sexta-feira, 4 de março de 2022

 

Quem financia o terrorismo? (I)

 

Cesar Vanucci

 

“A real e escabrosa história do ISIS ainda está por ser contada”.

(Antônio Luiz da Costa)

 

Muita gente, carente de informações atualizadas sobre acontecimentos significativos da trepidante conjuntura mundial, espantou-se com o anúncio oficial da Casa Branca acerca do desmantelamento, no norte da Síria, do núcleo central de operações do famigerado Estado Islâmico (ISIS), em ação bem-sucedida de um comando militar americano. Como foi amplamente explicado, os militares cercaram o reduto terrorista, dando um ultimato para rendição incondicional do supremo líder jihadista, que se matou junto com familiares e seguidores acionando uma carga explosiva.

Paralelamente a esse evento, na mesma região, tropas americanas e curdas promoveram uma ofensiva contra militantes da fanática falange muçulmana, impedindo fossem libertados centenas de prisioneiros. Os combates duraram uma quinzena, com centenas de mortos e muita destruição de prédios e instalações de uma cidade densamente povoada.

 O espanto a que nos referimos decorreria da suposição equivocada de que o Estado Islâmico representasse, a esta altura, carta fora do baralho na crônica sinistra do terrorismo internacional.  

A realidade, entretanto, é outra. O ISIS não foi extinto.    Continua ativo, disseminando ódio, propagando suas tresloucadas e retrógadas teorias sobre o sentido da vida e das coisas, promovendo ações letais em áreas do Oriente Médio, uma sub-região da Afro-Eurásia, sobretudo da Ásia, e partes da África setentrional. Vem se esquivando, contudo, sabe-se lá bem por que, de operações impactantes noutros pontos do planeta. Caso, por exemplo, da Europa até recentemente, alvo prioritário de suas cruéis sortidas.

A paranoia ideológica fez com que o ISIS se tornasse reconhecido como “inimigo da humanidade”. Um agrupamento desvairadamente radical que se posiciona permanentemente contra tudo e contra todos. Na sanguinolenta contenda bélica Síria deparamo-nos com amostra do jeito de ser dessa organização. O EI trabalha pela deposição de Bashar al-Assad, que é apoiado por russos e iranianos, entre outros. Mas, ao mesmo tempo, envolve-se em choques armados frequentes contra contingentes militares empenhados, tanto quanto ele, na luta pela derrubada do governo de Damasco. Seja acentuado pelos americanos e curdos que integram coalizão anti Assad.

Analistas internacionais levantam suspeitas, de quando em vez, acerca do que teria levado os extremistas muçulmanos a interromper a escalada de violências em território europeu. Arriscam especulações em torno de um sórdido pacto clandestino firmado em bastidores geopolíticos, com compensações para os terroristas.

Veraz ou não, a inacreditável hipótese, merece atenção, aprestando-se naturalmente a comentários face a constatações intrigantes. Para um punhado de perguntas embaraçosas o que se obtém como respostas é um silêncio de tumba etrusca. Quem financia os jihadistas? Como se arranjam os terroristas para se municiarem com armas potentes, inclusive mísseis, sem que disponham nas áreas sob seu domínio de fábricas de armas? Como é que os apetrechos bélicos chegam até seus arsenais, se eles se acham concentrados em região rodeada por bem adestradas tropas inimigas? Quem paga os soldos de suas aguerridas tropas? De qual rede bancária se servem para suas inevitáveis transações financeiras? Alimentação, vestuário, sistema de comunicação, como todas essas coisas funcionam nos locais em que se movimentam? O combustível para seus veículos é fornecido por quem? Como o turismo escapa à vigilância e controle dos serviços de inteligência dos países, grandes potencias entre eles, comprometidos ao que se propala o tempo todo com a erradicação do terrorismo? Uma coisa parece certa, nesta tremenda “confusão das arábias”, a verdadeira história do Estado Islâmico esconde revelações inimagináveis em termos de maquiavelice hedionda.

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