terça-feira, 30 de abril de 2024

Nada de PEC bang-bang

 



                                          *Cesar Vanucci


“Sem uma regulamentação eficiente, as armas liberadas podem vir a ser disparadas contra o cidadão comum” (Antonio Luiz da Costa, educador)

 

 

Alcunhada de PEC “bang-bang”, subiu para analise do plenário do Congresso uma proposta, aprovada por curta margem de votos na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, instituindo  nova regulamentação para o uso e porte de armas. O que se pretende é retirar da União o controle da comercialização de armas de uso pessoal, transferindo essa prerrogativa constitucional para as unidades da Federação, a exemplo do que ocorre, com efeitos desastrosos, nos Estados Unidos. Seja anotado, a propósito, fato relevante. A Casa Branca vem buscando, empenhadamente, alterar as normas hoje predominantes, que dão causa a enorme confusão. As normas em questão concedem poderes às províncias regionais, tal qual se pretende fazer aqui, de elaborarem sua própria legislação a respeito da explosiva questão. A menção desse posicionamento do Governo Biden sugere a este desajeito escriba inverter o sentido de um dito famoso do passado: “O que (não) é bom para os Estados Unidos, (não) é bom para o Brasil”. E não é mesmo!

Já pensaram na encrenca que iríamos arranjar caso esse história de cada estado brasileiro criar sua própria regra no tocante ao controvertido tema? Imaginem só os riscos que correríamos com uma medida desse calibre que favorecesse a distribuição de armas, em quantidades e tipos diferenciados de uma região para outra, a gosto de fregueses mais ou menos exigentes. Não espantaria ninguém o surgimento no cenário de que fazem parte os “caubóis do asfalto” de indivíduos com grau de empoderamento igual ao daquele político fanático, detentor de arsenal privado, que, na véspera da eleição andou recebendo agentes da polícia com disparos de fuzil e arremesso de granadas!

Pesquisadores da criminalidade urbana classificam a proposição como um retrocesso brutal. Registram que o controle de armas num país com a vastidão territorial do nosso tem que atender a uma voz de comando única, no caso o Governo Federal que conta com suporte eficiente da Policia Federal e do Exercito, se voltado a ser chamado para ações de fiscalização, como já ocorreu no passado. A existência de critérios homogêneos na regulamentação da matéria concorre para que o esquema de concessões de armas não seja aviltado. Com razoáveis resultados, o governo atual conseguiu reduzir, por meio de ordenamento jurídico mais rigoroso, a fuzarca instalada no passado recente com as facilidades incríveis proporcionadas  para aquisição de armas de fogo. Sabe-se, com certeza que a “desregulação” havida beneficiou grandemente as facções criminosas.

A PEC, do imenso agrado da “bancada da bala”, de notória tendência radical, está sendo criticada com veemência por vozes as mais representativas do pensamento republicano e democrático. O que a sociedade agora espera é que a maioria parlamentar, ajuizadamente, rejeite-a na votação em plenário. Até porque a modificação desejada é inconstitucional.

 

2) Estado Democrático de Direito – a defesa do Estado Democrático de Direito foi a alegação apresentada pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro ao promover, no Rio de Janeiro, na praia de Copacabana uma manifestação política reunindo contingente numericamente significativo de partidários e simpatizantes. A alegação causou espanto, na imprensa e em muitas áreas da opinião pública. Afinal de contas o antigo mandatário do Planalto, com alguns de seus colaboradores mais próximos, vem sendo processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), justamente pela circunstância de haver atentado contra o Estado Democrático de Direito. Escusado lembrar que as provas acumuladas, incriminando-o são muito robustas, envolvendo depoimentos arrasadores.

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

 

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