quarta-feira, 14 de junho de 2023

Os desígnios políticos

 

 

                                                                                    *Cesar Vanucci

 

 “O discurso antivacina é como induzir ao suicídio coletivo”

(Dráuzio Varella)

 

Os desígnios políticos são, em não raros instantes, imperscrutáveis. Escapam à compreensão de argutos observadores. O caso de Deltan Dallagnol afigura-se bem emblemático.  Decisão fulminante do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cassou-lhe o mandato parlamentar, sob a acusação de haver se licenciado das funções exercidas no Ministério Publico, para candidatar-se, infringindo normas regimentais de rigorosa observância.  A Câmara dos Deputados referendou, mais do que depressa, a determinação da Corte. Dallagnol viu-se, de repente ao relento, praticamente deixado de lado pela classe política. As poucas vozes de protestos contra a decisão Judicial foram tímidas e sem agregar adesões significativas. O recurso que impetrou foi denegado. Sua atuação na Operação Lava Jato, bastante contestada em redutos jurídicos e políticos, influenciou, por certo, o comportamento nada solidário com sua causa percebido no ambiente político.

Outra situação digna de atenção, dentro da mesma linha de raciocínio, diz respeito ao Senador Sergio Moro. Transitam no TSE dois requerimentos pedindo sua degola. Um deles do PT (Partido dos Trabalhadores). Outro, por incrível que pareça, do PL de Valdemar Costa Neto, agremiação que tem como presidente de honra o ex - mandatário, Jair Messias Bolsonaro, supostamente um aliado do ex - juiz da Lava Jato. As rusgas nascidas entre os dois, quando da saída intempestiva de Moro da pasta da Justiça foram dadas como águas passadas, por ocasião do segundo turno das eleições. Nos debates pela televisão, Moro atuou como colaborador de campo de Bolsonaro na contenda verbal com o oponente Lula.

Sobrepaira no ar no ver de analistas credenciados, a curiosa sensação de que nos arraiais políticos, deixadas de lado as tendências partidárias, predomina certa hostilidade com relação aos dois expoentes da Lava Jato.

 

2) Negacionismo doentio – Nas redes sociais - hoje, menos do que ontem; amanhã, provavelmente, menos que hoje -, prolifera todo o tipo de negacionismo. O negacionismo antivacinal propagado com intensidade por correntes fundamentalistas em descompasso com a marcha civilizatória, convoca as pessoas a retrocessos, pode se dizer, medievais. “Vacina é coisa maligna”! Asseveram alguns. Já houve até quem ousasse afirmar que vacina poderia fazer nascer escamas no corpo com risco da pessoa virar jacaré, estão lembrados? A mórbida pregação tem produzido resultados preocupantes, de acordo com o entendimento da Saúde Pública. A redução de cidadãos vacinados, principalmente crianças, trouxe de volta algumas doenças já erradicadas no país. Lamentável que isso esteja ocorrendo. Durante largo espaço de tempo fomos referencia mundial em planos de vacinação bem sucedidos. Na atualidade, especialistas chegam a temer que a poliomielite, banida há anos, volte a ameaçar  lares. Tudo, por causa do receio infundado, espalhado pelos negacionistas, sobre males que as vacinas estariam em condições de acarretar à saúde. Faz-se urgente uma retomada consciêncial da importância desse eficaz processo prevencionistas de doenças que fazem vitimas fatais e deixam sequelas.

 

 

3) Surrealismo – impossível conceber algo tão surreal. Partido da oposição no Congresso Nacional indicou para integrar a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Senado e da Câmara) dos Atos Golpista parlamentar apontado nas investigações da Policia Federal como um dos instigadores dos abomináveis acontecimentos ocorridos em 8 de janeiro e em datas anteriores na capital da República. A estapafúrdia designação equivale a se recrutar membro de gang de assaltantes de banco para apurar detalhes de assalto que ajudou a promover com o concurso de comparsas, contra uma agencia creditícia. Como se costuma dizer na tagarelice das ruas é o fim da picada!

 

Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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