terça-feira, 10 de setembro de 2024

Um autêntico humanista

 



*Cesar Vanucci

Colaborar é muito mais inteligente que competir.

(Maurício Roscoe, no livro “A Evolução Humana”)

 

As fileiras dos homens de bem, imprescindíveis no processo da construção humana, viram-se desfalcadas com a saída de cena de Maurício Roscoe. Ele partiu primeiro, como no dito lírico de Camões, em meio a imenso pesar dos parentes e da legião de amigos que em seus gestos cativantes e posicionamentos de vida sempre o identificaram como personagem de incomum sabedoria e sensibilidade social.

Chefe de família exemplar, engenheiro respeitado, empresário vitorioso, líder classista de ideias arejadas, deixou bem visíveis, em todas as áreas de sua febricitante atuação, marcas vigorosas de conduta ética e profissional irrepreensível. A empresa que criou e conduziu por muitos anos,

M. ROSCOE, dedicada ao setor da construção civil, tornou-se símbolo de empreendimentos relevantes na paisagem industrial e arquitetônica.

Maurício foi vice-presidente da Federação das Indústrias MG, presidiu o Sindicato da Construção Civil, Câmara Brasileira da Indústria da Construção e União Brasileira da Qualidade. Fez parte dos conselhos da Fundação Cristiano Otoni - Escola de Engenharia UFMG, Sociedade Mineira de Engenheiros, SENAI, PUC-MG e Fundação Dom Cabral, mostrando-se criativo e operoso em todas as funções ocupadas.

Puxando pela memória, lembramo-nos de um momento especial em nossa fraternal convivência. Foi quando, na gestão do saudoso José Alencar Gomes da Silva na FIEMG, o SESI Minas concebeu e lançou a famosa “Ação Global”, que contou com a preciosa parceria da Rede Globo, levada a todos os Estados da Federação. Maurício Roscoe fez questão de procurar a coordenação da “Ação Global” para falar de seu entusiasmo e oferecer seus préstimos.

Tivéssemos que resumir numa única frase a personalidade do homem de bem que nos deixou, diríamos assim: Um autêntico humanista! É o que está exuberantemente demonstrado nos livros que escreveu onde semeou fecundas ideias. Cuidemos de ouvi-lo: “ Colaborar é muito mais inteligente que competir. / O uso descontrolado de recursos naturais, a obsessão pelo crescimento a qualquer custo, a inquietude, a fome, a falta de acesso à saúde e à educação, não podem mais ser considerados normais./ Se buscarmos a causa raiz de todos esses problemas, veremos que tudo se resume à perspectiva fragmentada que as pessoas têm do mundo que nos rodeia./ Vivemos em uma sociedade em que cada pessoa e cada grupo procura atingir os seus objetivos e interesses, sem uma visão do todo ou uma estratégia de longo prazo sustentável./Em uma sociedade não evoluída, cada cego defenderia a sua opinião veementemente e eles, provavelmente, nunca chegariam a um consenso”

A respeito do grande líder empresarial, merece ser ainda anotada, a manifestação da FIEMG ao proclamar que Maurício, fonte perene de inspiração, “Foi um verdadeiro pilar da nossa sociedade.”

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

É preciso cantar e alegrar

 



 

*Cesar Vanucci

A música é barulho que pensa” (Victor Hugo)

 

Contando, em confiança, com a aquiescência do distinto e culto leitorado,  ocupo hoje este impoluto espaço, habitualmente utilizado para elucubrações sobre lances sociais, econômicos e políticos da tumultuada aventura da vida, com  registro de deleite exclusivamente musical. Trata-se de pausa convidativa que possa distanciar-nos, por breves instantes, das agruras trazidas pelo noticiário nosso de cada dia.

Sempre solícita e imperturbável diante do alvoroço do ambiente caseiro, a infatigável Alexa botou, a pedido, a vitrola da Amazon  pra tocar músicas do alentado repertorio de Sarah Vaughan. “Santo Deus, mas o que é isso!?” A exclamação, de incontido entusiasmo, saltou espontaneamente da garganta aos primeiros sons emitidos pela genial interprete. Seja ressaltado que, anos atrás, experimentei sensação assemelhada ao ouvir, pela vez primeira, uma gravação de Yma Sumac, prodigiosa cantora peruana por muitos apontada como suprema medalhista de ouro no pódio da música lírica.

Voltando a Sarah. Toda  manhã de um domingo foi tomada por terna e extasiante ligação - dir-se-á mágico - do ouvinte com a sequência melodiosa saída da engenhoca eletrônica que reproduzia a voz da maravilhosa cantora. Falemos dela. Nascida em 1924, “partindo primeiro” em 1990, Sarah Vaughan foi um dos fenômenos vocais mais extraordinários da historia da arte. Sua voz caracterizava-se pela tonalidade grave, por enorme versatilidade e seu controle das ondulações entre o grave e o agudo. Conquistou os principais troféus e honrarias reservados à elite da vida musical. Segundo os especialistas, possuía ouvido excepcional para a estrutura harmônica das canções, o que lhe permitia mudar ou modular a melodia como se fosse um instrumento executado com mestria.

Falemos agora do repertorio da fabulosa interprete. Na “audição dominical” a que faço referencia acima, desfrutei do privilegio de ouvir Sarah interpretando alguns dos mais belos melódicos americanos, vários deles transpostos para trilhas sonoras de filmes inesquecíveis produzidos por Hollywood em seus anos dourados. Mas a parte mais arrebatante do “recital eletrônico” consistiu nas faixas referentes à nossa MPB.  

Sarah foi, certamente, a cantora estrangeira mais apaixonada por música brasileira. O seu fascínio pelas composições nascidas da arte e engenho de autores nacionais, levou-a a gravar três álbuns inteiramente dedicados aos nossos ritmos. Fazem parte dessa magistral coletânea autores que frequentam a predileção das plateias, como Tom Jobim, Cayme, Vinicius, Chico Buarque, Milton Nascimento, Marcos Valle, Ivan Lins, entre outros. O resultado dessa fusão de talentos, que incorporou ainda a participação, no apoio vocal de interpretes brasileiros consagrados, foi um trabalho artístico impecavelmente elaborado, que consegue mostrar em inglês a sutiliza e encanto da música popular brasileira.

Bem, no mais, é como diz a canção de Carlos Lyra: “No entanto, é preciso cantar e alegrar...”.

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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Na França deu xadrez

 


                                             *Cesar Vanucci

O mundo não é obrigado a aguentar o vale tudo de Elon Musk”. (Presidente Lula)

 

Pavel Durov, dirigente do Telegram, êmulo de Elon Musk nos domínios da comunicação digital, entendeu de desafiar as leis da França, tal qual vem fazendo com relação ao Brasil o dirigente do X. A consequência do inadmissível procedimento foi uma ordem judicial de prisão. Para evitar o desconforto de uma cela em xadrez de Paris, o dito cujo se viu forçado a desembolsar (em euros) a bagatela de 150 milhões de reais de modo a que a punição pudesse ser convertida em reclusão domiciliar, com a obrigação expressa de se apresentar duas vezes por semana ao juizado que acompanha o caso. Entre as vozes que se ergueram protestando contra a decisão do judiciário francês, alegando que a liberdade de expressão estava sendo violentada, duas delas chamaram de modo especial as atenções da mídia e observadores políticos. Adivinhem quem? Vladimir Putin, presidente da Rússia e Elon Musk.

O Telegram muito popular na Rússia, já teve sua ação suspensa no Brasil por descumprimento de dispositivos da nossa legislação. Foi flagrado, a exemplo do antigo Twitter, veiculando propaganda hostil aos valores democráticos, de conteúdos nazistas, racistas e fake news. A propósito, teve sua atuação suspensa noutros países, inclusive na Rússia onde já voltou a operar normalmente.

Os fatos reportados conferem à momentosa questão dos abusos praticados por plataformas digitais, notadamente o X na atualidade brasileira, uma dimensão que extrapola a visão acanhada da minoria de políticos fundamentalistas engajados no esforço de propagar a errônea ideia de que o STF porta-se como algoz do santo e benemérito magnata Elon Musk...

Os países democráticos, desafiados pelas Big Techs vêm estabelecendo normas de regulamentação em suas operações.

Cabe, agora, trazer ao conhecimento de quem ainda não sabe outras “proezas” dignas de nota perpetradas pelo cidadão mencionado. Nos Estados Unidos, onde vive, Musk aliou-se politicamente, no passado, com os democratas. No governo Barack Obama ganhou polpudos incentivos financeiros para expandir seus negócios. Trabalhou ativamente pela eleição de Joe Biden, contrapondo-se a Donald Tramp, a quem acusou de fascista. Sua militância como politiqueiro barato levou-o, mais recentemente a “virar a casaca”. Tornou-se aliado de Tramp na corrida presidencial, abrindo fogo cerrado, em sua plataforma digital contra Kamala Harris e seu vice, Tim Walz, aos quais acusa de estarem a serviço do comunismo. Ainda outro dia, num arrobo retórico que suscitou, no meio jornalístico, questionamentos sobre sua saúde mental, andou dizendo que a candidata democrata a Casa Branca vem insuflando o STF e o Ministro Alexandre de Moraes no imbróglio presentemente relatado nas manchetes.  

 É de irritante visibilidade o empenho do insolente magnata de interferir no processo político brasileiro.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

 

A insolência do magnata

 


 

 

                       *Cesar Vanucci

A liberdade de expressão não pode ser utilizada como escudo para atividades ilícitas”. (Ministro, Alexandre de Moraes)

 

Acontece que: 1. O Brasil é uma democracia pujante com instituições republicanas consolidadas; 2. Os brasileiros ufanam-se desta invejável condição, abominando toda manifestação que encerre propósito de alvejar os valores pátrios; 3. Nenhum magnata dono de plataforma digital é ungido, pelos deuses do Olimpo, como ente supranacional com poderes de ditar regras a Estados soberanos, recusando-se a cumprir suas leis; 4. O território sagrado de uma Nação não é “casa de |Mãe Joana”; 5. Instrumento criado com o nobilitante objetivo de promover o bem estar social, a internet não pode tornar-se uma “terra de ninguém”.

 Em assim sendo, não há como justificar o comportamento acintoso, com laivos terroristas, do politiqueiro Elon Musk, proprietário de conglomerado multinacional que inclui a rede social X. Chamado pertinentemente às falas pelo Supremo, o birrento e insolente empresário resolveu desafiar a Corte e, via de consequência, os Poderes constituídos da Nação. Negou-se, com  desfaçatez, lançando no ar impropérios contra figuras representativas de nossa vida pública, a banir de sua plataforma ataques raivosos ao regime democrático. A ação corrosiva condenada pela lei e repelida pela consciência popular, diz respeito a propaganda de ódio, de feição racista, misógina, nazista, pedófila e assim vai. O argumento farisaico usado é de que sua atitude se inspira – vejam só a audácia – na “liberdade de expressão”.

Agravando – e muito – a inaceitável postura, ordenou o fechamento do escritório de representação do X em nosso território. Como todo mundo está calvo de saber, em nenhuma parte de nossa aldeia global uma empresa pode executar suas operações sem representação legal com endereço e CNPJ. Esgotadas as tentativas de dissuadi-lo da maluquice trombeteada, o judiciário, como é de seu indeclinável dever, determinou a suspensão das atividades do antigo Twitter, até que a designação de representante oficial da empresa seja efetivada. Nesse meio tempo, ganhando ressonância mundial, a questão passou a envolver também outra empresa do grupo comandada pelo magnata. A primeira reação dessa outra empresa foi de embarcar na palhaçada da desobediência, mas acabou por reconhecer que o recuo era o melhor a ser feito, com o deslocamento das divergências legais para um ambiente próprio, ou seja, a Corte, onde são tomadas decisões judiciais.

As encrencas protagonizadas por Elon não se cingem ao Brasil. No Reino Unido, Austrália, França, Índia e Turquia ele andou comprando briga, mas acabou voltando atrás. Na Arábia Saudita e na China o X é impedido de operar, mas ele não dá um pio, finge-se de morto, para não “atrapalhar” outros rendosos negócios.

A flamejante contenda comporta, obviamente, desdobramentos, ficando claro, todavia, que a posição adotada pelo Poder Judiciário acha-se ancorada em princípios legais legítimos.

                               Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Freio de arrumação e Represália

 


                                         *Cesar Vanucci

               “Acordo sobre emendas aponta um caminho, mas não finaliza as ações...”

                     (Ministro Flávio Dino, do STF).

 

O “freio de arrumação”, proposto pelo Supremo Tribunal Federal, funcionou com razoáveis resultados no palpitante caso das emendas parlamentares. Representantes dos Três Poderes participaram, como se chegou a dizer, de uma “audiência de conciliação”. Acertaram os ponteiros nos conformes constitucionais. O diálogo mostrou-se positivo, embora tenha sido ainda insuficiente para ajeitar todas as pendências que a questão comporta. Mas, como se costuma dizer no popular, é preferível algum diálogo, a diálogo algum.

A decisão tomada representa nada mais, nada menos daquilo que a Constituição estipula no tocante à lisura nos gastos públicos. Os princípios da transparência e rastreabilidade, de obviedade ululante, terão que ser rigorosamente observados na distribuição dos recursos. Nenhum detentor da prerrogativa de emprego das verbas poderá movimenta-las sem responder com clareza a esses quesitos essenciais: o que, quem, quando, onde, como, por quê.

Restou, para avaliação futura mais aprofundada, já aí envolvendo como interlocutores o Executivo e o Legislativo, a questão do volume avultado do dinheiro público carreado para as ditas emendas, que correspondem hoje, pra pasmo geral, a quase 50% da parte reservada pelo Governo para programas de benfeitorias públicas.

Cumpre ainda assinalar, a propósito do assunto reportado, que repercutiu muito negativamente a notícia de que alguns próceres da Câmara Federal andaram prometendo represálias, tendo por alvo o STF, diante das medidas saneadoras, adotadas pela Corte. Como se noticiou, o presidente da Casa, Arthur Lira desengavetou uma proposta de emenda constitucional prevendo, por incrível que pareça que decisões do Judiciário possam ser submetidas ao crivo do parlamento. Ou seja, deputados e senadores avocariam poderes de julgar o que fosse julgado pelo judiciário. Uma maluquice sem tamanho. Um dispositivo desse gênero fere em cheio a Constituição, abala a relação entre os Poderes da República, representando chocante inequívoco retrocesso democrático.  Observadores categorizados da cena política lembram que procedimento desse jaez só pode prevalecer em regimes autoritários, a exemplo do que aconteceu no Brasil em 1937, no Estado Novo, com a instituição da temível “Polaca”.

2) Dia do fogo – a Ministra, Marina Silva, do Meio Ambiente, analisa por prisma sombrio o fogaréu que se espalhou pelos canaviais do interior paulista. Considera o caso atípico. Compara os incêndios de agora com o chamado “dia do fogo”, ocorrido tempos atrás envolvendo ações criminosas, de cunho político, detectadas no Pará. As suspeitas da Ministra deram causa a investigações da Policia Federal. As diligencias policiais abrangem ocorrências verificadas também na Amazônia e Pantanal. Prisões já ocorreram por atos incendiários deliberados.

 Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

A subida das Mulheres nos pódios

 



*Cesar Vanucci

Só a gente sabe o que preciso enfrentar para chegar até ali".(Rebeca Andrade,principal medalhista Olímpica brasileira )

 Palmas ruidosas, que elas bem merecem! As mulheres reinaram absolutas no palco olímpico. Assim se avalia a participação brasileira no grandioso evento esportivo de Paris. Arrebataram a maioria das 20 medalhas, incluindo-se nos feitos por elas alcançados as 3 de ouro.

A presença feminina nos jogos olímpicos vem sendo a cada edição ampliada. Este ano, em nosso caso foi majoritária em relação ao grupo masculino. Na linha do tempo é de datação relativamente recente. As primeiras Olimpíadas, reza a Historia, foram realizadas na Grécia antiga, em tempos anteriores ao cristianismo. Às mulheres era vedado até mesmo assistir as disputas. Em 1896 na capital grega começou – pode se dizer – a era moderna das Olimpíadas. Já aí, resolveu-se “conceder-lhes” a mera condição de espectadoras. Houve protestos. O gesto mais retumbante a respeito foi de uma atleta  grega Stamati Revithi, que em desafio aberto ao mundo esportivo e autoridades, após a maratona oficial percorreu, correndo, o mesmo trajeto de 40 km da prova masculina. 4 anos após, 1900, nas olimpíadas de Paris as mulheres puderam concorrer, mas apenas em algumas categorias. “A altruística permissão” abrangeu tão somente as modalidades de golfe e tênis, sob a alegação machista de que a fragilidade feminina desaconselhava contatos físicos passiveis de ocorrerem noutras disputas. Fazendo jus ao se vitoriarem nalguma prova a simples certificados de participação, medalhas não.  

A inclusão de mulheres nas demais competições foi se processando aos poucos, até chegarmos aos jogos de Londres (2012) quando finalmente ocorreu a equiparação entre atletas dois sexos no direito de competir.

 A chegada das brasileiras as competições internacionais só se deu em 1979. Até aquele momento a legislação brasileira proibia as mulheres de concorrerem em provas esportivas, consoante um decreto-lei de 1941. Acode-nos à memória velha de guerra um fato assaz curioso: naqueles idos tempos, futebol feminino era “caso de polícia”. Quem quebrou o tolo preconceito foram as “meninas de Araguari”. Imaginamos que hoje, já avós estejam, lá na formosa cidade triangulina, esfregando as mãos de contentamento com o feito do time liderado por Marta.

 A crônica das brasileiras nas Olimpíadas assinala marco reluzente no ano de 1996, em Atlanta. Foram conquistadas ali medalhas de ouro e prata no vôlei de praia, prata no basquete e bronze no voleibol. Os lauréis obtidos representaram para nossas atletas a superação dos desafios que tiveram de enfrentar para poder ter o direito de competir, treinar e praticar todos esportes. De lá pra cá outras triunfantes jornadas, como a de agora em Paris, se sucederam.

 Nossas valorosas atletas ajudaram o Brasil a se tornar potência Olímpica de médio porte. Sua contribuição poderá favorecer, adiante, quem sabe, a subida de novos degraus no pódio global.

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)



Ponto final, fim de papo!



 “Não metam o nariz nos assuntos internos da Venezuela”.(Nicolás Maduro, num acesso histérico).

 

Conversa encerrada.  Os desmandos do caudilho de Caracas, extrapolando os limites mais elásticos da tolerância, não deixam outra alternativa ao governo brasileiro que não seja a do distanciamento político e diplomático. Algo similar ao que se fez com a Nicarágua do outro desprezível déspota.

Não se trata, evidentemente, de rompimento de relações diplomáticas, mas sim de posicionamento vigoroso, sem tergiversações, capaz de expressar supremo desagrado pelas reiteradas manifestações do inconfiável Nicolas Maduro a respeito da crise política venezuelana. Como sabido, são incontáveis as manobras de engabelação urdidas pelo tirano, mesmo diante da benevolente disposição de vários países, entre eles o Brasil, de encontrar uma saída honrosa para a descomunal encrenca por ele criada. O anuncio feito pelo Conselho Nacional de Justiça da Venezuela, reafirmando outra vez mais o “triunfo” eleitoral do arrogante autocrata e proibindo a divulgação das famosas atas dissipou por completo qualquer ingênua dúvida que pudesse sobrevir às artimanhas usadas na fraude.

O que a opinião pública brasileira espera do Palácio do Planalto é uma declaração formal de não reconhecimento definitivo dos resultados das eleições no país irmão. Tal declaração deverá ser acompanhada de afastamento de qualquer tipo de contato que não seja pautado, estritamente, por tratativas negociais que representem os interesses comuns dos dois Estados, vizinhos muito próximos geograficamente.

2) “Minha casa minha milícia” - O Rio de Janeiro e suas bizarrices amedrontadoras! Com a desenvoltura habitual, derivada da certeza de contar com poderosos apoios clandestinos, as milícias cariocas apoderam-se de áreas de domínio público, implantando condomínios residenciais, de bom nível, compostos de várias unidades. A fiscalização governamental só se deu conta dos empreendimentos quando estavam prestes a receber ocupantes. Tudo até ali foi feito à margem dos protocolos legais. As autoridades competentes assumiram os prédios, conseguindo autorização judicial para demoli-los e já deram inicio a derrubada. O relato suscita um colosso de indagações. Como passou despercebida ao longo das construções, o que vinha rolando, a olhos vistos, nos terrenos indevidamente apropriados? A compra de materiais de construção, a movimentação de veículos, os canteiros de obras não chamaram a atenção dos agentes da lei? Por que as edificações, ao invés de serem demolidas, não foram integradas aos programas habitacionais de caráter social?  Por quê mesmo? Para esta última pergunta surge uma resposta que é uma constatação amarga dos desatinos praticados pelos milicianos nas desguarnecidas paragens guanabarinas. A cessão das moradias com fito social desencadearia fatalmente reação violenta dos foras da lei, em desafio aberto a um aparelho de segurança impotente para conter a abusiva situação. Minha Nossa Senhora!

 Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

sábado, 10 de agosto de 2024

Os atos e as atas de Maduro

 


 

*Cesar Vanucci


“Temo por guerra civil”.(Embaixador Celso Amorim)

 

Decorridas duas semanas da eleição, Brasil, México e Colômbia continuam à espera das atas autenticadas prometidas por Maduro. Bem avaliadas as circunstâncias, vão esperar sentados, como se diz em papo de rua.

O caudilho de Mira Flores não tem como atender a exigência. Já chegou a limite insuportável em sua habilidade de engabelação. E, convenhamos, trazer a público, a esta altura do campeonato, algum documento forjado é despudor demasiado, até mesmo para o dito cujo.

De outra parte, o prazo para as “explicações” não pode estender-se indefinidamente. O elástico da tolerância já foi espichado demais da conta. O Brasil e parceiros dessa demanda, apoiada por numerosas nações do bloco democrático terão que assumir com brevidade, posição formal de distanciamento do personagem que controla com punhos de ferro a desditosa Venezuela destes dias. Recriminado com veemência pelas lideranças democráticas, por conta de seus gestos de desrespeito flagrante e cruel aos adversários políticos e à vontade soberana de seu povo demonstrada nas urnas, o déspota conseguiu a façanha de produzir formidanda crise numa versão política com timbre de “samba do crioulo doido”. Pois não é de se ver que das críticas no plano interno ao seu desvairado comportamento participa também o próprio partido comunista venezuelano! E o que não dizer da incrível alegação por ele formulada pouco depois da açodada proclamação de sua “insofismável vitória”, de que o processo da apuração de votos sofreu violento ataque de “hackers”, provindo de onde mesmo? Da Macedônia do Norte, como “explicou”,  com a cara mais deslavada.

Seja ressaltado que a fraude eleitoral por ele perpetrada recebeu manifestações de apoio, no concerto mundial exclusivamente de países onde predominam regimes autoritários, a saber: Rússia, China, Cuba, Nicarágua, Turquia, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Coreia do Norte. E agora? O que vem adiante? Aventada, por traquejados analistas da cena geopolítica, como saída diplomática para o impasse, a hipótese de um novo pleito, monitorado pela ONU e OEA, afigura-se de quase impossível efetivação.

A explosiva encrenca venezuelana ainda está longe do epilogo. A balburdia provocada pelos atos antidemocráticos de Nicolás, prendendo e matando adversários, cerceando as liberdades, afrontando os direitos humanos, os atos do caudilho- repita-se - somados à confusão das atas vaticinam  tempos bastante conturbados para o país vizinho com consequências desagradáveis para todo o continente americano.

 2) Ditadura - A ditadura da Nicarágua, comandada por Daniel Ortega, responsável por toda sorte de violências contra as liberdades públicas e os direitos fundamentais, agregou mais um desatino aos desmandos continuamente cometidos. Expulsou a embaixadora brasileira no país sob a alegação de que a mesma não compareceu à comemoração do 40* aniversário de sua chegada ao poder.

 

             Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

Mulheres negras de ouro

 



                                                                                            *Cesar Vanucci

“lindo momento de irmandade e espírito esportivo! Dá pra sentir o amor brilhando através dessas moças” (Michelle Obama falando do feito de Rebeca).



Mais uma Olimpíada! Os olhares do planeta, fatigados diante das intermináveis cenas do desvario corrente, se voltam, em pausa esperançosa, para os espetáculos de Paris. Muitos alimentam fugidio sonho, por breve espaço de tempo, que lhes permita desvencilharem-se das amarguras causadas pelas guerras, desigualdades e tantos outros dramas que agridem a consciência.    

Os Jogos representam, sim, esplêndida demonstração de vigor atlético e engenho para se formatar momentos de extasiante   beleza. Mas, além de seus significados visíveis, o festival Olímpico alcança as culminâncias de um triunfo do espírito. Em sua estupenda configuração humanística e ecumênica, esta empreitada de labor e inteligência expõe as virtualidades da alma e do sentimento popular. A diversidade, em suas múltiplas exteriorizações, é apanágio das disputas. Os competidores deixam de lado as toscas diferenciações mundanas que costumam afasta-los uns dos outros na convivência cotidiana, para darem-se as mãos efusivamente na celebração do dom da vida. Etnias, nacionalidades, cor da epiderme, crenças, condições econômicas, intelectuais variadas, tudo isso perde seu peso e valor social, cedendo lugar para geral e irrestrita confraternização.     Uma sólida aliança do espírito humano.

 Da volumosa sequência de imagens emocionantes proporcionadas ao longo das provas, algumas vão se eternizar na lembrança esportiva. “Rebeca, a mulher inesquecível”: puxando da memória, trazemos a tempo presente o título de um filme que foi sucesso de critica e bilheteria nos anos 50, para registrar o embevecimento deixado no espírito popular pelo feito histórico da ginasta brasileira Rebeca Andrade. Mulher negra, 25 anos, de descendência humilde, atleta de rara estirpe, fez jus à consagração universal ao subir ao topo do pódio graças a uma impecável coreografia na ginástica solo. O magnífico gesto das duas campeoníssimas atletas estadunidenses, igualmente negras, que a acompanharam na triunfante jornada, reverenciando-a na hora da entrega da medalha de ouro, ficou gravado como retrato emblemático dos jogos de Paris. Jornal parisiense estampou foto do ato na primeira página proclamando “Olimpíada é tudo isso”. Cabe dizer que Rebeca tornou-se nossa maior medalhista olímpica de todos os tempos.

 Beatriz Souza, 26 anos, de origem modesta, sargento do Exército, foi outra mulher negra que empolgou seus patrícios e público ao conquistar medalha de ouro no judô. Tanto Rebeca quanto Beatriz, além de vários outros disputantes, foram amparados em suas carreiras pelo programa “bolsa atleta”. O desempenho dos competidores brasileiros que arrebataram outras reluzentes medalhas contribuiu para que nossa participação nos jogos pudesse ser classificada de relevante. “Isso tudo foi muito bonito de se ver”.

 Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Não deu outra: fraude.

 



                " Venezuela não é uma democracia”               (Ministra Marina Silva)

 

O que todos temiam não deixou de acontecer. Maduro mostrou-se fiel ao seu instinto caudilhesco. Montou descomunal farsa eleitoral, criando condições inimagináveis para permanecer à frente dos destinos de sua “República Bolivariana” por mais 6 anos. Com as manobras engendradas no curso da disputa presidencial e da apuração escancarou de vez seu malévolo propósito de chutar pra escanteio os protocolos firmados no “Acordo de Barbados”, que garantia a realização de eleições legitimas com participação livre das forças da oposição venezuelana. O acordo foi celebrado em outubro de 2023, com referendo da Noruega, Brasil e EUA.

Impactando negativamente a comunidade internacional, o Conselho Eleitoral da Venezuela, diretamente vinculado a Maduro, proclamou antes do termino da votação sua vitória, diplomando-o poucas horas depois e fazendo ouvidos moucos aos protestos e indignação da oposição e de parte majoritária da população do país. Os contendores do Caudilho alegam que os resultados do prélio, segundo mapas parciais da apuração por eles obtidos, apontam vitória esmagadora do candidato Edmundo Gonzalez. Todas essas circunstancias, acrescidas de robustas evidencias de cerceamento da liberdade de voto para parte do eleitorado, intimidações e prisões de adversários produziram manifestações intensas de reprovação mundo a fora. O clamor só fez crescer à vista dos panelaços ininterruptos, das concentrações populares, da repressão policial violenta com dezenas de mortos e feridos, com centenas de pessoas recolhidas a presídios e sequestros de líderes oposicionistas, além de iradas falas do tirano acusando os oponentes de haverem tramado golpe de estado.

A relutância do governo brasileiro em admitir a anômala situação política reinante na Venezuela vem causando desconforto e preocupação, dentro e fora do país. A princípio, o presidente Lula fixou, como condição basilar para reconhecer a legitimidade da eleição, a apresentação das atas de votação, obviamente chanceladas por organizações idôneas. Governos de outras nações adotaram posição assemelhada. Até o momento em que estas considerações estão sendo alinhavadas, a entrega das atas ainda não se efetivou, embora decorrido o prazo de 72 horas estipulados pelos próprios dirigentes venezuelanos. Nesse meio tempo, ocorreram muitos outros fatos relevantes. Entre eles, a intempestiva mensagem de felicitações do PT a  “vitória eleitoral”. Em contra partida, o Centro Carter, órgão respeitado na área dos direitos civis, afirmou que o pleito não pode ser considerado democrático.

Resumindo o papo, com muita água ainda a correr por baixo da ponte: A eleição foi fraudada; Maduro quer eternizar-se no poder; é forte a indignação no mundo democrático com relação ao que anda acontecendo; a posição brasileira na candente questão deixa muito a desejar.

 Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

Arapongagem, Sósias, Contingenciamento

 



 

*Cesar Vanucci.

“Amigos, amigos; arapongagem à parte” (Variante de conhecido ditado popular).

 


  A arapongagem promovida pela Abin paralela, conectada com o tal “gabinete do ódio”, não se contentando em seguir os passos dos adversários políticos, magistrados, jornalistas e muita gente mais, colocou sob mira de forma “mui amiga", personagens da própria grei dos espiões. Com muitas revelações chocantes e desnorteantes já vindas a furo nas certeiras investigações da PF, tem-se como certo que a bisbilhotagem foi feita por atacado, alvejando gregos e troianos, pessoal das fileiras “inimigas” e da copa e cozinha doméstica. Não seria de se estranhar que os executores do esquema, num dado momento de sua abelhuda missão, tenham-se embaralhado de tal maneira a ponto de se auto grampearem. Aliás, devem ter se inspirado numa comédia cinematográfica, onde um agente secreto da Cia, em surto paranoico, cisma de espelhar grampos em todos os cômodos da residência, vigiando-se o tempo todo. O desenrolar das apurações esta prometendo, ao lado das inevitáveis punições a serem aplicadas aos autores  dos mal feitos, outras passagens dignas de serem aproveitadas em enredos dos filmes de Mr. Bean, Agente 86 e  Inspetor Closeau. Dos fatos narrados desponta a constatação de que os “espias”, com sua metralhadora giratória, andaram criando variante para o conhecido ditado popular “Amigos, amigos; negócios à parte”. Esta aqui: “Amigos, amigos; arapongagem à parte.”

 

2) Sósias - Equivoca-se rotundamente quem supõe seja “invenção” brasileira a história de sósia que prolifera nas desregulamentadas redes sociais. Fruto de rematada maledicência e doideira irremediável, a propagação a rodo nas plataformas, em tom de cumplicidade sombria, de que determinado personagem político famoso “desencarnou”, sendo substituído por “sósia”, tenta passar à opinião pública a maquiavélica ideia de sinistra conspiração política.  Na campanha sucessória em curso nos Estados Unidos, explodiu também, divulgação intensa dentro do esquema das famigeradas fake news, a respeito da “morte” do Presidente Joe Biden. Um “sósia”, no caso o “irmão gêmeo” estaria á frente da administração do país e atuando em sua representação perante o resto do mundo. Como se vê, os extremistas de lá se assemelham muitíssimo com os de cá.

 

3) Contingenciamento -  Governo e Congresso  estão dando tratos à bola com o intuito de reduzir despesas de maneira a assegurar equilíbrio nas contas públicas. O valor a ser contingenciado é de R$ 15 bilhões. Muita gente não consegue entender o porquê de o responsáveis pela analise do problema não terem atinado ainda com a possibilidade de 2 óbvias medidas. A primeira, redução significativa dos recursos destinados às emendas parlamentares. Segunda, cobrar, sem esse papo de anistia, as multas aplicadas aos partidos políticos pela a Justiça Eleitoral, da ordem de R$2,5 bilhões. Isso aí...

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

A SAGA LANDELL MOURA

Um autêntico humanista

  *Cesar Vanucci “ Colaborar é muito mais inteligente que competir. ” (Maurício Roscoe, no livro “A Evolução Humana”)   As fileira...