*Cesar Vanucci
“Ação
terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição
coletiva de todo o povo palestino” (Presidente Lula
da Silva)
Pronunciamento
condizente com a grandeza do ato e respeitabilidade da tribuna. Mesmo entre
cidadãos que nutram fortes restrições à atuação do Presidente não deixarão de
ser ouvidas, por certo, muitas vozes de concordâncias alusivas aos palpitantes
temas por ele enfocados na fala proferida na abertura dos trabalhos da Assembleia
Geral da ONU.
A defesa dos
postulados democráticos, a relevância da questão climática, os lastimáveis conflitos
bélicos da atualidade e a política armamentista, a tragédia das desigualdades
sociais e a fome, os riscos da Inteligência Artificial e a reformulação estrutural
da ONU ganharam especial realce no aplaudido discurso. Reportando-se ao “Pacto
para Futuro”, acertado pouco antes da cerimônia, Lula sublinhou: “Sua difícil aprovação demonstra o enfraquecimento de nossa capacidade
coletiva de negociação e diálogo”. Reconheceu que “o paradoxo do nosso tempo: é
andarmos em círculos entre compromissos possíveis que levam a resultados
insuficientes.” Explicou que “Nem mesmo com a tragédia da COVID-19, fomos
capazes de nos unir em torno de um Tratado sobre Pandemias na OMS.” Conclamou:
“Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as
mudanças vertiginosas do panorama internacional.” Defendeu a reformulação do
processo operacional da ONU, postulando, como já feito em outras ocasiões, a
presença de representantes da America Latina e da África, em caráter
permanente, no Conselho de Segurança. Lamentou ainda o fato de que, tantos anos
transcorridos desde os começos da instituição, jamais uma mulher teve o nome
lembrado para ocupar o cargo de Secretário Geral.
Acerca das disputas geopolíticas, o Presidente afirmou: “2023 ostenta o
triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial.”
Aduziu: “Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e
atingiram 2,4 trilhões de dólares”. Expressou indignação diante da alarmante
constatação de que 90 bilhões de dólares foram aplicados em arsenais nucleares.
Tal importância – conforme asseverou - poderia ter sido utilizada para o combate
a fome e enfrentamento das mudanças climáticas.
Lula pregou o diálogo como a única forma possível de resolver
pendências entre Nações. Lembrando, o cenário de horror que se descortina em
Gaza, criticou a circunstancia de que um conflito iniciado como “ação
terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição
coletiva de todo o povo palestino”. Condenou as guerras da Ucrânia, Sudão, Iêmen
e demais contendas que enchem a humanidade de sobressalto. Acentuou que em
numerosos casos, o direito de defesa transformou-se no “direito” de vingança,
que impede um o cessar-fogo almejado pela sociedade humana.
Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
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