*Cesar Vanucci
“Estivemos mais perto do que
imaginávamos do inimaginável.” (Ministro Barroso do STF)
Os
fatos apurados pela Policia Federal sobre a intentona não são tão
estarrecedores quanto se imaginava. São muito mais estarrecedores do que jamais
se conseguiria imaginar.
A
ameaça da ruptura democrática, rechaçadas pela solidez das instituições
republicanas não foi uma “narrativa delirante”, como chegou a ser despudoradamente
classificada por elementos enredados até o pescoço na maquinação. As provas
coligidas são arrasadoras. Configuram inapelavelmente crimes e apontam os
culpados. Políticos fanatizados, ávidos pela permanência no poder, integrantes
dos redutos palacianos no governo passado, arquitetaram meticulosamente nefanda
conspiração contra o Estado democrático, procurando inverter o resultado
eleitoral que se lhes mostrou desfavorável em 2022. As acusações levantadas
pela PF contra o núcleo sedicioso são esmagadoras. Os áudios obtidos contêm
diálogos altamente comprometedores. Informações consistentes embasam delação
premiada feita pelo principal assessor do antigo mandatário do poder. Chefes militares
acima de qualquer suspeição opuseram-se à trama criminosa. Forneceram depoimentos inequívocos sobre a
aventura golpista traçadas em planos de ação produzidos em gabinetes
localizados nos palácios do Planalto e Alvorada. Dá documentação probatória faz
parte, inclusive, a informação de que um dos comandantes chegou a afirmar ao
ex-presidente da república Jair Bolsonaro que ele estava incorrendo em
gravíssima penalidade, até mesmo de prisão, por conta da proposta de derrubada do
regime democrático. Outra averiguação impactante do inquérito diz respeito ao
esquema engendrado com fito de eliminar o Presidente da Republica, o Vice-presidente,
o Ministro Alexandre de Moraes e possivelmente, outros membros da Suprema Corte.
Tais atentados foram abortados na undécima hora em consequência,
presumivelmente, de um desencontro de opiniões entre seus mentores.
O processo relativo à conspiração, abarcando os
eventos de 8 de janeiro, dias anteriores e subsequentes e também indiciando 37
pessoas, a começar pelo ex-chefe do governo, está sendo encaminhado ao exame da
Procuradoria Geral da República. Acredita-se que até o final de fevereiro a PGR
emita seu parecer. Se acatadas as conclusões do relatório policial, os indiciados,
na maioria militares, tornar-se-ão réus passando a ser julgados pelo STF.
No tocante ao episódio do “homem bomba” na Praça
dos Três Poderes, pode ser que o tresloucado ato tenha sido isolado. Mas, mesmo
assim é preciso admitir que o “lobo solitário” contou com a perversa solidariedade
de uma alcateia uivante que atua, diuturnamente, nas redes sociais com prédicas
de ódio e ressentimento, açulando os baixos instintos das pessoas em desarmonia
com a vida.
Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)