*Cesar Vanucci
“Catálogo interminável de
horrores” (Antônio Guterres, Sec. Geral da ONU.)
A
boa convivência social recomenda enfaticamente não se perder de vista jamais as
propostas humanísticas e espirituais que conferem dignidade à vida. O antissemitismo
é algo intolerável e execrável. O racismo e o anti-islamismo também. A
consciência humana repudia igualmente toda e qualquer aversão, manifesta ou
dissimulada, que se nutra a alguém ou a grupos específicos por conta de suas
crenças religiosas, hábitos culturais, etnias e gênero.
Criticar
com veemência o horror de Gaza não é antissemitismo. Deplorar a mortandade
cruel provocada pelo bombardeio incessante, que acontece no maltratado
território, não é antissemitismo. Registrar que há gente, milhares de crianças
inclusive, morrendo de fome e que o total de jornalistas mortos naquelas
paragens é superior aos das duas guerras mundiais não é, pela mesma forma,
antissemitismo. Clamar por cessar fogo que favoreça a entrada de ajuda humanitária
imprescindível, que liberte os indefesos reféns e que possa conduzir os
litigantes à mesa de negociações, como vem sendo feito, aliás, por multidões
israelitas nas ruas de Telavive, não é antissemitismo. Pedir seja aberta uma trégua
nas insanas hostilidades, como fez o Conselho de Segurança da ONU com um único voto
contrário, o dos EUA, não é positivamente antissemitismo. Exigir, como faz a
Comunidade das Nações, a implantação do Soberano Estado da Palestina, lado a
lado do soberano Estado de Israel, não é, decididamente, antissemitismo.
Tudo
quanto dito acima é o próprio óbvio ululante. Mas, o óbvio ululante carece ser
dito e repetido em momentos obnubilados
pela falta de diálogo, discordâncias passionais, adulteração do sentido das
palavras e do significado das coisas.
As
lideranças globais mais esclarecidas, conectadas com o verdadeiro sentimento universal
mostram-se convictas, não é de hoje, do que é preciso ser feito no tocante à
solução do angustiante drama de Gaza. O radicalismo de feição fundamentalista
opõe-se, com ações terroristas de um lado e virulenta repressão de outro lado,
às propostas carregadas de esperança que possam pôr fim ao pavoroso conflito. O
cessar fogo, a soltura imediata dos reféns seguida de conversações coordenadas
pela ONU, constituem medidas
indispensáveis e urgentes, ditadas pelo bom senso, almejadas ardentemente pela
sociedade de nossos tempos. O alvo maior a ser alcançado, dentro destes
generosos anseios, é a constituição do Estado da Palestina, abrangendo a faixa
de Gaza e a Cisjordânia. Para que isso possa se consolidar será necessário,
evidentemente, que a Comunidade das Nações estruture, inicialmente, um sistema
de controle dos referidos territórios até que a Autoridade Palestina esteja em
condições plenas de assumi-los.
Jornalista
(cantonius1aa@yahoo.com.br)
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