*Cesar Vanucci
“A deportação indiscriminada
atrita com direitos fundamentais.” (Domingos Justino)
A
política de deportação em massa levada a cabo pelo governo dos EUA está sendo enxergada, por muita gente dentro e
fora do país, como ato de feição terrorista. Não padecem dúvidas quanto ao
direito legítimo que todo país possui de banir, do seu território, estrangeiros
que nele ingressem de forma ilegal. Mas, porém, contudo, todavia, o que está
acontecendo, em escala descomedida, é coisa diferente. Extrapola limites do bom
senso e dos ditames humanitários. Por tal motivo, o inconformismo diante das
arbitrariedades praticadas eclode tanto no seio da sociedade estadunidense, quanto
junto á opinião pública mundial. Lideres
e personagens engajadas, mundo afora, na defesa dos direitos fundamentais do
ser humano compõem coral de vozes com criticas acerbas aos métodos utilizados na
expatriação em marcha.
Imaginava-se,
no começo de tudo, que o “bota fora” iria ser aplicado apenas aos que haviam
entrado no país de forma furtiva e entre esses os que tivessem contas a prestar
à justiça. Ocorre, entre tanto, que nas levas dos “excluídos” tem sido também “contemplada”
verdadeira multidão já radicada na comunidade. Ou seja: chefes de família, com
residência fixa, participação no mundo do trabalho e na vida social, na
expectativa ainda da almejada regularização migratória.
Gente
acorrentada, retirada na marra dos locais de tralho levada, só com roupa do corpo, em voos fretados para à pátria
de origem; filhos desapartados dos pais abrigados em casas de amigos; lares defeitos
e bens deixados para traz; centros de assistência a imigrantes invadidos pela
polícia aduaneira; deprimentes casos de delação e discriminação. O drama vivido
por homens, mulheres e até crianças de diferentes nacionalidades, alvejados pelo
expurgo implacável, ganha clamor universal. O espanto crescente com que as
pessoas, em todas as partes do mundo, tomam conhecimento do que anda pintando
no pedaço, em Washington, adquire outra amplitude quando se tem a informação de
que o Presidente Donald Trump é filho de imigrante, neto de imigrantes e casou-se
com uma imigrante. Sem falar que a grandeza dos Estados Unidos, maior potência
mundial, foi construída com participação decisiva de imigrantes. Homessa! Por que, então, essa empolgação
infrene, roçando as franjas da paranoia, de promover o desterro de tantas
criaturas ao mesmo tempo? De juntar, nesse gigantesco despejo, como se fossem farinha
do mesmo saco, ilegais infratores com cidadãos de vida já consolidada no país,
inseridos no esforço construtivo da sociedade?
Sabedor
também de que a migração tem impacto positivo na economia do país, o mundo deplora
essa “caça as bruxas” que tanto mancha a imagem da pujante democracia
estadunidense.
Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário