Cesar Vanucci*
“As
guerras detestadas pelas mães"(Horácio)
O Nobel da Paz
deste ano foi atribuído a uma instituição japonesa, constituída por
sobreviventes das tragédias nucleares, em razão de seu trabalho infatigável
visando a proscrição das guerras. O tema desencadeia infindáveis reflexões.
O estoque das
armas de destruição em massa é cada dia mais volumoso. O acordo de não
proliferação de armas nucleares só vale de verdade para os países que ainda não
as possuem. Os integrantes do fechadíssimo “clube atômico” monitoram com rigor
as ações dos demais países, procurando dificultar até mesmo a aquisição de conhecimento
relacionado ao emprego pacífico da energia nuclear. Atribuem, por antecipação, a responsabilidade por
suposta tragédia futura a terceiros, não detentores da mortífera tecnologia,
“esquecidos” de que na única vez na historia humana, em que bombas atômicas
caíram, destruindo cidades e matando centenas de milhares de pessoas, a
iniciativa de lança-las foi tomada justamente por um dos membros do “clube”,
que continuou, a exemplo dos parceiros, a armazenar novos e mais arrasadores
artefatos.
Por outro lado,
analistas em estratégias militares garantem que existem em poder das grandes
potências, artefatos químicos tão eficazes quanto as armas atômicas, para
“garantir”, se for da vontade dos “senhores das guerras”, o extermínio de
qualquer forma de vida sobre a superfície planetária. Uma ligeira amostra dos
danos de que essa parafernália bélica é capaz de provocar foi dada, anos atrás,
nos conflitos do Vietnã e Golfo Pérsico e na guerra Irã-Iraque. Aquela mesmo em
que o extinto ditador Saddan Hussein pôde contar com copioso fornecimento de
armas e sólido apoio logístico de seus antigos aliados e futuros arqui-inimigos
estadunidenses. Não se sabe dizer, com exatidão se artefatos similares não veem
sendo empregados na Ucrânia, no Sudão, em Gaza, no Líbano e noutras contendas.
A bomba de
hidrogênio, mais poderosa do que a atômica, ainda não foi utilizada. Existe em
quantidade suficiente para acabar com o mundo várias vezes. São coisas assim
que fazem com que os guerreiros vocacionados se imaginem sempre, em sua
paranoia destrutiva, próximos do Armagedon. Farejar o Armagedon é postura
natural para os espíritos deformados que fazem das guerra bom negócio.
Hiroshima e Nagasaki, alvos atingidos pela insanidade bélica, legaram-nos uma
mensagem. Mensagem contra todas as guerras. Não só contra a guerra atômica. Um
clamor pela paz, originário dos recantos mais generosos da alma humana. Bem
apreendido, pode levar o ser humano a refletir melhor sobre suas origens e
destino. Permite-lhe até sonhar com aquele instante ideal na aventura terrena
em que toda a dinheirama gasta para produzir morte seja aplicada na celebração
da vida. Em favor de ações que elevem os padrões do bem-estar, promovam cura de
doenças e erradicação da miséria. São essas, aliás, as guerras que precisam, na
verdade, ser combatidas por todos. Palavra
de Hiroshima e Nagasaki!
* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)
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