sexta-feira, 3 de junho de 2022

 

A política, segundo o pensador Arduini 

 Cesar Vanucci

 

“(...) Política é nobilitante e expressa sentido de cidadania.”

(Padre Juvenal Arduini, sociólogo e professor)

 

Criatura admirável, provida de incomum sabedoria, soube colocar os talentos do espírito a serviço do mundo, das causas sociais, dos excluídos na partilha dos bens terrenos prodigalizados pela Natureza ou produzidos pelo labor humano.   Chamava-se Juvenal Arduini. Padre, escritor, sociólogo, professor, tribuno eletrizante. Desfrutei do privilégio de extensa convivência, muito fecunda para mim em benefícios, com esse admirável mestre. Em certa ocasião, ao homenageá-lo, disse-lhe que o considerava o padre Lebret brasileiro. Atualizo o conceito. Nutro hoje convicção plena - repassando lances do seu trabalho apostólico e revendo escritos brotados de sua pena refulgente e ensinamentos transmitidos em sua fala civicamente desassombrada - que faz todo o sentido proclamar também que o citado padre Lebret, festejado pensador, foi o Juvenal Arduini francês. 

Ao relembrar personagem de tão maiúscula presença na cena intelectual, aquinhoado de dons humanísticos e espirituais invejáveis, amigo muito querido, meu compadre, tomo a liberdade de substituir, com notória vantagem para o leitor, Nestes períodos de articulações intensas visando a realização de eleições presidenciais de grande significado para todos nós, meu comentário por palavras extraídas da vasta e valiosa obra deixada pelo mestre. São pensamentos vigorosos, oportunos e atuais, como se verá adiante. 

Vamos lá. Assim falou Juvenal: “Em tempo de eleições (...) é oportuno refletir sobre a política. Política deriva de “poleteia”, no grego. “Polis” significa cidade, região habitada. E “polites” é cidadão. Verifica-se que, originalmente, política é nobilitante e expressa sentido de cidadania. 

Política é fenômeno eminentemente social e promove a sociedade como todo. Política tem significado de associação, convivência e aliança. A política existe para reunir pessoas, integrar grupos e povos para responder aos desafios sociais. A verdadeira política suscita a socialização substancial e elimina o dilaceramento feroz entre pessoas, organizações e partidos. 

A política está organicamente ligada ao povo. É destinada a servir o povo e não a subordiná-lo a interesses mesquinhos. A Constituição brasileira foi ousada e lúcida ao tratar da relação entre poder e povo. No artigo primeiro, parágrafo 1, a Constituição declara: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Aí está proclamação constitucional lapidar que dignifica Nação moderna. O poder emerge do povo. E também é exercido pelo povo mediante os eleitores ou diretamente. O poder está no povo, permanece no povo. O povo pode outorgar funções aos políticos, mas não lhes transfere o poder. Estritamente, o poder é do povo e não dos governantes. Há políticos que agem como se fossem donos do poder, que pertence ao povo. Isso é usurpação do poder popular. 

Há muitos tipos de política. A política humanizada, social, ética e comprometida com a população. A política prostituída, corrupta e perversa. A política autoritária, tirânica e a política submissa, servil. Há política séria que responde às necessidades da população e política corrompida que se apodera dos recursos que pertencem aos pobres.” (...) “A realidade política, em si, é valor humano, social, cultural e histórico. A política sadia é necessária à sociedade. Não se trata de abolir a política, mas de limpá-la. Há que resgatar o potencial político dos povos. É urgente instaurar (...) a política da justiça e não da miséria. (...) A política da ética (...) A política da vida e não da morte. A política deve estar comprometida com o clamor da humanidade sofrida e com a responsabilidade histórica.”

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