Landell antecedeu Marconi
Cesar Vanucci
“O que primeiro penetrou (...) os grandes segredos da telúrica etérea foi um brasileiro”.
(Artigo publicado em “La Voz de España, em 1900)
Como enfatizado no comentário passado, a primeira demonstração pública inequívoca dos efeitos práticos e eficazes dos inventos de padre Landell Moura deu-se em São Paulo em 3 de junho de 1900. Evento altamente prestigiado, aglutinou autoridades, diplomatas estrangeiros, gente do povo, “sendo coroado de brilhante êxito”, conforme noticiou o “Jornal do Commércio”, periódico de grande aceitação perante o público leitor da época. Conta a “Wikipédia”, a propósito, que “a bibliografia brasileira em geral aceita este testemunho como fidedigno.” Mais: do ponto de vista dos biógrafos de Landell é bastante plausível a hipótese de que a experiência na transmissão de som sem fio tivesse acontecido bem antes disso. Admite-se, também, que o padre-inventor brasileiro haja antecedido ao próprio Guglielmo Marconi na conquista tecnológica referente à transmissão de sinais telegráficos.
O jornal “La Voz de España”, na edição de 10 de dezembro de 1900, estampa artigo de J. Rodrigo Potet que serve para reforçar o vanguardeirismo de Landell. Abaixo, trechos da manifestação. “Um jornal da capital federal atribuiu a invenção desse aparelho, que tem a propriedade de transmitir a voz humana a uma distância de 8, 10 ou 12 quilômetros sem necessidade de fios metálicos, ao engenheiro inglês Brighton. O diário a que me refiro está mal informado. Nem a invenção do sistema de transmitir a palavra a distâncias é recente, nem foi o inglês o primeiro sábio a resolver satisfatoriamente esse árduo problema, que envolveu os mais intrincados princípios físico-químicos que podem oferecer-se à ciência humana. O que primeiro penetrou e descobriu os grandes segredos da telúrica etérea com glória e proveito, faz pouco mais ou menos um ano, foi um brasileiro, foi o nobre sábio padre Roberto Landell de Moura. Porque acompanhei passo a passo os estudos de seus inventos sobre telegrafia e telefonia com e sem fios; porque fui testemunha presencial de varias experiências, todas prodigiosas; e porque tive a honra de me ocupar do sábio e de suas eminentes obras em dois artigos publicados em “El Diário Español”, de São Paulo, artigos que mereceram a honra de serem reproduzidos no Rio de Janeiro, no “Jornal do Commércio”; por tudo isto, julgo-me obrigado a sair agora em defesa do direito de prioridade que assiste ao benemérito brasileiro padre Roberto Landell de Moura, no que tange à transmissão da palavra falada sem necessidade de fios. (...) O mérito cresce de ponto, em se considerando que os inventores europeus e americanos dispõem de operários mecânicos inteligentíssimos e de fábricas e laboratórios onde escolher as peças que a feitura de seus mecanismos requer. O padre Landell tem que conceber ele mesmo e executar os aparelhos, sendo a um só tempo o sábio que inventa, o engenheiro que calcula e o operário que forja e ajusta todas as peças de complicadíssimos mecanismos. (...) Mas acontece que o humilde sacerdote se fecha em sua modéstia habitual em vez de dormir sobre os louros. Os poucos amigos e admiradores que tem ao seu lado são capazes de compreender o sábio e avaliar o valor de seus inventos.”
Da documentação ampla coletada pelos estudiosos da extraordinária obra de Landell, personagem posicionado de forma realçante na galeria dos inventores mais criativos da história, consta, ainda, que em 9 de março de 1901, o brasileiro obteve a primeira patente para um “aparelho destinado à transmissão fonética à distância, com fio ou sem fio, através do espaço, da terra e do elemento aquoso”. A esta altura dos acontecimentos, os superiores hierárquicos do padre-inventor, alterando condutas anteriores, avessas e até mesmo hostis ao magnifico esforço de Landell, com o talento que Deus lhe deu, em contribuir para a expansão da consciência e do conhecimento tecnológico, concederam-lhe permissão para se aprofundar nas experiências em que já se achava engajado. Isso favoreceu fizesse uma excursão científica por países europeus e Estados Unidos. Em Nova Iorque, onde permaneceu cerca de quatro anos, Landell concebeu três aparelhos, requerendo patentes. O jornal “New York Herald” ocupou-se, em 1902, de suas admiráveis façanhas técnicas. Abriu-lhe espaço para entrevista com foto, ressaltando na reportagem o seguinte: “Por entre os cientistas, o brasileiro padre Landell de Moura é muito pouco conhecido. Poucos deles têm dado atenção aos seus títulos para ser o pioneiro nesse ramo de investigações elétricas. Mas antes de Brighton e Ruhmer, o padre Landell, após anos de experimentação conseguiu obter uma patente brasileira para sua invenção, que ele chamou de “Gouradphone”.
Nos Estados Unidos, o brasileiro conseguiu, em 1904, registrar as patentes requeridas. A primeira, alusiva a um “transmissor de ondas”. As outras, concernentes a um “telefone sem fio” e a um “telégrafo sem fio”. Data da mesma ocasião o anúncio de seu projeto para transmissão de imagens à distância. Tal projeto confere-lhe, no entendimento dos biógrafos, a condição de pioneiro em matéria de televisão, teletipo e controle remoto.
A prodigiosa história do Padre Roberto Landell Moura reclama, obviamente, novas considerações.
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PAINEL DE IDEIAS
Um gênero de loucos.
Maria Inês Chaves de Andrade*
Somos loucos de todo gênero: heterossexuais, lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queers, intersexuais, assexuais e pansexuais. A sigla mais hodierna para designar o nosso plúrimo é LGBTQIA+ dando a assomar-se quem mais, seja como for e vindo a dar-se consigo, não se reconheça sob nenhuma chancela. Mas, há um gênero de loucos que assombra sem gênero. Sua degenerescência está na medida da integridade alheia, a que julga, condena e executa acaso o afronte pessoalmente, já que sabe como tudo deve ser. O degenerado não reconhece a beleza, nem as nuances da sedução, estas que suscitam os amantes certos de cada um. A gênerosidade da carne sob roupa e trejeito e caras e bocas de tantos nada lhe diz, senão o transtorna, tanto maior tenha sido o armário dentro da caixa que se abriu enquanto ele sonhava com a tampa. A igualdade o incomoda porque aquela gente nada tem de similitude consigo e da diferença que ora se proclama são mesmo resto. O degenerado se excita com a pasteurização, mas tem trauma de iogurte em prateleira de queijo prato. Sem consistência alguma insiste no desgosto, este paladar apurado na angústia alheia. E de tal ordem propõe a desordem, que entende o ordenamento jurídico como óbice à sua postura de radical livre, este que pleiteia a assunção de um arbítrio absoluto, para oxidar tudo o que toma por anômalo já que é normal. Este gênero de louco ofende os loucos de todo gênero. Ora, gravidez de biquíni já foi gravíssima; liberdade para negros, nigérrima; minissaia, longamente indecente; direito ao trabalho e voto feminino, o fim da sociedade; colégio misto, decomposição moral; adultério, crime; divórcio, impensável. Mas, o degenerado não pensa mesmo. Ele prefere a ignorância porque sabe que ela mata e este é o propósito ideal. A medida do mundo é sua desmedida e nunca tem cabimento o que ele diz, embora sempre dê a saber de seu discurso inflamado. Quanta pústula há sob a incandescência! A gritaria dele dá-lhe a ouvir apenas a própria voz, já que a voz do povo, expressa na Constituição da República, não dá azo à outra ausculta senão que nosso objetivo fundamental é “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Este degenerado tem uma sensibilidade específica, adstrita às opções de gênero, mas nada do que há a merecer sua sede, em sede mesmo de sexualidade, o provoca. O macho de ocasião, aquele que se inscreve sempre a macerar o mais frágil, não o altera. Nem liga se há feminicídio, estupro, pedofilia... O macho de ocasião, em certas ocasiões, é mais macho. Nos coletivos, importuna e coletivamente, violenta. Mas, a submissão de tantos se explica se o propósito é submeter. Nem sabe o degenerado que macho é o homem que contém a si mesmo, mais que aparentemente macho. Sua essência humana degenera-se e paulatinamente rescende à putrefação de sua espiritualidade, por mais que encontre amparo na “igreja”, porque a Carta Magna resta promulgada sob a proteção de Deus e nesta missiva está nossa missão.