sexta-feira, 26 de abril de 2019
Com a pompa e gala costumeiras, o “Dia da Inconfidência”, principal data no calendário cívico mineiro, foi celebrado no último dia 21 de abril em Ouro Preto, cidade monumento mundial, por iniciativa do Governo do Estado, com o apoio da Prefeitura do Município. O governador Romeu Zema presidiu a solenidade dedicada ao tradicional agraciamento de personalidades da vida pública nacional. O evento foi realizado no Centro de Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto, reunindo público numeroso, de alta representatividade. Por generosa indicação de Elizabeth Rennó, dinâmica presidente da Academia Mineira de Letras, nome estelar na cena cultural, este escriba foi distinguido, em grau de promoção, com a Medalha de Honra da Inconfidência. Personagens ilustres na vida brasileira, civis e militares, foram homenageados no ato, que contou com a participação, brilhante como sempre, da Orquestra Sinfônica da Polícia Militar de Minas Gerais. O governador Romeu Zema, o vice-governador Paulo Brant e o prefeito de Ouro Preto Julio Ernesto de Grammont Machado de Araujo discursaram na ocasião.
quinta-feira, 25 de abril de 2019
A recomendação do
coronel
Cesar Vanucci
“ Um
preceito do direito (...): dar a cada um o que é seu”
(Ulpiano - 228 d.c.)
Ocupando-nos
recentemente da momentosa e polêmica questão da Previdência Social,
manifestamos o ponto de vista de que a melhor fórmula, única em termos de
justiça social de se promover reforma previdenciária nos devidos trinques, é a
da fixação de benefícios básicos idênticos aos cidadãos, sem concessões ou
vantagens especiais em função da atividade, condição social, política ou profissional.
Aos doutos em direitos sociais e previdenciários tocaria a complexa tarefa de
formatar um modelo previdenciário oficial que se aprestasse a todas as
categorias e que, com bom senso e simplicidade, conforme os ditames
democráticos e republicanos, permitisse aplicação clara e objetiva do principio
da igualdade de direitos para todos. Está claro que uma demanda dessa natureza imporia
tempo mais dilargado para reflexões, estudos e avaliações. Mas, com certeira
convicção, no final das contas o país seria agraciado, no futuro, como tanto se
almeja, com um sistema previdenciário oficial sem déficits preocupantes, contudo
igualitário nos fundamentos essenciais. Ou seja, sem permitir-se concessões de
privilégios a quem quer que seja. Sem interpretações difusas e confusas que
impliquem em vantagens especiais para parcelas minoritárias da sociedade,
provenientes do jogo penumbroso das conveniências corporativas.
O
palpitante debate relativo à chamada reforma da previdência social relembra-nos
causo que envolve um coronel lá das bandas do sertão, dono de um bocado de
léguas de terra boa pra cultivo e criação. Personagem à antiga, desses que
apalavram compromisso com fio de barba, resolveu exercer, em determinada
ocasião, conduta mais branda nos negócios habitualmente conduzidos com discricionária
autossuficiência. Dando-se conta das expectativas nervosas em falas reticentes
e olhares interrogativos dos filhos legítimos e outros nem tanto, e também da
zelosa matrona, reconhecida solenemente como “matriz”, conhecedora resignada de
um punhado de “filiais”, decidiu, de hora pra outra, pelo “repartimento em vida
dos haveres” do alentado e cobiçado patrimônio. A cara metade, sempre cordata
no papel de dona de casa confinada às prendas domésticas, num raro momento de
insubmissão, resolveu meter o bedelho “nesse assunto de homem”, induzindo o
marido a utilizar, no trabalho técnico anunciado, os reconhecidos talentos do
neto mais velho, economista laureado em brilhante curso, com especialização no
exterior. O coronel deixou-se levar, como confessou mais tarde, pela conversa
“na maciota” da patroa, acolhendo com um sentimento mesclado de orgulho,
escondendo no intimo alguma insegurança, a sugestão de entregar a tarefa do
“somatório e divisão dos bens” ao “apetrechado descendente de valorosa
estirpe”. “Num deu outra. Uma deceptude
total. Por destraquejo do rapaz, inflado que nem bezerro gordo, bom de pasto,
pelas ideias moderneiras dessa geração barbugenta, nasceu uma porqueira de
documento, tudo nos desconformes, dando mais amolação que parimento de égua
encruada”, comentou o coronel adiante com amigos chegados. O jeito de “consertar
o desarranjo” foi convocar às pressas, para “aconselhamentos e
providenciamentos reservosos e sigilentos, a peso de ouro”, causídico renomado,
com quem o coronel lastimou “o excesso de leprego” do neto: “O garoto verteu
mesmo fora do barranco, com baita engazopação, cheio de nove hora, explicação
técnica para isso e pra aquilo, mode convencer, mas sem convencer um tiquinho.”
Ignorando, por certo, que em contexto diferente algo assemelhado já houvesse
sido proferido por um certo escritor chamado George Orwell, o coronel arrematou
fulminantemente: “Na divisão - parece inté artimanha do maligno - o menino
aprontou um fuzuê. Deu uma desembestada geral, desigualando o partilhamento,
deixando os homens com cara de burro fugido e as mulheres com face de Madalena
arrependida, a me afrontarem, prafrentemente, em defesa, com unhas e dentes, de
nacos melhores do churrasco. Igualzinho esse descalabro da Previdência Social,
adonde os benefícios da aposentadoria são dados de acordo com a cara do
freguês. Num quero desses desajeitos previdenciários no meu negócio. A lei fala
que todos são iguais perante a dita cuja. Num tem dessa, então, de alguns serem
mais iguais do que os outros. Bota tento nisso, doutor. Faz arrumação justa.”
Conselho
válido para os debates da hora sobre a reforma previdenciária: botar tento,
para uma justa arrumação.
Cesar Vanucci
“ Um
preceito do direito (...): dar a cada um o que é seu”
(Ulpiano - 228 d.c.)
Ocupando-nos
recentemente da momentosa e polêmica questão da Previdência Social,
manifestamos o ponto de vista de que a melhor fórmula, única em termos de
justiça social de se promover reforma previdenciária nos devidos trinques, é a
da fixação de benefícios básicos idênticos aos cidadãos, sem concessões ou
vantagens especiais em função da atividade, condição social, política ou profissional.
Aos doutos em direitos sociais e previdenciários tocaria a complexa tarefa de
formatar um modelo previdenciário oficial que se aprestasse a todas as
categorias e que, com bom senso e simplicidade, conforme os ditames
democráticos e republicanos, permitisse aplicação clara e objetiva do principio
da igualdade de direitos para todos. Está claro que uma demanda dessa natureza imporia
tempo mais dilargado para reflexões, estudos e avaliações. Mas, com certeira
convicção, no final das contas o país seria agraciado, no futuro, como tanto se
almeja, com um sistema previdenciário oficial sem déficits preocupantes, contudo
igualitário nos fundamentos essenciais. Ou seja, sem permitir-se concessões de
privilégios a quem quer que seja. Sem interpretações difusas e confusas que
impliquem em vantagens especiais para parcelas minoritárias da sociedade,
provenientes do jogo penumbroso das conveniências corporativas.
O
palpitante debate relativo à chamada reforma da previdência social relembra-nos
causo que envolve um coronel lá das bandas do sertão, dono de um bocado de
léguas de terra boa pra cultivo e criação. Personagem à antiga, desses que
apalavram compromisso com fio de barba, resolveu exercer, em determinada
ocasião, conduta mais branda nos negócios habitualmente conduzidos com discricionária
autossuficiência. Dando-se conta das expectativas nervosas em falas reticentes
e olhares interrogativos dos filhos legítimos e outros nem tanto, e também da
zelosa matrona, reconhecida solenemente como “matriz”, conhecedora resignada de
um punhado de “filiais”, decidiu, de hora pra outra, pelo “repartimento em vida
dos haveres” do alentado e cobiçado patrimônio. A cara metade, sempre cordata
no papel de dona de casa confinada às prendas domésticas, num raro momento de
insubmissão, resolveu meter o bedelho “nesse assunto de homem”, induzindo o
marido a utilizar, no trabalho técnico anunciado, os reconhecidos talentos do
neto mais velho, economista laureado em brilhante curso, com especialização no
exterior. O coronel deixou-se levar, como confessou mais tarde, pela conversa
“na maciota” da patroa, acolhendo com um sentimento mesclado de orgulho,
escondendo no intimo alguma insegurança, a sugestão de entregar a tarefa do
“somatório e divisão dos bens” ao “apetrechado descendente de valorosa
estirpe”. “Num deu outra. Uma deceptude
total. Por destraquejo do rapaz, inflado que nem bezerro gordo, bom de pasto,
pelas ideias moderneiras dessa geração barbugenta, nasceu uma porqueira de
documento, tudo nos desconformes, dando mais amolação que parimento de égua
encruada”, comentou o coronel adiante com amigos chegados. O jeito de “consertar
o desarranjo” foi convocar às pressas, para “aconselhamentos e
providenciamentos reservosos e sigilentos, a peso de ouro”, causídico renomado,
com quem o coronel lastimou “o excesso de leprego” do neto: “O garoto verteu
mesmo fora do barranco, com baita engazopação, cheio de nove hora, explicação
técnica para isso e pra aquilo, mode convencer, mas sem convencer um tiquinho.”
Ignorando, por certo, que em contexto diferente algo assemelhado já houvesse
sido proferido por um certo escritor chamado George Orwell, o coronel arrematou
fulminantemente: “Na divisão - parece inté artimanha do maligno - o menino
aprontou um fuzuê. Deu uma desembestada geral, desigualando o partilhamento,
deixando os homens com cara de burro fugido e as mulheres com face de Madalena
arrependida, a me afrontarem, prafrentemente, em defesa, com unhas e dentes, de
nacos melhores do churrasco. Igualzinho esse descalabro da Previdência Social,
adonde os benefícios da aposentadoria são dados de acordo com a cara do
freguês. Num quero desses desajeitos previdenciários no meu negócio. A lei fala
que todos são iguais perante a dita cuja. Num tem dessa, então, de alguns serem
mais iguais do que os outros. Bota tento nisso, doutor. Faz arrumação justa.”
Conselho
válido para os debates da hora sobre a reforma previdenciária: botar tento,
para uma justa arrumação.
sexta-feira, 19 de abril de 2019
Conspiração cartográfica
"O
mapa mente!"
(Eduardo
Galeano, escritor uruguaio)
“É loucura, mas há um método nela!” A sabedoria shakespeariana
explica magistralmente a insânia das manobras desencadeadas por estrategistas da
geopolítica em seus nefandos propósitos hegemônicos de usurpação, subjugação e
dominação. Nem os registros cartográficos escapam da conspiração montada.
Confesso, honestamente, que nunca, jamais, em tempo
algum, passou-me de leve pelo bestunto a estapafúrdia ideia de que o mapa mundi
utilizado em consultas, desde os começos escolares, seja inexato, incorreto nas
proporções, oferecendo uma noção falsa, superavaliada, da grandeza geográfica
dos países do chamado primeiro mundo. Provocado pelo que conta a respeito
Eduardo Galeano no livro "De pernas pro ar – a Escola do mundo ao
avesso", resolvi conferir e acabei me certificando, arregalado de espanto,
que a revelação, denúncia, ou o que quer que seja a informação transmitida pelo
saudoso pensador uruguaio, está absolutamente certa. A linha do equador não
atravessa, realmente, a metade do mapa mundi, como se aprende na escola. O rei
da geografia, como diz Galeano, está nu. E não é que isso já havia sido
constatado, na moita, debaixo de silêncio sepulcral, há mais de meio século,
por um cientista alemão de nome Arno Peters?
Mas o mais adequado nas circunstâncias é deixar a
palavra escorrer pela boca do próprio escritor: "O mapa mundi que nos
ensinaram dá dois terços para o norte e um terço para o sul. (...) A Europa é
mais extensa do que a América Latina, embora, na verdade, a América Latina
tenha o dobro da superfície da Europa. A Índia parece menor do que a
Escandinávia, embora seja três vezes maior.
Os Estados Unidos e o Canadá ocupam no mapa mais
espaço do que a África, embora correspondam apenas a duas terças partes do
território africano.”
Adotando-se a mesma perspectiva da análise de
Galeano, dá pra ver que a configuração do Brasil, detentor da quarta ou quinta
maior extensão territorial entre os demais países, está igualmente
desproporcional no atlas.
Isso posto, qual a razão dessa desconcertante distorção
da geografia e da história, há tantos anos ignorada ou tolerada? Galeano não
deixa por menos: "O mapa mente! A geografia tradicional rouba o espaço,
assim como a economia imperial rouba a riqueza, a história oficial rouba a
memória e a cultura formal rouba a palavra.". Ele está a falar de um
processo espoliativo incessante que tem como alvo os países do hemisfério sul.
Um processo, como sabido e notório, inclemente do ponto de vista econômico e
social com relação ao chamado mundo subdesenvolvido, vez por outra apelidado de
terceiro mundo, onde se costuma aplicar também a classificação de
"emergentes", a critério dos "donos do planeta", a um que
outro país provido de potencialidades impossíveis de passarem, o tempo todo,
despercebidas aos olhares mundiais.
Essa cabulosa história do atlas mundial mutilado
deixa-nos com aquela mesma sensação de insuportável desconforto trazida, tempos
atrás, pela revelação de que alguns livros didáticos em escolas de ensino
fundamental nos Estados Unidos mostram a Amazônia brasileira como região sob
controle internacional. Uma coisa parece ter tudo a ver com a outra coisa. O
inacreditável, imoral e ilegal redimensionamento cartográfico há que ser visto
como um instrumento a mais de irradiação de mensagens subliminares insistentes
com propósitos que deixam sob ameaça, em seus direitos, sua cultura, soberania
e integridade, os países da banda de cá do equador. Essa a leitura a extrair
dos fatos. Melhor dizendo, dos mapas.
sexta-feira, 12 de abril de 2019
Honra
demasiada
Cesar
Vanucci
“A
cultura é uma dimensão
constitutiva
da existência humana.”
(Gilberto Amado)
Na
manhã do dia 30 de março passado, sábado, vivi forte e genuína emoção. Tomei
posse, em concorrida assembleia de teor literário e artístico, como membro
efetivo do elenco acadêmico do Instituto Histórico e Geográfico de Minas
Gerais, mais antiga instituição cultural mineira, fundada por João Pinheiro.
Conduzida pelo presidente Aluizio Alberto da Cruz Quintão, escritor, poeta e
jurista de renome, a festiva cerimônia reuniu incontável número de amigos de
variados segmentos comunitários, entre eles personagens pertencentes aos
quadros, além do Instituto, da Academia Mineira de Letras, Academia
Municipalista de Letras de Minas, Academia de Letras Guimarães Rosa, da Polícia
Militar, Academia de Letras do Triângulo Mineiro, Arcádia, Academia Mineira de
Leonismo e outras entidades ligadas ao movimento literário e artístico. A
participação de representantes do Lions Clube foi também bastante
significativa.
A
parte artística do evento ficou a cargo do famoso instrumentista Cid Ornellas,
nome de projeção nacional, que brindou o público presente com recital
primoroso, interpretando peças musicais de Villa Lobos, Ary Barroso, Luiz Lua
Gonzaga e Ravel.
Na
ocasião, deu-se o lançamento do livro “Pelos caminhos do Pescador”, romance
histórico com foco na figura de São Pedro, de autoria do secretário do
Instituto, Joaquim Cabral Netto. Nas palavras de Cabral “há passagens (na obra)
que defluem de fatos reais e, outras, que decorrem da criação do autor”. O
propósito é “realçar Pedro: o Apóstolo, o homem, o líder e sua missão.”
Minha
indicação para o Instituto partiu dos eminentes companheiros Paulo Duarte
Pereira, Luiz Carlos Abritta e Daniel Antunes Junior. Coube ao primeiro deles a
saudação ao empossando. Cidadão de inteligência privilegiada, capacidade de
liderança louvada num sem número de funções, Paulo é coronel da Polícia
Militar, tendo presidido o Tribunal de Justiça Militar. Elos fraternos
consistentes nos unem. Amigos de longa data, firmamos, pode-se dizer, uma
“tríplice aliança acadêmica”. Estamos juntos no Lions Clube, onde ele deixou
como Governador rastro luminoso. Somos companheiros na Academia de Leonismo.
Passamos doravante a atuar como colegas no Instituto Histórico.
No
pronunciamento que fiz, ao receber o diploma, a medalha e o distintivo
oferecidos aos que são investidos na honrosa titulação de sócio do Instituto,
registrei, entre outras, as seguintes palavras: “Suceder Oiliam José na cadeira
número 18, tendo como patrono José Pedro Xavier da Veiga, representa – como
diria saudoso professor de História aos tempos da escola risonha e franca no
Liceu Triângulo Mineiro, dirigido pelo genial Mário Palmério – honra demasiada
da conta para pobre vassalo. Vassalo, por força das circunstâncias, catapultado
por misteriosos, tanto quanto generosos desígnios, aos domínios encantados de
uma realeza dotada de invulgar sabedoria, descrição mais que ajustada a este
sodalício”.
Reportando-me
ao patrono, lembrei que Xavier da Veiga, mineiro de Campanha, foi alguém de
estatura everestiana no cenário intelectual. Jornalista, historiador, poeta,
atuou destacadamente na política no século XIX. Exerceu funções como Deputado
Provincial e Senador Estadual, tornando-se arauto da causa municipalista.
Nutrindo por Ouro Preto verdadeira veneração, opôs-se à transferência da
capital mineira para Curral Del Rey. Reconhecido pelo traquejo na administração
da coisa pública, atuou como negociador em contenda do Governo de Minas com o
Governo do Rio alusiva às divisas territoriais entre as duas províncias. O
parecer por ele emitido influenciou decisivamente a conciliação que pôs fim na
pendência. Com desempenho brilhante, fez parte do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro. Organizou o Arquivo Público Mineiro. Foi seu primeiro
diretor, entre 1895 e 1900. Criou a Revista do Arquivo Mineiro, onde se acha
estampada parte considerável de sua efervescente produção literária. No
trabalho executado no Arquivo colocou a salvo de desmantelamento e destruição
parte significativa da documentação provincial mineira. A rica e vasta
bibliografia de Veiga enfeixa inspirados poemas, textos de primorosa feição,
pujantes narrativas de conteúdo histórico.
Referi-me,
ainda, no discurso, à refulgente trajetória de meu antecessor Oiliam José,
educador, escritor, historiador, poeta e pensador, decano de organizações do
porte do Instituto Histórico e Geográfico, Academia Mineira de Letras e
Academia Municipalista de Letras. Recordei o fato de que mantínhamos, Oiliam e
eu, cordial relacionamento. A atividade literária fazia parte de nosso
substancioso intercâmbio de opiniões. Era enxergada como instrumento eficiente
de narração da historia humana e como fator de irradiação dos valores
humanísticos e espirituais que constituem nossa própria razão de viver.
Flagrantes da solenidade
(Fotos gentilmente oferecidas por Silvia Araujo Motta e Tania Diniz)
Discurso de posse |
Saudação de Paulo Duarte Pereira |
Presidente Aluízio Quintão e Cesar Vanucci |
Mesa dirigente dos trabalhos, composta de representantes das principais instituições culturais de Minas |
Entrega da Comenda. Presidente Aluízio Quintão e secretário Joaquim Cabral Netto |
Cena da plateia |
quinta-feira, 11 de abril de 2019
A poetisa Silvia Araujo Motta honrou-me, a propósito de minha posse no IHGMG, com o poema reproduzido abaixo.
-
Acróstico-especial
nº 6858Por Silvia Araújo Motta/BH/MG/Brasil
-
C-Com alegria, registramos nesta data,
E-Em trinta de março/2019, empossado,
S-Solenemente, o Dr. CESAR VANUCCI-
A-Advogado, jornalista-hoje, no IHGMG.
R-Referendado à Cadeira nº 18 de José
-
P-Pedro Xavier
da Veiga, o Patrono jornalista
E-E historiador.
Saudação ao novo Associado,R-Referências do historiador e Associado
E-EfetivoCel Paulo Duarte Pereira, Cad. 63, do
I-Inesquecível Barão Manoel Teixeira de Souza.
R-Reconhecido e dinâmico Vanucci, está a presidir
A-Academia Municipalista de Letras de MG, desde 2016.
V-Vanucci,
Cidadão Honorário/BH e em 12 Municípios/MG,
A-Atuante
dedicação, há décadas, na área sociocultural;N-No Sistema FIEMG, foi brilhante Superintendente, na
U-UTRAMIG foi Presidente. Na PBH; Ouvidor Geral e
C-Como Secretário de Abastecimento, em Belo Horizonte.
C-Com muita honra, foi Assessor do Dr. José de Alencar, com
I-Importante atuação, em Brasília, no Senado Federal, e
N-Na
VICE-PRESIDÊNCIA da REPÚBLICA do BRASIL.
O-O Dr. Cesar
Vanucci é fundador da Academia de Letras que-
I-Integra o Triângulo Mineiro. Líder, idealizador, este
H-Homem Dr. Cesar Vanucci, coordenou a famosa “Ação
G-Global” sendo Fundador da CASFAM/ FIEMG.
M-Merecedor de efusivos aplausos festivos neste
G-Grande dia: Parabéns HISTORIADOR Dr. Cesar Vanucci.
- -SAUDAÇÕES
ROSIANAS DE SILVIA E ESPOSO KLINGER-
BH, MG, Brasil,
sábado, 30 de março de 2019.sexta-feira, 5 de abril de 2019
Junção de processos terapêuticos
Cesar
Vanucci
“Não é ter saúde que
é bom; não a ter é que é ruim.”
(Abgar Renault)
Quem tem olhos pra enxergar e ouvidos pra
escutar percebe com clareza o que anda acontecendo. A criação e o funcionamento
de organizações brotadas no seio da comunidade, sem fins predominantemente
lucrativos, consagradas a ações assistenciais escoradas nas chamadas terapias
alternativas vêm ocorrendo em ritmo sempre crescente, em tudo quanto é canto.
Dá pra perceber em todas as camadas da população, um certo fascínio pela
(re)descoberta de recursos terapêuticos naturais, representados pela
homeopatia, fitoterapia, pelas técnicas, algumas milenares, de aplicação
energética.
Sentindo-se molestados pela, não raras vezes,
precária assistência à saúde que se lhes é oferecida, pela conspiração contra a
vida configurada em clamorosas desatenções a problemas fundamentais de saúde
pública, pelos elevados custos dos medicamentos e, até mesmo, como acontece em
alta escala, sobretudo na África abandonada, pelas falsificações de remédios,
segmentos significativos da sociedade, aqui em nossos pagos e alhures, focam
olhares esperançosos em processos que possam abrir, para o ser humano, outras
possibilidades de tratamento e cura de aflitivos males físicos e psicológicos.
É só por tento no considerável volume de pessoas permanentemente atraídas aos
locais de prestação desses atendimentos terapêuticos diferenciados.
Recentemente, a televisão mostrou uma
experiência indicativa do que poderá vir a ser uma provável junção dos métodos
terapêuticos convencionais com os recursos inovadores acenados pelas chamadas
terapias alternativas. Em hospital católico, pertencente à congregação das
irmãs beneditinas, numa importante cidade americana, foram adotados processos
de assistência sinalizadores de procedimentos que poderão, talvez, identificar
a medicina a ser no futuro praticada. As imagens mostraram uma sequência de
ações médicas convencionais, rodeadas de instrumentos tecnológicos
avançadíssimos e, também - residindo aí a singularidade do processo -, de
aplicações energéticas, através da imposição de mãos, praticadas por paranormais,
místicos, sensitivos, ou que outra denominação se queira dar a alguém enquadrado nessa instigante modalidade de
atuação terapêutica. Uma intervenção cirúrgica complexa foi acompanhada, o
tempo todo, por uma senhora provida de poderes de energização, com o cirurgião
chefe recorrendo, volta e meia, aos seus préstimos e intervenção como
complemento do procedimento executado no paciente. Noutra sugestiva sequência
de cenas, um psiquiatra confessou, sem relutância alguma, haver abolido
praticamente a medicamentação de natureza química ministrada aos enfermos,
afiançando, com ênfase nas palavras, que o emprego de terapias naturais,
inclusive a energização, vem proporcionando resultados amplamente satisfatórios
nas demandas de seu consultório. A reportagem apresentada na tevê é de molde a
estimular, obviamente, reflexões por parte de todos que se achem empenhados em
estudos e pesquisas relacionados com os rumos da assistência à saúde.
Esses registros
conferem refulgente atualidade a conceitos esposados por Fritjop Capra. No
arrebatante livro “Sabedoria Incomum”, o famoso físico reconhece,
maravilhado, fazendo uso de sua clarividente visão das coisas do mundo, a
revolucionária eficácia dessa conjugação dos conhecimentos científicos
consolidados, absorvidos pela medicina tradicional, com as propostas advindas
da assim chamada medicina natural. A fusão dessas técnicas, como demonstrado
na experiência do hospital norte-americano, representa muito bem a
corporificação daquilo que Capra, em suas percepções de ordem humanística e
espiritual, preconiza – como não? – para o amanhã da vida.
|
quinta-feira, 4 de abril de 2019
O fundamentalismo saudita
Cesar Vanucci
“Na
Arábia Saudita, basta ser homossexual para ter o pescoço cortado.”
(Gilles Lapouge, jornalista)
História
recente. Um jornalista saudita, asilado nos Estados Unidos, de passagem pela
Turquia, resolve procurar o Consulado de seu país natal para regularização de
documentos. Nunca mais foi visto. O governo turco faz uma denúncia terrível: o
jornalista foi detido, torturado, esquartejado. Seus despojos repousam em local
incerto e não sabido. A bárbara ocorrência foi ordenada por alguém muito
poderoso da realeza da Arábia Saudita.
A grita de
protesto durou pouco tempo. O governo de Riad, uma ditadura cruel de
configuração feudal, continuou a ser tratado a “pão de ló”, como se costuma
dizer. Tudo por conta do petróleo e interesses negociais subjacentes. As
conveniências geopolíticas fazem com que dirigentes de países poderosos não se
enrubesçam, tiquinho que seja, em apontar a Arábia Saudita como nação moderna,
baluarte da democracia na conturbada região em que se acha localizada, fechando
os olhos ao cortejo de horrores ali praticados contra os direitos fundamentais.
Tem-se por certo que no país, entre outras absurdidades, subsista ainda a
escravatura. O tratamento dispensado à mulher atinge inimaginável paroxismo
machista.
Na verdade, a
Arábia Saudita é tão ou mais fundamentalista, na extensão mais retrógrada do
termo, que o Afeganistão do tenebroso ciclo talebã. Mas, como frisado, é
inexplicavelmente poupada nas críticas internacionais feitas às fanatices
atribuídas a grupos religiosos coléricos. Quando abre espaço para denunciar
despropósitos praticados por intérpretes alucinadamente confusos do Alcorão, um
livro sagrado digno de respeito, a mídia se omite escandalosamente face a
qualquer lance em que a Arábia Saudita figure como protagonista. Ou, pelo
menos, trata com indulgente discrição os desatinos que proliferam naquele país.
São objeto de
proibição, nos ermos sauditas, entre outras coisas, o álcool, a dança, a
astrologia, o emprego das perigosas expressões “papai” e “mamãe” no
convívio familiar, a pecaminosa participação mista em cinemas e
educandários. Uma mulher, mesmo ocidental, que ouse sair na rua com trajes
despojados, considerados afrontosos à moral e costumes, é açoitada
publicamente pelos “guardiães da fé”.
O
obscurantismo das leis chega a extremos inconcebíveis. A Arábia é o único país
a punir com pena de decapitação os chamados desvios sexuais. Pessoas condenadas
sumariamente pelo “crime da homossexualidade” são decapitadas em praça
pública, a golpes de sabre. Houve ano em que esse processo bárbaro de avaliação
da conduta social produziu 80 vítimas. Os registros dessas atrocidades passam à
deriva da divulgação midiática. A ONU, as grandes potências, as próprias
organizações consagradas à defesa dos direitos humanos fecham-se,
estranhavelmente, em copas diante dos clamorosos acontecimentos.
Gilles
Lapouge, jornalista, critica acerbamente o comportamento da sociedade
internacional em relação ao que rola. O assassinato dos homossexuais mostra a
dinastia saudita, por trás de sua vitrina suntuosa de magnatas do petróleo,
amiga e sócia de personalidades mundiais influentes, numa versão de inaudita
ferocidade. O jornalista afirma ainda que naquele canto do mundo ocorrem coisas
piores que noutros lugares dominados por regimes absolutistas. A dinastia Saud,
família real encastelada no poder, desfruta de total imunidade quanto aos
malfeitos incessantes. A realeza saudita, afirma ainda o bem informado
jornalista, anda a reboque da seita religiosa mais extremada e incendiária do
fundamentalismo muçulmano. Os sunitas ou xiitas, mesmo os mais radicais, não
passam de meros cordeiros perto do wahhabitas. Alá proteja quem,
desventuradamente, venha a cruzar os caminhos desses tresloucados religiosos!
Michael Moore,
cineasta e jornalista estadunidense, é outro autor renomado que já denunciou,
em livro e filme, os delitos contra a humanidade registrados nas áreas
sauditas. Ele assegura que a trama relativa à derrubada das torres gêmeas em
Nova Iorque foi urdida por fundamentalistas religiosos de presença marcante no
governo saudita em conluio com Bin Laden. Um dos indícios de que se vale ao
sustentar tal assertiva é este aqui: os pilotos dos aviões arremessados
pertenciam aos quadros da Força Aérea da Arábia Saudita.
APELO AO INVENTOR
Já inventaram o trem, o avião, a
matéria-plástica e a bomba-atômica. Até a coca-cola..., que de inventores o
mundo anda cheio. Felizmente.
A imaginação humana é incansável e
copiosa. Despontam descobridores entre homens e mulheres de ciência, entre
mecânicos, químicos e artistas, figurinistas e físicos. Já se criou tanta coisa
nova, boa ou má, que estatística alguma poderia enumerá-las.
Mas convoca-se hoje, um técnico
moderno e muito aperfeiçoado, um inventor capaz de redescobrir. Sim!
--- Quem quer inventar agora um
silêncio sólido e confortante? Igual àquele silêncio antigo e amplo que, aos
poucos, vai se tornando lenda?
--- Quem pode devolver o sossego à
cidade da máquina e do torvelinho? Ao solo do trator e ao espaço do avião? Já
transpuseram a velocidade do som, mas quem o deterá?
De repente, a gente precisa muito do
silêncio e não o encontra. Procura-se, indaga-se, mas tudo inútil. Grita-se por
ele, faz-se um chamado, um convite, sempre em vão. Vai-se comprá-lo, ninguém o
vende.
--- Que fizeram dele? Quem o levou?
Perdemos o carinho pelo silêncio e
ele vinga-se furiosamente de todos os lados. Cada máquina moderna cobrou dele o
seu preço.
Hoje, só o barulho anda solto, faz
comício e ganha posto. Não o expulsam, pelo contrário, fizeram-no dono do
mundo. Ele vem do martelo escandaloso, construindo um prédio, corre maluco
acompanhando os automóveis e motocicletas. Grita nas esquinas, brinca com as
crianças, invadindo céus e terra. Faz ponto na cidade, no vizinho, na nossa casa.
Entrou nas fábricas e nos autofalantes, é chefe das ruas e das praças.
Não nos deixam refúgio algum.
Até na música ele vai fazendo suas
incursões, às vezes perigosas, às vezes descaradas.
Suplantado, o silêncio retraiu-se.
Procurou o interior, virou caboclo, passou de moda. Está agora escondido nas
fazendas, encabulado, espezinhado, arredio.
Por isso é justo que se pergunte:
--- Quem quer inventar um silêncio
forte e gigantesco, que resista a tudo?
Um silêncio, certamente atômico, que
cale os ruídos, saiba repousar e não se envergonhe de aparecer numa cidade
grande! Um silêncio provinciano, que possa ser nosso, ao menos num dia de
trabalho exagerado ou numa noite teimosa de insônia?
(Do livro Luz sobre o Mar, p.45,
1967, de Célia Laborne)
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