quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Conspiração desvendada

 



 

*Cesar Vanucci

 

“Estivemos mais perto do que imaginávamos do inimaginável.” (Ministro Barroso do STF)

 

Os fatos apurados pela Policia Federal sobre a intentona não são tão estarrecedores quanto se imaginava. São muito mais estarrecedores do que jamais se conseguiria imaginar.

A ameaça da ruptura democrática, rechaçadas pela solidez das instituições republicanas não foi uma “narrativa delirante”, como chegou a ser despudoradamente classificada por elementos enredados até o pescoço na maquinação. As provas coligidas são arrasadoras. Configuram inapelavelmente crimes e apontam os culpados. Políticos fanatizados, ávidos pela permanência no poder, integrantes dos redutos palacianos no governo passado, arquitetaram meticulosamente nefanda conspiração contra o Estado democrático, procurando inverter o resultado eleitoral que se lhes mostrou desfavorável em 2022. As acusações levantadas pela PF contra o núcleo sedicioso são esmagadoras. Os áudios obtidos contêm diálogos altamente comprometedores. Informações consistentes embasam delação premiada feita pelo principal assessor do antigo mandatário do poder. Chefes militares acima de qualquer suspeição opuseram-se à trama criminosa.  Forneceram depoimentos inequívocos sobre a aventura golpista traçadas em planos de ação produzidos em gabinetes localizados nos palácios do Planalto e Alvorada. Dá documentação probatória faz parte, inclusive, a informação de que um dos comandantes chegou a afirmar ao ex-presidente da república Jair Bolsonaro que ele estava incorrendo em gravíssima penalidade, até mesmo de prisão, por conta da proposta de derrubada do regime democrático. Outra averiguação impactante do inquérito diz respeito ao esquema engendrado com fito de eliminar o Presidente da Republica, o Vice-presidente, o Ministro Alexandre de Moraes e possivelmente, outros membros da Suprema Corte. Tais atentados foram abortados na undécima hora em consequência, presumivelmente, de um desencontro de opiniões entre seus mentores.  

 O processo relativo à conspiração, abarcando os eventos de 8 de janeiro, dias anteriores e subsequentes e também indiciando 37 pessoas, a começar pelo ex-chefe do governo, está sendo encaminhado ao exame da Procuradoria Geral da República. Acredita-se que até o final de fevereiro a PGR emita seu parecer. Se acatadas as conclusões do relatório policial, os indiciados, na maioria militares, tornar-se-ão réus passando a ser julgados pelo STF.

 No tocante ao episódio do “homem bomba” na Praça dos Três Poderes, pode ser que o tresloucado ato tenha sido isolado. Mas, mesmo assim é preciso admitir que o “lobo solitário” contou com a perversa solidariedade de uma alcateia uivante que atua, diuturnamente, nas redes sociais com prédicas de ódio e ressentimento, açulando os baixos instintos das pessoas em desarmonia com a vida.  

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

Terror em Guarulhos

 



 

*Cesar Vanucci

“As facções devem ser tratadas como terroristas.” (Governador Tarcísio Freitas, SP)

 

Cena de violência assustadora. Parece extraída da trilogia “O Poderoso Chefão”. No saguão do aeroporto de Guarulhos um dos mais movimentados do mundo, pistoleiros mascarados utilizando rifles, alvejaram mortalmente figurão da cúpula do crime organizado, alguém que acabara de firmar  compromisso de “delação premiada” com a Justiça. Três outras pessoas ficaram feridas uma delas vindo a óbito. Os atiradores conseguiram escapar sem serem molestados, desvencilhando-se do carro e das armas usados em lugar ermo.

Esse “crime sob encomenda”, á luz do dia e em local de intensa aglomeração, cercado de circunstâncias escabrosas, está sendo encarado pela opinião pública como desafio aberto das facções criminosas, no caso o PCC, ao poder do Estado. A suprema gravidade da ocorrência mobilizou forças policiais nas esferas Estadual e Federal, deixando evidente que o deslindamento do caso em todas as consequências imagináveis, constitui compromisso de honra das autoridades competentes. Os primeiros passos das investigações em curso apontam, clamorosamente, a participação de integrantes da chamada “banda podre” da polícia. A vítima da “queima de arquivos”, Antônio Vinícius Lopes, havia colocado o Ministério Público a par da promíscua ligação de policiais com a bandidagem que atua em diversificadas frentes de negócios escusos em São Paulo, fora do Estado e no exterior. São bastante intrigantes algumas revelações já vindas à tona. Antônio Vinicius recusou a escolta oferecida pelos Promotores que o ouviram no processo de delação. Nada obstante, estranhavelmente, contratou do próprio bolso uma equipe de guarda costas composta, toda ela- haja pasmo - de policiais militares. Os policiais, em numero de 8, ainda na ativa, executavam suas tarefas sem que seus superiores se dessem conta, aparentemente, da séria irregularidade. Na hora do desembarque fatídico, o delator trazia em meio a outros pertences valores em joias e dinheiro estimados em mais de um milhão de reais. As medidas adotadas visando saudável objetivo de esclarecimento completo dos fatos, como exigido pela consciência das ruas, já abrangeram detenção de mais de uma dezena de agentes das policias civil e militar. Tudo indica que as autoridades estão de posse de informações relevantes que poderão conduzir à prisão de  poderosos e, ate hoje, inalcançáveis chefões das temíveis facções responsáveis por crimes de toda ordem, a começar pela lavagem de dinheiro, via sistema de transporte urbano. O caso de Guarulhos robustece bastante a ideia da implantação, sem delongas, de um sistema nacional unificado de segurança pública, como sugerido pelo Ministro da Justiça através de PEC já encaminhada ao exame do Congresso Nacional.

              

                                Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Desigualdade gera fome e pobreza

 



 

                                             *Cesar Vanucci

“ Fome e a pobreza são o símbolo máximo da nossa tragédia Coletiva".( Presidente Lula)

 

Reassumido ano passado, o protagonismo do Brasil na cena internacional adquiriu maior fulgurância na reunião da Cúpula do G20, que aglutina os 20 países com os maiores PIBs do planeta.

O encontro, encerrando mandato de um ano sob a presidência de nosso governo, foi realizado no Rio de Janeiro, tendo sido precedido no curso de 2024 por ciclos de estudos preparatórios, abrangendo temas sociais, políticos e econômicos. Cada ciclo contou com participação de órgãos oficiais, entidades civis, especialistas nas momentosas questões debatidas envolvendo contingente avultado de pessoas de dezenas de nacionalidades,  algo de dimensão logística fora do habitual.

O lançamento da “Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza”, proposta pelo Presidente Lula da Silva, foi o fato de maior relevância da agenda cumprida no imponente conclave, a que estiveram presentes representantes de 82 nações, várias delas com seus principais dirigentes. Caso dos EUA com Joe Biden, e da China com Xi Jinping, para mencionar apenas duas das importantes lideranças presentes. Em sua alocução de boas vindas aos seus pares e demais integrantes da Cúpula, Lula afirmou que o Rio, com seus encantos inigualáveis e problemas conjunturais é um retrato vivo dos contrastes sociais observáveis no Brasil, na America Latina e no mundo. Referindo-se à fome e pobreza que atingem mais de 700 milhões de seres humanos, definiu as duas tormentosas questões como “chaga vergonhosa”, conclamou o mundo  para elimina-las da paisagem humana. Explicou que a fome é uma expressão biológica das mazelas sociais produzidas pelas desigualdades. Assegurou que a miséria aviltante não decorre da escassez de alimentos, nem tampouco dos eventos climáticos extremos, mas sim das injustiças sociais. Lembrou que países como o Brasil produzem mais do que o suficiente para atender as demandas de consumo da humanidade, e que isso carece ser objeto de reflexão por parte de todos.

Confessando-se gratificado com a formidável receptividade encontrada pela proposta brasileira, anunciou que as adesões ao pacto proposto pelo Brasil somaram, num primeiro momento, 82 países, mais de uma centena de organizações internacionais, instituições financeiras, fundações filantrópicas e ONGs. Disse ser isso o começo da grandiosa cruzada global para erradicar a fome e a miséria.

Analistas políticos anotaram que Lula evidenciou forte emoção ao falar da “Aliança Global” motivado, talvez, pela circunstancia da infância humilde em que se deparou com carência alimentar.

 Quanto ao mais, o G20 representou maiúsculo trinfo da competente diplomacia brasileira, aprovando consensualmente decisões positivas para o desenvolvimento civilizatório.

                                       Jornalista (cantontonius1@yahoo.com.br)

 

Mega aliança contra o crime

 


*Cesar Vanucci

 

“Mega Aliança para Acabar com o Crime Organizado no Brasil”

(Proposta do Presidente Lula)

 

 

O Ministério da Justiça elaborou projeto objetivando a estruturação de sistema unificado nacional de combate ao crime organizado. A ideia, na essência, é de irrecusável valor. Aos atores do processo de enfrentamento da tormentosa questão da segurança, toca agora o dever de definir o esquema ideal a ser colocado em prática. Isso carece ser formatado por meio de diálogo, muitos debates. O trabalho integrado vai incorporar, por certo, o melhor da experiência acumulada pelos organismos de segurança em todos os níveis. A centralização de informações, os recursos de inteligência com aparato tecnológico eficiente, o acompanhamento de movimentações financeiras suspeitas, o expurgo em repartições contaminadas por infiltração mafiosa fazem parte, entre outras medidas, do conjunto de atos capazes de garantir maior agilidade e força nos confrontos com a bandidagem. Ao anunciar a PEC da Segurança Pública, levada a apreciação do legislativo o Presidente Lula ressaltou a importância de um pacto que envolva todos os poderes da Federação. Acentuou ser preciso construir um processo que discuta desde o sistema prisional até o sistema do cadastro que cada estado tem.

 2) Emendas - Os parlamentares, de diferentes tendências partidárias, que se opõem à transparência e rastreabilidade das emendas do Congresso, destinadas aos seus redutos eleitorais, andam “caçando encrenca” com a justiça. Não faz qualquer sentido, pela ótica do bom senso, permitir-se que o dinheiro do contribuinte possa ser levado, a bel prazer dos autores de emendas, a destino incerto e não sabido. Tal procedimento dá margem a maracutaias de toda ordem, algo que contribui lastimavelmente para enodoar a imagem do Legislativo, pilar sagrado de sustentação das instituições democráticas. Os olhares da população acompanham com  atenção as manobras solertes urdidas por uma minoria empenhada em manter as ações encobertas por neblina espessa. Perpetuar o “orçamento secreto”, legado espúrio de outro tempo governamental, parece ser o propósito de certas forças políticas que atuam nos bastidores parlamentares. A opinião pública repudia com veemência esse posicionamento.

3) Marielle - A justiça tarda, mas no caso do assassinato de Marielle e Anderson não falhou. Os autores dos disparos foram julgados e condenados. Resta agora o julgamento dos mandantes do crime que só pôde ser esclarecido em toda extensão depois do compromisso solene firmado pelo antigo Ministro da Justiça. Impõe-se relembrar aqui que o assassinato cruel da vereadora foi acompanhado da tentativa de assassinato moral de sua imagem combativa, logo depois do atentado, com insidiosa onda de infâmias espalhadas via fake news por contumazes fomentadores do ódio.

                                           Jornalista(cantonius1@yahoo.combr)

O Efeito Trump e O Efeito Estufa

 



 

                             *Cesar Vanucci

“2024 está sendo o ano mais quente da história”(Declaração da ONU)

 

A Conversão do Clima no Azerbaijão desdobrou-se num “clima” de apreensões. As incertezas e interrogações brotaram do que pode ser chamado de “efeito Trump”. Como sabido, o presidente eleito dos EUA não reconhece o “efeito estufa”. Considera as mudanças climáticas  fenômeno natural cíclico, “coisas de cientistas malucos”, insuflados por comunistas e pessoas comprometidas com uma Nova Ordem Mundial... Em assim sendo, não fica difícil perceber que os caminhos a percorrer pelos ambientalistas, do Azerbaijão até Belém do Pará, serão tremendamente tempestuosos. O Governo Biden recolocou a questão ambiental em pauta prioritária, reafirmado apoio ao “Tratado de Paris” do qual seu país havia se retirado na gestão anterior. Enquanto isso, no giro do mundo, que ignora os conchavos de seus desnorteados mandatários, os eventos climáticos continuam assombrando diferentes paisagens, do Rio Grande do Sul a Valencia, na Espanha e daí em frente. Seja mencionada, a propósito, a insólita manifestação dos representantes da Argentina, dias atrás, em reunião preparatória para o encontro do G20, a ser realizado ainda este mês no Rio de Janeiro. Em dissonância com os demais porta-vozes dos governos participantes do conclave, os emissários do bizarro presidente Milei negaram-se a assinar proposição relativa a salvaguardas que carecem ser adotadas no enfrentamento das bruscas alterações climáticas. O argumento da recusa seguiu a mesma linha das alegações volta e meia transmitidas por Trump. Paralelamente às perspectivas desfavoráveis acima anotadas a ONU anunciou a iminência de novas catástrofes climáticas provocadas pela concentração de gás carbônico na atmosfera, revelando que o ano de 2024 está sendo considerado o mais quente da história, desde o começo da chamada era industrial.

 

2) A autêntica vivência democrática comporta atos que se pode chamar de litúrgicos. A recente corrida presidencial estadunidense, ao contrario do que sucedeu no pleito anterior, foi auspiciosamente marcada por lances desse gênero. Menos de 24 horas transcorridas do inapelável veredito das urnas, o presidente Joe Biden e a candidata derrotada Kamala Harris já haviam reconhecido os resultados e estabelecido contatos com o Donald Trump, cumprimentado pela vitória e oferecendo-lhe todos os préstimos para uma harmônica transição governamental. Mais: Biden convidou o casal Trump para um encontro na Casa Branca de modo a inteira-lo de questões relacionadas com a transferência do poder. Os de boa memória haverão de recordar que, quatro anos atrás, a mudança aconteceu em meio a chuvas e trovoadas, com invasão do Capitólio e contestação espalhafatosa dos números da votação. Aliás, cá pros nossos lados andou rolando, deploravelmente macaquice assemelhada.

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

 

Vendaval de desatinos

 



 

*Cesar Vanucci

Todo mundo falava, não sei como a policia não agia” 

              (Uma Servidora do TJ-MS)

 



Desatinos à pamparra! No atacado e no varejo.  Cuidemos de conferir.

Do Mato Grosso do Sul – acredite se quiser -, o Tribunal de Justiça quase que inteiro foi indiciado pela PF pelo crime de venda de sentenças. Desembargadores, serventuários da Justiça, advogados, empresários, todo um pessoal tido e havido como cidadãos acima de qualquer suspeita, passaram a adicionar à indumentária vistosas tornozeleiras eletrônicas. O libelo acusatório fala de maracutaias praticadas em alta escala, envolvendo compra de sentenças em processos de interesse da delinquência estruturada em diferentes níveis e múltiplas modalidades. O Conselho Nacional de Justiça, responsável pelas apurações do atordoante esquema, sustenta que levará a questão às derradeiras consequências. A expectativa da sociedade, que se sente injuriada diante da gravíssima ocorrência, se volta para a certeza de uma punição exemplar aos graduados infratores da lei que dela se diziam impertérritos guardiões. E que ao fim e ao cabo de tudo, esgotadas as alternativas recursais inerentes ao direito de defasa, não surja ninguém a propor, como penalidade, o afastamento compulsório dos culpados, “a bem do serviço público com todos os proventos de carreira”...

 

No Rio de Janeiro, outro punhado de desatinos. As autoridades anunciaram ações repressivas de magnitude no desbaratamento de “centrais telefônicas”, via celulares em celas da penitenciaria “Nelson Hungria”. Não existe nenhuma família brasileira que não tenha sido, nalgum momento, molestada pela impiedosa bandidagem organizada com o chamado “disque – extorsão” (simulação de sequestros etc). O sistema que a policia diz estar desfazendo, é operado por diversas quadrilhas, com participação de milhares de detentos, por mais inacreditável que pareça. Noutro lance atemorizante, um batalhão da PM carioca bateu-se em retirada no confronto com membros da facção criminosa do complexo de Israel. A av. Brasil ficou interditada por horas em razão do tiroteio que vitimou 3 inocentes chefes de família a caminho do trabalho. O líder da facção declara-se fervoroso adepto de determinada seita religiosa perseguindo as pessoas no aglomerado que professem outras crenças. Cita versículos bíblicos para “justificar” os malfeitos cometidos. Quase que ao mesmo tempo o maior bicheiro do país foi recolhido à prisão, mais uma vez, acusado de mandante de homicídio. Seu extenso prontuário policial registra delitos de toda ordem, mas ele vem há anos encontrando sempre uma brecha legal para retornar aos negócios escusos em que se acha enredado. Ao noticiar sua ultima detenção, a mídia informou que sua equipe de guarda-costas é composta de 18 elementos, todos eles agentes policiais. Minha nossa!

 

            Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

 

Barba, cabelo e bigode

 



 

*Cesar Vanucci

“Temos que acatar, na democracia, ponto de vista diferente do nosso.” (Barak Obama, ex-presidente EUA)

 

 

Uberaba, Triângulo Mineiro, idos de 50. O PTB, de Mário Palmério, comemora retumbante trinfo eleitoral. Conquista cadeiras na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa. Ganha a parada para Prefeito, vice, Juiz de Paz e suplente, compondo ainda solida maioria na Câmara de Vereadores. Dirigindo-se aos eufóricos correligionários, o famoso escritor – parlamentar, frisando bem cada palavra, brada: “Um feito extraordinário, fizemos barba, cabelo e bigode!” A frase foi entusiasticamente difundida, nas prosas de rua, como refrão, pelos Petebistas.

Esta referencia acode-me à memória velha de guerra no memento em que me inteiro dos resultados da corrida presidencial nos Estados Unidos. Contrariando os prognósticos dos analistas políticos e institutos de pesquisa, que garantiam disputa renhida, Donald Trump levou a melhor com espaçosa vantagem sobre a oponente, Kamala Herris. Os números se inclinaram, desde o começo das apurações, pela candidatura republicana, com tal ímpeto que em curto espaço de tempo pôde-se configurar, inapelavelmente o desfecho da pugna.

 O retorno de Donald Trump à Casa Branca suscita, obviamente, especulações de toda sorte. Como é sabido, o ex e, agora, futuro exercente do mais importante cargo da geopolítica contemporânea foi indiciado pela Justiça em mais de 30 processos. Entre eles, seguramente o de maior gravidade diz respeito à invasão do Capitólio, insuflada pelo então presidente, numa tentativa golpista. O episódio cabe relembrar, provocou várias mortes, feriu pessoas e levou muitos invasores à prisão. Qual poderá vir a ser a reação das instituições democráticas dos EUA na hipótese do Poder Judiciário aplicar punição ao chefe do poder executivo? E quanto aos demais processos em andamento?

 Em sua plataforma como candidato Trump criticou com veemência a postura do presidente Joe Biden nas guerras do Oriente Médio e Ucrânia, assegurando que iria por fim as mesmas antes mesmo da posse. Outra questão crucial levantada em seus pronunciamentos envolve milhões de imigrantes em situação irregular. Prometeu deportar todos eles. Palavras dele: “Os imigrantes estão envenenando o sangue de nosso país”! A propósito afirmou que irá exigir do governo mexicano o fechamento hermético da zona fronteiriça entre dois países.

O anuncio da vitória de Trump repercutiu na movimentação das Bolsas de Valores no mundo inteiro. O dólar disparou. Os produtores de bens de consumo ligados à exportação se perguntam quais serão os efeitos em seus negócios caso se efetive realmente a aplicação de sobretaxas nas importações feitas pelo mercado norte americano.

A agenda ambiental é motivo de séria preocupação global. Em seu primeiro mandato, Trump assumiu iniludivelmente negacionista.

Tudo isto nos coloca como espectadores de um capitulo muito importante da História.

Jornalista (cantonius1@yahho.com.br)

 

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Privatização que não deu certo

 


 

*Cesar Vanucci

“Inadmissível! O apagão deixou SP às escuras por uma semana inteira” (Domingos Justino Pinto, educador)

 


Os habitantes da maior metrópole brasileira não estão conseguindo ver a luz no final dos apagões. Têm plena convicção de que a empresa (ir) responsável pela distribuição de energia elétrica, para milhões de moradias e instalações de serviços essenciais nos lugares onde vivem e trabalham, não dispõe da mais leve condição técnica e administrativa para executar a contento sua função.

Desaparelhada para simples e rotineiras anomalias que ocorram no dia a dia da cidade de São Paulo, a concessionária deparou-se com desafios que não está conseguindo, definitivamente, contornar após o advento das mudanças climáticas. Noutras palavras, a empresa não se mostra apta a enfrentar sequer um toró das tradicionais temporadas chuvosas, quanto mais chuvas e trovoadas estrondosas destes novos tempos metrológicos.  

A ENEL, sucessora da Eletropaulo em razão de privatização com características muitíssimo singulares, não vem aportando os recursos definidos contratualmente, para a manutenção e constante ampliação das redes de distribuição de energia. E olhe que estamos falando de uma cidade colossal que cresce em ritmo vertiginoso. Para pasmo de todos, encontra dificuldade até mesmo para remover galhos de arvores tombadas sobre as fiações nas vias públicas.

A atuação da ENEL configura, de forma enfática, mais um caso de privatização que não deu certo e que envolveu ativos valiosíssimos e setores estratégicos vitais para o desenvolvimento nacional. O enorme patrimônio da antiga estatal que operava em São Paulo foi adquirido por uma bagatela. A concessionária conseguiu em curto espaço de tempo, a façanha, de piorar consideravelmente o serviço prestado a população além de elevar escorchantemente as taxas para consumidores.

Anotamos acima o caráter singular da privatização. Cuidemos, agora, de explicar do que se trata. A ENEL é uma multinacional com participação acionária do governo Italiano. Encurtando razões: para a “privatização” acontecida aqui foi trazida uma estatal de fora daqui. Há que se reconhecer  que a operação em questão revestiu-se de características bastante surreais, pra dizer o mínimo.  

Os clamores dos traumatizados paulistanos diante da calamidade dos apagões provocaram, como não poderia deixar de ser, reações vigorosas das autoridades competentes. Não faltaram ainda críticas ao comportamento de alguns segmentos administrativos comprometidos com a missão de fiscalizar os atos da empresa. A Aneel, órgão regulador do sistema energético foi chamada a se explicar. O mesmo aconteceu com relação à prefeitura de SP.  Instituições representativas dos governos Federal, Estadual e Municipal abriram procedimentos e autuaram a eletricitária faltosa. Dessas diligencias oficiais resultarão, por certo, amplo leque de medidas de resguardo do interesse coletivo, como, por exemplo, intervenção na empresa, cancelamento de contrato, indenizações pelos vultosos prejuízos.

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Eleições, BRÍCS, Transplantes, Religião

 


 

*Cesar Vanucci

“A religião não é de Bolsonaro, nem de Lula, é de Deus.”(Dep. Otoni de Paula.)

 

1) No segundo tempo das eleições municipais  o olhar das pessoas está fixado no placar das apurações procedidas com invejável celeridade e eficiência pela Justiça Eleitoral. Dentro de breves horas os milhões de eleitores chamados às urnas em 51 municípios brasileiros, várias capitais entre eles, ficarão conhecendo os nomes dos encarregados, pela soberana voz popular, de conduzir seus destinos político-administrativos pelo próximo quatriênio. A corrida eleitoral revela-se eletrizante. Em alguns lugares, o páreo promete ser decidido no “olho eletrônico”. A aspiração dos lares e das ruas é de que tudo transcorra dentro da mais completa normalidade, com as discórdias e desavenças que estrugiram na campanha, inerentes a disputas políticas, sejam arremessadas pra fora do campo democrático. Dos vitoriosos e dos derrotados espera-se que se comportem, na alegria do triunfo ou na experiência frustrada, à altura da grandeza cívica que o momento eleitoral representa na historia democrática.

2) A cúpula do BRÍCS, reunida na Rússia, aprovou uma nova categoria de países membros, enquadrados como parceiros. O Governo Brasileiro se opôs, sensatamente, à inclusão da Venezuela e Nicarágua. O posicionamento, ditado por Lula, que não pode comparecer ao encontro, foi acatado pelos demais integrantes do grupo, China, Índia, Rússia e África do Sul.

3) Transplante de órgãos infectados com HIV; imperícia em procedimentos oftalmológicos levando pacientes à cegueira, tudo isso junto trouxe, compreensivelmente, sobressalto e comoção no seio da sociedade. Os dramáticos acontecimentos do Rio de Janeiro, Pará e Rio Grande do Norte são reveladores de descaso e imprudência profissional, incompetência técnica, negligencia gerencial e, como ficou também evidenciado, malversação do dinheiro público em função de promiscuidade na relação de políticos com as políticas de saúde. Não podem deixar de ser punidos, doa a quem doer, de forma exemplar. E há que se cogitar também – como não? - em indenizações ás indefesas vítimas desses processos vexaminosos que alvejaram em cheio a dignidade humana.

4) O deputado Otoni de Paula, do MDB do Rio de Janeiro, pastor evangélico, foi vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Participando recentemente de evento ao qual esteve presente o presidente Lula, referiu-se com simpatia aos programas sociais do atual governo. Recebeu palavras de critica de alguns e de louvor de muitos ao afirmar, auto e bom som, o seguinte: “a religião não é de Bolsonaro, nem de Lula; a religião é de Deus.” Observadores traquejados da vida pública consideram bastante oportuna a declaração, já que a confusão da prática política com a prática religiosa, duas atividades nobres e edificantes, costuma provocar transtornos irreparáveis na convivência social.

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

 

O caudilho, o Magnata e os Milicianos

                                                         


                               *Cesar Vanucci

                                                              

      Se Maduro antecipou o Natal,

                                                                                        também poderei antecipar o meu  regresso".  

                                                                                              (González, candidato da oposição Venezuelana)

              

 

1) Nicolas Maduro conseguiu firmar, a essa altura, a imagem de déspota impiedoso e detestado, tantos os malfeitos acumulados. Não fosse a incontornável imagem de verdugo afivelada ao seu semblante, ele bem que poderia, por conta de seu lado histriônico, tornar-se personagem de estórias surreais em publicações ou programas de televisão de teor satírico. Se ainda entre nós, Gabriel Garcia Marquez e Dias Gomes, mestres consagrados na arte de compor tipos políticos singulares e caricaturais, encontrariam por certo nas proezas ininterruptas do “caudilho de Caracas” material abundante para sua obra ficcional. Vejamos a cenas: “El Bigodão”, envergando vestes de “Sumo Sacerdote” ou de Papai Noel  sentado no trenó puxado por renas, anunciando a antecipação do natal, com duração de outubro a janeiro; Comunicando, com toda empáfia, que nenhum país do mundo consegue realizar eleições com a lisura democrática observada na Venezuela; Com panca de Sherlock Holmes, boina, capote e cachimbo, sentenciando solenemente: - Elementar, meu caro Watson, Lula e o presidente Boric, do Chile, não passam de agentes da CIA. E já que estamos falando das coisas nebulosas da Venezuela, é bom registrar o pasmo e indignação da opinião pública brasileira ao tomar conhecimento da reiterada e descabida manifestação de apoio da alta direção do PT (Partido dos Trabalhadores) ao tirano chavista.

 2) Um lampejo de bom senso, ou conveniências financeiras, ou imposição dos sócios da monarquia saudita, ou ainda uma junção de todos estes fatores?  Qualquer que tenha sido o motivo, fato é que a plataforma digital X voltou, finalmente, a operar. O insolente magnata Elon Musk chiou, ameaçou céus e terras, ensaiou manobra de despistamento para “enganar trouxa”, mas não teve como: acabou rendendo-se incondicionalmente à firme e resoluta postura do Judiciário. Espera-se que tenha aprendido a lição. A soberania de um país como o Brasil, cioso de sua pujante democracia não pode ser objeto de zombaria de ninguém. Fique explicito igualmente, que a consciência nacional repudiará, com toda força, qualquer demonstração, qualquer sinal que possam vir a ser eventualmente detectados, na rede social mencionada, de interferência ilegítima na política interna do país.

  

3) O Rio de Janeiro continua lindo e concomitantemente surreal. Outra vez mais, a PM carioca articulou, na surdina, uma operação contra milicianos no Itanhangá. Quando a tropa chegou, havia no local uma barricada de 9 ônibus sequestrados pela bandidagem, que foi avisada a tempo, com toda certeza, por prestimoso X9. Reportando-se ao caso, o Governador Cláudio Castro concentrou-se no argumento de que a imprensa exagerou ao falar de sequestro, já que os ônibus não foram levados por ninguém. Haja paciência para aguentar tudo isso!

                 

 Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Hiroshima e Nagasaki



 

Cesar Vanucci*

“As guerras detestadas pelas mães"(Horácio)

 


O Nobel da Paz deste ano foi atribuído a uma instituição japonesa, constituída por sobreviventes das tragédias nucleares, em razão de seu trabalho infatigável visando a proscrição das guerras. O tema desencadeia infindáveis reflexões.

O estoque das armas de destruição em massa é cada dia mais volumoso. O acordo de não proliferação de armas nucleares só vale de verdade para os países que ainda não as possuem. Os integrantes do fechadíssimo “clube atômico” monitoram com rigor as ações dos demais países, procurando dificultar até mesmo a aquisição de conhecimento relacionado ao emprego pacífico da energia nuclear. Atribuem, por antecipação, a responsabilidade por suposta tragédia futura a terceiros, não detentores da mortífera tecnologia, “esquecidos” de que na única vez na historia humana, em que bombas atômicas caíram, destruindo cidades e matando centenas de milhares de pessoas, a iniciativa de lança-las foi tomada justamente por um dos membros do “clube”, que continuou, a exemplo dos parceiros, a armazenar novos e mais arrasadores artefatos.

Por outro lado, analistas em estratégias militares garantem que existem em poder das grandes potências, artefatos químicos tão eficazes quanto as armas atômicas, para “garantir”, se for da vontade dos “senhores das guerras”, o extermínio de qualquer forma de vida sobre a superfície planetária. Uma ligeira amostra dos danos de que essa parafernália bélica é capaz de provocar foi dada, anos atrás, nos conflitos do Vietnã e Golfo Pérsico e na guerra Irã-Iraque. Aquela mesmo em que o extinto ditador Saddan Hussein pôde contar com copioso fornecimento de armas e sólido apoio logístico de seus antigos aliados e futuros arqui-inimigos estadunidenses. Não se sabe dizer, com exatidão se artefatos similares não veem sendo empregados na Ucrânia, no Sudão, em Gaza, no Líbano e noutras contendas.

A bomba de hidrogênio, mais poderosa do que a atômica, ainda não foi utilizada. Existe em quantidade suficiente para acabar com o mundo várias vezes. São coisas assim que fazem com que os guerreiros vocacionados se imaginem sempre, em sua paranoia destrutiva, próximos do Armagedon. Farejar o Armagedon é postura natural para os espíritos deformados que fazem das guerra bom negócio. Hiroshima e Nagasaki, alvos atingidos pela insanidade bélica, legaram-nos uma mensagem. Mensagem contra todas as guerras. Não só contra a guerra atômica. Um clamor pela paz, originário dos recantos mais generosos da alma humana. Bem apreendido, pode levar o ser humano a refletir melhor sobre suas origens e destino. Permite-lhe até sonhar com aquele instante ideal na aventura terrena em que toda a dinheirama gasta para produzir morte seja aplicada na celebração da vida. Em favor de ações que elevem os padrões do bem-estar, promovam cura de doenças e erradicação da miséria. São essas, aliás, as guerras que precisam, na verdade, ser combatidas por todos.  Palavra de Hiroshima e Nagasaki!

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

A SAGA LANDELL MOURA

Conspiração desvendada

    *Cesar Vanucci   “Estivemos mais perto do que imaginávamos do inimaginável.” (Ministro Barroso do STF)   Os fatos apurados p...