terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Os sinais da natureza não podem ser ignorados

 


*Cesar Vanucci

 A transição para energia limpa será mais difícil sem os EUA” (André Corrêa do Lago, presidente da COP30)

 

Na vida real Los Angeles transforma-se, de repente, num filme apocalíptico. A cidade dos estúdios, astros e estrelas, que se fez mundialmente conhecida como Meca do cinema, arde em chamas por causa de incêndios florestais incontroláveis.  Em Washington, por outro lado, o negacionismo oficial, reinstalado no poder, inflige contundentes revezes à Ciência e ao meio ambiente. O planeta enfrenta, atônito, os efeitos da era das mudanças climáticas extremas, ocasionadas pelo efeito estufa.

Noutras paragens deste mundo de Deus, onde o tinhoso costuma plantar perturbadores enclaves, a natureza continua a emitir sinais inquietantes, não poucas vezes desdenhosamente ignorados, por lideranças influentes que se deixaram dominar por cega e embriagadora autossuficiência. O negativismo derivado desses posicionamentos equivocados, altamente contagioso, retarda soluções e agrava os problemas que surgem de forma inesperada e intensa.

O verão brasileiro vem trazendo anomalias atmosféricas de toda ordem. Temporais devastadores, sucessivas ondas de calor, aponto de instaurar estado de emergência em centenas de municípios, com casos numerosos de morte e volume incomum de danos patrimoniais.  Grandes áreas urbanas, como sabido, têm sido castigadas pelas intempéries. Enquanto isso, seca inclemente atinge outras regiões de nosso território, provocando igualmente desastrosos resultados.

A conjuntura climática não é diferente em parte alguma da morada humana, seja nos 3\4 das águas oceânicas, seja no restante continental.tudo está em frenética ebulição, representando – como não se cansam de proclamar os cientistas – uma séria ameaça à sobrevivência dos seres vivos.  Dias atrás, por exemplo, desprendeu-se da calota polar antártica, colossal iceberg, de tamanho superior à superfície da cidade de São Paulo. Vagando sem rumo, despejando pelo caminho parte de seu conteúdo e elevando com isso o nível do mar, ele poderá vir a colidir com uma ilha na Geórgia do Sul, território britânico, refúgio de vida selvagem.  Algo parecido ocorreu, algum tempo atrás, com outra estrutura glacial nas mesmas circunstancias.

Todos esses registros carecem ser vistos sem intenção de trocadilho, como a ponta do iceberg de uma problemática angustiante em condições de influir nos rumos da nossa civilização.

A retirada do governo dos Estados Unidos do “Acordo de Paris” afetou, de certo modo a COP30, programada para novembro no Brasil. As decisões do conclave em Belém do Pará serão cruciais no tocante às salvaguardas que o mundo precisa adotar de maneira a responder adequadamente aos  dramáticos desafios impostos pela convulsão climática. É preciso usar criatividade para suprir o vazio da ausência estadunidense.

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

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