sábado, 8 de julho de 2023

Perdidos no aeroporto



*Cesar Vanucci

 

                 “Refugiados de Guerra não são criminosos    eles são vitimas de guerra."                                                                                          (Mohammed Haziz, jornalisra).

 

 

 1) O Aeroporto de Guarulhos, SP, um dos pontos de partidas e de chegadas mais movimentados do trafego aéreo mundial, foi palco recentemente de uma história pungente, típica deste nosso mundo velho de guerra tão desfalcado de solidariedade social quanto sobrecarregado de esplendor tecnológico. Grupo composto de quase duas centenas de afegãos, entre eles várias crianças, expulso da terra natal pelo terror talebanista, foi largado nas dependências do terminal e entregue, por algum tempo, à própria sorte.

 Os refugiados aboletaram-se no local em arremedos de tenda em condições bem precárias de conforto. Durante sua permanecia, que se estendeu por mais de mês, obtiveram permissão para usar chuveiros das instalações por apenas 3 vezes. Chegaram a ser acometidos de surto de sarna. Foi quando o Ministério da Justiça e grupos de ativistas que já vinham prestando alguma ajuda aos exilados tomaram a deliberação de promover ação mais resoluta, oferecendo-lhes tratamento consentâneo com a gravidade da circunstância adversa enfrentada.

No município de Praia Grande, litoral paulista, uma colônia de férias foi cedida para aloja-los temporariamente. Mas, estava escrito que sua desdita não havia ainda cessado. Os ônibus que fizeram o traslado dos afegãos de Guarulhos até Praia grande foram interceptados no meio da viagem, diante da recusa formal da Prefeitura de acolhê-los. Negociações demoradas foram feitas com a interveniência do Ministério da Justiça até serem ajustados termos conciliatórios para a concessão do abrigo. O chocante episódio provocou, por parte das autoridades competentes, articulações com vistas à elaboração de planos mais eficientes na assistência às levas de refugiados que aportem nosso território.

O que aconteceu em Guarulhos foi, reconheçamos deprimente. Arranhou, de certo modo, nossa decantada hospitalidade. Chamou a atenção para o contraste existente entre o aparato tecnológico da vida moderna, representado pelo majestoso aeroporto de uma metrópole populosa e trepidante e a incompreensível dificuldade humana em encontrar solução simples para problemas do dia-a-dia das pessoas. A sensação dos humanistas é de que os refugiados afegãos ficaram perdidos na selva de concreto, como alias acontece com milhões de criaturas, em diferentes partes do mundo, que “vivem” em “situação de rua”.

 

2) Em razão do bate-papo com tinturas conspiratórias, travado, pelo celular, com o Tenente Coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, o Coronel Jean Lawand Júnior foi chamado a depor na Comissão Mista do Congresso que apura os atos golpistas de 08 de janeiro. Saiu da audiência que durou várias horas, com o apelido de Pinóquio, tal o volume de informações falsas transmitidas. Sua atuação provocou desagrado geral, tanto da parte de governistas, quanto de oposicionistas. O próprio Presidente da Comissão deixou isso patente no fecho da inquirição, afirmando que chegou a pensar em dar-lhe voz de prisão por falso testemunho. Lawand ousou declarar que sua conversa com Mauro Cid, visou o propósito de conclamar Bolsonaro a “dar ordem” para pacificar os ânimos e não promover um golpe de estado. O depoente conseguiu do STF autorização para permanecer calado. Enrascou-se de tal maneira no interrogatório que para muitos pareceu que o melhor teria sido para ele, para sua historia pessoal permanecer mudo e quedo que nem penedo, como era de costume dizer-se em tempos antigos.

 

3) Deplorando amargamente a decisão acerca da inegibilidade de Bolsonaro, em fala pronunciada em Las Vegas no dia da sessão do TSE, o Deputado Valdemar Costa Neto, presidente do PL, cometeu um ato-falho, corrigido prontamente após receber um whatsapp. Ele disse, ao derramar-se em elogios ao ex-chefe do governo que Bolsonaro não é um “homem normal”.

 

Jornalista (catonius1@yahoo.com.br)

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