sexta-feira, 16 de maio de 2014







Mundo cão danado


                 

"Progresso tecnológico precisa ser acompanhado de progresso moral e princípios éticos”. 
(Wernher Von Braun) 


Creio, sim senhor, 
na pluralidade de mundos habitados nessas vastidões cósmicas infindáveis. Não saberei descrever – como, aliás, ninguém, entre os que comunguem dessa crença, saberá tampouco fazê-lo – as formas de vida inteligente que, no meu bestunto, encontrariam guarida nos quatrilhões de corpos celestes multiplicados por mil esparramados pelas profundezas galácticas.



Calculo, conforme asseverado, há mais de dois mil anos, por alguém de ofuscante luminosidade e sabedoria impar que “muitas são as moradas” do Criador de todas as coisas. Entendo, também, que oferecer uma noção ligeira desse soberbo desdobramento do milagre da vida coloca-se além, muito além mesmo, da capacidade imaginativa do ser humano. Isso conduz a Teilhard de Chardin. Pois não é do grande pensador a garantia de que, “na escala cósmica, tudo não é tão fantástico quanto à gente simplesmente imagina, mas muito mais fantástico do que a gente jamais conseguirá imaginar”?...

Assim posto, devo confessar, em lisa verdade, que me vejo sempre embaraçado quando me indagam das razões pelas quais as criaturas desses outros mundos, supostamente no desfrute de condições superiores de evolução espiritual e tecnológica, não promovem contatos mais ostensivos com os seres humanos. Por que cargas d’água “eles” pilotando suas impressionantes naves, não procuram os nossos governantes, lideres influentes em todas as esferas, para conversações e para anunciar a disposição de ajudar-nos a alterar pra melhor os rumos da caminhada neste maltratado planeta. Ou seja, nesta ilhota perdida na imensidão de um oceano interminável repleto de inexplicabilidades, conforme a definição de Aldous Huxley?

Mas, mesmo considerando difícil paca descolar uma resposta à indagação e sabedor também de que o jogo da vida comporta sempre mais perguntas do que respostas ouso extrair de elucubrações, madrugada afora, com os botões do pijama, uma tentativa de esclarecer a razão de o contato nas circunstancias desejadas ainda não haver acontecido. Calculo que, nos domínios cósmicos, nós, seres humanos, não sejamos avaliados pelo exagerado grau de importância que, condescendentemente, nos atribuímos. Suponho que a confessa arrogância, embriagante autossuficiência e completa ignorância em que a espécie se mantém com relação à maior parte dos acontecimentos à volta das rotinas da vida terrena constituam obstáculos por agora intransponíveis à almejada aproximação.

Seguindo essa mesma linha de raciocínio, agarro-me a um conceito expendido pelo cientista Von Braun: “A Providência quer que o progresso tecnológico rápido seja acompanhado de um progresso também rápido no que se diz respeito à vida moral e de uma aplicação mais rigorosa dos princípios éticos em que se baseia...”

Tomando o noticiário nosso de cada dia, será que o tipo de ações desencadeadas permanentemente neste planeta azul se encaixa no modelo conceitual apontado por esse gênio da astronáutica?

Será que os “observadores” do espaço se sentiriam mesmo à vontade para se relacionar maciçamente com inteligências, moral e tecnicamente, menos evoluídas, grandes culpados pela implantação de um “mundo cão” danado capaz de produzir a rodo conflitos ferozes, conviver com desigualdades sociais perversas, nortear-se por atos comportamentais que banalização a violência, situando-a em patamar de inconcebível paroxismo?

As manchetes documentam esse estado de coisas insuportável, revelador dessas tendências humanas cruéis, deploravelmente universais. Cito algumas poucas delas, ainda recentes, registradas nestas e noutras paragens. Guerra tribal, com banho de sangue diário, na Síria; sequestro, com ameaças hediondas, de inocentes garotas por fanáticos terroristas na Nigéria; madrasta assassinando menor para se apoderar de herança; graduado militar narrando, sem demonstrar o mais tênue arrependimento, pormenores de horrenda folha de serviços como torturador; indivíduos de maus bofes, no afã tresloucado de “fazer justiça” com as próprias mãos, espancando e acorrentando supostos meliantes; dona de casa linchada, em plena luz do dia, diante dos olhares de vizinhos e curiosos, por uma horda de desequilibrados em consequência de boato maldoso. 

Parar por aqui! Isso deve, talvez, bastar como dolorosa amostra para levantar a hipótese provável (na base – repita-se - da mera especulação) do por que de “eles” estarem aí, mas sem se animar a chegarem aqui...




  

        

Faltou alguém em Nuremberg


Museu de Nuremberg


“Antes e durante a guerra, os governos alemão e japonês se entendiam ás mil maravilhas”.
 (Antônio Luiz da Costa, Professor de Historia).  


 Não saberíamos  dizer se por causa de Hiroshima e Nagasaki, ou se por causa de misteriosos desígnios e conveniências geopolíticas, ou ainda se por causa de tudo isso junto. Certo é que as grandes potências vitoriosas na segunda guerra mundial, à hora dos acertos de contas com os inimigos, resolveram dispensar tratamento bastante diferenciado a alemães e japoneses. Dois pesos e duas medidas.

O Tribunal de Nuremberg funcionou para criminosos de guerra nazista. Mas não para criminosos de guerra do Sol Nascente. O imperador Hirohito compôs com Hitler e Mussolini o triunvirato que esteve à frente das atrocidades cometidas pelo Eixo. Mas ficou de fora, com seu séquito de colaboradores, das condenações extremas aplicadas aos outros responsáveis pela tragédia bélica.

Sua dinastia permaneceu intocada. O pavor que pessoalmente ajudou a espalhar não ficou adequadamente configurado nos relatórios oficiais que noticiaram a real participação do trio na hecatombe que ceifou milhões de vidas e arrasou países inteiros. A aliança firmada com a Alemanha nazista era granítica. Uma informação curiosa, pouco conhecida, documenta o fato: vários anos antes da guerra e no curso dela, o uso do idioma inglês foi proibido e o do alemão largamente fomentado no Japão.

Os militares nipônicos não demonstraram nas batalhas menor ferocidade do que os militares germânicos. Uns e outros fizeram jus a macabra notoriedade face aos genocídios cometidos nas áreas conquistadas. Os horrores a que foram submetidos russos, franceses, dinamarqueses, poloneses, holandeses e outros povos subjugados, juntamente com os judeus exterminados nos campos de concentração pelas tropas nazistas, não diferem em nada das crueldades impostas, pelas hordas fardadas japonesas, a chineses, filipinos, coreanos e outros povos do Oriente.

Muitas sequelas ainda hoje persistem à conta dos desatinos registrados. Para ficar nalguns poucos exemplos de um volumoso registro de crimes praticados contra os direitos fundamentais, citemos o caso das chamadas “mulheres de conforto” e a lembrança de “heróis japoneses”, cultuada em museus e atos cívicos dedicados a personagens reconhecidos como notórios “criminosos de guerra”. Milhares de pessoas do sexo feminino foram coagidas nos territórios ocupados, em recrutamentos de indisfarçável caráter escravagista, a manter relações sexuais com os soldados. A cínica explicação dada, ainda hoje, acerca do ultrajante processo, vem descrita num pronunciamento recente do prefeito de Osaka, Toru Hashimoto: -“Se você queria que os soldados tivessem um descanso, as “mulheres de descanso” eram necessárias. Qualquer um entende isso.” Ele sabe do que fala. Muitos graduados da liderança politica japonesa “entendem assim”. Tanto “entendem”, que não se constrangem nadica de nada em frequentar o santuário Yasukuni para render homenagens à memória de criminosos de guerra descritos, num museu ali existente, como “mártires vitimados pelos Estados Unidos”. Talqualmente faz a Al Qaeda com dirigentes já desencarnados. Cabe anotar, ainda, como outra evidência forte desse estranhável modo de proceder de personagens destacados na vida governamental do país, a alegação atribuída ao primeiro-ministro japonês Shingu Abe de que não existem provas cabais tenham sido as mulheres coreanas (e de outras nacionalidades) coagidas. Alegação que - seja acrescentado - veio acompanhada de determinação para se constituir, no âmbito governamental, grupo de trabalho com o fito de “reexaminar” a acusação e cuidar do cancelamento do pedido oficial de desculpas feito pelo Japão, 21 anos atrás, por exigência das autoridades coreanas, com referência à mortificante questão. Uma questão que tensiona o relacionamento nipônico com vizinhos chineses e coreanos.

Como argumentam numerosos analistas da cena mundial, esses lances todos teriam efeito comparativo ao de uma hipotética situação em que a opinião pública se visse, de repente, inteirada de que o governo de Bonn estivesse promovendo atos de “desagravo” à memória daqueles caras que costumavam pendurar nos braços e peito o sinistro símbolo da cruz gamada.

Tudo isso remete, implacavelmente à constatação de que os aliados dispensaram diferenciado tratamento aos inimigos.








  

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