“Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos” (Winston Churchill).
Dia 8 de janeiro de 2023. Está fazendo um ano.
Os graves acontecimentos vividos na Capital da República na data citada
deixaram marcas impactantes na história do País. A Democracia foi vilmente
alvejada. Conspiradores de meia e de tigela inteira (estes últimos até poucos
dias anteriores aos fatos reportados “engarupados” em postos de relevância na
atividade pública) tentaram subverter a ordem constitucional, violentando a
vontade popular soberana manifesta nas urnas, negando os valores civilizatórios
basilares expressos na Carta Magna.
O 8 de janeiro constituiu o ápice de uma sequência
de atentados anarquistas. Insuflados por minoritária falange ultra – direitista,
uma horda de arruaceiros, incluindo “inocentes úteis” analfabetizados, invadiu
as sedes dos 3 Poderes, destruindo ativos patrimoniais valiosos, conspurcando emblemas
e símbolos sagrados da nacionalidade.
A baderna encomendada, desencadeada por
indivíduos transportados em ônibus procedentes de várias regiões, representou uma
espécie de senha combinada para que o caos se instaurasse, segundo cálculo errático
dos autores intelectuais da criminosa tramoia.
Já antes dessa ignominiosa façanha, os
golpistas haviam executado manobras preparatórias de feição terrorista:
incendiaram veículos, invadiram repartição policial, ameaçaram autoridades,
coloram explosivo (a tempo, felizmente, desativado) num caminhão tanque
estacionado no aeroporto de Brasília, bloquearam estradas, propalaram,
insidiosamente, pelas redes sociais, inverdades sobre a lisura das eleições.
Espalharam como sabido, inclusive no exterior, que as urnas eletrônicas estavam
sendo fraudadas pela Justiça Eleitoral.
A nauseante ofensiva dos radicais fracassou
rotundamente. O sentimento nacional falou mais alto, bem mais alto. As
Instituições Republicanas reagiram de forma pronta e esplêndida. A sublevação das
ruas desejada pelo golpismo não passou de um delírio paranoico. Governo,
Congresso, Judiciário deixaram de lado ocasionais divergências, próprias do
mecanismo republicano, contando com sólido apoio de todos os setores
representativos da sociedade, rechaçaram com veemência e altivez a maquiavélica
sortida do bando de fanáticos políticos. O mundo democrático hipotecou imediata
solidariedade às autoridades e ao povo brasileiro pela reação assumida diante
do complô.
A Justiça, defendendo com vigor os postulados
democráticos, estabeleceu punições - por muitos consideradas severas - aos
participantes das depredações, que se diziam “patriotas”. Como fecho
indispensável de investigações ainda em curso, ficou restando o indiciamento dos
financiadores e dos autores intelectuais da conspiração.
As lembranças suscitadas pelas ocorrências do
8 de janeiro ajudam a avivar na consciência cívica da Nação o sublime
significado da Democracia na aventura humana. Os democratas das diferentes
tendências partidárias, em qualquer parte do mundo, abominam os regimes de
exceção de qualquer coloração. Cultuam crença granítica de que a Democracia,
mesmo comportando imperfeições ditadas pelas contradições comportamentais dos
seres humanos, é o único instrumento de governança compatível com a dignidade
das pessoas. Nenhuma outra das formas de gerir os destinos dos povos, já experimentadas,
aqui e alhures, demonstrou condições de iguala-la. Quem captou, admiravelmente,
esse conceito, transformando-o em pronunciamento memorável na Câmara dos Comuns
foi Winston
Churchill.
Jornalista(cantonius1@yahoo.com)
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