quinta-feira, 14 de outubro de 2021

 

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Cesar Vanucci  


“Uma obscenidade!”

(Antônio Guterres, Secretário Geral da ONU, comentando a falta de solidariedade mundial em relação a África, nestes tempos de pandemia)

 

· Frustrante. Decepcionante. Irreal.  Fantasioso. Estas foram as expressões mais brandas vistas nas manchetes, comentários, análises, charges publicados, lá fora e aqui dentro do Brasil, pelos veículos de comunicação ao se referirem ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro na sessão solene de abertura dos trabalhos da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Como reza a tradição, ao representante brasileiro é atribuída, todos os anos, a honrosa tarefa de fazer uso da palavra em primeiro lugar, na cerimônia inaugural aludida, que reúne chefes de estado de todos os países do mundo.

Anoto, com convicção, que em décadas de labuta jornalística, sempre atento (a distância) à fala do representante brasileiro no evento, jamais haver presenciado reação desfavorável tão compacta, proveniente de fontes tão diversificadas, como a que, agora, se seguiu às declarações feitas pelo dirigente do Brasil na tribuna daquela respeitável instituição. As informações, conceitos, os dados e números apresentados produziram desagrado, pra dizer o mínimo, até em fileiras simpáticas ao supremo mandatário.

 

· Obscenidade. A expressão “obscenidade”, proferida em tom vigoroso, enfatizando cada sílaba, foi utilizada pelo secretário geral da ONU, o português Antônio Guterres, para classificar a mais recente “calamidade humanitária’ que se abate sobre a maltratada África, berço da ancestralidade de boa parte da população brasileira. Ele se referiu, com compreensível indignação, ao total abandono a que está sendo relegado aquele continente por parte do resto do mundo, com destaque para as superpotências, diante da avassaladora pandemia da Covid-19. Funciona assim desde tempos imemoriais. Esquecida dos homens e dos próprios deuses, a África maltrapilha sofre nas entranhas permanente dilaceramento provocado pela ação espoliativa de grandes corporações representativos de uma geopolítica insensível e cruel. A solidariedade internacional revela-se sempre morosa quando se trata de acudir o território africano em momentos dramáticos como os de agora. O auxílio mundial para o combate à Aids, anos atrás, só começou a ganhar forma depois que a enfermidade adquiriu características pandêmicas. Com menos de 4% da população africana até aqui vacinada, no caso da Covid, o que vem ocorrendo naquele continente desprotegido, à mingua de recursos mínimos para o enfrentamento decente ao flagelo, não passa mesmo – Guterres está coberto de razão – de uma atordoante obscenidade.

 

· Indecoroso. E não é que S.Exa., o ministro da Saúde Marcelo Queiroga deixou-se também contaminar pelo coronavírus da intolerância que grassa solto nas rodas palacianas! Em Nova Iorque, onde acompanhou o presidente Bolsonaro na vexatória visita à ONU, ocasião em que pegou a Covid-19, sendo obrigado a cumprir quarentena, num hotel de luxo, diante do aturdimento dos repórteres que cobriam o evento, resolveu, insolentemente, erguer o braço direito com o dedo médio em riste em “resposta” indecorosa às críticas de um grupo de manifestantes às ações do Governo Brasileiro. Interpelado a respeito do insólito gesto, assim se “justificou”: “Quem diz o que quer, ouve o que não quer!” Ora, veja, pois...

 

Vacina. A mídia internacional deu destaque à imagem do presidente dos EUA, Joe Biden, arregaçando a manga da camisa para aplicação no braço da terceira dose, também chamada “dose de reforço”, contra o coronavírus. A mídia internacional deu destaque à imagem em que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, despojado de máscara, ao lado do primeiro ministro do Reino Unido (munido de máscara), se jactou de não haver tomado vacina alguma contra a tal da “gripezinha” ...

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