*Cesar Vanucci
“Registro
quase indestrutível para a posteridade.” (Escritor, J.A.Fonseca)
O Parque Nacional do Peruaçu, com suas 250 cavernas
de fulgurantes ilustrações pré-históricas e cânions deslumbrantes, foi reconhecido
pela UNESCO como Patrimônio Natural da
Humanidade. Remeto o leitor a considerações aqui feitas, 20 anos atrás, sobre a
fascinante paisagem entre Montalvânia, Januária, Itacarambi e São João das
Missões.
Antônio Lopo Montalvão – contei na ocasião - foi homem
obstinado de ideias arejadas. Não esmoreceu no esforço de colocar a região de Montalvânia,
cidade da qual foi fundador, num lugar de relevo no mapa arqueológico, atraindo
atenções para investigações científicas no território, inserindo-o na trilha
dos grandes enigmas da Historia. O vale oferece aos estudiosos de fenômenos insólitos
cenário fantástico. Quem conhece as maravilhas estampadas nas paredes das
grutas parte logo para compara-las, em grandiosidade, com a Val Del Mônica, Itália,
Tasilli, África e Lascaux, França. Só que tem uma coisa: O Parque não dispõe de
infraestrutura adequada para fluxos turísticos.
Produzi, no antigo CBH, reportagens sobre o tema.
Exibi filme com imagens captadas por Carlos Alberto Teixeira de Oliveira,
ex-presidente do BDMG. Parte das imagens, a exemplo do que pode ser intuído de
cenas vistas em Lagoa Santa, suscita interrogações intrigantes sobre o tipo de
evento e de mensagem que os artistas das cavernas pretenderam transmitir.
Mentes imaginosas não encontram dificuldades em encaixar os registros milenares
na linha das especulações propostas por autores como Van Deniken e J.J.Benitez.
O que é apontado, por alguns, como um “deus” cultuado por civilização primitiva
é interpretado, por outros, como o um astronauta flutuando no espaço. E assim
vai...
Montalvão denominava o soberbo conjunto de gravuras
em rocha viva de “bíblia de pedra”. Para J.A.Fonseca, autor de livros com foco em
temas transcendentes, “os desenhos sugerem mensagens de importantes
acontecimentos de passado longínquo, não registradas pela história.” Confessa
ainda ter sido tomado de pasmo, sentindo-se “garroteado intelectualmente,
diante dos símbolos gravados, em grande profusão, na rocha”. Explica a
sensações: é que se encontra ali concentrada “grande quantidade de imagens, em
aparente “confusão”, algumas apresentando caracteres humanos, outras zoomorfas,
símbolos e formas desconhecidos, como se alguém quisesse guardar um grande
mistério, uma história de dor ou de grande apreensão, ou mesmo um manancial de
conhecimentos perdidos, para que os homens de uma época futura pudessem
resgatá-los.” Fonseca resume as impressões colhidas nas numerosas cavernas numa
frase: “marcas espetaculares em pedra bruta, como um registro quase
indestrutível para a posteridade.”
Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
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