sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

 

Por falar em pesquisas eleitorais

 

Cesar Vanucci

 

“Entender o que não se compreende, assim a política.”

(Beaumarchais, pensador francês)

 

O jogo político é repleto de inexplicabilidades. Uma situação que, em dado momento, se afigura devidamente consolidada ao olhar perspicaz de analistas traquejados, pode, às vezes, sofrer bruscas alterações, gerando espanto que se desvanece, logo adiante, com o surgimento de algum outro marcante lance que fomente discussões. 

As pesquisas sobre intenções de voto são parte indissociável do processo eleitoral numa democracia pujante. Merecem atenção e respeito. Mas não podem ser supervalorizadas, nem tampouco subestimadas. Traduzem o sentimento popular numa determinada circunstância.  Refletem anseios e aspirações captados num preciso instante. As reações colhidas podem ou não perdurarem. Os resultados dessas consultas por amostragens tecnicamente corretas serão ou não serão confirmados em outras ocasiões. Tudo passa a depender do comportamento pessoal e dos posicionamentos dos candidatos a respeito de questões relevantes para a sociedade, de estratégias de persuasão dos votantes montadas pelos comitês partidários responsáveis pelas campanhas de cada um deles. Já aconteceu, em várias oportunidades, de os números apurados nas confiáveis urnas eletrônicas da Justiça Eleitoral coincidirem em cheio com os indicadores das pesquisas pré-eleitorais. No pleito presidencial de 2018, Bolsonaro liderou, o tempo todo, as pesquisas organizadas por todos os institutos de opinião. E já aconteceu também, em mais de uma ocasião, de os resultados do pleito contradizerem os das pesquisas, numa reviravolta causada por fatores imponderáveis.

Um caso bem frisante diz respeito à eleição que conduziu Célio de Castro à Prefeitura de Belo Horizonte. As consultas prévias de opinião davam-no, até a véspera da eleição, em segundo lugar entre os candidatos. 

Tudo isso posto, cuidemos de comentar pesquisas recentemente divulgadas com vistas à sucessão presidencial. Todas elas sinalizam que na hora presente os ventos sopram favoráveis à candidatura, ainda não confirmada oficialmente pelo próprio, de Luiz Ignácio Lula da Silva. Ele mantém folgada margem de liderança na preferência dos votantes consultados com relação a prováveis competidores, a ponto de se admitir até a possibilidade de sua vitória já em primeiro turno. Na hipótese de ocorrer um segundo turno, o dirigente petista sairia vitorioso em confronto com quaisquer outros oponentes. 

Jair Messias Bolsonaro aparece em segundo lugar em todas as pesquisas. Chama, a atenção dos observadores, de modo especial, o elevado grau de rejeição apresentado ao seu nome, ainda também não oficialmente lançado como candidato. Na suposição de eventual participação sua num segundo turno, Bolsonaro, consoante as pesquisas, seria derrotado por todos os outros possíveis candidatos apontados, Ciro Gomes, João Doria, Sérgio Moro e, como já citado, Lula. 

Sérgio Moro até aqui só mencionado, por motivos óbvios, numa única pesquisa, coloca-se em terceiro lugar, à frente de Ciro Gomes, João Doria e outros. O índice de rejeição ao seu nome está sendo considerado bastante elevado (30%). Ciro e Doria alcançam percentuais parecidos, ainda com pouca chance de alavancagem. O mesmo pode-se dizer de Simone Tebet e Luiz Henrique Mandetta, ambos já considerados pré-candidatos. 

Política, repita-se, não é ciência exata. Os caminhos eleitorais são inçados de imprevisibilidades. Aquela manjada história, volta e meia citada no tagarelar político, da nuvem que, repentinamente, se desfaz, ou muda de lugar, faz todo sentido como definição das mudanças repentinas suscetíveis de ocorrerem na vontade dos protagonistas do enredo eleitoral. Tem muita água ainda pra rolar debaixo da ponte.

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