sábado, 28 de janeiro de 2023

Testemunho implacável (II)

 


 

Cesar Vanucci *

 

“Houve um engano. Mandarei soltá-los imediatamente”.

(Ziereis, impiedoso chefe de campo de

concentração, para os prisioneiros “voluntários”)

 

 Retomemos a narrativa iniciada no artigo anterior. Como informado, com base em depoimento do escritor Jacques Bergier, coautor de “O despertar dos mágicos”, os carcereiros do sinistro campo de concentração nazista “Mauthausen”, comandado por um “camisa parda" chamado Ziereis, tomaram-se de espanto quando, na primavera de 1944, pouco antes do término da Segunda Guerra Mundial, receberam inesperadamente uma leva numerosa de ”prisioneiros  voluntários”, todos eles integrantes da respeitada corrente religiosa “Testemunhas de Jeová”.

 

Jacques Bergier toma a palavra: “Como todo mundo na Alemanha – ao contrário do que se afirmou depois – sabia o que se passava nos campos de concentração, esta atitude (dos adeptos da referida corrente religiosa) era, no mínimo, surpreendente. Por isto, Ziereis, o “fuhrer” do nosso campo, tratou de interrogá-los logo. Ficamos sabendo bem depressa o que se passava. Os recém-chegados declararam: - Somos “Testemunhas de Jeová”. Disseram-nos que aqui são cometidos crimes. Queremos ser testemunhas diretas disto e, no dia do Juízo, colocados à direita de Deus, lhe prestaremos, pessoalmente, conta do que vimos.”

 

Bergier acentua, nesta parte da narrativa, que o empedernido chefe nazista, homem que parecia não ter medo de nada, estremeceu diante do depoimento ouvido. Disse às “Testemunhas de Jeová” enfileiradas diante dele: - Houve um engano. “Mandarei soltá-los imediatamente”.

 

O que sobreveio na sequência só fez aumentar a estupefação dominante. Fitando o temido carcereiro, os “prisioneiros voluntários” puseram-se a gritar em coro palavras ofensivas a Hitler e ao nazismo. Entre outras: “Morte a Hitler!” “Que morra este porco!”

 

Bergier completa o relato do incrível episódio: “Não houve escolha, tiveram que ficar no campo. Morreram todos no crematório. Contudo, não gostaria de estar no lugar de Ziereis – que abati pessoalmente no dia da Liberação – quando tiver que prestar esclarecimentos diante do Todo-Poderoso.”

 

A história que fala desse posicionamento destemido de membros das “Testemunhas de Jeová”, frente às atrocidades cometidas nos campos de concentração, acha-se inserida num dos capítulos do livro “Passaporte para uma outra Terra”. O capítulo tem por subtítulo “Os Imortais”. Os comentários expendidos pelo autor contemplam a hipótese da imortalidade física. A inserção das “Testemunhas de Jeová” no contexto decorre de uma crença alimentada por membros do movimento religioso, segundo a qual alguns seres imortais, com missão espiritual importante, já estariam habitando este nosso planeta.

 

Não resisto, à tentação de inserir aqui outro trecho do texto de Jacques Bergier alusivo ao instigante tema da imortalidade. Diz ele: “Faço questão de deixar bem claro que não quero zombar das Testemunhas de Jeová. Ora, elas afirmam que já vivem entre nós 144.000 Imortais. Esta tradição de Imortais entre nós é muito antiga. Já na China se falava da Ilha dos Imortais onde se podia encontrar alguns sábios do passado. Em todas as civilizações, a tradição de uma pequena minoria de Imortais vivendo entre nós é fundamental. A lenda mais famosa neste domínio é, evidentemente, a do Judeu Errante.”

 

Acrescento hoje ao texto lançado anos atrás a informação de que as “Testemunhas de Jeová” recusavam-se, nos tempos do nazismo a fazer a saudação imposta pelo governo (Heil Hitler), a participar de atos racistas e a se alistarem nas Forças Armadas do exército alemão. Das “Testemunhas” era exigido que renegassem sua fé. Elas eram ameaçadas com severas punições caso se negassem a assinar documento denominado como “Erklärung”. O documento em questão livrava-as da execução. A quase totalidade dos membros da comunidade perseguida não renunciou às suas convicções pagando com a vida a atitude heroica assumida.

 

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