segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

A Democracia e as redes sociais

 

 

*Cesar Vanucci

 

“Não se pode aceitar discurso de ódio em nome da liberdade de expressão” (Antonio Luiz da Costa, educador).

 

Como se costuma dizer no linguajar digital, a “fala” de Fernando Haddad viralizou. Calculadamente 25 milhões de usuários das redes sociais “ouviram” o Ministro da Fazenda “anunciar” as taxas fiscais a “incidirem” sobre transações de valores pecuniários via Pix. A maldosa fake news – uma das muitas despejadas ininterruptamente nas plataformas - causou alvoroço e teve que ser, obviamente, desmentida. Oportuno anotar que a propagação de uma notícia falsa se processa velozmente. Em questão de minutos, alcança multidões, antes mesmo de ser refutada. Ainda assim, deixa no ar interrogações e controvérsias exploradas à exaustão pela má fé.

 Noutro ato delituoso quase que à mesma hora do episódio  relatado acima, algum irresponsável divulgou, tendo o público jovem como alvo, “instruções” sobre como participar de um “jogo recreativo” que consiste no cometimento de furtos em estabelecimentos comerciais, ludibriando os vendedores. A exibição dos objetos afanados garante aos “disputantes do jogo” pontuações e premiações...

As situações descritas são altamente emblemáticas. Escancaram a gravidade de uma questão momentosa que faz parte, compreensivelmente, das mais sentidas preocupações de tantos quanto se interessam pelo desenvolvimento humano e avanços civilizatórios. Na visão desfocada de muita gente, infiltrados no meio dela indivíduos de índole perversa e políticos de perfil anarquista, a Internet é um território sem lei. Um vasto faroeste sem mocinhos, nem xerifes. Um vale-tudo de amplitude universal que permite a prática de iniquidades, sem punições, concebidas nas sombras pérfidas do anonimato, afrontando as leis e até mesmo a soberania dos Estados democráticos. O anonimato digital, visto está, potencializa a crueldade dos discursos de ódio e de outras manifestações de cunho socialmente desagregador.

De tudo quanto exposto deflui a inarredável convicção da parte de educadores, sociólogos, pais, psicólogos, políticos e líderes comprometidos com a causa da paz e do bem estar coletivo, de que a internet e a Inteligência Artificial não podem prescindir de regulamentação. Ambas representam conquistas refulgentes do saber tecnológico e precisam ser colocadas a serviço da construção humanística. A liberdade de expressão, apanágio sagrado do regime democrático, não pode ser confundida, como querem ideólogos extremados, com extravagâncias libertinas no emprego da palavra e da imagem nas plataformas digitais.

E, por derradeiro, nesse bom combate pela regulamentação, travado mundialmente pelos verdadeiros democratas, não se pode perder de vista as ameaças que rondam a humanidade acerca da utilização do sistema de comunicação digital como instrumento de controle dos destinos de todos nós.

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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