*Cesar Vanucci
“Não se pode aceitar discurso de
ódio em nome da liberdade de expressão” (Antonio Luiz da Costa, educador).
Como se costuma dizer no linguajar digital, a
“fala” de Fernando Haddad viralizou. Calculadamente 25 milhões de usuários das
redes sociais “ouviram” o Ministro da Fazenda “anunciar” as taxas fiscais a “incidirem”
sobre transações de valores pecuniários via Pix. A maldosa fake news – uma das
muitas despejadas ininterruptamente nas plataformas - causou alvoroço e teve
que ser, obviamente, desmentida. Oportuno anotar que a propagação de uma notícia falsa se processa velozmente.
Em questão de minutos, alcança multidões, antes mesmo de ser refutada. Ainda
assim, deixa no ar interrogações e controvérsias exploradas à exaustão pela má
fé.
Noutro
ato delituoso quase que à mesma hora do episódio relatado acima, algum irresponsável divulgou,
tendo o público jovem como alvo, “instruções” sobre como participar de um “jogo
recreativo” que consiste no cometimento de furtos em estabelecimentos
comerciais, ludibriando os vendedores. A exibição dos objetos afanados garante
aos “disputantes do jogo” pontuações e premiações...
As situações descritas são altamente
emblemáticas. Escancaram a gravidade de uma questão momentosa que faz parte, compreensivelmente,
das mais sentidas preocupações de tantos quanto se interessam pelo
desenvolvimento humano e avanços civilizatórios. Na visão desfocada de muita
gente, infiltrados no meio dela indivíduos de índole perversa e políticos de
perfil anarquista, a Internet é um território sem lei. Um vasto faroeste sem
mocinhos, nem xerifes. Um vale-tudo de amplitude universal que permite a
prática de iniquidades, sem punições, concebidas nas sombras pérfidas do
anonimato, afrontando as leis e até mesmo a soberania dos Estados democráticos.
O anonimato digital, visto está, potencializa a crueldade dos discursos de ódio
e de outras manifestações de cunho socialmente desagregador.
De tudo quanto exposto deflui a inarredável convicção
da parte de educadores, sociólogos, pais, psicólogos, políticos e líderes
comprometidos com a causa da paz e do bem estar coletivo, de que a internet e a
Inteligência Artificial não podem prescindir de regulamentação. Ambas
representam conquistas refulgentes do saber tecnológico e precisam ser
colocadas a serviço da construção humanística. A liberdade de expressão,
apanágio sagrado do regime democrático, não pode ser confundida, como querem ideólogos
extremados, com extravagâncias libertinas no emprego da palavra e da imagem nas
plataformas digitais.
E, por derradeiro, nesse bom combate pela
regulamentação, travado mundialmente pelos verdadeiros democratas, não se pode perder
de vista as ameaças que rondam a humanidade acerca da utilização do sistema de
comunicação digital como instrumento de controle dos destinos de todos nós.
Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário