sexta-feira, 26 de dezembro de 2014


UM LINDO 

    BRINDE

NATALINO


Presenteio hoje os amigos deste Blog com um material literário de primeira qualidade, ao reproduzir a "edição de fim de ano" da "Gazeta da Academia", periódico eletrônico lançado pela Academia Mineira de Leonismo.
Façam bom proveito dos magníficos textos e belas ilustrações enfeixados na edição, que estampa poemas e crônicas natalinas extraídos de exemplar do ano de 1966 do famoso Suplemento Literário da Imprensa Oficial.



ACADEMIA MINEIRA DE LEONISMO
ANO III / DEZEMBRO 2014 
EDIÇÃO ESPECIAL DE FIM DE ANO


NATAL, POESIA E PROSA


Em  2012,  na  celebração  do120 anos da Imprensa Oficial de Minas Gerais, foi lançada uma edão comemorativa do
Suplemento Literário das Minas Gerais,” reunindo exemplares     correspondentes ao ano de 1966.

Natal,   poesia   e   prosa o titulo da publicação de n° 17, Ano I, de sábado, 24 de dezembro do referido anoO exemplar era vendido ao pro de Cr$ 150, como consta do cabeçalho.

O material estampado no numero referido, organizado pela escritora Laís Correa de Araújo com de   resto   em todos os números do Suplementoao longo de sua trajetória, é de valor literário histórico imensurável. Alguns dos mais importantes intelectuais brasileiros registram ali belíssimas criações em prosa e verso. Os textos são ilustrados com reproduções  de  telas  de pintores famosos, algumas delas estampadas abaixo.


A Gazeta da Academia” tem o  grato  prazer de reproduzir, para deleite dos leitores, nesta sua edão de final de ano e2014, alguns desses trabalhos, preservando a pontuaçãoriginal.


Fica aqui o convite para curti- los.



                                  Rogier Van Der Weyden Adoração dos Reis ( Sec. XV)


SEGUNDA DOR

Alphonsus de GUIMARAENS

Eram     pastôres     rudes     e pastôras
Que o sol do Oriente em beijos enrubesce,
E     transforma     em     visões encantadoras
N suavidad d alv quamanhece:


Eram bandos de velhos, e de louras
Crianças    gentis,    as    mãos postas em prece
Frontes      humildes,      Almas sonhadoras,
Por onde a bênção do Senhor floresce:


Era  a  sublime  adoração  do povo,
À     luz     daquele     celestial Presepe,
Diant d leit d menino vo:


Diante  do  leito  em  que  Êle adormecia,
Hoje   d flôres,  amanhã   de crepe,
Berço     de     Deus,     Santo- Sepulcro um dia...



A Virgem com o Menino Hans Menling (Sec. XV)


                                               

POEMETO 

DE

NATAL

                                                        Emílio MOURA

Que diz a estrêla
 ao menino? Que segrêdo,
 rápido, baixa, sobre a fronte 
que se ilumina e capta
o esquivo maravilhoso?

Que diz o vento
 ao menino? Que desígnios
 esconde? Que ária inventa,
 entre flôres e frondes, 
para que o infante durma?

Que múrmura mensagem
 corta o espaço? Que elo,
 rútilo, anula
a infinita distância
entre o menino e a estrêla? 




FIM DE ANO


Paulo Mendes CAMPOS

Mal-educado eu sou, mas ingrato não. O que me falta, por dentro e por fora, é organização para transformar em atos concretos a minha ressonância afetiva. Sou um fracassado no capítulo das obrigações, já não ligo as sociais, as de amizade; e nem cuido mais de consertar-me, isto é, a não ser no ano que vem. No ano que vem, sim, vou arrumar a minha vida e a minha mesa, vou responder às cartas tôdas,   telegrafar, telefonar, presentear, agradecer, comparecer, abraçar, sorrir, perguntar, desfazer equívocos. Êste ano ainda não foi possível, perdoai-me.

Só me resta portanto o golpe bastante desonesto de registrar nesta página um agradecimento geral a todos os meus amigos e pessoas gentis. Obrigado para todos que me enviaram cartões de boas-festas, alguns de tão longe, e há tanto tempo sem contatos pessoais, que me encheram de confusão. Agradeço aos que mandaram presentes a quem não os merece, agradeço aos que me convidaram para festas, estendendo a gratidão a todos que   foram   amáveis   comigo,   presenteando-me   obséquios, dando-me de comer e beber, chamando-me para cerimônias 
familiares, enviando-me livros, aturando-me. Agradeço aos leitores que me enviaram cartas, de coração ou de crítica, e aos que delicadamente se calaram sobre os meus descaminhos de forma e pensamento. A todos os meus amigos e companheiros desejo um ano novo pelo menos sem grandes problemas – que tenho  sempre  um  certo  temor  de  pedir  muito.  Aos  meus inimigos, se os tiver, desejo uma boa indigestão festiva,  coisa ainda melhor que a mesa vazia.

Quanto a Papai Noel, dane-se. Não gosto dêsse gorducho antipático, que fala português com intolerável sotaque anglo- saxônico, mentiroso, muito ligado aos grupos financeiros mais tentaculares, protetor de comerciantes espertos, demagogo e vulgar. Há muito que um enfarte de um miocárdio poderia ter levado o velho para o país das neves eternas. Mas Papai Noel vem resistindo a tudo, intrigando, sorrindo, falando na rádio e na televisão, prometendo a todos e dando apenas a quem não precisa. É um chato, além de tudo barulhento, com um nariz vermelho  ridículo,  vestindo  aqui  no  trópico  um  jubão  e  um capuz absurdos.

Refletido nos olhos das crianças, é verdade, consegue ludibriar- nos o sentimento, induzindo-nos a uma inútil ternura. E é só. Se a criança pisca os olhos ou vira o rosto, Papai Noel transforma- se  de  nôvo  em  um  homem  interesseiro  e  fingido,  como  o primeiro sujeito que teve a idéia de ganhar dez por cento sem fazer muita fôrça. Trata-se do arqui-public-relations, um cara que  envelheceu  na  arte  marota  de  canalizar  o  dinheiro  de quem tem pouco, para o bôlso de quem tem muito. Não é à toa que as iniciais de seu nome (PN) significam publicidade e negócios. Enfim, não estou de muito bom humor: foi crooked year, mais um.

Albrecht Durer  Adorazione del Magi  sec. XVI   
                      



O QUE FIZERAM  DO NATAL

 Carlos Drummond de ANDRADE


Natal.
O sino longe toca fino,                      
Não tem neves, não tem gelos.  
Natal.

 Chanina LuwisSzejnbejn: 1967   

nasceu o Deus menino
As beatas foram ver
encontraram o coitadinho 
(Natal)
mais o boi mais o burrinho

e lá em cima

a estrelinha alumiando.
Natal.


As beatas ajoelharam
e adoraram o deus nuzinho
 mas as filhas das beatas
e os namorados das filhas,         
mas as filhas das beatas
foram dançar black-bottom  
nos clubes sem presépio.                                                                                                                                                                           


CANTO DE NATAL 


Alphonsus de Guimaraens FILHO




A Criança que dorme
é tua e também minha.
Junto dela a grande noite
se apaga, e se avizinha
a madrugada santa
com seus rumôres castos...
E a Criança repousa,
e a Criança se esquece,
enquanto que no espaço
e no tempo se tece
a coroa de espinhos,
como um luar de sangue

sôbre os altos caminhos.











FRAGMENTO DE 

UM POEMA DE NATAL


                                                                                 Lúcio CARDOSO



Noites, noites em que a insônia povoa o meu si-
[lêncio,
 em que o remorso acorda como uma grande chama
[triunfante,
 Ó estranho, longínquo pressentimento, fôrça borbulhando 
nas profundezas da alma como uma
[fonte obscura ...
 De onde, meu Deus, de onde estas vozes,
esta paisagem que me acompanha como um cas-
[tigo?
 Ó dias passados, dias da minha vida,
sois o jardim adormecido sob a chuva triste de
[inverno,
 sois a cantilena permanente desta alma fascinada como a 
mariposa que dansa na primavera no-
[turna ...
 Manhãs de límpido terror, permaneceis como um
[arco
 lançado no vasto e tenebroso oceano que atra-
[vesso.
 Ilhas na minha angustia solitária
sois a perpétua revelação. Mesmo que novos dias
[se levantem
 mesmo que ante mim se desenrolem outras pai-
[sagens,
 é a face desolada desta infância que estará pre- 
[sente,
Como o remorso no pensamento dos agonizantes. E permita, ó 
Deus, que ela permaneça,
mesmo que no meu coração germinem as tem-
[pestades,
 mesmo que aos meus olhos atônitos, perdidos, oscilem como 
agora as  estrêlas fixas na eternidade
[azul






NATAL

Celina FERREIRA

Cada dia nasce
um nôvo menino
na palha, na seda,
no feno, no linho.

Cada dia nasce
 um nôvo destino
 que sempre começa
 no mesmo menino.

A estrêla de cada
natal é a medida
palavra que escapa
em face da vida.

Na ficha, a palavra
festiva traduz:
Antônio, Isaías,
Ricardo ou Jesus.







JOGO ANIMADO ESPECIAL

Outro especial presente de “fim de ano” aos leitores do “Blog do Vanucci”.
Aqui, ao lado, em “Jogo Animado”, vocês poderão ver e, naturalmente, aplaudir performances artísticas do “Caffeine Trio”, um grupo de excepcionais intérpretes líricas que vem arrebatando com os shows realizados as plateias onde se apresenta, inclusive no exterior.
Aqui, nomes das notáveis cantoras: Carô Rennó, Renata Vanucci, Sylvia Klein.
Nos números mostrados elas são acompanhadas pelos instrumentistas Geovane Paiva (guitarra solo); Guilherme Vincens (guitarra de base); William Brichetto (baixo acústico). O técnico de som é Guilherme Castro. Os arranjos de “Tico Tico no Fubá” e “Meu sangue ferve por você” são de Fábio Adour.

A SAGA LANDELL MOURA

Uma mulher rodeada de palavras

                             *Cesar Vanucci “Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania de ter fé na vida” (verso da canção “M...