terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Deportação em massa causa clamor.

 


 

*Cesar Vanucci

“A deportação indiscriminada atrita com direitos fundamentais.” (Domingos Justino)

 

A política de deportação em massa levada a cabo pelo governo dos EUA  está sendo enxergada, por muita gente dentro e fora do país, como ato de feição terrorista. Não padecem dúvidas quanto ao direito legítimo que todo país possui de banir, do seu território, estrangeiros que nele ingressem de forma ilegal. Mas, porém, contudo, todavia, o que está acontecendo, em escala descomedida, é coisa diferente. Extrapola limites do bom senso e dos ditames humanitários. Por tal motivo, o inconformismo diante das arbitrariedades praticadas eclode tanto no seio da sociedade estadunidense, quanto junto á opinião pública mundial.  Lideres e personagens engajadas, mundo afora, na defesa dos direitos fundamentais do ser humano compõem coral de vozes com criticas acerbas aos métodos utilizados na expatriação em marcha.

Imaginava-se, no começo de tudo, que o “bota fora” iria ser aplicado apenas aos que haviam entrado no país de forma furtiva e entre esses os que tivessem contas a prestar à justiça. Ocorre, entre tanto, que nas levas dos “excluídos” tem sido também “contemplada” verdadeira multidão já radicada na comunidade. Ou seja: chefes de família, com residência fixa, participação no mundo do trabalho e na vida social, na expectativa ainda da almejada regularização migratória.

Gente acorrentada, retirada na marra dos locais de tralho levada, só com  roupa do corpo, em voos fretados para à pátria de origem; filhos desapartados dos pais abrigados em casas de amigos; lares defeitos e bens deixados para traz; centros de assistência a imigrantes invadidos pela polícia aduaneira; deprimentes casos de delação e discriminação. O drama vivido por homens, mulheres e até crianças de diferentes nacionalidades, alvejados pelo expurgo implacável, ganha clamor universal. O espanto crescente com que as pessoas, em todas as partes do mundo, tomam conhecimento do que anda pintando no pedaço, em Washington, adquire outra amplitude quando se tem a informação de que o Presidente Donald Trump é filho de imigrante, neto de imigrantes e casou-se com uma imigrante. Sem falar que a grandeza dos Estados Unidos, maior potência mundial, foi construída com participação decisiva de imigrantes.  Homessa! Por que, então, essa empolgação infrene, roçando as franjas da paranoia, de promover o desterro de tantas criaturas ao mesmo tempo? De juntar, nesse gigantesco despejo, como se fossem farinha do mesmo saco, ilegais infratores com cidadãos de vida já consolidada no país, inseridos no esforço construtivo da sociedade?

Sabedor também de que a migração tem impacto positivo na economia do país, o mundo deplora essa “caça as bruxas” que tanto mancha a imagem da pujante democracia estadunidense.

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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