sábado, 1 de outubro de 2022

Chegada a hora

 

Chegada a hora

Cesar Vanucci *

 

“Eleição é um teste cívico periódico para se manter a boa saúde democrática.”

(Antônio Luiz da Costa, educador)

 

Em idos tempos, anteriores ao estrondoso advento da era da comunicação digital, disputantes de cargos eletivos e próceres partidários costumavam recorrer, nalguns instantes de efervescência política, a uma frase declinada como uma espécie de refrão. A frase “em tempo de guerra, mentira como terra...” sintetizava, com adequação, o duelo flamejante das acusações e denúncias trazidas a público.

 De nosso isolado posto de observação, atentos ao que lemos e escutamos, dos protagonistas das competições eleitorais e porta-vozes, damo-nos conta de que essa expressão parece haver caído em desuso. Está fora de moda. Perguntamo-nos por quê? A resposta que acode é simples. A tal frase - com jeito, repita-se, de bordão, ou coisa equivalente - não consegue exprimir com fragor apropriado a avassaladora torrente de informações dúbias ou inteiramente falsas, os doestos, as sibilinas assacadilhas despejadas nas redes sociais. Redes reconhecidas como fontes de consulta mais incrementadas na atualidade. Muita gente vislumbra, nesse impactante esquema de divulgação, instrumento de propaganda de impensável descarte nestes tempos amalucados.

 Admitamos, com pitadinha de condescendência, a hipótese de que a orientação geral passada pelos comandos partidários aos encarregados da marquetagem não contemple a avalancha de exageros detectada. Os excessos cometidos ficariam a débito do descontrole emocional ou fanatice de apaixonados seguidores dos candidatos.  Mesmo assim, sob mira crítica, não há como desfazer, ou deletar, a incômoda sensação de que na campanha os limites éticos foram extrapolados. A propagação, às vezes com ímpeto de rastilho de pólvora, de notícias desairosas, alvejando adversários, revelou-se volumosa. Infinitamente mais do que a própria e, aí sim, absolutamente necessária disseminação das propostas de trabalho trazidas pelos candidatos.  

Eis-nos, neste preciso momento diante da decisão tão aguardada pela consciência cívica da Nação.

 É oportuno enfatizar que o jogo democrático tem regras claramente definidas. A livre expressão das ideias, as discordâncias são garantidas pela Carta Magna. Levantar, a esta altura de nosso estágio democrático, suspeição a respeito da legitimidade de um sistema  de coleta e apuração dos votos mundialmente louvado, constitui expediente nada democrático e deslavada má-fé. De igual modo, há que ser visto como achincalhe aos nossos foros de cidadania o não reconhecimento dos resultados, por qualquer capricho.  

 Ao eleitor consciente impõe-se o discernimento de saber distinguir, na frenética onda de impropriedades espalhadas, os propósitos realmente positivos e edificantes, contidos nos projetos e propostas debatidos, daquelas maquinações demagógicas e desconstrutivas que, desafortunadamente, enxamearam a corrida atrás do voto.   

 A receita democrática é essencialmente esta: quem conseguir aglutinar maior contingente de votos ficará, obviamente, investido da sagrada missão de conduzir os destinos nacionais. A campanha chega ao epilogo assim que anunciados oficialmente os resultados soberano e inapelável das urnas

 E se Deus assim permitir em resposta a justos anseios da sociedade, estaremos inaugurando  etapa radiosa em nossa história política. Aguardada com expectativa, mais do que isso, com fervorosa esperança, essa nova etapa, congregando as forças vivas e produtivas da Nação, haverá de favorecer a retomada do desenvolvimento econômico e social. Haverá de garantir definitiva ruptura com os obstáculos que se antepõe à consolidação pelo Brasil de seu destino de grandeza.                                                

 

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

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