sábado, 16 de abril de 2022

 

Sete dedos de prosa

 

Cesar Vanucci

 

“O 7 é número sagrado em todas as filosofias e religiões”.

(Júlio Sayão - escritor)

 

Indoutro dia, instigado pela simbologia numerológica derivada do fato de serem 7 as maravilhas do mundo antigo, um punhado de leitores encaminhou a este desajeitado escriba informações sobre o significado cabalístico do número 7. Deu cada coisa! 

Lembrou-se que 7 são as cores do arco-íris. Os tons da escala musical. As séries de pesos atômicos na tabela periódica dos elementos químicos. Os dias da semana. Sete as vértebras do esqueleto humano. Não foi esquecido que somam 7 os pecados capitais e as virtudes teologais. E que o mundo foi estruturado em simbólicos 7 dias, sendo que o sétimo dia ficou reservado ao divino repouso. 

As menções de teor místico mostraram-se copiosas. Algumas delas: 7 os planetas da astrologia. Em registros bíblicos, o 7 é objeto de profusa citação. Exemplos: os 7 espíritos aos pés do Senhor; as 7 frases proferidas por Jesus na cruz – três anotadas por João, 3 por Lucas e 1 por Mateus; a festa dos pães asmos (sem fermento), que se seguia, em priscas eras, à festa da Páscoa, onde se costumava recomendar aos fiéis que comessem do produto durante 7 dias; a festa do Pentecostes: “Vós, pois, desde o dia depois do sábado, no qual oferecestes o molho das primícias, contareis 7 semanas completas ...” (Lev. 23:15). No Novo Testamento outras intrigantes revelações. A saber: no Apocalipse, o 7 domina muitos textos. Sete igrejas, 7 espíritos, 7 castiçais de ouro, 7 estrelas, 7 lâmpadas de fogo, 7 trombetas, 7 coroas, 7 pragas, sete reis. Por aí. No alfabeto hebraico, nas interpretações cabalísticas, o 7 corresponde à letra “zain”, que significa “O Imaculado”. O castiçal de 7 braços ou candelabro (menorá em hebraico) é um dos mais respeitados símbolos do judaísmo. Apocalipse (5:6) ainda: “Tinha ele 7 chifres e 7 olhos, 7 os espíritos enviados por Deus”. Mais registros: “Então ele vai e toma consigo outros sete piores do que ele (...)” (Lev 11:26); “Não te fies nele, pois há 7 abominações na alma dele” (Salomão-Prov. 26:25). Ou: “Castigar-vos-ei 7 vezes pelos vossos pecados” (Levítico 26:24). Noutro trecho do Evangelho, o faraó tem aquele sonho das 7 vacas gordas e 7 vacas magras. José decifra os sonhos premonitórios do faraó: 7 anos de bonança e de 7 anos de carências. 

Salientando que no jogo numerológico o 7 indica clarividência e que para Pitágoras este é o número da perfeição, foi-me lembrado também que 7 são os Arcanjos, 7 os dons do Espírito Santo, e 7 os chacras e sete as glândulas endócrinas. Em nossa História temos o 7 de setembro, nossa data magna. Já o 7 de abril, que dá nome a uma penca de logradouros brasileiros, corresponde à data em que se deu a abdicação do trono por Pedro I. Merece também anotação que o 7 de ouros e o 7 de paus, como sabido dos apreciadores de jogos de cartas, têm peso maior nas artimanhas do popular truco. O número, por outro lado está inapelavelmente associado, na crônica futebolística, àquele fatídico instante vivido no Mineirão em 2014. 

O algarismo traz mais evocações. Da criança peralta diz-se que anda pintando o 7. Na historinha que encantou gerações, Branca de Neve é acompanhada por 7 anões. O instinto de sobrevivência do gato leva à ideia de que o animal possui 7 vidas. Pessoas avarentas trancam pertences a sete chaves. Os que partem primeiro são sepultados debaixo de sete palmos de terra. E qual mesmo a denominação do ato com o qual reverenciamos, na primeira semana da partida, os entes queridos que nos deixam? 

Fechando o papo: você aí pode até franzir a testa em sinal de dúvida. Mas, em leal verdade, preciso dizer-lhe que: o número de pessoas que contribuíram para a feitura destas maldatilografadas foi precisamente 7. Conta de mentiroso?

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