
*Cesar Vanucci
“A igreja ilumina as noites do
mundo” (Papa Leão XIV)
No segundo dia do Conclave, no auge da emoção, o mundo inteiro presenciou a cena histórica, tão aguardada, da fumaça branca expelida pela chaminé da Capela Cistina, no Vaticano, anunciando a escolha pelo Colégio Cardinalício do sucessor de Francisco, o Papa da alegria Evangélica. A indicação do Cardeal Robert Francis Prevost à Cátedra de Pedro foi rodeada de forte simbolismo, repleto de bons augúrios.
De nacionalidade estadunidense, assumindo a
liderança da Igreja Católica aos 69 anos, o Sumo Pontífice tomou o nome de Leão
XIV. Deixou claramente enunciada, já nas primeiras falas, a disposição de
manter incólume a ação missionária desenvolvida por seu antecessor, calcada no Evangelho
segundo Jesus Cristo. Prevost foi ordenado Sacerdote em Roma pela Ordem de Santo Agostinho,
no ano de 1982. Seu trabalho apostólico, por mais de duas
décadas, como Pároco e Bispo, foi vivenciado nas regiões andinas do Peru. Naquelas
paragens conviveu com a gente mais humilde da população, lavradores e índios,
travando contato com problemas sociais dramáticos. O Padre discreto e de
hábitos simples, teólogo de reputação mundial, poliglota, Prior da Congregação
Agostiniana, respeitado pelas posições em defesa dos postulados cristãos, exigiu
num determinado momento, do ditador Fujimori, que se desculpasse pelas
arbitrariedades cometidas contra o povo peruano. Sua atuação levou-o, por
convocação de Francisco, a uma função relevante na Cúria Romana, já aí então
como Cardeal.
Chamou a atenção, encantando multidões o fato
de Leão XIV, expressando-se em espanhol enfatizar vinculação afetiva com o Peru,
pais que lhe concedeu uma segunda nacionalidade. De outra parte, o nome escolhido
por Prevost para identificar seu pontificado trouxe à memória coletiva a lembrança
de que Leão XIII, Papa de vanguarda notabilizou-se como autor da “Rerum
Novarum”, encíclica basilar na construção da Doutrina Social
Católica. Outra referencia digna de nota no roteiro de vida de Leão XIV é sua
condição de migrante, bastante emblemática nesses tempos de rançosos
preconceitos étnicos.
A visão social e missionária do novo Papa acha-se expressa nas
frases abaixo.
“Devemos buscar juntos como ser uma
Igreja missionária que constrói pontes, dialoga, sempre aberta para receber com
braços abertos a todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa
presença, do diálogo e do amor, unindo-nos
todos para sermos um só povo, sempre, em paz.” //
“Essa é a paz de Cristo ressuscitado, uma paz desarmada, uma paz desarmante,
humilde e perseverante, que provém de Deus, que nos ama a todos,
incondicionalmente.” // “Dirijo-me aos grandes do mundo, fazendo o apelo sempre atual:
guerra, nunca mais!" // “A igreja ilumina
as noites do mundo”.
"Como um farol"