Tricentenário
da Capitania de Minas Gerais
Cesar Vanucci
“Uma opulenta programação!”
(Observação
de pessoa presente à solenidade de abertura, no Instituto Histórico e Geográfico
MG, das comemorações do Tricentenário da implantação da Capitania de Minas
Gerais)
O
Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, mais antiga instituição
cultural do Estado, abriu com “chave de ouro” – como era de bom tom dizer-se em
tempos de antigamente – a opulenta programação elaborada por sua direção
visando a comemoração do tricentenário da Capitania de Minas Gerais, em
assembleia realizada no dia 2 de dezembro do ano findo. Magistral exposição do
senador Antônio Anastasia, integrante do quadro associativo do Instituto,
acompanhada da apresentação do projeto das celebrações e da divulgação dos
termos históricos do alvará de criação da Capitania, assinalou o concorrido
evento, que foi também abrilhantado pela participação artística do quarteto de
cordas da famosa Orquestra Sinfônica da Polícia Militar MG.
A
fala de Anastasia foi aplaudida de pé. O expositor empolgou a todos com sua
erudição e conhecimento de causa a respeito da temática histórica abordada. Revelou
impecável domínio da tribuna. Brindou a plateia com um estilo de manifestação
cultural do qual já vínhamos nos desabituando de ver nestes desconcertantes
tempos de carências intelectuais e de fecundidade de ideias na vida pública
brasileira.
Sobre
o projeto das celebrações, que se estenderão até o final do ano em curso, discorreu
a segunda vice-presidente, professora Márcia Maria Duarte dos Santos,
coordenadora da Comissão Especial do Tricentenário da Capitania. Ficou
evidenciado, em suas palavras, o propósito do Instituto Histórico e Geográfico,
presidido por Luiz Carlos Abritta, de registrar da forma mais condigna possível
a efeméride histórica. Uma alentada sequência de conferências, mesas-redondas,
publicações especiais, encontros culturais, na Capital e cidades do interior,
com parceria de outras organizações, ocupará o calendário das atividades
praticamente todos os meses.
O
secretário do Instituto, Adalberto Andrade Mateus, outro componente da Comissão
Especial do Tricentenário da Capitania, explicou, por ocasião da assinatura do
protocolo de intenções firmados entre os órgãos promotores da programação, no
que consistirá a participação das instituições parceiras. O documento original do
Alvará de criação da Capitania foi projetado na tela à hora em que Sérgio
Parreiras Abritta fazia a leitura do texto histórico.
A
Capitania de Minas Gerais foi criada em meio ao chamado ciclo do ouro, em 1720.
Nasceu de uma cisão da capitania de São Paulo e Minas de Ouro. Inicialmente,
tomando por comparação o território do hoje Estado de Minas Gerais, a região
desmembrada não abrangia a faixa correspondente ao chamado “Sertão da Farinha
Podre” (Triângulo Mineiro, integrado em 1816) e a porção de terra situada à
margem esquerda do Rio Sapucaí e do Rio Grande, integrada em 1764. A capital da
Capitania era Vila Rica (atual Ouro Preto). Praticamente 100 anos depois, em 28
de fevereiro de 1821, a Capitania tornou-se província, tornada com a
Proclamação da República o Estado de Minas Gerais.
Deparamo-nos,
no “History”, com as informações abaixo anotadas relativas à implantação da
Capitania. Por conta do ouro encontrado em seu
território, na primeira metade do século XVIII, Minas Gerais era o centro
econômico da colônia, com rápido crescimento populacional. Este fluxo
migratório começou no final do século anterior, quando foi encontrado ouro na
Serra do Sabarabuçu e nos ribeirões do Carmo e do Tripuí. Em 1696, foi fundado
o arraial de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo, que, em 1711, se tornou a
primeira vila de Minas Gerais (atual município de Mariana). A descoberta
do ouro também trouxe conflitos, como Guerra dos Emboabas (1707-1710) e a
Revolta de Felipe dos Santos (1720). No auge da exploração do ouro em
Minas, 500 mil negros escravos foram inseridos na capitania para fazer o
trabalho de extração e lavoura. Mais de 30% da população era formada pelos
escravos. Os negros chamados "Minas", de Gana, eram os mais
requisitados para os garimpos, pois já faziam este trabalho na África. Já os de
Angola e Moçambique eram usados na lavoura. O declínio da produção aurífera
começou a partir de 1750. Portugal precisou aumentar a arrecadação e elevou os
impostos, o que causou a revolta popular que resultou na Inconfidência Mineira,
em 1789.
O Senado Federal, por proposição do senador
Anastasia, vai promover uma sessão especial dentro da programação do Instituto
Histórico e Geográfico MG.
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