domingo, 21 de maio de 2023

A oitava maravilha do mundo

          

                                                      

*Cesar Vanucci

                           “Um grande mistério petrificado.”

                                                                                                              (Jacques de Lacretelli)

 

 

De volta ao Peru. É lá mesmo que os investigadores dos chamados fenômenos insólitos tropeçam, a cada momento, com alguns dos enigmas mais perturbadores deste nosso planeta azul. O foco de nossas atenções irá se concentrar agora em Machu Picchu, considerada a “oitava maravilha do mundo”.

 

Estamos falando de um prodigioso complexo arquitetônico, erguido (em priscas eras) por toda a extensão, das fraldas à cumeeira, de um imponente maciço montanhoso da deslumbrante Cordilheira dos Andes.  Ninguém consegue explicar com precisão quais foram os recursos técnicos utilizados nas ciclópicas edificações. Para chegar até Machu Picchu a grande maioria dos turistas vale-se do transporte ferroviário. Mas não deixa de ser expressivo o contingente de pessoas, naturalmente dotadas de espírito aventureiro e bom preparo físico, que se embrenha, todos os dias, pelas chamadas trilhas sagradas na direção da “cidade perdida dos Incas”.

 

O trem que a gente pega em Cuzco serpenteia por paisagens de lindeza estonteante. A viagem dura mais ou menos seis horas. Os caminhantes, com seus pendores para o montanhismo, demoram de quatro a seis dias para cobrir a jornada, extenuante, mas repleta de fascínios. Uns e outros, carregando prazerosas emoções, que se vão acumulando na incessante contemplação de cenários de mágica beleza, se defrontam, no final do trajeto, com um espetáculo difícil de descrever em palavras. Machu Picchu esmaga. Extasia. Costuma arrancar lágrimas, quando não soluços. Não há como resistir ao seu encantamento.

 

Alcançamos o topo da montanha, após haver percorrido as diversas plataformas que abrigam incríveis muralhas e áreas presumivelmente dedicadas, em tempos imemoriais, a cultivo agrícola. De onde nos encontramos dá pra avistar um conjunto soberbo de montanhas, várias recobertas de neve. O olhar alcança, também, lá embaixo, quase ao nível da gare ferroviária do sopé da montanha, um fio prateado que avança por interminável desfiladeiro. É o célebre rio Urubamba, que nasce no alto dos Andes, atravessa o Vale dos Reis, onde engenheiros de tempos antiquíssimos represaram-no de forma impecável, de molde a causar espanto e deixar maravilhados seus colegas de profissão dos tempos de agora, indo despejar suas águas, centenas de quilômetros adiante, no Amazonas.

 

Do que está sendo retratado parece emanar um convite indeclinável à genuflexão. O impacto é muito forte. A mente é tomada por fervilhantes reflexões. As interrogações jorram. O que vem a ser, afinal de contas, tudo isso? Quem foram os construtores desse portento de engenharia dir-se-á sobre-humana? Quem habitou Machu Picchu? Quando? Quais – voltamos a perguntar - os recursos tecnológicos empregados na ciclópica empreitada?

 

Admitamos, para argumentar apenas, sejam procedentes as informações de alguns historiadores, que insistem em apresentar os incas dos tempos da colonização como os construtores da cidade. Como entender, a partir daí, que esses mesmos nativos, que somavam, de acordo com historiadores, milhões de criaturas à época da invasão espanhola, executada por uma legião numericamente insignificante de militares-aventureiros, se revelassem tão despreparados militarmente para enfrentar os vorazes e implacáveis conquistadores de suas cidades, terras e riquezas?

 

Foi em julho de 1911 que Hiram Bingham, apontado nos compêndios como “descobridor” dessa maravilha arquitetônica, seguindo roteiro traçado por peruanos conhecedores do complexo incrustado na montanha conhecida por Machu Picchu, divulgou para o mundo, além das fronteiras daquele país andino, a existência das colossais edificações. Nascia ali uma prodigiosa saga, vastamente explorada pelos estudiosos de civilizações desaparecidas, que crivaram o fabuloso achado arqueológico de interpretações as mais variadas e imaginosas, numa disputa que se arrasta até os dias de hoje. Jacques de Lacretelli resume a lendária história de Machu Pucchu numa frase: “Um grande mistério petrificado.”

 

Jornalista(cantonius1@yahoo.com.br)

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