sexta-feira, 22 de outubro de 2021

 Atentar para os sinais

Cesar Vanucci

 

“A humanidade está ameaçada”.

(Alerta da OMS e de cientistas)

Valho-me, nesta introdução, de sugestivo texto de Robert Frost, relativo aos sinais emitidos pela Natureza, para suavizar um pouco o tema perturbador aqui trazido à reflexão do distinto leitorado. O poeta estadunidense toma a palavra: “Quantas vezes trovejou antes que Franklin compreendesse o sinal! Quantas maçãs caíram na cabeça de Newton antes que compreendesse o sinal! A Natureza nos manda sinais constantemente, repetidas vezes. E, de repente, nós percebemos o significado deste sinal.”

Frequentes, ruidosos, crescentemente ameaçadores, os sinais estão sendo captados por gente da ciência, da ecologia, das lideranças verdadeiramente comprometidas com o bem-estar social. Cuidam elas, conscientes de sua missão no contexto civilizatório, de expedir alertas bem fundamentados sobre os sinistros riscos que andam rondando a humanidade em consequência dos ininterruptos desatinos praticados contra o meio ambiente. Os desmandos são cometidos em nome de ganancia desenfreada e de feroz utilitarismo, que subjugam, implacavelmente, em favor de minorias, os sagrados e superiores interesses da coletividade.

No mais recente relatório produzido pela Organização Mundial de Saúde é enfatizado, em termos peremptórios, que as mudanças dos eventos climáticos extremos ceifaram milhares de vidas nos últimos anos. As modificações no tempo e no clima também estão ameaçando a segurança alimentar e aumentando as doenças transmitidas por alimentos, água e vetores, além de afetar negativamente a saúde mental de populações. Este novo documento elaborado pela referida instituição sustenta que as alterações operadas no clima são uma das emergências de saúde mais graves antepostas ao desenvolvimento social e econômico do planeta.

Paralelamente à manifestação da OMS, acaba de ser ainda divulgada uma carta aberta que traz como signatários profissionais da saúde de todos os continentes. Nela, 300 organizações, representantes de pelo menos 45 milhões de profissionais de saúde, apelam por empenho da comunidade internacional para ações climáticas de sentido propositivo.

Ambas publicações antecedem a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP26), defendendo que as interseções entre saúde e mudanças climáticas sejam incluídas na agenda dos debates no curso do evento.

No relatório da OMS é acentuado ainda que “Compromissos nacionais ambiciosos sobre o clima são cruciais para os Estados manterem uma recuperação saudável e verde da pandemia da Covid-19”.

A manifestação contempla os resultados de avolumado número de pesquisas que confirmam as incontáveis e inseparáveis ​​ligações entre o clima e a saúde. O documento descreve, além disso, como ações transformadoras em todos os setores, desde energia, transporte e Natureza, até sistemas alimentares e financiamento, são necessários para proteger a saúde das pessoas.

“A pandemia da Covid-19 nos revelou as ligações íntimas e delicadas entre humanos, animais e nosso meio ambiente”, pontuou o porta-voz da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “As mesmas escolhas insustentáveis ​​que estão matando nosso planeta estão matando pessoas”, aduziu.

Tanto o relatório da agencia da ONU, quanto a carta aberta dos homens da ciência, vêm num momento em que eventos climáticos extremos sem precedentes e outros impactos climáticos estão agredindo, de forma inclemente, cada vez mais, a todos seres vivos. Ondas de calor, tempestades e inundações arrebataram milhares de vidas e perturbaram milhões de outras, ao mesmo tempo que afetaram os sistemas de saúde, as redes hospitalares e centros de atendimento médico em momentos cruciais.

Noutro ponto das abordagens feitas pela agência da ONU é salientado que “A queima de combustíveis fósseis está nos matando e a mudança climática é a maior ameaça à saúde que a humanidade ora enfrenta”. Diz mais o documento: “Embora ninguém esteja a salvo dos impactos das mudanças climáticas na saúde, eles são desproporcionalmente sentidos pelos mais vulneráveis ​​e desfavorecidos”.

Um comentário:

Arahilda Gomes Alves disse...

Adoro ler o que escreve,conteúdo de ricos ensinamentos relevantes Abraços

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