*Cesar Vanucci
“Nunca estivemos tão próximos da vacina”
(Hui Yang, cientista)
O ano da graça de
2024 está indo embora com o aceno de uma perspectiva científica bastante
auspiciosa. A turbulência, de feitio diversificado, que domina habitualmente a
cena cotidiana, gerando manchetes impactantes, concorreu para que passasse um
tanto quanto desapercebida a boa-nova da iminência da erradicação de uma
enfermidade que aflige milhões de seres humanos. “Lenacapavir”, desenvolvido
pelo laboratório “Gilead Sciences”, é o nome do fármaco apontado como sendo
99,9 % eficaz na prevenção do vírus HIV e com quase igual eficiência no
tratamento da Aids. Este remédio foi eleito o avanço
científico de 2024 pela revista acadêmica Science. Está sendo considerado por
especialistas um divisor de águas na prevenção ao vírus causador da Aids. Os
pesquisadores consideram que a novidade é o mais próximo que chegamos de uma
vacina contra essa infecção.
A propósito do
palpitante tema, o Conselho Federal de Farmácia divulgou relevantes informações
quanto à esperançosa possibilidade que se abre em futuro bem próximo, de
eliminação da doença. Conforme relatado, o remédio será disponibilizado nos no
mundo inteiro até o final de 2025. Hui Yang, chefe de operações de fornecimento
do Fundo Global de Combate à AIDS, explica que o esquema de distribuição
depende de vários fatores, incluindo a aprovação regulatória por órgãos como a
FDA agencia reguladora dos Estados Unidos e a OMS.
O Lenacapavir já vem
sendo utilizado em casos de AIDS resistentes a múltiplos medicamentos. Seu
custo, até aqui é inacessíveis em se tratando de uma demanda global. Ensaios
clínicos comprovaram sua eficácia na prevenção do vírus, o que levou a Gilead a
buscar autorizações para esse novo uso em escala global. Ressaltou ainda ser
fundamental evitar que países de baixa e média renda fiquem relegados a segundo
plano no acesso ao medicamento, um problema de desigualdade que tem marcado a
luta contra o HIV ao longo dos anos.
Para solucionar a
questão do custo, o Fundo Global anunciou uma colaboração com o Pepfar, apoiado
pelo Fundo de Investimento para Crianças e pela Fundação Bill e Melinda Gates.
Essa parceria busca assegurar que o Lenacapavir esteja disponível a preços
acessíveis desde o início. A meta é atender pelo menos dois milhões de pessoas
nos primeiros três anos. Em outubro deste ano, a Gilead fechou acordos com seis
fabricantes de genéricos para produzir e comercializar versões mais baratas do
lenacapavir em 120 países de baixa e média renda.
Fica evidente,
levando-se em conta a elevada significação desta descoberta científica, que a
quebra de patente poderá se efetivar, mediante protocolos internacionais,
objetivando o uso generalizado do remédio.
Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)
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