer associação com os “Clippers” ou com a NBA. Ele não poderá assistir nenhum jogo ou treino de qualquer equipe. Ele também não poderá mais participar das decisões da equipe nem participar de qualquer reunião associada à Liga”. As palavras acima foram utilizadas pelo comissário da NBA, Adam Silver, ao comentar o momentoso episódio. O empresário já esteve envolvido em outro incidente de natureza racista. O departamento de Justiça dos Estados Unidos aplicou-lhe punição pelo crime de não permitir inquilinos de tez escura em apartamentos de sua propriedade.
A NBA está exigindo que a propriedade do “Los Angeles Clippers” mude de mãos. A famosa apresentadora negra de televisão Oprah já anunciou intenção de adquirir o clube, à frente de um grupo de empreendedores. Em decorrência do gesto xenófobo de Sterling, dezenas de patrocinadores romperam seus contratos com os “Clippers”. O técnico e os atletas da agremiação expressaram seu apoio à iniciativa da NBA. Bem feito!
Enquanto isso acontecia nos EUA, na Espanha, a polícia informava que os dirigentes do Villarreal e das torcidas organizadas do clube espanhol deram a conhecer a identidade do torcedor que atirou a banana que o atleta brasileiro Daniel Alves descascou e comeu, num gesto simbólico altivo que correu o mundo. O autor da agressão racista, que se confessou arrependido, ganhou multa de 3 mil euros (9 mil reais), ficando proibido de frequentar o estádio.
De outra parte, no Brasil, o governo liberou auspiciosa noticia. O Papa Francisco, a pedido da Presidenta Dilma, irá enviar uma mensagem para leitura na solenidade de abertura da Copa Mundial de Futebol, expressando formal condenação da Santa Sé ao racismo.
Tudo quanto aqui narrado dá conta de que vem crescendo na consciência humana o sentimento de repulsa aos procedimentos ignóbeis dos que insistem em macular a convivência social com atitudes nauseabundas de intolerância e preconceito.
É muito bom que isso esteja ocorrendo e, também, que sanções mais duras comecem a ser aplicadas contra os seguidores ostensivos ou camuflados das “Ku Klux Klans” soltas por este mundo do bom Deus onde o diabo costuma plantar incômodos enclaves. 


III JORNADA DE ESTUDOS UFOLÓGICOS





sexta-feira, 2 de maio de 2014


                Clayton  n'O Povo (CE)




Ai de ti, Rio!                             



"Brasil, tira as flechas do peito de meu padroeiro que
São Sebastião do Rio de Janeiro pode ainda se salvar."
(Aldir Blanc, no lindíssimo "Querelas do Brasil")




Retiro do baú um artigo de muitos anos   atrás que ainda se reveste, sem que precise dizer a razão, de impactante atualidade.                                                                                 
O que diferentes administrações de notória ineficiência, mafiosos e bandoleiros de diversificados matizes, policiais despreparados ou corruptos e políticos inescrupulosos ou desprovidos de espírito público andam aprontando, não é de hoje, com a mui leal e heróica São Sebastião do Rio de Janeiro, só pode ser mesmo classificado de crime de lesa-pátria.

Sou de um tempo e pertenço a uma geração que aprendeu a cultuar o Rio como o segundo rincão natal de cada brasileiro. Mesmo daqueles patrícios que só o conheciam à distância. Melhor dizendo, daqueles compatriotas que se extasiavam com a soberba composição entre a Natureza e o engenho humano refletida na cidade, sem nunca ter tido a chance de contemplar de perto as belezas sem par, da cidade de encantos mil, cidade maravilhosa, coração do Brasil, cantada na imortal melodia de André Filho.

Comprovo em sugestiva coletânea de depoimentos anotados pelo renomado Paulo Rónai, no esplêndido "Dicionário de Citações", que o encantamento e a magia do Rio de Janeiro são de tempos imemoriais, de abrangência universal e de ressonância infindável. Vejam só o que a visão estonteante da paisagem inigualável arrancou de um versejador maior da língua, Bocage (1765-1805): "Pus, finalmente, os pés onde murmura / o plácido janeiro, em cuja areia / Jazia entre delícias ternura." Apolinário Porto Alegre, nas "Brasilianas", não faz por menos: "Vi dez sólios; oitenta e seis cidades / Vi as do engenho humano maravilhosas / Pelas artes criadas em mil anos / Mas meus olhos não viram quem te iguale / Divina Guanabara, em teus encantos.”

Com certeira certeza, emoção parecida arrastou Paul Claudel a dizer que "o Rio é a única grande cidade que não conseguiu expulsar a natureza.". Ou Genolino Amado a proclamar, deslumbrado, que os panoramas cariocas, inundando o coração da gente, fornecem a sensação do mundo em festa. Ou ainda Carlos Lacerda a garantir ser o Rio uma admirável síntese brasileira, cidade onde existe a idéia de que a amizade é força essencial à vida, arrematando assim a definição de um Rio presente na saudade e na veneração dos brasileiros: "O que no Rio por dinheiro nenhum se consegue, com uma boa palavra se alcança. Ou um palavrão, dito com ternura.”

Esse Rio lindíssimo, terno, de imagens que comportam tantas grandezas, de abrasador calor humano, sinopse vibrante do sentimento nacional, parece não existir mais. Parece estar sucumbindo diante das flechadas letais disparadas pela violência e insensatez desabridas, estimuladas pelo despreparo e falta de criatividade governamentais no enfrentamento da bandidagem e corrupção.

No passado, tomava-se conhecimento com sintomática freqüência de casos de conhecidos que se ligavam pela vida afora, movidos por contagiante entusiasmo, ao sonho dourado de terminar seus dias, à hora merecida da aposentadoria, na assim denominada cidade-maravilhosa. Que diferença de hoje, santo padroeiro! Que diferença destes tempos ignominiosos das quadrilhas de traficantes; das milícias corruptas de policiais; das unidades pacificadoras, nem sempre lamentavelmente “pacificadoras”; das balas extraviadas, das rajadas luminosas mortíferas que enchem de pavor ruas, residências, estradas, bairros inteiros e que inspiram nas pessoas, ao reverso, a ânsia de sair à cata de outros refúgios para terminar os dias de forma que não renda notícia dolorida em canto de página policial.


Os acontecimentos dos tempos cariocas de hoje dizem respeito a todos os brasileiros. O Brasil tem o direito e o dever de agir, se preciso for até com intervenção federal. O Rio de Janeiro precisa desfazer-se de suas mazelas. Continuar lindo, para desfrute da humanidade. É preciso que surjam pessoas interessadas em arrancar as flechas do peito do padroeiro, para que São Sebastião do Rio de Janeiro possa ainda se salvar, como dito na belíssima canção de Aldir Blanc.



Não vai faltar
Cesar Vanucci *
“Temos sobra de energia.”
 (Mauricio Tolmasquim, presidente da EPE).


Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), descartou de pronto a hipótese de racionamento. Garante com ardente convicção que todas as previsões relativas às precipitações hidrológicas apontam no sentido de que, nada obstante as “chuvas e trovoadas” provocadas pelo noticiário nosso de cada dia, atravessaremos 2014 chegando a 2015, sem problemas de abastecimento.
Em entrevista à “CartaCapital”, ele fala de sobra, não de escassez de energia, embora admitindo revelar-se desfavorável a atual condição do regime de chuvas. “Temos – enfatiza – uma sobra de energia muito acima da considerada no planejamento estrutural". Explica que superamos “esse momento extremo” porque cuidou-se de contratar  uma reserva grande e o consumo, de outro lado,  não cresceu dentro das expectativas. No período de 2001 a 2013, a expansão da oferta suplantou nitidamente a do consumo com uma matriz de produção bastante diversificada.
Os dados que alinha são muito elucidativos. Dispomos, no momento presente, de 5,5 mil megawatts médios de energia excedente para atendimento das necessidades globais. Isso corresponde a 8% da carga, levando-se em conta o consumo, mais as perdas. Esse excedente vai subir para 8,8 mil megawatts médios no ano que vem, 9,5 mil megawatts em 16 e 10mil megawatts em 2017.
Chamando a atenção para os investimentos feitos no setor pela iniciativa privada, Tolmasquim lembra que, a partir de 2004, contratamos no país 731 usinas com um total assegurado de geração de 67.378 megawatts. “É muita coisa”, diz, acrescentando que a capacidade hoje instalada é de 125 mil megawatts.
Outra revelação tranquilizadora que deixa é de que estão entrando em operação, a todo momento, novas plantas na faixa operacional das termoelétricas. O setor não está parado. Em maio começa a safra da biomassa, que se estenderá até novembro, gerando mais de 4 mil megawatts, uma quantidade significativa, salienta. Fortalecendo a geração vem chegando ainda, energia nova de origem eólica.
O que se depreende desse depoimento é de que não enfrentamos nem agora, nem vamos arrostar em futuro próximo, o dissabor do racionamento de energia elétrica. Sem dúvida alguma, notícia pra lá de boa!
Uma outra informação altamente sugestiva e animadora, referente à questão da energia elétrica, acaba de ser transmitida também pelo presidente do grupo CPFL Energia, Wilson Ferreira Junior. Ele assegurou que a situação brasileira é de absoluto conforto em relação aos demais países, quanto à disponibilidade de energia limpa renovável.
Enquanto por esse mundo afora um quarto da energia gerada provém de fontes renováveis, no Brasil essas fontes são responsáveis por 82% da produção de eletricidade. E há um campo imenso aberto a investimentos com vistas à implantação de mais parques geradores.
Resumo da historia: a situação, neste como em tantas outras vertentes da caminhada brasileira na conquista do desenvolvimento, não é feia como, insistente e estranhavelmente, vem sendo pintada por numerosos analistas comumente flagrados na tarefa inglória de descaracterizar as potencialidades e virtualidades do país e de sua gente.

A SAGA LANDELL MOURA

Uma mulher rodeada de palavras

                             *Cesar Vanucci “Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania de ter fé na vida” (verso da canção “M...