*Cesar Vanucci
“Uma das qualidades de um grande líder é ter
misericórdia.”
(Bispa Mariann Edgar Budde)
Manifestações
de desagrado, apelos ao bom senso, pronunciamentos críticos de cunho
humanístico estrugiram, mundo afora, em consequência dos posicionamentos
estremados e de gesto acintoso, registrados durante os históricos eventos que
assinalaram a posse de Donald Trump como 46° presidente dos Estados Unidos. Líderes
de projeção global, figuras eminentes da ciência e religião, pessoas de todas
as camadas da sociedade humana não escondem sua apreensão, mais do que isso,
seus temores, com relação aos efeitos que poderão advir dos atos e fatos anunciados.
Amostra
eloquente das reações eclodiu durante a tradicional cerimônia litúrgica ecumênica
realizada no dia posterior à posse. Ganhou ressonância incomum, alcançando
todos os quadrantes do planeta, o sermão da mais alta dignitária da Igreja
Episcopal dos EUA, Bispa Mariann Edgar Budde, no comando da comunidade
religiosa há 14 anos. Dirigindo-se a Trump, de forma serena e empregando termos
vigorosos, ela expendeu considerações sobre o conceito evangélico da Misericórdia,
pedindo para que as ações governamentais observem os valores humanísticos e
espirituais que conferem dignidade à vida. Implorou proteção às pessoas que se
mostram “assustadas” com o que está rolando: “Há crianças gays em famílias
democratas, republicanas e independentes, algumas temem por suas vidas”. Além
disso, ressaltou: “As pessoas que colhem nossas plantações e limpam nossos
prédios, que trabalham em granjas avícolas e, frigoríficos, que lavam a louça
depois de comermos em restaurantes e trabalham no turno da noite em hospitais,
elas podem não ser cidadãos ou não ter a documentação adequada, mas a grande
maioria não é criminosa”. Acrescentou: “Eu lhe peço que tenha misericórdia,
senhor presidente, para com os filhos de nossa comunidade que temem que seus
pais sejam levados embora” (...) “também peço que ajude aqueles que estão
fugindo de zonas de guerra e perseguição em suas próprias terras e que aqui encontraram
compaixão e acolhimento”. Trump bem ao
seu estilo atacou a religiosa de forma bastante grosseira.
Outra demonstração
de desagrado proveio da interpelação judicial articulada por nada menos que 30
Estados da União e numerosos municípios importantes contra as medidas
anunciadas.
Com a “saudação
nazista” de Elon Musk, Trump comprou briga também na Europa. O Chanceler alemão
condenou o gesto e foi chamado de “estúpido” pelo magnata da comunicação. Para
agravar a história, o partido neonazista da Alemanha cumprimentou efusivamente
o autor da insólita proeza. Alcançou destaque ainda a revelação de que Musk
escreveu um artigo, recentemente, enaltecendo o movimento nazista. Não é
preciso “bola de cristal” para adivinhar as encrencas a caminho...
Jornalista
“cantonius1@yahoo.com.br”