sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

 

Óvnis, assunto sério

Cesar Vanucci

 

 “O problema dos discos-voadores

 merece ser tratado com seriedade.”

(Brigadeiro João Adil de Oliveira) 

 

O dia 16 de janeiro de 1958 ficou gravado de forma memorável por oficiais e marinheiros da Força Naval brasileira que participavam de manobras no litoral capixaba, imediações da Ilha da Trindade. Por volta das 16 horas, as atenções de todos se voltaram estrepitosamente à contemplação de um desconcertante espetáculo. Gigantesco objeto, de formato discoidal, promovia espantosa coreografia diante de extasiada plateia, militares na quase totalidade. As evoluções do aparelho desafiavam todas as leis conhecidas da física. A nave, de aparência metálica, não lembrava em nada nenhum tipo de artefato aéreo concebido pelo engenho humano. 

No convés do navio capitânea, o “Almirante Saldanha”, um fotógrafo civil, Almiro Baraúna, dedicava-se a documentar os exercícios navais em curso. Assestando o foco da objetiva no estranho artefato, bem visível a olho nu, obteve estupenda sequência fotográfica, que acabou merecendo registro na crônica ufológica mundial como um dos mais extraordinários documentários pertinentes à presença dos óvnis na atmosfera terrestre. Com a circunstância, sumamente positiva, de encontrar respaldo num testemunho irrefutável, numérica e qualitativamente de alta respeitabilidade. As fotos chegaram logo aos jornais e agências noticiosas, alcançando impactante ressonância mundial. A autorização para que fossem liberadas partiu do próprio Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, um estadista de mente aberta e visão de futuro. Decisão de caráter vanguardeiro. O Brasil notabilizou-se como o primeiro país a exibir, com a chancela do governo, uma documentação nítida e incontestável das aparições dos misteriosos “discos voadores”, de suposta origem extraterrena. 

O “Incidente de Trindade” está registrado como instante de alta relevância da participação militar nas investigações ufológicas. Sabe-se, com certeza, que anos antes a Aeronáutica já vinha se dedicando a estudos pertinentes ao enigmático tema. Conservo em arquivo uma sonora comprovação desse trabalho: cópia integral de impressionante depoimento, a conferência proferida, em 2 de novembro de 1954, na ESG, para plateia composta por centenas de oficiais graduados das três Armas, pelo coronel aviador João Adil de Oliveira, à época chefe do Serviço de Informações do Estado Maior da FAB. Esse oficial, mais tarde promovido a Brigadeiro, ganhou notoriedade nacional, nos idos de 50, por haver presidido a Comissão Militar de Inquérito que apurou o atentado da rua Toneleros, em que foi assassinado o Major Vaz e saiu baleado o jornalista Carlos Lacerda. O dramático episódio, como se recorda, detonou a grave crise política culminada com o suicídio do Presidente Getúlio Vargas. 

O expositor proclamou que “o problema dos “discos-voadores” merece ser tratado com a máxima seriedade”. Disse mais: “as grandes potências se interessam pelo tema e o tratam com seriedade e reserva, dado seu interesse militar.” Enumerou, com abundantes pormenores, instigantes ocorrências ufológicas e convincentes depoimentos de cientistas, pesquisadores e contatados. Após a conferência, foram apresentadas “algumas testemunhas de casos comprovados pelas investigações da Aeronáutica”. 

No fecho do encontro na ESG, o Brigadeiro Guedes Muniz, presidente da ADESG, fez observação ultra intrigante. Aludindo às compreensíveis dificuldades confrontadas por técnicos e engenheiros militares em arriscar pareceres acerca da viabilidade técnica e científica “desses vagabundos do espaço”, ele recorreu a uma fábula que tem o besouro como personagem, “oportuna de ser lembrada aqui”. A sugestiva historinha fica para depois. 

Os óvnis são indicação de que não estamos sós no Universo.

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