sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Rio das narco-milícias

 


Rio das narco-milícias

*Cesar Vanucci

“Enfrentar as milícias é tarefa libertadora.” (Ministro Flávio Dino)

 O calamitoso estado de coisas reinante no Rio de Janeiro das milícias fora de controle é de molde a produzir calafrios na espinha dorsal do mais insensível mortal. Cuidemos de recapitular algumas chocantes passagens da enormidade de desatinos cometidos pelos milicianos. Noutras palavras: bandidos da pior espécie, boa parte deles egressos da banda podre da polícia, amparados ou tolerados por políticos inescrupulosos e gente engravatada de índole perversa.

 Num atentado que comoveu a nação, a Vereadora Marielle Franco foi assassinada junto com seu motorista, Anderson Gomes. Cinco anos passados o que se sabe a respeito do delito é que o autor dos disparos é miliciano, morador de vivenda suntuosa num condomínio de alta sofisticação. Numa propriedade do dito cujo, foi encontrado – pasmo dos pasmos! - um arsenal contendo grande quantidade de fuzis-metralhadoras. Os autores intelectuais do atentado ainda não foram identificados, em que pesem as reiteradas manifestações de que isso estaria (sempre) prestes a ocorrer. Chefe de grupo de extermínio, foragido após haver recebido homenagem na Assembleia Legislativa carioca, perdeu a vida, num confronto com policiais da Bahia. Era comparsa do assassino da Vereadora.

 Médicos participantes de um congresso foram alvejados mortalmente por pistoleiros de aluguel, nas imediações do hotel em que se hospedavam. Policiais explicaram que eles tinham sido assassinados por equivoco. O alvo mirado era um miliciano rival de uma facção que disputa poder territorial. A história tornou-se mais desconcertante e assustadora quando a policia revelou que os corpos dos assassinos dos médicos haviam sido encontrados com perfurações de balas num local ermo, pouquíssimas horas depois do ocorrido. Acerca dos autores intelectuais e dos detalhes dessas operações misteriosas nenhuma revelação mais veio a furo.

  Mais calafrios na espinha – delegados e agentes auxiliares apreenderam volumoso carregamento de drogas ilícitas. Transportaram o material para a repartição policial. Estabeleceram ali mesmo contatos com milicianos interessados na “mercadoria aprendida”. Entregaram-na, sobescolta da delegacia, para que fossem comercializadas. Outra ocorrência com características análogas, incriminando também policiais cariocas, foi desbaratada pela Policia Federal.

 Uma fábrica clandestina de fuzis fechada em Minas atendia regularmente encomendas das milícias, com entregas feitas numa mansão luxuosa na Barra da Tijuca.

 Diligencias dos Federais e do Ministério Público resultaram na detenção de milicianos que tinham como “prestimosos” guarda-costas policiais da ativa. Utilizavam armamentos das corporações a que (dês) serviam.

  Parte de armas potentes roubadas de um arsenal do exercito em São Paulo foi localizada, por policiais do Rio em veículo abandonado, numa zona controlada pela milícia. Não se sabe como chegaram até lá.

 Reagindo com inusitado furor a uma ação policial que resultou na morte de um parente de “miliciano graduado”, os aguerridos integrantes de uma das máfias que operam em bairros inteiros atearam fogo em 35 ônibus, afetando enormemente a vida dos habitantes das regiões urbana e suburbana. Os quadrilheiros chegaram ao cúmulo de paralisar o metrô.

  Nas amplas áreas em que atuam, as milícias constroem, vendem e alugam habitações, tem o controle de transporte, cobram “taxas de proteção”, exploram serviços essenciais, como eletricidade, água, internet e gás. E ai de quem ouse recusar tão “prestimosa” ajuda.

 De algum tempo para cá, as milícias entraram para valer no ramo das drogas.

 O tema comporta novas considerações.  

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

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