*Cesar
Vanucci
“A
Groelândia não está à venda”(Governo da Dinamarca)
Tudo
muito perturbador. A saraivada de ameaças explícitas feitas por Donald Trump, restando
poucos dias para sua posse como presidente, desencadeou reações de inquietação
e perplexidade, elevando o grau das tensões mundo afora. Depois de haver reafirmado,
em tom esbravejante, a intenção de levar a cabo as promessas de campanha acerca
da deportação em massa de imigrantes e da aplicação de sobretaxas nos produtos importados,
ele vem agora com uma penca de “novidades” que despertam constrangimentos e
temores. Vamos lá: mostra-se disposto a tomar o Canal do Panamá; pretende apossar-se
da Groelândia, onde os EUA já possuem base militar; sugere que o Canadá figure
no atlas como uma província estadunidense, chegando até a exibir na televisão –
como fez Maduro com relação a Guiana – mapa com o território canadense já
incorporado; propõe que o Golfo do México seja rebatizado, passando a chamar-se
“Golfo da América”. Como não poderia deixar de ser, as estapafúrdias propostas produziram
ruidosos protestos e desagrados. A Dinamarca disse que a Groelândia não está à
venda. O governo do Panamá disse que o Canal é propriedade de seu povo, muito
cioso de sua soberania. Canadá e o México consideraram impertinentes e bizarros
os anúncios do futuro ocupante da Casa Branca. Outros países, com destaque para
o continente europeu, deploraram as falas, enfatizando o respeito que deve
sempre prevalecer nas relações internacionais. Ouve quem classificasse as
questões afloradas fruto de bravatices
indesculpáveis.
Como
protagonistas, noutra vertente de ações vistas como ameaças explícitas a paz,
direitos fundamentais e, também, soberania das Nações, colocam-se alguns
magnatas da comunicação, todos eles, por sinal, vinculados a Trump nos planos
político e econômico. Estamos falando dos dirigentes das principais plataformas
digitais com atuação em todas as partes do planeta. Eles acabam de transmitir às
multidões que utilizam seus serviços o malsinado propósito de reduzir
substancialmente, senão eliminar totalmente, os controles prévios sobre os
conteúdos propagados em redes sociais. No “duro da batatolina”, como se dizia
em tempos de antanho, o que querem mesmo é promover “um liberar geral” para todo
tipo de mensagens e registros de interesse da clientela. Noutras palavras: nada
de regras sobre as falas e fotos; nada de regulamentações. Os donos das maiores fortuna do globo, alguns
deles acumulando valores superiores a PIBs dos países, almejam que seus
fabulosos negócios exerçam um controle social e político sem limites. Paralelamente
a isso desejam que os EUA protejam seus “interesses” contra legislações que
queiram regulamentar suas atividades nos países em que operem. O tema comporta
mais considerações.
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)
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