TROVAS DO ABRITTA
Nem o sofista profundo/esta verdade falseia:/quem
se julga rei do mundo/é um pequeno grão de areia! //
Sempre foste minha amada/e, no doce cativeiro,
/sem algema e sem mais nada, /tu me prendes por inteiro. //
Nesta vereda que é a vida, /vou de tropeço em tropeço, /pois cada nova subida/ é sempre um novo começo. //
Vou definir a saudade/e não sei se estarei
certo:/saudade é aquela vontade/de que o longe fique perto. //
Transformo a dor desse pranto/em suave melodia/e,
nesse doce acalanto, /faço da noite meu dia! //
Se não me dás teu carinho, /se não me queres
amar/sou barco triste e sozinho, /que já não quer navegar! //
Se a aspereza dessa vida. /vai me causar muita
dor, /palmilho a estrada, querida, /nos braços do teu amor! //
Vou para a eterna viagem/tal qual Francisco de Assis:/nada levo na bagagem/ e assim sigo feliz! //
Eu tenho perseverança /e à tristeza me
anteponho:/garimpeiro da esperança, /sempre vivi do meu sonho. //
Do simples pó eu procedo/sei que a ele hei de voltar,
/a vida não tem segredo:/é um eterno retomar. //
Guardei dos sonhos retalhos/para, nas minhas andanças,
/afugentar espantalhos, /usando as velhas lembranças. //
Sou estrela matutina/tu és pura Aldebarã;/eu
sou astro que declina, /tu és o sol da manhã! //
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