sexta-feira, 7 de dezembro de 2018


Padre Landell, brasileiro, 
primeiro cientista a fotografar a aura
 

Um brasileiro contemporâneo do futuro

Cesar Vanucci
“Roberto Landell de Moura, padre, foi um inventor genial.”
(Antônio Luiz da Costa, professor)


A revelação, feita agora em novembro, rendeu vistosas manchetes mundo afora. Ganhou compreensível retumbância nas esferas científicas. Pesquisadores da Universidade de Stanford, Estados Unidos, anunciaram com pompa, ufanando-se da proeza, haver comprovado a existência da “aura humana”. Constataram que um fluido energético invisível ao olhar da quase totalidade das pessoas recobre permanentemente o corpo físico de todos os seres vivos. Noutras palavras, reconheceram que a “aura” não é tosca crendice, mera superstição. Até que enfim!

A “descoberta” foi rotulada de “expossoma humano”. Afiança-se na descrição dessa camada de energia que se trata de uma espécie de “nuvenzita” composta de micro-organismos e outras partículas suspensas no ar, entre elas resíduos de gases químicos expelidos em diferentes atividades. A pesquisa sustenta ainda que todos nós achamo-nos constantemente expostos ao “expossoma” em todo e qualquer ambiente. Os autores do trabalho expressam, como de costume, “ceticismo científico” acerca da versão referente à aura propagada em narrativas esotéricas. Resolvem abrir, ao redor do alardeado feito, uma controvérsia que promete dar o que falar. Segundo eles, a “aura humana” captada nos experimentos de laboratório nada tem a ver com energias sutis, percebidas pela ótica mística e identificadas, não é de agora, nos estudos sobre os chamados fenômenos transcendentes. Fenômenos, diga-se de passagem, que enxameiam este nosso velho mundo repleto de coisas assombrosas e de decifração complicada.

Não fica nada fácil para um simples leigo – caso deste desajeitado escriba, propagador de quiméricas interpretações das charadas intrigantes antepostas à jornada humana - meter o bedelho em tema de tamanha complexidade. Mas, seja como for, este “repórter enxerido“ ousa afirmar que a revelação dos conceituados pesquisadores estadunidenses admitindo a existência da aura está chegando com atraso de mais de um século. É só atentar para o que, no final do século XIX e nas duas primeiras décadas do século passado, um brasileiro notável, arrostando incompreensões e preconceitos de todo quilate, andou participando aos seus contemporâneos. Ele não apenas descreveu, como fotografou a aura em aparelho que inventou.

A informação que ora passo ao distinto leitorado remete à fascinante história de Roberto Landell de Moura. Cidadão gaúcho de Porto Alegre, nascido em 21 de janeiro de 1861, falecido em 30 de junho de 1928. Falo de um sacerdote católico de mente aberta e inclinações místicas, cientista e inventor, personagem de avantajada formação cultural e científica. Um autêntico contemporâneo do futuro. Da leitura de numerosos textos alusivos à sua vida e obra extraio empolgante narrativa.

A primeira notícia a ser dada é de que, embora devotado à vida religiosa, com passagens sempre edificantes pela administração de paróquias no Rio Grande do Sul e São Paulo, Landell focava a atenção paralelamente em pesquisas científicas de relevância no processo da evolução civilizatória. Foi apontado, por autoridades na área dos saberes, como alguém de ideias consideravelmente avançadas para seu tempo.

Com conceitos inovadores da ciência e envolvimento em assuntos tabus do ponto de vista da ortodoxia religiosa  - como contatos com o além, paranormalidade e crença na existência de outros mundos povoados de inteligência – provocou reações de desagrado sem conta por parte de seus superiores. Foi advertido em várias ocasiões para que moderasse o discurso e se ativesse aos cânones doutrinários. De sua biografia consta episódio emblemático. Em meados de 1890, Landell exibiu um de seus numerosos inventos a um prelado paulista. Um aparelho que poderia ser definido como “telefone sem fio”, algo inimaginável naquela época. Perturbado com as “vozes que vinham de nenhum lugar”, o superior eclesiástico qualificou o aparelho “como obra do demônio”, proibindo o padre inventor de prosseguir com os “heréticos” experimentos. Pesquisas a respeito do campo energético sutil que circunda seres vivos levaram Landell a conceber um outro aparelho extraordinário. Batizou-o com o nome de “Spiricon”. Foi chamado às falas pela ousadia, acusado igualmente de prática profana. Anos depois de sua morte, o russo Semyon Davidovich Kirlian, criou o instrumento que produz o chamado “efeito kirlian”, praticamente retomando os estudos do padre brasileiro. A descoberta de Kirlian valeu-lhe reconhecimento mundial. O pioneirismo do padre Landell Moura não foi oficialmente atestado, em escala mundial, devido ao obscurantismo cultural que alvejou sua atuação.

Este relato sobre a vida e obra do genial compatriota vai ter sequência. O leitor ficará a par nas próximas anotações, entre outras extraordinárias revelações, de texto em que ele descreve a “aura humana”, cem anos antes dos cientistas de Stanford.

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