*Cesar Vanucci
“Pegando vários biomas ao mesmo
tempo, é a primeira vez que acontece” (Ane Alencar, diretora do IPAM)
Anos
a fio, cientistas e ambientalistas advertiram o mundo para o que estava prestes
a acontecer em matéria de mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento
global. Foram chamados pejorativamente de “profetas do apocalipse” por aguerrida
e desinformada militância fundamentalista. Os negacionistas valeram-se de
versões da “teoria da conspiração” para toscas argumentações sobre a questão.
Entre os numerosos setores que deram ouvidos
aos avisos houve, no entanto, quem de reta intenção, não soubesse precaver-se
contra as enrascadas climáticas que se avizinhavam. Caso sem tirar nem por, do
Brasil. Nosso país, pego desprevenido pela pandemia de incêndios florestais
ilustra bem a situação.
A
grande arregimentação de recursos humanos, técnicos e financeiros para o
enfrentamento das galopantes queimadas em curso bem que poderia ter sido
processada algum bom tempo atrás.
A
formidanda encrenca climática é um desafio a ser enfrentado com vigor pelas
forças vivas da Nação. Mais de 70% de nosso território continental está sendo
afetado por forte estiagem que seca rios e chamas que destroem biomas
riquíssimos, propriedades valiosas, empestam sagrados ambientes ecológicos,
poluem cidades. E o que não dizer dos
danos severos que a fumaça toxica causa aos organismos vivos, molestando a
saúde humana e fazendo crescer filas nas emergências médicas? Todo esse
somatório de eventos perturbadores, ocasionados por mais de 6 mil focos de
incêndio, traduz brutal pressão sobre os
gastos públicos e privados.
Cuidemos de ouvir explicações, pertinentes às
queimadas, trazidas ao por renomada especialista em fogo, diretora do Instituto
de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Ane Alencar: “O fogo foi potencializado por
uma confluência de fatores que vão desde fenômenos como o segundo ano de El
Niño, seguido de La Niña, passando pelo aquecimento global e a ação humana. Já
tivemos secas muito fortes na Amazônia, em parte do Cerrado, na região central,
mas pegando vários biomas ao mesmo tempo, é a primeira vez. É quase uma
tempestade perfeita, onde o clima é motor para propagar o fogo que ocorre a
partir das queimadas. Para que haja fogo, tem que ter faísca, é essa primeira
fonte de ignição, e ela é iniciada pelo ser humano.”
Não
é só o Brasil que arde em chamas. Outras partes da aldeia global vivem drama
assemelhado. Espera-se, no caso brasileiro, que as autoridades competentes
divulguem logo os resultados dos inquéritos referentes a ações incendiárias de
cunho doloso ou não. Por derradeiro, registro indispensável. O Poder Judiciário
pediu urgência no enfrentamento do problema; o governo, com algum atraso
anunciou plano emergência; o congresso, enquanto isso, debate questões bizantinas.
É fogo!
Jornalista
(cantonius1@yahoo.com.br)
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