segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Surto de ameaças explícitas

 


 

*Cesar Vanucci

“A Groelândia não está à venda”(Governo da Dinamarca)

 

 

Tudo muito perturbador. A saraivada de ameaças explícitas feitas por Donald Trump, restando poucos dias para sua posse como presidente, desencadeou reações de inquietação e perplexidade, elevando o grau das tensões mundo afora. Depois de haver reafirmado, em tom esbravejante, a intenção de levar a cabo as promessas de campanha acerca da deportação em massa de imigrantes e da aplicação de sobretaxas nos produtos importados, ele vem agora com uma penca de “novidades” que despertam constrangimentos e temores. Vamos lá: mostra-se disposto a tomar o Canal do Panamá; pretende apossar-se da Groelândia, onde os EUA já possuem base militar; sugere que o Canadá figure no atlas como uma província estadunidense, chegando até a exibir na televisão – como fez Maduro com relação a Guiana – mapa com o território canadense já incorporado; propõe que o Golfo do México seja rebatizado, passando a chamar-se “Golfo da América”. Como não poderia deixar de ser, as estapafúrdias propostas produziram ruidosos protestos e desagrados. A Dinamarca disse que a Groelândia não está à venda. O governo do Panamá disse que o Canal é propriedade de seu povo, muito cioso de sua soberania. Canadá e o México consideraram impertinentes e bizarros os anúncios do futuro ocupante da Casa Branca. Outros países, com destaque para o continente europeu, deploraram as falas, enfatizando o respeito que deve sempre prevalecer nas relações internacionais. Ouve quem classificasse as questões afloradas  fruto de bravatices indesculpáveis.

Como protagonistas, noutra vertente de ações vistas como ameaças explícitas a paz, direitos fundamentais e, também, soberania das Nações, colocam-se alguns magnatas da comunicação, todos eles, por sinal, vinculados a Trump nos planos político e econômico. Estamos falando dos dirigentes das principais plataformas digitais com atuação em todas as partes do planeta. Eles acabam de transmitir às multidões que utilizam seus serviços o malsinado propósito de reduzir substancialmente, senão eliminar totalmente, os controles prévios sobre os conteúdos propagados em redes sociais. No “duro da batatolina”, como se dizia em tempos de antanho, o que querem mesmo é promover “um liberar geral” para todo tipo de mensagens e registros de interesse da clientela. Noutras palavras: nada de regras sobre as falas e fotos; nada de regulamentações.  Os donos das maiores fortuna do globo, alguns deles acumulando valores superiores a PIBs dos países, almejam que seus fabulosos negócios exerçam um controle social e político sem limites. Paralelamente a isso desejam que os EUA protejam seus “interesses” contra legislações que queiram regulamentar suas atividades nos países em que operem. O tema comporta mais considerações.

 

     Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

 

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