sexta-feira, 26 de novembro de 2021

 TROVAS DO ABRITTA

Nem o sofista profundo/esta verdade falseia:/quem se julga rei do mundo/é um pequeno grão de areia! //

 

Sempre foste minha amada/e, no doce cativeiro, /sem algema e sem mais nada, /tu me prendes por inteiro. //

 

Nesta vereda que é a vida, /vou de tropeço em tropeço, /pois cada nova subida/ é sempre um novo começo. //

 

Vou definir a saudade/e não sei se estarei certo:/saudade é aquela vontade/de que o longe fique perto. //

 

Transformo a dor desse pranto/em suave melodia/e, nesse doce acalanto, /faço da noite meu dia! //   

 

Se não me dás teu carinho, /se não me queres amar/sou barco triste e sozinho, /que já não quer navegar! //

 

Se a aspereza dessa vida. /vai me causar muita dor, /palmilho a estrada, querida, /nos braços do teu amor! //

 

Vou para a eterna viagem/tal qual Francisco de Assis:/nada levo na bagagem/ e assim sigo feliz! //

 

Eu tenho perseverança /e à tristeza me anteponho:/garimpeiro da esperança, /sempre vivi do meu sonho. //

 

Do simples pó eu procedo/sei que a ele hei de voltar, /a vida não tem segredo:/é um eterno retomar. //

 

Guardei dos sonhos retalhos/para, nas minhas andanças, /afugentar espantalhos, /usando as velhas lembranças. //

 

Sou estrela matutina/tu és pura Aldebarã;/eu sou astro que declina, /tu és o sol da manhã! //

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