*Cesar Vanucci
"As
eleições na Venezuela não são justas, nem limpas, nem equitativas, mas vamos
ganhar” (Edmundo González Urrutia, candidato da oposição
venezuelana)
As respostas a estas e muitas outras perguntas
de teor assemelhado começarão a ser dadas nos próximos dias. Mas grande parte de
líderes mundiais, da mídia e de observadores da cena política é de parecer que
o caudilho, já com 11 anos no cargo, obsecado pelo poder, não irá transferir,
jeito maneira alguma, a faixa presidencial. Sua trajetória ao longo da vida
pública, suas atitudes recentes alimentam compreensível e forte desconfiança quanto à reação que terá na
hipótese de malogro na disputa. Nicolás já proclamou, com todas as letras, sílabas,
pontos e vírgulas que a Venezuela mergulhará no caos, num banho de sangue fratricida,
numa guerra civil, se não for ungido pelas urnas. Antes da impactante e
antidemocrática manifestação, andou praticando toda sorte de arbitrariedades
contra adversários, intimidando muitos candidatos, forçando outros a se
retirarem do páreo, encarcerando concorrentes, jornalistas e críticos de sua
forma autoritária de conduzir os destinos da Nação.
Compete
com Maduro o diplomata Edmundo
González Urrutia, 74 anos, escritor e acadêmico, alçado à condição de candidato após o
“impedimento”, pela Justiça Eleitoral, de María Corina Machado, que vinha
liderando amplamente as pesquisas pré-eleitorais. Machado emergiu como figura
de supremo destaque da oposição ao denunciar a corrupção, desmandos e má
administração reinantes. Acreditando no apoio majoritário da população, com as
pesquisas mostrando-se favoráveis ao seu nome, Gonzáles vem sustentando que, “as
eleições na Venezuela não são justas, nem limpas, nem equitativas, mas vamos
ganhar”. Ele acrescenta ser necessário colocar-se um ponto final na era
chavista, que já se alonga por um quartel de século.
Os posicionamentos do autocrata de Caracas têm
sido objeto de condenação nos países democráticos. O Brasil, pala palavra de
Lula, criticou veementemente o que anda acontecendo no país irmão. Maduro, bem
ao seu estilo, respondeu de maneira descabida. “Recomendou”, ao Presidente do
Brasil que, “tomasse um chazinho de camomila” e ainda menoscabou nosso sistema
eleitoral, dizendo que os escrutínios daqui, dos EUA e da Colômbia não são
auditados, acrescentando na maior cara de pau, que o complexo de votação de seu
país é o mais perfeito do mundo.
Fica, por tanto, evidenciado,
que as eleições na Venezuela, previstas para domingo, 28 de julho, a depender do
resultado que brote das urnas, poderá descambar em mais uma nauseante violência
contra a aspiração da gente daquele país em seus anseios de liberdade e mudança
de rumos políticos com norte democrático.
Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)