quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ventos separatistas


“Nós damos 20 bilhões de euros de graça para um Estado
 falido, que criou uma divida pública de 2.1 trilhões de euros”.
(Alessio Mororin, líder do movimento separatista veneziano).
  

Experientes observadores dos eventos internacionais confessam-se temorosos de que a recente decisão da Crimeia, respaldada pelo governo russo, de desmembrar-se da Ucrânia, além de toda a colossal tensão já suscitada, possa deflagrar um surto separatista noutros pedaços deste planeta azul. Tem–se por certo que sinais já vêm sendo emitidos, em diversos lugares, no sentido de que a história volte a ocorrer, até mesmo em regiões de jamais suspeitada tendência emancipacionista. Caso da fascinante Veneza, capital do Vêneto, norte da Itália.

E não é que, dias atrás, a população veneziana foi convocada, via redes sociais, a participar de uma consulta sobre a possibilidade de desvincular-se da Itália com vistas à implantação de uma República federal soberana, abrangendo toda a província de Vêneto? As ações politicas desencadeadas com tal proposito compreenderam inclusive – vejam só! – contatos de representantes da comunidade interessada com dirigentes de países da Comunidade Europeia.

Na Escócia, por outro lado, ganhou forte incremento após os acontecimentos na Ucrânia a campanha pelo “sim”, em plebiscito já marcado para setembro vindouro pelos Congressos britânico e escocês. O intuito da consulta é recolher a opinião da população escocesa acerca da separação do Reino Unido. Trata-se de antiga aspiração alimentada por ponderáveis parcelas dos habitantes do território.

Os espanhóis também viram recrudescer a luta pela independência da Catalunha. Uma contenda política que já dura um bocado de tempo e não poucas vezes desembocou em confrontações armadas. Essa região, conhecida como autônoma, entre aspas, pelo governo de Madrid, vai promover em novembro próximo um referendo para o exame de proposta relativa à fundação de um novo Estado. O governo espanhol classifica a consulta de inconstitucional. A situação promete dar “bode” lá na frente...

O sonho de assegurar-se autonomia à porção francesa nesse país continental chamado Canada é antigo. Tão antigo quanto a Serra da Canastra, como era de costume dizer-se noutros tempos. Para sentir o peso considerável desse desejo entranhado no seio da população de origem francesa, relembremos intrigante episódio. Quando presidia a França, numa visita oficial ao Canadá, influenciado pelos sentimentos e tradições predominantemente franceses existentes em Quebec, Charles de Gaulle chutou estrepitosamente para corner, numa monumental trapalhada, o protocolo diplomático. Exclamou numa concentração popular: “Viva Quebec Livre!” O mal-estar que essa incontinência verbal provocou, vou te contar!...


Há quem admita que o episódio da Crimeia sirva de inspiração, também, para que se intensifiquem as ações do agrupamento politico separatista “Parti Québécois”. Esta agremiação vai, certamente, tentar fortalecer-se nas eleições programadas para abril. Se isso realmente se efetivar, conforme previsto por analistas políticos, é quase certo que a proposta de realização de mais uma consulta plebiscitária sobre a independência da província de Quebec retornará com força total ao debate publico canadense.

Sueltos (I)



 “Suelto: condensação de fatos em poucos e curtos parágrafos”
(F. Fraser Bond, autor do livro “Introdução ao jornalismo”).
  
Petrobrás e Metrô de São Paulo. Os acontecimentos concernentes à maior empresa brasileira, a Petrobrás, sobre supostos malfeitos praticados na esfera executiva, carecem, sim, ser devidamente explicados. A opinião publica tem o direito de saber tintim por tintim tudo que ocorreu.  Como também tem o direito de ser colocada inteiramente a par dos pormenores de todas as denuncias a respeito de supostas irregularidades cometidas, durante largo espaço de tempo, nos negócios do órgão que opera o metrô de São Paulo com fornecedores estrangeiros de equipamentos. A bem do interesse público. Mas para que tudo isso fique devidamente apurado não há necessidade alguma de se criar uma, ou mais comissões parlamentares de inquérito. Os órgãos competentes estão aptos a conduzir as investigações, tanto num quanto noutro caso. As CPI’s, por outro lado, nas situações citadas, são inteiramente contraindicadas, pelo risco se virem a se tornar instrumentos de exacerbação das paixões politicas em momento pré-eleitoral.

Dilma, JK e Lula. A não ser que eu esteja tão por fora dos fatos quanto alguns celebrados analistas da grande mídia nas previsões que têm por hábito fazer sobre a conjuntura econômica brasileira, Dilma Rousseff vai emergir, politica e eleitoralmente, mais forte da onda de acusações com que se procura presentemente desqualifica-la como gestora publica. Se a memória não tá a fim de trair, já vi com estes olhos que a terra vai comer (só que, dependendo de minha vontade, daqui muito tempo ainda), o mesmo acontecer tanto com JK quanto com Lula, em efervescentes campanhas eleitorais do passado. Esperar pra conferir.

Desqualificação da “agência de risco”. Gostaria muito de ser informado por alguém do motivo de não ter sido mencionado pelos veículos de comunicação que realçaram, de forma tão estrepitosa, as informações depreciativas da “Standar&Poor’s” sobre a economia brasileira, a circunstância dessa "agência de riscos" estar sendo, no momento atual, processada pelo governo dos Estados Unidos, ora, veja, pois! O motivo do processo é um dado desqualificante adicional na constatação já feita da ilegitimidade das ações efetivadas pelo órgão ao sair por aí aplicando notas sobre o desempenho econômico de países e empresas. A “S&P” está sendo acusada de haver, fraudulentamente, atribuído “notas” positivas a organizações norte-americanas que se notabilizaram, na crise de 2008, a negociar papeis podres, arruinando a vida de gente incauta e inocente. A agência não apenas fingiu ignorar a bandalheira da “bolha imobiliária”, como também se esmerou em valorizar, para tapear trouxas, a “performance” de clientes seus comprometidos com o colossal escândalo que abalou a conjuntura econômica mundial. 


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