sábado, 29 de janeiro de 2022

 

Ecumenismo, instrumento de concórdia

 

Cesar Vanucci

 

“Deus abomina o poder que alicerça dominação e preconceitos.”

(Frei Cláudio van Balen,  ex-pároco da 

Igreja Nossa Senhora do Carmo,

em Belo Horizonte, recentemente arrebatado ao nosso convívio) 

 

Em comentário de dias atrás, apontamos o ecumenismo como instrumento poderoso na remoção de impasses e obstáculos que se contraponham à concórdia universal. Ao ideal da construção de um mundo melhor. 

Sublinhamos que as religiões, todas elas, sejam cristã ou maometana, judaica ou budista, vai por aí, carregam na essência muito mais pontos de convergência do que de divergência. Disso deriva a constatação de que quaisquer manifestações de malquerenças irrompidas entre seus adeptos são ditadas invariavelmente por interpretações equivocadas, passionais, dos conceitos doutrinários esposados por umas e outras. Outra comprovação óbvia é de que a beligerância feroz, a virulência, as atrocidades e reações de intolerância registradas pela história, em não poucos lugares ainda hoje, em nome (falsamente) dos “verdadeiros princípios religiosos”, não passam de negação aviltante do sentimento espiritual autêntico, fundamento da religiosidade pura e sem contrafações. “Deus abomina o poder que alicerça dominação e preconceitos”, disse de certa feita, o saudoso Frei Cláudio van Balen, ao conceder entrevista à excelente revista “Ecológico”. 

Não constitui segredo pra ninguém que o radicalismo fundamentalista atua de forma desabrida, perversa e inconsequente. Em suas variadas colorações, mostra-se sempre receptivo a propostas racistas. Propaga em púlpitos, tribunas, cátedras, auditórios, valendo-se dos recursos da mídia, versões insanas de textos sagrados. Procura, hipocritamente, recobrir de espiritualidade conveniências escusas de mórbido cunho materialista. Atiça lutas fratricidas, desavenças étnicas sanguinolentas. Fomenta até ações terroristas. Semeia a intolerância e a discórdia. Aposta pesado no (pré)conceito “doutrinário” do “crê ou morre”. 

O fundamentalismo enxerga com suspeição hostil o ecumenismo. A mensagem ecumênica no sentido da aproximação respeitosa e fraterna, do desarmamento de espíritos, da liberdade de expressão, soa em ouvidos integristas como distorção sacrílega do “autêntico” pensamento religioso. 

Os fundamentalistas de diferentes tendências fazem questão fechada de desconhecer, por ignorância, fanatice, ou má fé, que as correntes religiosas projetam, no conteúdo, valores humanísticos e espirituais extremamente parecidos. São elas, por sinal, que dão notícia ampla disso em suas próprias invocações ritualísticas à divindade. Quando não mesmo em relatos referentes a fatos transcorridos nos tempos primevos dos cultos que representam. Quando do nascimento de Krishna, que configura do ponto de vista hinduísta a aparição terrena de Vishnu, deus supremo, um rei ciumento nos confins indianos ordenou, que nem fez Herodes, a matança indiscriminada de todos os recém-nascidos. Figuras transcendentes da mitologia hinduísta e budista vieram ao mundo em manjedouras, a exemplo de Cristo, o mais extraordinário personagem da fascinante aventura humana. Diz-se de Buda que sua concepção deu-se em corpo de mãe-virgem. 

No capítulo das invocações a Deus, são bem sugestivos os textos coletados por Robert Kehl, um estudioso da história das religiões de nacionalidade suíça. Este professor de Zurique, é mencionado pelo famoso Erich von Daniken, pesquisador e divulgador de fenômenos singulares, registrados em diferentes regiões do planeta, autor de vários livros recordistas em vendagem. Kehl teve a iniciativa de coletar dados que lhe permitiram elaborar substanciosas comparações de dizeres da Bíblia com registros de escrituras sagradas de agrupamentos religiosos não cristãos. Vale a pena conhecer essas comparações.

 

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