*Cesar Vanucci
“O racismo é tão cruel, dói tanto, que tu te negas a falar dele.”
(Paulo Paim, ex-Senador)
O
mundo esportivo acolhe, jubilosamente, uma jovem liderança arrojada com
disposição para enfrentar o vírus do racismo. O craque brasileiro Vinicius Jr.,
22 anos, principal estrela do Real Madrid, apontado pela crônica esportiva como o melhor
jogador de futebol da atualidade, está sendo enxergado com respeito e admiração
como nova e impetuosa voz, de repercussão mundial, na luta árdua contra o
odioso preconceito racial e xenofóbico vigente em gramados esportivos.
Alvejado com inclemência, de forma recorrente pela histeria
de torcidas ditas (des) organizadas, diante da omissão cúmplice de setores incumbidos
institucionalmente de zelar pela ordem e disciplina nos espaços das disputas futebolísticas,
Vini Jr. resolveu desassombradamente tornar público seu inconformismo e indignação,
erguendo mais alto do que de costume em circunstancias análogas a bandeira do
antirracismo. Seu brado de revolta ecoou por todos os cantos, galvanizando
atenções e provocando manifestações de solidariedade sem conta, nas esferas
governamentais e em outros estamentos importantes da coletividade.
Em passado
recente, outros atletas - a exemplo do que aconteceu em 2020, numa partida
realizada em Paris entre PSG e Istanbul, episódio que
pretendo rememorar no artigo vindouro - assumiram posição impactante contra o
racismo. Mas essas posições não tiveram os desdobramentos agora alcançados pela
atitude do talentoso Vinicius Jr., que teve o Don de tirar do comodismo e da
inércia as autoridades esportivas da Espanha. Como sabido demorou um pouco, após
a toarda erguida pelo jogador, para que os paredros do futebol espanhol
anunciassem medidas punitivas contra as agressões praticadas pelos torcedores
racistas.
A praga racista suscita
infindáveis reflexões. A raça humana é uma só. Cor de pele é mero detalhe.
Se negra, branca, amarela, parda, rosada - em tons mais ou menos acentuados,
consoante a diversidade biológica natural – tudo isso, repita-se, não passa de
detalhe. Assim como a cor dos olhos, ou dos cabelos. Ou a estatura e o peso das
pessoas.
A raça humana é uma só. Em nada influem,
para que essa verdade verdadeira deixe de ser reconhecida, as circunstâncias de
os indivíduos nascerem ou viverem, nessa ou naquela região específica deste
planeta azul. Bem como as constatações de que eles pratiquem cultos, cultivem
hábitos e costumes, falem línguas e enverguem trajes diferenciados, uns dos
outros. A raça humana é única. A recusa na aceitação plena desse preceito de
vida universal, na efervescente convivência social, gera uma aberração cruel e
repulsiva chamada racismo. Um vírus que, contaminando mundão de viventes por
aí, produz enfermidades e mortes, escancara instintos bestiais, alveja
inclementemente a dignidade da vida. Faz, também, com que humanistas da maior
envergadura intelectual levantem, por vezes, dúvidas quanto à assertiva,
sagrada para contingentes apreciáveis do mundo civilizado, de que o homem é ser
de luz moldado à imagem e semelhança de Deus.
O racismo, com todo seu cortejo de
horrores e injustiças, é antigo e universal. Contribui significativamente para
que se perpetue o dramático problema das desigualdades. De visibilidade
permanente nos atos cotidianos, a questão é exposta com abundância de
evidências em tudo quanto é pesquisa de comportamento, seja aqui, seja alhures.
No comentário vindouro iremos relembrar o
episódio da repulsa antirracista tomada conjuntamente pelos jogadores, em 2020,
em estádio parisiense.
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