*Cesar Vanucci
“ A transição para energia limpa será mais difícil sem os
EUA” (André Corrêa do Lago, presidente da COP30)
Na
vida real Los Angeles transforma-se, de repente, num filme apocalíptico. A
cidade dos estúdios, astros e estrelas, que se fez mundialmente conhecida como Meca
do cinema, arde em chamas por causa de incêndios florestais incontroláveis. Em Washington, por outro lado, o negacionismo oficial, reinstalado
no poder, inflige contundentes revezes à Ciência e ao meio ambiente. O planeta
enfrenta, atônito, os efeitos da era das mudanças climáticas extremas,
ocasionadas pelo efeito estufa.
Noutras
paragens deste mundo de Deus, onde o tinhoso costuma plantar perturbadores
enclaves, a natureza continua a emitir sinais inquietantes, não poucas vezes
desdenhosamente ignorados, por lideranças influentes que se deixaram dominar
por cega e embriagadora autossuficiência. O negativismo derivado desses
posicionamentos equivocados, altamente contagioso, retarda soluções e agrava os
problemas que surgem de forma inesperada e intensa.
O
verão brasileiro vem trazendo anomalias atmosféricas de toda ordem. Temporais
devastadores, sucessivas ondas de calor, aponto de instaurar estado de emergência
em centenas de municípios, com casos numerosos de morte e volume incomum de
danos patrimoniais. Grandes áreas urbanas,
como sabido, têm sido castigadas pelas intempéries. Enquanto isso, seca
inclemente atinge outras regiões de nosso território, provocando igualmente
desastrosos resultados.
A
conjuntura climática não é diferente em parte alguma da morada humana, seja nos
3\4 das águas oceânicas, seja no restante continental.tudo está em frenética ebulição,
representando – como não se cansam de proclamar os cientistas – uma séria
ameaça à sobrevivência dos seres vivos. Dias atrás, por exemplo, desprendeu-se da
calota polar antártica, colossal iceberg, de
tamanho superior à superfície da cidade de São Paulo. Vagando sem rumo,
despejando pelo caminho parte de seu conteúdo e elevando com isso o nível do
mar, ele poderá vir a colidir com uma ilha na Geórgia do Sul, território
britânico, refúgio de vida selvagem. Algo
parecido ocorreu, algum tempo atrás, com outra estrutura glacial nas mesmas
circunstancias.
Todos esses registros carecem ser vistos sem intenção de
trocadilho, como a ponta do iceberg de uma problemática angustiante em
condições de influir nos rumos da nossa civilização.
A retirada do governo dos Estados Unidos do “Acordo de Paris”
afetou, de certo modo a COP30, programada para novembro no Brasil. As decisões
do conclave em Belém do Pará serão cruciais no tocante às salvaguardas que o
mundo precisa adotar de maneira a responder adequadamente aos dramáticos desafios impostos pela convulsão
climática. É preciso usar criatividade para suprir o vazio da ausência
estadunidense.
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)
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